Há quatro mil anos.
— Continentes adormecidos .
— O grande berço da nossa civilização .
— Altas culturas do antigo Oriente .
— Havia muito tempo que se construíam torres escalonadas e pirâmides.
— Plantações gigantescas irrigadas por canais artificiais .
— Assalto de tribos árabes do deserto Se traçarmos uma linha curva a partir do Egito, passando pela Palestina e a Síria mediterrâneas, seguindo depois até o Tigre e o Eufrates, através da Mesopotâmia, e descendo até o Golfo Pérsico, teremos uma meia-lua razoavelmente perfeita.
Há quatro mil anos, esse poderoso semicírculo ao redor do deserto da Arábia, denominado Crescente Fértil abrigava grande número de culturas e civilizações, ligadas umas às outras como pérolas de rutilante colar. Delas irradiou luz clara para a humanidade.
Ali foi o centro da civilização desde a idade da pedra até a idade do ouro da cultura greco-romana. Por volta do ano 2000 a.C., quanto mais o olhar se afasta do Crescente Fértil, mais esparsos são os vestígios de vida civilizada e de cultura.
Poderia se dizer, que os povos dos outros continentes dormiam como crianças prestes a despertar.
No Mediterrâneo oriental já cintila um clarão brilhante, em Creta floresce o domínio dos reis minoicos, fundadores da primeira potência marítima historicamente conhecida.
Há mil anos já que a cidade de Micenas defende seus habitantes, e uma segunda Troia se ergue há muito sobre as ruínas da primeira.
Nos vizinhos Balcãs, entretanto, apenas começou a primitiva idade do bronze.
Na Sardenha e na região ocidental da França, os mortos são inumados em túmulos de pedras gigantescas,aina.
Esses túmulos megalíticos são a derradeira manifestação considerável da idade da pedra.
Na Grã-Bretanha, constrói-se o mais famoso santuário da época megalítica ,o Templo do Sol de Stonehenge , cujo círculo de pedras gigantes, próximo a Salisbury, é ainda hoje uma curiosidade envolta em lendas.
Na Germânia, lavrava-se o solo com arados de madeira.
Ao pé do Himalaia, extingue-se, bruxuleando, sobre o vale do Indo, a luz solitária de uma ilha cultural.
Na China, nas vastas estepes da Rússia e na África, reina a escuridão.
E além das águas do Atlântico dorme Figura. .
O Crescente Fértil e o Egito, os grandes centros de civilização do mundo, por volta do ano 2000 a.C.pesadamente ao continente da América.
Enquanto isso, no Crescente Fértil e no Egito convive uma multidão verdadeiramente confusa de culturas e civilizações altamente desenvolvidas.
Há mil anos já que os faraós ocupam seu trono.
Por volta do ano 2000 a.C, reina aí Amenemés I, fundador da décima segunda dinastia.
Sua influência estende-se desde a Núbia, ao sul da segunda catarata do Nilo, passando pela península do Sinai, até Canaã e a Síria, um domínio tão grande como a Noruega.
Ao longo das costas do Mediterrâneo, encontram-se as ricas cidades marítimas dos fenícios.
Na Ásia Menor, no coração da atual Turquia, lançam-se os fundamentos do poderoso reino dos antigos hititas.
Na Mesopotâmia, entre o Eufrates e o Tigre, dominam os reis da Suméria e de Acad, que têm como tributários os reinos menores desde o golfo Pérsico às nascentes do Eufrates.
As imensas pirâmides do Egito e as imponentes torres escalonadas da Mesopotâmia já haviam assistido à passagem de muitos séculos.
Havia dois mil anos que fazendas e plantações de proporções tão consideráveis como os grandes empreendimentos agrícolas de hoje produziam cereais, legumes e os frutos mais seletos nos vales artificialmente irrigados do Nilo, do Eufrates e do Tigre.
Por toda parte, no Crescente Fértil e no reino dos faraós, era cultivada a arte da escrita cuneiforme e hieroglífica. Serviam-se dela os poetas e os funcionários da corte e da administração governamental; para o comércio havia muito se tornara indispensável.
O ativo intercâmbio de mercadorias realizado pelos grandes importadores e exportadores da Mesopotâmia e do Egito, através dos caminhos das caravanas e pelas rotas de navegação, desde o golfo Pérsico até a Síria e a Ásia Menor, desde o Nilo, pelo mar, até Chipre e Creta, e, mais além, até o mar Negro, reflete se hoje na correspondência comercial gravada em barro e papiros.
As mercadorias mais procuradas entre a profusão de artigos eram o cobre das minas egípcias do monte Sinai, a prata das minas da cordilheira do Tauro, ouro e marfim da Somália, na África ocidental, e da Núbia, no Nilo, corantes de púrpura das cidades fenícias do litoral de Canaã, incenso e especiarias raras do sul da Arábia, magnífico linho dos teares egípcios e vasos maravilhosos da ilha de Creta. A poesia e a ciência estavam em pleno florescimento.
No Egito, surgia a primeira literatura de passatempo e a primeira poesia mundana.
A Mesopotâmia já experimentava o seu renascimento.
Os filólogos de Acad, o grande reino do Eufrates inferior, compunham a primeira gramática e o primeiro dicionário bilíngüe.
A lenda de Gilgamesh, as lendas da Criação e do Dilúvio dos antigos sumérios, escritas em acádico a língua do mundo dessa época , tornaram-se epopeias repletas de emoção dramática.
Os médicos egípcios guiavam-se por livros de receitas para preparar seus remédios de plantas de valor curativo comprovado; os cirurgiões discorriam entre si sobre conhecimentos anatômicos.
Os matemáticos da terra do Nilo conseguiam, pelo método empírico, fazer o mesmo cálculo dos lados do triângulo que só meio milênio depois o grego Pitágoras fixaria no axioma que leva seu nome.
Os engenheiros da Mesopotâmia resolviam, com base na prática, o problema do cálculo do quadrado. Os astrônomos determinavam, se bem que a serviço da astrologia, mas baseados em observações exatas, as órbitas dos planetas!
Profunda devia ser a paz e grande o bem-estar desse mundo do Nilo, do Eufrates e do Tigre, pois dessa época não se encontrou nenhuma inscrição que falasse de grandes acontecimentos guerreiros. Mas no coração desse “crescente fértil” e poderoso, nas vastidões ofuscantes e áridas do deserto da Arábia, lá onde ele é banhado pelas águas do oceano Índico, desencadeou-se com poderoso ímpeto, avançando para o norte e para o noroeste, para a Mesopotâmia, para a Síria e a Palestina, uma avalanche de povos e tribos nômades de raça semítica.
Em ondas sucessivas, os amoritas, ou ‘‘ocidentais”, pois era esse o significado de seu nome, se espraiaram para os reinos do Crescente Fértil.
O reino dos reis da Suméria e Acad caiu em 1960 a.C. sob os seus ataques obstinados. Os amoritas fundaram uma série de Estados e dinastias. Uma destas viria finalmente a atingir o predomínio: a primeira dinastia de Babilônia, o grande centro de poder de 1830 a 1530 a.C. Seu sexto rei foi o famoso Hamurabi.
Entretanto, uma dessas tribos nômades semitas estava destinada a adquirir uma importância decisiva para milhões de pessoas em todo o mundo, até nossos dias.
Era um pequeno grupo, talvez apenas uma família, desconhecida e insignificante qual minúsculo grão de areia numa tempestade do deserto: a família de Abraão, pai dos patriarcas!
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