Leitura apócrifa.Leitura importante para estudantes do novo testamento. Declarações de José de Arimatéia ,aquele que reclamou o Corpo do Senhor, e que Contem a Causa dos Dois Ladrões Capítulo 1 Eu sou José de Arimatéia, aquele que pediu a Pilatos o corpo do Senhor Jesus para sepultá-lo, e que por este motivo se encontra agora acorrentado e oprimido pelos judeus, assassinos e rebeldes a Deus, os quais, além disso, tendo a lei em seu poder, foram a causa de aflições para o próprio Moisés e, depois de enraivecer o legislador e de não haverem reconhecido a Deus, crucificaram o Filho de Deus, coisa que ficou bem caracterizada para quem conhecia a condição do Crucificado. Sete dias antes da paixão de Cristo foram enviados de Jericó ao governador Pilatos dois ladrões cujas culpas eram as seguintes: 2 O primeiro, chamado Gestas, costumava matar alguns viajantes com a espada, enquanto que a outros deixava-os nus. Quanto às mulheres, as pendurava pelos tornozelos, de cabeça para baixo, para depois cortar-lhes os seios. Tinha predileção por beber o sangue das crianças; nunca conheceu a Deus; não obedecia às leis e, violento com era, vinha executando tais ações desde o início de sua vida. 3 O segundo, por sua vez, estava descrito da seguinte forma: Chamava-se Dimas, era de origem galiléia e possuía uma pousada. Assaltava os ricos mas favorecia os pobres. Mesmo sendo ladrão, parecia-se a Tobias, já que costumava sepultar os mortos. Dedicava-se a saquear a turba dos judeus; roubou os livros da Lei em Jerusalém, deixou nua a filha de Caifás, que era na época a sacerdotisa do santuário e até mesmo furtou o depósito secreto, colocado por Salomão. Tais eram seus feitos. 4 Também Jesus foi detido na tarde do dia 3 antes da Páscoa. E não havia festa nem para Caifás nem para a turba dos judeus, mas sim uma enorme aflição, por causa do roubo do santuário que havia sido praticado pelo ladrão. E, chamando a Judas Iscariotes, começaram a falar com ele. E necessário dizer que este era sobrinho de Caifás, não era discípulo sincero de Jesus, mas havia sido dolosamente instigado por toda a turba de judeus para que o seguisse. E isto, não com a finalidade de que se deixasse convencer pelas façanhas que Ele operava, nem para que O reconhecesse, mas sim para apanhar-Lhe em alguma mentira. E por esta gloriosa empreitada davam-lhe presentes e um dracma de ouro por dia. Na época já estava há dois anos na companhia de Jesus, como disse um dos discípulos chamado João. 5 E, três dias antes de Jesus haver sido detido, Judas disse aos judeus: "Eia! usemos o pretexto de que não foi o ladrão que furtou os livros da Lei, mas sim Jesus em pessoa; eu próprio comprometo-me a fazer a acusação". Enquanto isto era dito, Nicodemus, encarregado das chaves do santuário, veio juntar-se a nós e dirigiu-se a todos, dizendo: "Não façam tal coisa". Sabe-se que Nicodemus era mais sincero do que todos os judeus juntos. Mas a filha de Caifás, chamada Sara, disse aos gritos: "Pois ele falou deste lugar santo na frente de todos: `Sou capaz de destruir este templo e levantá-lo em três dias"'. Ao que os judeus responderam: "Damos-te todos os nossos votos de confiança", já que tinham-na como profetisa. E, uma vez realizado consenso, Jesus foi detido. Capítulo 2 1 E no dia seguinte, que era quarta-feira, levaram-no ao palácio de Caifás à hora nona. E Anás e Caifás perguntaram-Lhe: "Ouve, por que roubaste nossa Lei e levaste a leilão público as promessas de Moisés e dos profetas?" Mas Jesus nada respondeu. E, diante de toda a assembléia reunida, indagaram d'Ele: "Por que pretendes desfazer num único momento o santuário que Salomão erigiu em quarenta e seis anos"? E Jesus nada respondeu a esta pergunta. Sabe-se que o santuário da sinagoga havia sido saqueado pelo ladrão. 