A Oração que Transforma Sonhos em RealidadTexto transcrito de ;
Catherine Marshall
Uma das verdades mais estimulantes para nós, em minha opinião, é saber que cada objeto criado pelo homem, bem como a maioria de suas atividades, começaram com uma simples imagem mental. Minha mãe ensinou-me isto, e ao mesmo tempo demonstrou vividamente como é a oração que transforma os sonhos em realidade.Quando jovem, eu desejava ardentemente fazer um curso superior. Mas atravessávamos os anos da depressão econômica, e a igreja a que meu pai servia na Virgínia Ocidental tinha muitos problemas financeiros. Eu já havia sido aceita para matrícula na Faculdade Agnes Scott, em Decatur, na Geórgia. Tinha economizado algum dinheiro de prêmios escolares. Além disso, recebera a promessa de uma bolsa de estudos para alunos que quisessem trabalhar na escola, mas ainda nos faltavam centenas de dólares.Certa noite, mamãe foi encontrar-me, deitada de bruços na minha cama, em prantos. Sentou-se ao meu lado para conversar comigo."Vamos orar, nós duas, por esse problema", disse tranqüilamente.
Fomos para o nosso quarto de
hóspedes e nos ajoelhamos junto a um velho leito dourado de carvalho. Aquela
fora a primeira cama que meus pais haviam comprado para seu lar.
"Eu sei que essa ideia
de você ir para a faculdade está certa", disse mamãe.
"Creio também
que foi Deus quem colocou esse sonho em sua cabeça.
Portanto, vamos pedir-lhe
para nos dizer o que é que podemos fazer para que o sonho se transforme em
realidade."
Durante aqueles instantes de
calma que passamos naquele aposento, senti nova confiança e uma forte
determinação surgirem dentro de mim.
Minha mãe tinha uma fé contagiante.
A
resposta viria. Como, não sabíamos.
Continuei a fazer os
preparativos para ingressar na Faculdade Agnes Scott.
Pouco tempo depois, mamãe
recebeu um oferecimento de um departamento cultural do governo para que
escrevesse a história de nossa comarca.
O dinheiro que ela ganhou foi
suficiente para pagar a maior parte de minhas despesas com a faculdade.
Houve um outro exemplo mais
dramático de como mamãe aplicava a oração para a realização de sonhos.
Foi o
caso de Raymond Thomas, um rapaz de "Radical Hill", o bairro mais
pobre da cidade.
Além de pobre, ele fora criado por uma família do lugar, e nem
sabia quem eram seus pais.
Aquele moço era tão pobre que
não tinha um terno.
Todas as vezes que vinha conversar com minha mãe,
trajava macacão de trabalho e calçava botinas de cano alto; porém andava sempre
impecavelmente limpo.
Nos dias quentes de verão, ele se postava no degrau
superior da escadinha de nossa varanda ensombrada, e conversava... conversava...
conversava... enquanto mamãe se embalava numa cadeira de balanço, debulhando
ervilhas, ou tirando a linha das vagens, ou remendando meias.
Em pouco tempo,
mamãe percebeu nele uma energia ilimitada e uma grande capacidade mental.
Certa tarde, ele deixou
entrever o mesmo anseio interior que eu tivera — cursar uma escola superior.
Logo que seu sonho se revelou diante deles, brilhante e claro, mamãe ficou
encantada de ver a expressão de anelo, que se estampava nos olhos castanhos de
Ray, transformar-se na chama da esperança.
"Mas como vou conseguir
isto?"
___ perguntou o rapaz.
"Não disponho de recursos economicos, nem
vejo perspectivas de arranjar dinheiro."
Mamãe percebeu que, com Ray,
a oração do sonho deveria ser mais abrangente, incluindo, além do curso
superior, toda uma nova filosofia de vida.
"Raymond, qualquer que
seja a sua necessidade, Deus já possui os recursos preparados para você,
conquanto que você esteja pronto para recebê-los. E nossa pátria ainda é a
terra da oportunidade, Raymond.
Aqui, o céu é o limite.
Haverá dinheiro para
todo e qualquer sonho que você tiver e que for certo para você, para cada sonho
pelo qual você estiver disposto a lutar."
Para uma esposa de pastor que
dispunha de parcos recursos, esta maneira de pensar era um tanto audaciosa.
Mas
mamãe cria nisso, e já o provara muitas vezes.
E aquelas verdades começaram a
criar raízes na vida de Raymond.
Afinal, chegou o dia em que
Ray aceitou o pensamento dela sem reservas, e mamãe pôde levá-lo a fazer a
oração que transforma os sonhos em realidade.
