Ao dizer: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, Jesus constitui a Pedro como fundamento da igreja, estabelecendo o rimado de Pedro e dos papas, como pretendem os papistas? Caro leitor, note-se primeiro que Cristo não disse: "Sobre ti, Pedro".
Nada melhor que os paralelos das palavras de Cristo e de Pedro, respectivamente, para determinar este assunto, ou seja, o significado deste texto. Pois bem, em Mateus 21.42-44 vemos Jesus mesmo como a pedra fundamental, ou a "pedra angular",
Mprofetizada e tipificada no Antigo Testamento. Em conformidade com essa ideia, Pedro mesmo declara que Cristo é a pedra que vive, a principal pedra angular que, rejeitada pelos judeus em Sião, foi feita a principal pedra angular (1 Pe 2.4,8).
Paulo confirma e aclara a mesma ideia, dizendo aos membros da igreja de Éfeso (Ef 2.20) que são "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo Cristo Jesus, a pedra angular, no qual o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor". Deste fundamento da igreja, posto pela pregação de Paulo,
"como prudente construtor" entre os coríntios, disse o apóstolo: "porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.10,11). Analisando este e outros paralelos, chegamos à conclusão de que Cristo,no texto considerado, não constitui a Pedro como fundamento de sua igreja. O modo de proceder, tratando-se deste tipo de paralelos, é pois o de esclarecer as passagens obscuras mediante paralelos mais claros: quando se tratar de expressões figurativas, estas devem ser aclaradas mediante textos paralelos próprios e sem figura.
Já as ideias sumariamente expressas (resumidas), serão aclaradas através de paralelos mais extensos e explícitos. Vejamos a seguir um bom exemplo. Acentua-se muito o amor aos crentes (1 Pe 4.8), "porque o amor cobre multidão de pecados".
Como explicar este texto obscuro?
Pelo contexto, e comparando-o com 1 Coríntios 13 e Colossenses 1.4 vemos que a palavra amor é usada aqui no sentido de amor fraternal. Porém, em que sentido cobre o amor fraternal muitos pecados?
Em Romanos 4.8 e Salmo 32.1 vemos o pecado perdoado sob a figura de "pecado coberto", "sepultado no esquecimento".
Em Provérbios 10.12, citado por Pedro, vemos que o amor fraternal cobre muitos pecados no sentido de perdoar as ofensas recebidas dos irmãos, sepultando-os no esquecimento, contrário ao ódio que desperta rixas e aviva o pecado.
Não se trata aqui de merecer o perdão dos próprios pecados mediante obras de caridade, nem de encobrir pecados próprios e alheios mediante dissimulações e escusas, como erroneamente pretendem alguns.
O que é de valor para Cristo é a nova criação (Gl 6.15).
Que significa esta expressão figurada?
Consultando o seu paralelo (2 Co 5.17), verificamos que a nova criação é a pessoa que "está em Cristo", para a qual "as coisas antigas já passaram" e "todas se fizeram novas". A nova criatura, portanto, é a pessoa que tem fé em Deus e observa os mandamentos de Deus (Gl 6.6; 1 Co 7.19).
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