2 Mas ao cair da tarde de quarta-feira, a turba dispunha-se a queimar a filha de Caifás porque os livros da Lei se haviam perdido e não sabiam como celebrar a Páscoa. Mas ele lhes disse: "Esperai, filhos, que mataremos este Jesus e encontraremos a Lei e a santa festa celebrar-se-á com toda a solenidade". Então Anás e Caifás entregaram às escondidas ajudas Iscariotes uma boa quantidade de ouro e lhe confiaram a seguinte missão: "Dize, conforme nos afirmastes: `Eu sei que a Lei foi furtada por Jesus', para que o delito recaia sobre ele e não sobre esta irrepreensível donzela". E quando se puseram de acordo neste particular, Judas disse-lhes: "Que o povo não saiba que me haveis dado instruções para fazer isto contra Jesus; é melhor soltá-lo e eu me encarregarei de convencer o povo de que a coisa é assim". E astutamente puseram Jesus em liberdade. 3 Assim, então, quinta-feira, ao amanhecer, Judas entrou no Santuário e disse a todo o povo: "Que me dareis se eu entregar aquele que fez desaparecer a Lei e roubou os Profetas?" Os judeus responderam: "Se o entregares, dar-te-emos trinta moedas de ouro". Mas o povo não sabia que Judas se referia a Jesus, já que muitos reconheciam que era o Filho de Deus. Então Judas ficou com as trinta moedas de ouro. 4 E, tendo saído durante a quarta e a quinta hora, encontrou Jesus passeando no átrio. E, já estando a tarde por cair, disse aos judeus: "Dai-me uma escolta de soldados armados de espadas e paus e eu pô-lo-ei em vossas mãos". E deram-lhe força para prendê-la. E enquanto iam caminhando, Judas disse-lhes: "Agarrai aquele a quem eu beijar, pois terá sido ele quem roubou a Lei e os Profetas". Depois aproximou-se de Jesus e beijou-O dizendo: "Salve, Mestre". Era então a tarde de sexta-feira. E, uma vez preso, puseram-na nas mãos de Caifás e dos pontífices, dizendo-lhes Judas: "Este é aquele que furtou a Lei e os Profetas". E os judeus submeteram Jesus a um injusto interrogatório, dizendo: "Por que fizeste isto?" Mas Ele nada respondeu. Então, Nicodemos e eu, José, diante daquela cátedra de pestilência, separamo-nos deles, dispostos que estávamos a não perecer juntamente com o conselho dos ímpios. Capítulo 3 1 E depois daquela noite fizeram outras coisas terríveis contra Jesus; na madrugada de sexta-feira foram entregá-lo ao governador Pilatos para crucificá-lo; e com este intuito todos acorreram. E o governador Pilatos, depois de interrogá-lo, ordenou que fosse crucificado na companhia de dois ladrões. E foram crucificados, juntamente com Jesus, à esquerda, Gestas, à direita, Dimas. 2 E o da esquerda começou a gritar, dizendo a Jesus: "Olha quantas coisas más fiz sobre a terra, e até se soubesse que tu eras rei, teria acabado também contigo. Por que te chamas a ti mesmo de Filho de Deus, se não podes socorrer-te em caso de necessidade? Como, então, prestarás auxilio a qualquer um que o peça? Se tu és o Cristo, desce da cruz para que eu possa crer em ti. Mas, neste momento não te considero como homem, senão como uma besta selvagem que está perecendo junta-mente comigo". E começou a dizer muitas outras coisas contra Jesus enquanto blasfemava e fazia ranger os dentes contra Ele, pois o ladrão tinha sido preso no laço do diabo. 