Depois de tê-la ouvido orar por
mim naquela situação, posso bem imaginar como foi sua oração por ele.
"Senhor, tu concedeste a
Ray uma mente privilegiada.
Cremos ser a tua vontade que ela seja desenvolvida
e que desejas usar os potenciais de Raymond para iluminar alguma região deste teu
mundo.
E como toda a riqueza que há na terra é tua, por favor, ajude o
Raymond, para que ele encontre tudo de que necessita para fazer esses cursos.
"Pai, cremos também que
tu tens projetos maiores para ele. Coloque em sua mente e coração imagens
vividas e sonhos específicos a respeito das atividades que desejas que ele
exerça após a faculdade.
E também, Senhor, dá-lhe a alegria de sonhar .
— uma
grande alegria."
E assim, com a carteira vazia, mas muita fé em seu
sonho, Raymond Thomas embarcou em um ônibus com direção à faculdade. Se eu
fosse relatar aqui como foi que ele conseguiu tudo de que precisava, iria
alongar demasiadamente esta história.
Mamãe arranjou uma senhora que emprestou
parte do dinheiro para ele. Escreveu-lhe cartas de encorajamento e orou muito
por ele.
Ray se dispôs a aceitar responsabilidades e tomou a iniciativa de
conseguir trabalho. Durante os quatro anos do curso, ele trabalhou em doze empregos, manobrando
o tempo e o dinheiro: tantas horas de aulas, tantas para estudo, igreja, lazer,
etc.
Mamãe ficou imensamente feliz e orgulhosa no dia em que Ray recebeu seu
diploma de Bacharel em Ciências, com distinção.
Durante a Segunda Grande
Guerra e nos anos que se seguiram, não mantivemos nenhum contato com Raymond,
mas soubemos que ele fixara residência em Viena, na Áustria.
Nos meados de
julho de 1958, quando me preparava para fazer uma viagem à Europa, escrevi a
Ray.
Quando cheguei em Roma,
encontrei ali uma carta dele, à minha espera.
A questão é a seguinte: somente eles podem conceder-lhe permissão
para ver o que, a meu ver, é o ponto alto de Roma — as escavações da rua de
túmulos, datando de mil e seiscentos anos atrás, que se acham sob o Altar Mor
da basílica de São Pedro.
Há dois anos atrás, visitei o local, canto por
canto..."
O homem que escrevera
aquelas cartas não parecia ter qualquer semelhança com o rapaz lá do Radical
Hill. Estava claro que ele conhecia a Europa como poucos americanos. Aquele
vigor e aquele gosto pela vida que se espelhavam em suas cartas intrigavam-me.
Em Veneza "Escrevi a um amigo da
vidraçaria Salviati, e pedi-lhe que enviasse uma gôndola para buscá-la. Você
precisa ver os sopradores de vidro trabalhando."
E em Bad Gastein:
"Creio que vai achar o
lugar meio agreste. Eu esquiei numa colina próximo
daí."
Em Viena, ele foi esperar-me
no aeroporto, levando-me flores.
"As flores e a música são
parte da vida de Viena", explicou. "Aqui sempre levamos flores para
uma anfitriã, mesmo que se tenha sido convidado para um simples jantar."
E mais tarde, quando
saboreávamos sacher torte e café, ele passou a responder às minhas perguntas.
"O fato de eu ter-me
sentado na escada de sua casa e, sem ter dinheiro algum, ter sonhado com um
curso superior, e ter conseguido realizar o sonho, ensinou-me uma coisa. Para
simplificar, o que sua mãe disse era verdade;
qualquer sonho certo pode se tornar realidade.
Depois ele descreveu os anos
de guerra: fora um dos poucos sobreviventes de um destróier
torpedeado. Durante a convalescença, fizera projetos para o resto da vida.
"Eu queria ser uma espécie de cidadão do mundo,
para poder servir a meu país em tempos de paz.
"É interessante notar
como você tinha projetos tão específicos", comentei.
"Este processo de fazer
projetos só funciona se eles forem bem específicos. Isto acontece porque
grande parte da energia necessária para que o sonho se realize deriva
justamente do quadro mental que formamos. E para criar esse quadro mental, é
preciso que tenhamos idéias bem claras e precisas."
Depois, ele passou a falar-me
de seus sonhos que já haviam-se tornado realidade: viajara por sessenta
países, conseguira o doutorado em Física, pela Universidade de Viena, o que
significava perfeito domínio da língua alemã. Falava também espanhol, um pouco
de francês e de italiano, holandês, sueco e um pouquinho de russo. Ele serve à
sua pátria como funcionário do Projeto de Energia Atômica dos Estados Unidos,
na Europa.
