DANIEL NA CORTE DE NABUCODENOSOR.

Daniel em Babilônia

Daniel na Corte de Nabucodonosor
1.1: “No ano terceiro do remado de Joaquim, rei deJu- dá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou”.
Necessariamente, três pontos focais devem ser aqui analisados:
a) A definição do livro;
b) A pessoa de Daniel;
 em dois aspectos e;
 c) O cativeiro babilônico.
A definição do livro.
O livro de Daniel é considerado por todos como O APOCALIPSE do Antigo Testamento, em razão de suas predições futurísticas,e tem muito a ver,e  serem enriquecidas e aprofundadas no livro de Apocalipse, no Novo Testamento.
Assim, alguns pontos importantes devem ser aqui focalizados, a saber:
“A Bíblia divide a raça humana em três partes:
 os judeus, os gentios e a Igreja (Cf. 1 Co 10.32) e contém uma mensagem para cada uma das três.
O A.T. trata das duas primeiras divisões.
Por exemplo, o livro de Daniel trata dos judeus e dos domínios gentílicos, sem mencionar a Igreja. (Talvez mencione em alguma parte, por inferência).
 O N.T. dá a mensagem para a Igreja, e Paulo especialmente, em todas as suas epístolas trata delas, enquanto que temos a palavra final de Deus para judeus, gentios e a Igreja no livro de Apocalipse. Nele, encontramos a Igreja no princípio do livro;
Israel no meio, e as nações gentílicas no fim”.
 O Apocalipse, um livro maior, contém “22 capítulos, 404 versículos, 12 mil palavras (?) e nove perguntas”.
Enquanto Daniel, contém “12 capítulos, 357 versículos e 11.706 palavras (?).
E bem provável que Daniel foi o seu autor. (Cf. 7.2, 4; 8.1, 15; 9.2).
Visto que esse livro forma uma unidade, segue-se que o autor da primeira parte (histórica):
Capítulos 1 a 6 foi também quem compôs a segunda (profética):
Capítulos 7 a 12.
Pode-se observar que Daniel fala na primeira pessoa do singular e assevera que as revelações contidas no livro foram feitas a Ele. (Cf. 7.2, 4; 8.1; 9.2, etc.).
A autenticidade de seu livro, foi comprovada pelo próprio Cristo (Mt 24.15; Mc 13.14).
O escritor da epístola aos Hebreus elucida a mesma coisa. (Cf. Hb 11.33 a 34).
 João, o Apóstolo, faz cerca de vinte e sete (27) referências ao livro de Daniel (Comp. DANIEL 2.44; 5.4, 23; 7.7, 8,10,13,22, 25; 8.10; 10.5, 6,13; 12.1, 4, 7 com APOCALIPSE 1.7, 8; 2.18; 5.11; 7.14; 9.20; 10.4, 5, 6; 11.15; 12.7,10,14; 13.1,2,5,7; 14.14; 17.8; 19.12; 20.15; 21.27; 22.10, etc.).
Daniel foi um jovem hebreu da classe nobre, levado cativo a Babilônia por Nabucodonosor, rei do império.
Acerca de sua genealogia não sabemos muita coisa, apenas aquilo que é depreendido do livro que traz o seu nome.
Não era sacerdote, como Jeremias e Ezequiel, mas era, como Isaías, da tribo de Judá e provavelmente da Casa Real (Cf 1.3-6), isto é, da descendência de Davi.
Daniel foi um profeta de Deus cujos temas são de alcance muito vasto.
Vaticinou acontecimentos que ainda vão surgir na história do Planeta, os quais estamos estudando à luz do contexto do seu próprio livro.
Ele, naquela corte, ganhou muita celebridade.
O primeiro acontecimento pelo qual obteve influência na corte babilônica foi a interpretação que deu do sonho do rei.
Ele foi, realmente um homem escolhido por Deus para tão grande tarefa espiritual.