3 Mas o da direita, cujo nome era Dimas, vendo a graça divina de Jesus, gritava deste modo: "Conheço-Te, ó Jesus Cristo, e sei que és o Filho de Deus: vejo-te como Cristo adorado por miríades de anjos. Perdoa os pecados que cometi; não faças os astros virem contra mim no momento do meu julgamento, ou a lua, quando julgares toda a terra, posto que foi à noite que realizei meus maus propósitos; não movas o sol, que agora escurece por Ti, para que eu possa manifestar as maldades de meu coração; já sabes que não posso oferecer-te presente algum pela remissão dos meus pecados. A morte já se joga em cima de mim por causa das minhas maldades, mas Tu tens poder para expiá-las. Livrai-me, Senhor universal, do teu terrível julga-mento; não concedas ao inimigo poder para engolir-me e fazer-se herdeiro de minha alma, como o é desse que está pendurado à esquerda; pois estou vendo como o diabo recolhe sua alma, enquanto suas carnes desaparecem. Tampouco me ordenes passar para o lado dos judeus, pois vejo-os submergir num grande pranto a Moisés e aos profetas, enquanto o diabo se ri às suas costas. O Senhor, antes que minha alma saia, ordena que meus pecados sejam apagados e lembra-te de mim, pecador, em teu reino, quando julgares as doze tribos por sobre o trono grande e alto, pois é grande o tormento que preparaste para o teu mundo por tua própria causa". 4 E, quando o ladrão terminou de dizer isto, Jesus respondeu-lhe: "Em verdade, em verdade digo-te, Dimas, que hoje mesmo estarás comigo no paraíso. Mas os filhos do reino, os descendentes de Abraão, de Isaac, de Jacó e de Moisés serão arremessados fora, para as trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mas tu serás o único que habitará o paraíso até a minha segunda vinda, quando julgarei aqueles que não reconheceram meu nome". E acrescentou: "Vai agora e dize aos querubins e aos anjos da sexta hierarquia, que estão brandindo a espada de fogo e guardando o paraíso de Adão, a primeira das criaturas, que depois de ter vivido ali foi arremessado por haver prevaricado e por não ter guardado meus mandamentos: Nenhum dos primeiros verá o paraíso até que eu venha de novo para julgar os vivos e Os mortos Assim disse Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele que desceu das alturas dos céus, aquele que saiu inseparavelmente do seio do Pai invisível e desceu ao mundo para encamar-se e ser crucificado para salvar Adão, a quem formou, para conhecimento das milícias dos arcanjos, guardiões do paraíso e ministros de meu Pai. Quero e ordeno que adentre aquele que está sendo crucificado comigo, e que receba por mim a remissão de seus pecados e que entre no paraíso com o corpo incorruptível e engalanado, e que habite onde ninguém jamais poderá habitar". E eis que, quando disse isto, Jesus entregou seu espírito. Isto aconteceu sexta-feira à nona hora. Entretanto, as trevas cobriam a terra inteira e sobreveio um grande terremoto que derrubou o santuário e o pináculo do templo. Capítulo 4 1 Então eu, José, reclamei o corpo de Jesus e coloquei-o num sepulcro novo, ainda não usado. Mas o cadáver daquele que estava à direita não pôde ser encontrado, enquanto que o da esquerda tinha adquirido o aspecto de um dragão. E, pelo fato de ter pedido o corpo de Jesus para dar-lhe sepultura, os judeus, deixando-se levar por um impulso de cólera, encarceraram-me no mesmo lugar onde se costumava colocar os malfeitores. Isto aconteceu-me na tarde do Sábado em que nossa nação estava prevaricando. E quantas terríveis atribui ações este Sábado infligiu à nossa mesma nação. 2 E precisamente na tarde do primeiro dia da semana, na quinta hora, quando me encontrava na prisão, Jesus veio ter comigo, acompanhado daquele que tinha sido crucificado à sua direita e a quem enviara ao paraíso. E havia uma grande luz no recinto. Imediatamente a casa ficou suspensa em seus quatro ângulos, o espaço interior ficou livre e eu pude sair. Então reconheci primeiro a Jesus e depois ao ladrão, que trazia uma carta para Jesus. E, enquanto caminhávamos até a Galiléia, brilhou uma luz tamanha que a criação não podia suportá-la; o ladrão, por sua vez, exalava um forte perfume procedente do paraíso. 