Os recursos materiais
realmente estão à disposição de quem quiser sonhar.
A oração nos ajuda a
descobrir se o sonho é certo, e ainda nos dá a força para persistir."
Queria viajar muito, falar
vários idiomas muito bem, e ter um grau de doutorado."
Ray sorveu o café
devagarinho, parecendo imerso em suas recordações, olhando para fora, pela
janela.
Uma história como a de Ray
mostra a íntima relação que existe entre o sonho construtivo e a oração. Pois,
de certo modo, este tipo de sonho é uma oração. Certamente que é a vontade do
Criador que os desejos e talentos que ele mesmo colocou em nós sejam
concretizados. Deus está muito interessado em ver materializar-se a grande
personalidade que ele enxerga em cada um de nós. Ele quer que nos
conscientizemos dos alvos que ele tem para nós. Pois é nisso exatamente que
consiste a oração: os homens operando em união com Deus para trazer do céu os
planos maravilhosos que ele tem para nós.
Mas, infelizmente, muitas
vezes, não nos apercebemos desses planos, porque, devido a uma circunstância
qualquer, nossa capacidade de sonhar se atrofiou, provocando em nós um
complexo de pobreza. A primeira vez que notei isso foi em contato com uma
ex-colega de faculdade, que sofrera muito por causa da infância pobre que
tivera. Dot era incapaz de visualizar seus interesses no campo vocacional.
Entretanto, ela fora para
Washington cheia de ideais com relação a um cargo público.
"Eu não quero um cargo
qualquer", explicou-me pouco depois que ali chegara. "Eu aceito a
idéia de que Deus tem um plano para a minha vida, mas acontece que eu ainda não
descobri qual é. Então como é que vou orar com relação a esse problema de
trabalho?"
"Qual seria a ocupação
que lhe daria mais satisfação?" perguntei-lhe. "Geralmente, isso é
um bom ponto de partida para se saber o que fazer."
Minha amiga olhou-me
ligeiramente espantada, e abanou a cabeça.
"Você nunca sonha?"
insisti. "Não existe alguma coisa que você sempre quis ser?"
"Não. Nada."
Esta jovem não tinha
aspirações porque, durante os anos de sua vida em que a mãe passara por
dificuldades financeiras, ela ensinara à filha que quem não alimenta muitas
esperanças nunca sofre muitas desilusões. Na realidade, isto nada mais era que
uma excelente preparação para esperar pobreza. Infelizmente, minha amiga acabou
ficando num serviço de arquivista pública, um trabalho rotineiro, em que ela
empregava apenas uma fração de suas muitas habilidades.
Hoje sei que existe uma saída
para essa situação. Quando descobrimos que existem áreas afetadas em nosso
subconsciente, podemos apelar para o poder do Espírito Santo. Ele pode voltar
conosco ao passado e extirpar todo o veneno, aplanar os terrenos acidentados,
e criar uma estrada para Deus, a fim de que ele possa penetrar triunfantemente
em nosso presente com a execução de seu plano para nossa vida, um plano muitas
vezes quase esquecido e já em atraso.
Não há limites para o que
essa associação de sonhos e oração pode realizar. Eu já tenho visto resultados
admiráveis em diversos tipos de experiência, como: encontrar o cônjuge certo,
ou o emprego mais conveniente, encontrar a casa ideal, saber conduzir a criação
dos filhos, e na formação de uma empresa.
Fiquei conhecendo a história da Olivetti anos atrás,
quando visitei as belíssimas instalações da sua fábrica de máquinas de escrever
e equipamentos de escritório em Ivrea, no norte da Itália, uma região cercada
pelos Alpes. Ali eu vi 22 hectares de terreno, belo projeto de paisagismo, com uma boa enfermaria para
os funcionários, uma biblioteca, fileiras de blocos de apartamentos pintados
em cores claras. A empresa é notável não somente pelo seu alcance
internacional, mas também pela assistência que dá aos empregados. Fiquei
encantada ao descobrir que tudo aquilo nascera de um sonho...
Anos atrás, um jovem italiano
que visitava a fábrica da Underwood, em Hartford, nos Estados Unidos,
deixara-se ficar no pátio da empresa olhando aqueles edifícios de tijolos
vermelhos. Um passante que visse o rapaz assim absorto teria se admirado com
isso, pois não havia nada de extraordinário naquelas instalações imensas que
ele contemplava tão atentamente: eram exatamente iguais a outros prédios de
fábricas da região.