O Cativeiro Babilónico. E evidente que a grande batalha de Carquemis (605-604 a.C.), entre as forças de Nabucodonosor e as do Egito, marca o final do Reino de Judá e o início do grande império babilônico, que é o centro onde vão desenrolar-se os primeiros atos de Daniel.
Ele foi para Babilônia ainda jovem (1.4), talvez com a idade de 14 a 16 anos, no terceiro ano de Joaquim, ou seja, 605 a.C., e oito anos antes de Ezequiel.
Certamente ele foi um dos 10 mil cativos que Nabucodonosor levou para a corte real na capital do mundo de então. (Cf. 1 Rs 2.14).
Foi colocado na corte de Nabucodonosor, e tornou-se para ele familiar a ciência dos caldeus, alcançando uma instrução superior à deles. Foi exaltado por Deus ali, e elevado pelo rei babilônico a uma alta posição, que conservou e só foi interrompida por sua morte.
As suas profecias abrangem todo o período do cativeiro (1.21), tendo profetizado pela última vez, dois anos mais tarde, no terceiro ano do reinado de Ciro (10.1).
O profeta Ezequiel, outro do cativeiro, refere-se a Daniel, citando-o ao lado de Noé e Jó, e diz que ele era um homem justo e dotado de especial sabedoria (Ez 14.14; 20.28).
1.2: “E o Senhor entregou nas suas mãos a Joaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os vasos na casa do tesouro do seu deus”.
“E o Senhor entregou nas suas mãos a Joaquim”.
O presente texto, e outros do mesmo gênero, mostra como Deus tem o domínio em suas mãos e como também controla todas as coisas. O próprio Daniel observa isso, com muita intensidade.
No seu livro isto é retratado com muita clareza:
“O Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer”. Há exemplos na história de reis e presidentes que reconheceram isso e foram abençoados. Já outros não o reconheceram e foram castigados, como Napo- leão Bonaparte, Imperador Francês. Quando foi prevenido: “O homem propõe, mas Deus depõe”, ele respondeu: “Eu proponho e eu deponho, também”. A resposta de Deus a Napoleão foi sua derrota fragorosa na batalha de Waterloo e o exílio solitário na ilha de Santa Helena, até a morte. Enquanto a pequena nação de Israel respeitava a lei do Senhor, não havia quem profanasse o Templo em Jerusalém e escapasse de morrer. Exemplificando, temos Nadabe e Abiú que morreram perante o Senhor (Lv 10.1- 11). Porém, quando a iniqüidade de Israel transbordou, foi o próprio Deus quem os entregou nas mãos de Nabucodo. Este monarca foi “O martelo de toda a terra” usado por Deus para executar juízos sobre nações e povos rebeldes. (Jr 27.6; 50.23). “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31).
1.3: “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos nobres”.
O texto em foco descreve como se processou a escolha de Daniel e seus três companheiros para servirem naquela corte. Primeiro: tinha de ser da linhagem real; segundo: tinha de ser uma pessoa nobre. Daniel e seus companheiros preencheram todos estes requisitos exigidos pelo rei. Daniel possuía os verdadeiros requisitos do homem cristão, que é perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (Ver 2 Tm 3.17).
“... Aspenaz...” Não se sabe com certeza a etimologia da palavra “aspenaz”.
Alguns lingüistas acham que “aspenaz” quer dizer “focinho de cavalo”, mas isso não pode degradar a personalidade da pessoa a que ela se aplica. Em virtude de ser Aspenaz o chefe dos “eunucos” na corte babilónica, tem se pensado que Daniel também fosse um deles. (Ver Dt 23.1; Is 56.3-5 e o texto em foco.) É evidente que, se Daniel não era eunuco de outra forma, pelo menos o era pelo reino de Deus (Mt 19.12). Entre aqueles que a si mesmos se fizeram eunucos “por causa do reino dos céus”, temos João Batista e Paulo (1 Co 7.6, 26), Barnabé (1 Co
9.5, 6) e, provavelmente, de acordo com a tradição, o apóstolo João. O propósito do eunuquismo seria o de permitir ao indivíduo crente servir e adorar sem o tropeço dos obstáculos que muitas vezes são impostos por um casamento desastroso. Paulo disse aos coríntios: “O solteiro cuida nas coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor; mas o que é casado cuida nas coisas do mundo, em como há de agradar à mulher” (1 Co 7.32, 33).