3 Depois, Jesus sentou-se e leu assim: "Os querubins e os hexaptérigos receberam de tua divindade a ordem de guardar o jardim do paraíso. Soubemos disto pelo ladrão que foi crucificado juntamente Contigo, por tua disposição: ao ver nele o sinal dos pregos e o resplendor das letras da tua divindade, o fogo extinguiu-se, já que não podia suportar o sinal ofuscante; e nós, tomados de um grande temor, ficamos amedrontados, pois ouvimos o autor do céu e da terra e da criação inteira que descia das alturas até as partes mais baixas da terra por causa de Adão, a primeira das criaturas. Então, ao ver a cruz imaculada que fulgurava em meio ao ladrão e que fazia reverberar um resplendor sete vezes maior que o do sol, um grande tremor apoderou-se de nós, presas da agitação dos infernos. E nós e os ministros do inferno, em coro, dissemos aos brados: "Santo, Santo, Santo é Aquele que impera nas alturas". E as divindades deixavam escapar este grito: "Senhor, Tu Te manifestaste no céu e sobre a terra, dando a alegria dos séculos, depois de ter salvo a própria criatura da morte". Capítulo 5 1 Enquanto eu ia contemplando isto, a caminho da Galiléia, em companhia de Jesus e do ladrão, Aquele transfigurou-se e já não era o mesmo de antes da crucificação, senão que era luz por completo. E os anjos serviam-no continuamente, e Jesus mantinha conversação com eles. E passei três dias ao seu lado, sem que nenhum dos seus discípulos O acompanhasse, mas tão-somente o ladrão. 2 Em meio à festa dos Azimos, veio o seu discípulo João, e até então não havíamos visto o ladrão nem sabíamos o que tinha sido feito dele. João então perguntou a Jesus: "Quem é este, já que ainda não mo permitiste vê-lo?" Mas Jesus não respondeu nada. Então ele atirou-se aos seus pés e disse: "Senhor, sei que desde o princípio me amaste; por que não me fazes ver aquele homem"? Jesus disse-lhe: "Por que vais em busca do mistério? Es obtuso de inteligência? Não sentes o perfume do paraíso que inundou este lugar? Não percebes quem era? O ladrão suspenso da cruz tornou-se herdeiro do paraíso; em verdade, em verdade te digo que somente ele o é até que chegue o grande dia". E João disse: "Faze-me digno de vê-lo". 3 E enquanto João ainda estava falando, o ladrão apareceu de repente. Então aquele, atônito, caiu ao chão. O ladrão não conservava a mesma figura que tinha antes da chegada de João, mas parecia-se com um rei majestoso ao extremo, engalanado como estava com a cruz. E ouvi-se uma voz emitida por uma grande multidão, que dizia assim: "Chegaste ao lugar do paraíso que te havia sido preparado; nós fomos designados por Aquele que te enviou para servir-te até que venha o grande dia". E, ao produzir-se esta voz, o ladrão e eu ficamos invisíveis. Então encontrei-me em minha própria casa e já não via Jesus. 4 E tendo sido testemunha ocular destas coisas, deixei-as escritas para que todos acreditem em Jesus Cristo crucificado, nosso Senhor, e já não sirvam à Lei de Moisés, senão que dêem crédito aos milagres e maravilhas operados por Ele, de maneira que, crendo, sejam herdeiros da vida eterna e possamos encontrar-nos todos no reino dos céus; porque a Ele lhe convém glória, força, bem-aventurança e majestade pelos séculos dos séculos. Amém.
FALAMOS SOBRE: A SEGUNDA VINDA DE CRISTO. O MILÊNIO DE CRISTO NO FINAL DOS TEMPOS COM CRISTO REINANDO? COMO OBTER A SALVAÇÃO DA ALMA? DESCOBRINDO SOBRE COMO SERÁ A ETERNIDADE. TEMOS AQUI DOCUMENTÁRIOS EVANGELICOS. BAIXE OS MAIS VARIADOS PLAYBACKS PARA SEU GRUPO
