Principais interpretações teológicas da profecia
Interpretações amilenistas.
Entre as interpretações ortodoxas da Bíblia, a mais destacada desde o século IV da era cristã é a amilenista ou não-milenista.
Apresentada por Agostinho, ela sustenta que não haverá um reino literal futuro de Cristo sobre a Terra, de mil anos de duração, mas que o milênio se refere à presente era, ou talvez aos últimos mil anos da presente dispensação.
Como essa posição não tinha uma interpretação literal das passagens milenares, foi designada como amilenista a partir do século XIX.
A interpretação amilenista, dentro dos limites da teologia ortodoxa, oferece várias explicações para o cumprimento das profecias ligadas ao milênio.
A mais popular, a explicação agostiniana, relaciona os mil anos à presente dispensação como um reino espiritual em que Cristo domina sobre os corações dos crentes ou é materializado no progresso do Evangelho na Igreja.
Amilenistas dos séculos XIX e XX ofereceram interpretações variadas, quando alguns sustentaram que o milênio se cumpre no período entre a morte e a ressurreição do crente.
No século XX, alguns afirmaram que os mil anos terão o seu cumprimento no novo Céu e na nova Terra, descritos em Apocalipse 21,22.
Alguns amilenistas também sugerem que as passagens milenares são condicionais e não se cumprirão, porque Israel apostatou da fé.
Ainda outros afirmam que o reino na Terra cumpriu-se no reinado de Salomão, que controlou a terra prometida a Abraão (Gn 15.18).
No contexto do amilenismo do século XX, também é considerada a interpretação neo-ortodoxa. Essa posição considera que o reino se cumpre na experiência individual do crente.
Em termos gerais, os eruditos neo-ortodoxos sustentam que Deus se comunica diretamente com o crente de modo sobrenatural e que a Bíblia não deve ser considerada, por si só, um registro infalível da revelação divina.
Todos os teólogos liberais também são amilenistas, pois não crêem que aconteça um milênio literal no futuro.
Interpretação pós-milenista.
Apresentada por Daniel Whitby no século XVIII, outra interpretação da profecia tornou-se popular, ao afirmar especificamente que o milênio consistiria nos últimos mil anos da presente dispensação. Os que aderiram a esta posição acreditavam que o Evangelho triunfaria de tal modo no mundo que toda a Terra seria cristianizada, a fim de trazer assim uma era áurea que corresponderia ao reino milenar.
Tal como o amilenismo, coloca a segunda vinda de Cristo no final do milênio. Em sua forma original, o pós-milenismo era uma interpretação bíblica que buscava uma visão mais literal do milênio do que a adotada pelos pós-milenistas posteriores, no século XX.
O pós-milenismo deste século, influenciado pela evolução, tornou- se menos bíblico e adotou o conceito do progresso espiritual ao longo de um extenso período de tempo, que teria uma dispensação de ouro para a humanidade.
Esses pós-milenistas, no entanto, não são considerados ortodoxos. Como movimento teológico, deixou de ser significativo na primeira metade do século XX, mas pequenos grupos tentam revivê-lo nas discussões teológicas recentes.
Interpretação pré-milenista. Desde o primeiro século da era cristã, os estudiosos das Escrituras sustentam que a segunda vinda de Cristo acontecerá antes do milênio, ou seja, que a segunda fase da volta de Jesus será seguida de um reino literal de Cristo sobre a Terra com mil anos de duração.
Essa era a posição predominante da Igreja primitiva, conforme testemunhado pelos primeiros pais da Igreja.
Por volta do século III, todavia, a escola teológica alexandrina introduziu a interpretação alegórica generalizada das Escrituras e conseguiu destronar a posição pré-milenista.
Nos últimos séculos, todavia, o pré-milenismo foi revivido por estudiosos bíblicos e hoje é adotado por muitos que são ortodoxos em sua teologia.
Ao contrário do amilenismo e do pós-milenismo, a interpretação pré-milenista não é adotada por liberais, pois se baseia no conceito de que a Bíblia é a Palavra de Deus e as profecias devem ser interpretadas em seu sentido literal.
A posição pré-milenista tem muito a seu favor, por tratar a profecia com os mesmos princípios de interpretação normais em outras áreas de investigação teológica. De modo geral, o pré-milenismo é a posição adotada na interpretação da profecia neste livro.
O fato de tantas profecias já se terem cumprido literalmente dá apoio à expectativa de que muitas delas ainda terão seu cumprimento literal
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