1.4: “Mancebos em quem não houvesse defeito algum, formosos de parecer, e instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para viverem no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus”.
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O presente versículo, e outros correlatos, apresenta Daniel com seus amigos: Hananias, Misael e Azarias, numa fase de preparação para uma grande tarefa na corte babilónica. Daniel, porém, se distinguiu entre os demais, e foi um profeta cujos temas são de alcance muito vasto. Ele era um hebreu da classe nobre, levado cativo a Babilônia por Nabucodonosor, o rei daquele Império. Este fez que Daniel e vários outros judeus nobres, que davam mostra de inteligência fora do comum, entrassem numa escola especial de homens sábios. Geralmente se denominavam “sábios” aos astrólogos e mágicos do Império babilónico; e Daniel foi exercitado em toda a sabedoria daquela gente, como foi Moisés no Egito (At 7.22). Tornou-se perito naquele campo de ciência, mas não se deixava levar por nada daquilo. Daniel, mesmo vivendo na época da Antiga Aliança, era possuidor dos dons da sabedoria e da ciência, pois o “Espírito é o mesmo” em qualquer tempo ou lugar (1 Co 12.4, 8).
1.5: “E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos para que no fim deles pudessem estar diante do ref.
O presente versículo mostra a ardente prova por que tiveram de passar estes servos de Deus. Eles tinham de participar “da porção do manjar do rei, e do vinho que ele bebia...” Mas Daniel e seus companheiros, cheios do Espírito Santo, não “cobiçaram” o manjar daquele que tinha os olhos malignos (Pv 23.3, 6). Os filhos de Jonadabe, o reca- bita, foram louvados pelo próprio Deus de Israel porque não se contaminaram com o “vinho” nem com bebida forte (Jr 35.1-6). Daniel e seus companheiros foram contemporâneos destes filhos fiéis à tradição de seu pai e seguiram o mesmo exemplo de fidelidade. O texto em foco ainda nos fornece outro detalhe importante: “que assim fossem criados por três anos”, etc. O leitor deve observar bem a frase: “criados” e deduzir que os quatro jovens hebreus, selecionados por Aspenaz, eram realmente adolescentes (talvez 14 a 16 anos).
1.6: “E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias”.
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Entre os hebreus, o nome de uma criança era de muito significado profético; em alguns casos este nome não só distinguia esta pessoa, mas também, na maioria dos casos, tinha conotação profética. (Ver Gn 5.29; 30.1-26). Assim, Daniel e seus companheiros de exílio foram agraciados por seus pais com nomes proféticos. 1 - Daniel, em hebraico “dãni êl”, significa: “Deus é meu juiz”. 2 - Hananias, em hebraico “Yahweh”, significa: “Tem sido gracioso”. Esse nome hebraico ocorre com freqüência no Antigo Testamento, bem como sua forma grega, “Hananiah”, no Novo Testamento em várias conexões. 3 - Misael, em hebraico significa: “Quem é o que Deus é (?)”. 4 - Azarias, em hebraico “zaryãhu”, significa: “ajudado do Senhor”. Todos esses nomes e outros encontrados nas Escrituras são confirmados pelo testemunho divino, que diz: “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas” (Pv 22.1).
1.7: “E o chefe dos eunucos lhes pós outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sa- dra que, e a Misael o de Mesa que, e a Azarias o de Abedne- go”.