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O QUE SABEMOS SOBRE JOSÉ DE ARIMATÉIA?
Leitura apócrifa.Leitura importante para estudantes do novo testamento. Declarações de José de Arimatéia ,aquele que reclamou o Corpo do Senhor, e que Contem a Causa dos Dois Ladrões Capítulo 1 Eu sou José de Arimatéia, aquele que pediu a Pilatos o corpo do Senhor Jesus para sepultá-lo, e que por este motivo se encontra agora acorrentado e oprimido pelos judeus, assassinos e rebeldes a Deus, os quais, além disso, tendo a lei em seu poder, foram a causa de aflições para o próprio Moisés e, depois de enraivecer o legislador e de não haverem reconhecido a Deus, crucificaram o Filho de Deus, coisa que ficou bem caracterizada para quem conhecia a condição do Crucificado. Sete dias antes da paixão de Cristo foram enviados de Jericó ao governador Pilatos dois ladrões cujas culpas eram as seguintes: 2 O primeiro, chamado Gestas, costumava matar alguns viajantes com a espada, enquanto que a outros deixava-os nus. Quanto às mulheres, as pendurava pelos tornozelos, de cabeça para baixo, para depois cortar-lhes os seios. Tinha predileção por beber o sangue das crianças; nunca conheceu a Deus; não obedecia às leis e, violento com era, vinha executando tais ações desde o início de sua vida. 3 O segundo, por sua vez, estava descrito da seguinte forma: Chamava-se Dimas, era de origem galiléia e possuía uma pousada. Assaltava os ricos mas favorecia os pobres. Mesmo sendo ladrão, parecia-se a Tobias, já que costumava sepultar os mortos. Dedicava-se a saquear a turba dos judeus; roubou os livros da Lei em Jerusalém, deixou nua a filha de Caifás, que era na época a sacerdotisa do santuário e até mesmo furtou o depósito secreto, colocado por Salomão. Tais eram seus feitos. 4 Também Jesus foi detido na tarde do dia 3 antes da Páscoa. E não havia festa nem para Caifás nem para a turba dos judeus, mas sim uma enorme aflição, por causa do roubo do santuário que havia sido praticado pelo ladrão. E, chamando a Judas Iscariotes, começaram a falar com ele. E necessário dizer que este era sobrinho de Caifás, não era discípulo sincero de Jesus, mas havia sido dolosamente instigado por toda a turba de judeus para que o seguisse. E isto, não com a finalidade de que se deixasse convencer pelas façanhas que Ele operava, nem para que O reconhecesse, mas sim para apanhar-Lhe em alguma mentira. E por esta gloriosa empreitada davam-lhe presentes e um dracma de ouro por dia. Na época já estava há dois anos na companhia de Jesus, como disse um dos discípulos chamado João. 5 E, três dias antes de Jesus haver sido detido, Judas disse aos judeus: "Eia! usemos o pretexto de que não foi o ladrão que furtou os livros da Lei, mas sim Jesus em pessoa; eu próprio comprometo-me a fazer a acusação". Enquanto isto era dito, Nicodemus, encarregado das chaves do santuário, veio juntar-se a nós e dirigiu-se a todos, dizendo: "Não façam tal coisa". Sabe-se que Nicodemus era mais sincero do que todos os judeus juntos. Mas a filha de Caifás, chamada Sara, disse aos gritos: "Pois ele falou deste lugar santo na frente de todos: `Sou capaz de destruir este templo e levantá-lo em três dias"'. Ao que os judeus responderam: "Damos-te todos os nossos votos de confiança", já que tinham-na como profetisa. E, uma vez realizado consenso, Jesus foi detido. Capítulo 2 1 E no dia seguinte, que era quarta-feira, levaram-no ao palácio de Caifás à hora nona. E Anás e Caifás perguntaram-Lhe: "Ouve, por que roubaste nossa Lei e levaste a leilão público as promessas de Moisés e dos profetas?" Mas Jesus nada respondeu. E, diante de toda a assembléia reunida, indagaram d'Ele: "Por que pretendes desfazer num único momento o santuário que Salomão erigiu em quarenta e seis anos"? E Jesus nada respondeu a esta pergunta. Sabe-se que o santuário da sinagoga havia sido saqueado pelo ladrão. 