Entretanto, para Adriano
Olivetti, aqueles prédios representavam o sonho de uma vida. Naquela época,
Underwood era o maior nome em máquinas de escrever. Algum dia, jurou, ele
possuiria uma empresa como aquela, e o nome Olivetti teria o mesmo significado
de qualidade que esse outro. Ao procurar fixar em seu coração e mente os
edifícios que tinha diante de si, ele criava uma imagem mental que serviria de
alvo para suas orações.
Trinta e quatro anos depois,
Adriano voltou aos Estados Unidos como Presidente da Ing. C. Olivetti & Co.
Dali telefonou para um colega seu na Itália, a fim de dar-lhe a boa notícia:
"Acabo de comprar uma coisa..." e neste ponto sua voz se embargou
pela emoção, "... comprei a Companhia Underwood."
Oito milhões e setecentos mil
dólares haviam passado de uma mão para outra. Com a aquisição do controle da
velha companhia americana, Adriano Olivetti realizava um sonho que nascera
havia trinta e quatro anos.
Existem pessoas que fariam
objeções a esta oração que transforma os sonhos em realidade, porque têm
dúvidas quanto à validade de orarmos pelas necessidades materiais, como: o
vestuário, o pão, uma pescaria, ou — para usarmos situações mais atuais — uma
vaga para se estacionar o carro. Com toda a razão indagam: "Será que não é
errado tentar utilizar o poder de Deus e os princípios espirituais para
alcançarmos nossos objetivos pessoais?"
Ambas as perguntas são muito válidas e precisam ser
respondidas.
Quanto à questão de Deus querer que incluamos em nossas orações
petições a respeito das coisas materiais, certamente Cristo estava
interessado tanto nas
necessidades materiais do homem quanto em sua alma. Ele se interessava por suas
enfermidades e sua fome física. O cristianismo é uma das poucas religiões do
mundo que consideram as coisas materiais como sendo verdadeiras e importantes
— tão verdadeiras que Cristo teve que morrer num corpo de verdade, numa cruz
de verdade.
E quanto ao perigo de nossos
sonhos serem resultado de nossa vontade humana e egoística, existem testes para
verificarmos isto. Somente depois que nossas aspirações são aprovadas nesses
testes — e assim, antes de orarmos, estivermos certos de que o anseio de nosso
coração é também o de Deus — só então a oração que realiza os sonhos poderá ser
feita com fé e, portanto, com poder.
Comecemos por reconhecer que
as leis de Deus estão em operação em nosso universo, quer as aceitemos ou não.
E nós temos que operar em harmonia com elas, e não desafiá-las. Por exemplo,
façamos a nós mesmos as seguintes perguntas:
Esta pergunta não é muito
fácil de se responder. Ela exige bom conhecimento próprio, conhecimento da
nossa verdadeira personalidade, o que poucos de nós possuem.
Será que meu
sonho implicará em usurpar alguma coisa ou em prejudicar alguma pessoa? Será
que sua realização vai magoar alguém?
Se assim for, podemos estar quase certos
de que essa aspiração não é a vontade de Deus para nós.
Será que estou disposto a acertar meu relacionamento
com outras pessoas? Se tenho ressentimentos, animosidades, amarguras — justificáveis
ou não — esses sentimentos negativos e errôneos nos separam de Deus, que é a
fonte de toda a criatividade.
Além disso, nenhum sonho pode ser realizado onde
não haja bom relacionamento
humano.
Basta um relacionamento errado para obstruir o canal de comunicação da
oração.
Eu desejo a
realização desse sonho de todo o coração? Eles geralmente não frutificam numa
personalidade dividida; somente um coração inteiramente dedicado a ele estará
disposto a fazer integralmente a sua parte para a concretização da aspiração.
Será que estou
disposto a esperar pacientemente o tempo determinado por Deus?
Minhas aspirações
são elevadas? Quanto mais elevado for o sonho, maior o número de pessoas que se
beneficiarão com a sua realização, e maior a possibilidade de ter-se originado
nos infinitos desígnios divinos.
— fertilizá-la, irrigá-la, roçar o mato — e que
implicam em muito trabalho e autodisciplina.
Mas o crescimento daquela
semente, aquela misteriosa e irreprimível germinação de vida nos recônditos da
terra, em segredo, isso é a parte de Deus no processo. Nós não podemos ficar escavando
o solo, a cada momento para examinar como vai indo o progresso do sonho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Responderemos a todos sempre que necessário.Obrigado pela visita ao site.