Vemos no presente texto, como o inimigo das nossas almas ataca. Os próprios nomes desses quatro jovens eram testemunhas, tanto da sua religião, como da sua nacionalidade. “Essa mudança drástica nos nomes destes servos de Deus, foi um plano diabólico. Pois o fato de mudarem os nomes com significados especiais foi feito na esperança de apagarem a memória de Jerusalém, extinguir-lhes toda a idéia de religião e uni-los à política do mundo”. Observemos as tais mudanças: 1 - Beltessazar. Este nome foi dado a Daniel em alusão a “Bei”, o ídolo principal da corte babilónica, cujo significado é: “Guia do Rei”. É também a transliteração da palavra “bei” como está declarada em Isaías 46.1, com o sentido de “senhor vaidoso”. 2 - Sadra- que. Este significa: “Regozijando-se pelo caminho”. 3 - Mesaque. “Pronto, ativo”, ou, segundo um professor de língua semítica, “Tenho pouca importância”. 4 - Abedne- go. Significa: “Ser da luz”. Este nome foi colocado em alusão de um deus chamado pelo profeta Isaías de “Nebo” (Is 46.1). Lendo o capítulo 4.8 do livro de Daniel, podemos deuzir que os nomes dos jovens foram, em verdade mudados, com o objetivo de divulgar a falsa religião do monarca babilónico.
1.8: “E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminai>’.
O versículo em foco nos faz lembrar o que está dito em Atos 15.29, que diz: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue e da carne sufocada...” A razão desta decisão do jovem profeta e seus companheiros é que geralmente a comida e bebida daqueles monarcas babilónicos era, antes de tudo, oferecida aos ídolos pagãos e, portanto, Daniel, como fiel judeu, não podia participar de comidas consagradas ou dedicadas a deuses pagãos. Daniel decidiu-se a servir a Deus, mesmo num país distante de sua terra natal, “com propósito do coração”, como o serviram os primitivos cristãos de Antioquia (At 11.23). Um grupo de escravos, que tomaram tal decisão, serve de exemplo para os jovens cristãos da época atual. Eles foram considerados por Deus, como primícias naquela corte pagã, pois não se contaminaram e nem se corromperam com a idolatria e corrupção ali existente. (Comp. c/ Ap 14.4). O verdadeiro cristão segue à risca o conselho divino que diz “Em todo o tempo sejam alvos os teus vestidos, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec 9.8).
1.9: “Ora deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos”.
As Escrituras, abundantemente, dão testemunho de pessoas que “acharam graça” diante dos olhos de poderosos monarcas. Neemias, o governador dos tempos da restauração dos muros da cidade de Jerusalém, achou graça diante dos olhos do rei Artaxerxes (Ne caps. 1 e 2). Ester, a jovem judia, achou graça diante dos olhos do rei Assuero, na corte de Susã, a fortaleza (Et caps. 1 e 2). Maria, a jovem belemita, achou graça diante dos olhos de Deus, tor- nando-se, assim, a mãe de Jesus Cristo, nosso Senhor (Lc 1.30). No presente texto, temos Daniel, o profeta de Deus, recebendo de Deus o favor de achar graça diante dos olhos do chefe dos eunucos daquela corte. Só Deus (e mais nin-
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guém) podia tornar possível tão grande favor de um oficial de alta patente como o que está em foco. Os fiéis são sempre “ajudados em tempo oportuno” (Hb 14.16).
1.10: “E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu Senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida: porque veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos mancebos que são vossos iguais? Assim arriscareis a minha cabeça para com o rei”.
A proposta de Daniel, ainda que sábia, poria em risco a vida daquele eunuco-chefe; ele mesmo percebeu todo o risco possível de sua morte ao desobedecer ao rei, quando disse: “Tenho medo de meu Senhor, o rei...” O caso era que, se os moços se alimentassem de modo diferente, poderiam aparecer perante o rei, no tempo determinado, mais magros e feios. Porém, o grande segredo neste transe é que a mão divina estava por trás, agindo na sombra de tudo aquilo, como bem pode ser observado na frase: “deu Deus a Daniel graça... diante do chefe dos eunucos”. E assim, a proposta de Daniel para ser feita uma prova experimental durante “dez dias” foi aceita. Ela se baseava em dois pontos principais: 1. Em lugar de comerem das iguanas reais, comeriam legumes e frutas. 2. Em lugar de beberem do vinho do rei, beberiam água.