2 Mas ao cair da tarde de quarta-feira, a turba dispunha-se a queimar a filha de Caifás porque os livros da Lei se haviam perdido e não sabiam como celebrar a Páscoa. Mas ele lhes disse: "Esperai, filhos, que mataremos este Jesus e encontraremos a Lei e a santa festa celebrar-se-á com toda a solenidade". Então Anás e Caifás entregaram às escondidas ajudas Iscariotes uma boa quantidade de ouro e lhe confiaram a seguinte missão: "Dize, conforme nos afirmastes: `Eu sei que a Lei foi furtada por Jesus', para que o delito recaia sobre ele e não sobre esta irrepreensível donzela". E quando se puseram de acordo neste particular, Judas disse-lhes: "Que o povo não saiba que me haveis dado instruções para fazer isto contra Jesus; é melhor soltá-lo e eu me encarregarei de convencer o povo de que a coisa é assim". E astutamente puseram Jesus em liberdade. 3 Assim, então, quinta-feira, ao amanhecer, Judas entrou no Santuário e disse a todo o povo: "Que me dareis se eu entregar aquele que fez desaparecer a Lei e roubou os Profetas?" Os judeus responderam: "Se o entregares, dar-te-emos trinta moedas de ouro". Mas o povo não sabia que Judas se referia a Jesus, já que muitos reconheciam que era o Filho de Deus. Então Judas ficou com as trinta moedas de ouro. 4 E, tendo saído durante a quarta e a quinta hora, encontrou Jesus passeando no átrio. E, já estando a tarde por cair, disse aos judeus: "Dai-me uma escolta de soldados armados de espadas e paus e eu pô-lo-ei em vossas mãos". E deram-lhe força para prendê-la. E enquanto iam caminhando, Judas disse-lhes: "Agarrai aquele a quem eu beijar, pois terá sido ele quem roubou a Lei e os Profetas". Depois aproximou-se de Jesus e beijou-O dizendo: "Salve, Mestre". Era então a tarde de sexta-feira. E, uma vez preso, puseram-na nas mãos de Caifás e dos pontífices, dizendo-lhes Judas: "Este é aquele que furtou a Lei e os Profetas". E os judeus submeteram Jesus a um injusto interrogatório, dizendo: "Por que fizeste isto?" Mas Ele nada respondeu. Então, Nicodemos e eu, José, diante daquela cátedra de pestilência, separamo-nos deles, dispostos que estávamos a não perecer juntamente com o conselho dos ímpios. Capítulo 3 1 E depois daquela noite fizeram outras coisas terríveis contra Jesus; na madrugada de sexta-feira foram entregá-lo ao governador Pilatos para crucificá-lo; e com este intuito todos acorreram. E o governador Pilatos, depois de interrogá-lo, ordenou que fosse crucificado na companhia de dois ladrões. E foram crucificados, juntamente com Jesus, à esquerda, Gestas, à direita, Dimas. 2 E o da esquerda começou a gritar, dizendo a Jesus: "Olha quantas coisas más fiz sobre a terra, e até se soubesse que tu eras rei, teria acabado também contigo. Por que te chamas a ti mesmo de Filho de Deus, se não podes socorrer-te em caso de necessidade? Como, então, prestarás auxilio a qualquer um que o peça? Se tu és o Cristo, desce da cruz para que eu possa crer em ti. Mas, neste momento não te considero como homem, senão como uma besta selvagem que está perecendo junta-mente comigo". E começou a dizer muitas outras coisas contra Jesus enquanto blasfemava e fazia ranger os dentes contra Ele, pois o ladrão tinha sido preso no laço do diabo. 