POSSO SER SALVO PELAS OBRAS ?

Fé e obras

Todos os cristãos admitem que são justificados pela fé, mas nem todos acreditam que a fé basta para a justificação.
As diferentes atitudes decorrem de uma falsa interpretação do que a respeito registraram os apóstolos Paulo e Tiago.
O primeiro concluiu que o "homem é justificado pela fé, sem as obras da lei" (Rm 3.28), e o segundo afirmou: “Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé... Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg 2.24,26).
Analisando a aparente divergência apostólica à luz do contexto bíblico, somos levados a rejeitar qualquer participação das obras da lei no processo da justificação.
 Ao dizer que Abraão foi justificado pelas obras, Tiago está mostrando tão-somente a relação das obras com a fé.
Ele não está discutindo a questão da nossa justificação, mas afirmando que a fé salvadora é seguida por boas obras e que, onde faltam estas, a fé está morta.
Tiago não afirma, ao tratar do oferecimento de Isaque por Abraão, que este fora justificado por tal ato de obediência, uma vez que o patriarca já havia sido perdoado e aceito muito tempo antes.
É o que afirma a Bíblia, então?
 'É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça".
Quando ocorreu isso?
 Quando Isaque nem sequer havia nascido (G1 3.6; Gn 15.6) diz a BÍBLIA.
A respeito desta delicada questão, escreveu Wesley: 
"Afirmando que a salvação é pela fé, queremos dizer:
1) que o perdão (salvação principiada) é recebido por fé que produz obras;
2) que a santidade (salvação contínua) é a fé operada por amor;
3) que o Céu (salvação completa) é recompensa desta fé".
Os reformadores que, ao final da Idade Média, enfatizaram a célebre afirmação de Habacuque:
"Mas o justo viverá pela fé" (2.4, ARA), faziam questão de sublinhar que tal fé era uma fides sola, e nunca uma fides solitaria.
Isto porque as boas obras são uma evidência da fé salvadora.
 O crente pratica boas obras, não para ser salvo, mas por estar salvo.
 Uma vez que sem a santificação ninguém verá o Senhor, aquele que é justificado glorifica a Deus realizando boas obras, que são não apenas a consequência da fé bíblica, sem a qual ninguém pode agradar ao Senhor, mas também a parte visível, aos olhos do mundo, dessa mesma fé.
Concluiindo citando Agostinho, o grande pensador cristão do quarto século.
Ao concluir o seu tratado sobre o encontro de Deus, o famoso bispo de Hipona baseia-se em passagens como Romanos 6.23, 1 Timóteo 2.5, Gaiatas 5.4, Filipenses 2.6,8, Mateus 4.23, Romanos 7.34 e outras, e afirma:
O verdadeiro Mediador, que por vossa oculta misericórdia mostras e enviastes aos homens para que a seu exemplo aprendessem a humildade, é Jesus Cristo, Mediador entre Deus e os homens.
Apareceu como intermediário entre os mortais pecadores e o Justo Imortal.
Apareceu mortal com os homens, e justo com Deus.
Como a recompensa da Justiça é a vida e a paz, pela justiça unida a Deus desfez a morte dos ímpios justificados, querendo partilhá-la com eles...
Como nos amastes, ó Pai bondoso!
Não perdoastes ao vosso Filho Único!
 Entregaste-o à morte por nós, ímpios pecadores!
Como nos amastes!
Foi por nosso amor que Ele, não considerando como rapina o ser igual a vós, se fez por nós obediente até à morte e morte de cruz.
 Ele era o único entre os mortos que estava isento da morte, o único que tinha o poder de entregar a vida e de a reassumir de novo!
Foi, diante de vós, o nosso vencedor e vítima.
Tornou-se vencedor porque foi vítima.
 Foi, diante de vós, o nosso sacerdote e sacrifício.
De escravos fez-nos vossos filhos, servindo-nos apesar de ter nascido de vós.
Com razão nEle coloco toda a minha firme confiança, esperando que curareis todas as minhas enfermidades, por intermédio daquele que, sentado à vossa direita, intercede por nós.
Doutro modo, desesperaria, pois são muitas e grandes as minhas fraquezas! Sim, são muitas e grandes, mas maior é o poder da vossa medicina.
Poderíamos pensar que o vosso Verbo se tinha afastado da união com o homem e desesperado de nos salvar, se não se tivesse feito homem e habitado entre nós.
Atemorizado com os meus pecados e com o peso da minha miséria, tinha resolvido e meditado, em meu coração, o projeto de fugir para o ermo.
Mas vós mo proibistes e me fortalecestes, dizendo:
"Cristo morreu por todos, para que os viventes não vivam para si, mas para aquele que morreu por eles".( Pastor Almeida, Abraão Pereira ).

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