A palavra torah, como característica da Lei propriamente dita, ocorre mais de 500 vezes
no Antigo Testamento, significando ensino, instrução. Sua autoridade e santidade é indiscutível em
virtude da sua emanação superior, ou seja, do próprio Deus, como nesta passagem:
“Vindo pois Moisés,e contando ao povo todas as palavras do Senhor, e todos os estatutos, então o povo respondeu a uma voz,e disseram: Todas as palavras que o Senhor tem falado, faremos” (Êx 24.3).
Pelo fato de originar-se em Deus, a Lei reveste-se de santidade e graça, assim como Deus é santo e
misericordioso.
A Bíblia enfatiza a bondade divina e revela que a Lei não deixa de ser uma graça do alto,mas também afirma que todo homem é pecador e que ninguém conseguiu cumprir a Lei.
Nos tempos do Antigo Testamento não se conhecia nenhuma divisão entre leis profanas e religiosas, ou entre mandamentos morais e cerimoniais.
A torah era um todo, abarcando toda a vida da nação e de cada
indivíduo. Para isso alternam-se os tratamentos vós e tu, declarando como válidos e verdadeiros todos os preceitos nela contidos tanto para o povo como para o indivíduo.
Por outro lado, a Lei, como a primeira divisão das Escrituras, ou seja, o Pentateuco, é predominantemente negativa.
De suas 613 ordenanças, 365 são proibições, segundo revelam os rabinos israelitas. É o caso do decálogo, onde oito dos Dez Mandamentos são iniciados por um “não”.
A unidade da Lei aparece no Novo Testamento de forma eloquente, mesmo quando se faz alusão à
divisão tripartite das Escrituras hebraicas: “na lei de Moisés, nos profetas, e nos Salmos”, onde “Lei”
são os cinco primeiros livros bíblicos, escritos por Moisés.
Em outras passagens, “Lei” e “Lei e
profetas” referem-se a todo o Antigo Testamento, como sendo a máxima expressão da imperativa vontade divina para o seu povo, Israel.
Em se tratando especialmente do Pentateuco, é flagrante a impossibilidade de se distinguir duas leis
uma moral e outra cerimonial, uma cumprida por Cristo e outra a ser cumprida por nós — sem torcer
violentamente todo o ensino neotestamentário, e sem trair o princípio divino da justificação pela fé, como ele nos é apresentado em toda a Bíblia.
Jesus e os escritores do Novo Testamento citam passagens de todo o Pentateuco, além de outros livros do Antigo Testamento, designando-os de “Lei”.
O apóstolo Paulo ensina que “as mulheres estejam... sujeitas, como também ordena a Lei”, e aponta
Gênesis. Aos romanos, escreve: “Se a Lei não dissesse: não cobiçarás...”, referindo-se a Êxodo e
Deuteronômio. Jesus, ao ser interrogado acerca do grande mandamento da lei, citou Levítico e
Deuteronômio.
Portanto, segundo o Senhor Jesus e o apóstolo Paulo, todos os livros do Pentateuco são “Lei”, não
fazendo eles nenhuma distinção entre mandamentos cerimoniais e morais. Também não fazem, nem Jesus nem os apóstolos, quaisquer alusões ao decálogo como sendo a parte mais importante da Lei. Se existe alguma alusão, é a que fez Jesus a Levítico e Deuteronômio pelo fato de conterem estes livros o maior de todos os mandamentos. (Por Abrão de Almeida)
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