3 Mas o da direita, cujo nome era Dimas, vendo a graça divina de Jesus, gritava deste modo: "Conheço-Te, ó Jesus Cristo, e sei que és o Filho de Deus: vejo-te como Cristo adorado por miríades de anjos. Perdoa os pecados que cometi; não faças os astros virem contra mim no momento do meu julgamento, ou a lua, quando julgares toda a terra, posto que foi à noite que realizei meus maus propósitos; não movas o sol, que agora escurece por Ti, para que eu possa manifestar as maldades de meu coração; já sabes que não posso oferecer-te presente algum pela remissão dos meus pecados. A morte já se joga em cima de mim por causa das minhas maldades, mas Tu tens poder para expiá-las. Livrai-me, Senhor universal, do teu terrível julga-mento; não concedas ao inimigo poder para engolir-me e fazer-se herdeiro de minha alma, como o é desse que está pendurado à esquerda; pois estou vendo como o diabo recolhe sua alma, enquanto suas carnes desaparecem. Tampouco me ordenes passar para o lado dos judeus, pois vejo-os submergir num grande pranto a Moisés e aos profetas, enquanto o diabo se ri às suas costas. O Senhor, antes que minha alma saia, ordena que meus pecados sejam apagados e lembra-te de mim, pecador, em teu reino, quando julgares as doze tribos por sobre o trono grande e alto, pois é grande o tormento que preparaste para o teu mundo por tua própria causa". 4 E, quando o ladrão terminou de dizer isto, Jesus respondeu-lhe: "Em verdade, em verdade digo-te, Dimas, que hoje mesmo estarás comigo no paraíso. Mas os filhos do reino, os descendentes de Abraão, de Isaac, de Jacó e de Moisés serão arremessados fora, para as trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mas tu serás o único que habitará o paraíso até a minha segunda vinda, quando julgarei aqueles que não reconheceram meu nome". E acrescentou: "Vai agora e dize aos querubins e aos anjos da sexta hierarquia, que estão brandindo a espada de fogo e guardando o paraíso de Adão, a primeira das criaturas, que depois de ter vivido ali foi arremessado por haver prevaricado e por não ter guardado meus mandamentos: Nenhum dos primeiros verá o paraíso até que eu venha de novo para julgar os vivos e Os mortos Assim disse Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele que desceu das alturas dos céus, aquele que saiu inseparavelmente do seio do Pai invisível e desceu ao mundo para encamar-se e ser crucificado para salvar Adão, a quem formou, para conhecimento das milícias dos arcanjos, guardiões do paraíso e ministros de meu Pai. Quero e ordeno que adentre aquele que está sendo crucificado comigo, e que receba por mim a remissão de seus pecados e que entre no paraíso com o corpo incorruptível e engalanado, e que habite onde ninguém jamais poderá habitar". E eis que, quando disse isto, Jesus entregou seu espírito. Isto aconteceu sexta-feira à nona hora. Entretanto, as trevas cobriam a terra inteira e sobreveio um grande terremoto que derrubou o santuário e o pináculo do templo. Capítulo 4 1 Então eu, José, reclamei o corpo de Jesus e coloquei-o num sepulcro novo, ainda não usado. Mas o cadáver daquele que estava à direita não pôde ser encontrado, enquanto que o da esquerda tinha adquirido o aspecto de um dragão. E, pelo fato de ter pedido o corpo de Jesus para dar-lhe sepultura, os judeus, deixando-se levar por um impulso de cólera, encarceraram-me no mesmo lugar onde se costumava colocar os malfeitores. Isto aconteceu-me na tarde do Sábado em que nossa nação estava prevaricando. E quantas terríveis atribui ações este Sábado infligiu à nossa mesma nação. 2 E precisamente na tarde do primeiro dia da semana, na quinta hora, quando me encontrava na prisão, Jesus veio ter comigo, acompanhado daquele que tinha sido crucificado à sua direita e a quem enviara ao paraíso. E havia uma grande luz no recinto. Imediatamente a casa ficou suspensa em seus quatro ângulos, o espaço interior ficou livre e eu pude sair. Então reconheci primeiro a Jesus e depois ao ladrão, que trazia uma carta para Jesus. E, enquanto caminhávamos até a Galiléia, brilhou uma luz tamanha que a criação não podia suportá-la; o ladrão, por sua vez, exalava um forte perfume procedente do paraíso. 3 Depois, Jesus sentou-se e leu assim: "Os querubins e os hexaptérigos receberam de tua divindade a ordem de guardar o jardim do paraíso. Soubemos disto pelo ladrão que foi crucificado juntamente Contigo, por tua disposição: ao ver nele o sinal dos pregos e o resplendor das letras da tua divindade, o fogo extinguiu-se, já que não podia suportar o sinal ofuscante; e nós, tomados de um grande temor, ficamos amedrontados, pois ouvimos o autor do céu e da terra e da criação inteira que descia das alturas até as partes mais baixas da terra por causa de Adão, a primeira das criaturas. Então, ao ver a cruz imaculada que fulgurava em meio ao ladrão e que fazia reverberar um resplendor sete vezes maior que o do sol, um grande tremor apoderou-se de nós, presas da agitação dos infernos. E nós e os ministros do inferno, em coro, dissemos aos brados: "Santo, Santo, Santo é Aquele que impera nas alturas". E as divindades deixavam escapar este grito: "Senhor, Tu Te manifestaste no céu e sobre a terra, dando a alegria dos séculos, depois de ter salvo a própria criatura da morte". Capítulo 5 1 Enquanto eu ia contemplando isto, a caminho da Galiléia, em companhia de Jesus e do ladrão, Aquele transfigurou-se e já não era o mesmo de antes da crucificação, senão que era luz por completo. E os anjos serviam-no continuamente, e Jesus mantinha conversação com eles. E passei três dias ao seu lado, sem que nenhum dos seus discípulos O acompanhasse, mas tão-somente o ladrão. 2 Em meio à festa dos Azimos, veio o seu discípulo João, e até então não havíamos visto o ladrão nem sabíamos o que tinha sido feito dele. João então perguntou a Jesus: "Quem é este, já que ainda não mo permitiste vê-lo?" Mas Jesus não respondeu nada. Então ele atirou-se aos seus pés e disse: "Senhor, sei que desde o princípio me amaste; por que não me fazes ver aquele homem"? Jesus disse-lhe: "Por que vais em busca do mistério? Es obtuso de inteligência? Não sentes o perfume do paraíso que inundou este lugar? Não percebes quem era? O ladrão suspenso da cruz tornou-se herdeiro do paraíso; em verdade, em verdade te digo que somente ele o é até que chegue o grande dia". E João disse: "Faze-me digno de vê-lo". 3 E enquanto João ainda estava falando, o ladrão apareceu de repente. Então aquele, atônito, caiu ao chão. O ladrão não conservava a mesma figura que tinha antes da chegada de João, mas parecia-se com um rei majestoso ao extremo, engalanado como estava com a cruz. E ouvi-se uma voz emitida por uma grande multidão, que dizia assim: "Chegaste ao lugar do paraíso que te havia sido preparado; nós fomos designados por Aquele que te enviou para servir-te até que venha o grande dia". E, ao produzir-se esta voz, o ladrão e eu ficamos invisíveis. Então encontrei-me em minha própria casa e já não via Jesus. 4 E tendo sido testemunha ocular destas coisas, deixei-as escritas para que todos acreditem em Jesus Cristo crucificado, nosso Senhor, e já não sirvam à Lei de Moisés, senão que dêem crédito aos milagres e maravilhas operados por Ele, de maneira que, crendo, sejam herdeiros da vida eterna e possamos encontrar-nos todos no reino dos céus; porque a Ele lhe convém glória, força, bem-aventurança e majestade pelos séculos dos séculos. Amém.
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