1.11: “Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias”.
"... ao despenseiro”. O diálogo do jovem profeta continua, mas não segue mais com o eunuco, mas sim, com o “despenseiro-chefe”. Evidentemente, esse “despenseiro” era um oficial debaixo das ordens do eunuco Aspenaz. Este por sua vez concedeu a Daniel o que ele solicitara. Deus estava agindo ali em tudo, pois seu é tanto o querer como o efetuar; um pedido desta maneira, feito por um escravo, numa corte daquela, humanamente falando, era difícil de ser atendido, mas o Deus Eterno, que é “o possível da impossibilidade”, tornou ali tudo possível; assim foi concedido a Daniel o que desejava seu coração. (Ver SI 37.4). Deus pode e quer fazer o mesmo com o seu povo na época atual, é somente crer, a começar de hoje, pois aquele que “todas 18
quantas promessas há de Deus, são nele SIM”, é o mesmo ontem, hoje e eternamente. (Ver 2 Co 1.20; Hb 13.8).
1.12: “Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, fazendo que se nos dêem legumes a comer, e água a beber”.
A solicitação do grande homem de Deus continua, ele pede ao despenseiro que faça apenas uma breve experiência, e que, ao fim de “dez dias”, teria a certeza se ela daria certo ou não. Daniel sabia que, diante da determinação divina, tudo ia dar certo. Paulo, cria e aceitava as promessas de Deus da mesma maneira, quando exclamou diante da tripulação do navio que o conduzia: “... creio em Deus, que há de acontecer assim como me foi dito” (At 27.27).
 O exemplo de Daniel é notável. Ele insistiu veemente com aquele oficial, e confiou, e deu certo. Daniel era muito jovem nesse tempo (14 a 16 anos), e como tal, tinha um bom apetite, mas a tentação de comer dos pratos da mesa do rei foi suprimida por este jovem fiel. Ele tinha na alma a firmeza que muitos anos depois nos deixaria o divino Mestre, Jesus, nosso Senhor.
 O Diabo lhe ofereceu um “reino” e um “trono”, mas Ele recusou a ambos, e aceitou a cruz no monte Calvário, pois tinha em vista a grande recompensa, no presente e na eternidade (Hb 11.24-27 e 12.1-2).
1.13:
“Então se veja diante de tio nosso parecer, e o parecer dos mancebos que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com os teus servos”.
De acordo com alguns historiadores renomados, era co- mumente observada a “face dos vassalos” quando estes se punham de pé diante do rei. (Ver Ne 2.1-2).
 Se o parecer de algum servo se apresentasse formoso, então ele estava apto para servir ao monarca no que houvesse de mister, se não, seria morto sem misericórdia. (Comp. com Et 5.1-3). Os filhos dos reis também eram observados cada dia, se estavam magros ou gordos. (Ver 2 Sm 13.3-4). Daniel e seus companheiros estavam sujeitos a estas e outras penalidades impostas por aquela corte, mas a graça de Deus os salvou de toda aquela burocracia ali existente. A Bíblia afirma categoricamente: “Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a JUSTIÇA livra da MORTE” (Pv 10.2).
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O servo fiel, que anda em sinceridade de coração, só morrerá no dia em que Deus quiser.
1.14: “E ele conveio nisto, e os experimentou dez dias”.
"... dez dias”. O número “dez” nas Escrituras aparece tanto em sentido literal como em cifra redonda (Cf Lc 15.8; 19.13; Ap 2.10, etc.). Há 10 patriarcas, antes do Dilúvio (Gn cap. 5), 10 pragas antes que o Faraó desse liberdade a Israel no Egito (Ex caps. 7 a 12), 10 mandamentos na vontade de Deus (Ex cap. 20), 10 poderes impotentes contra o amor de Deus (Rm 8.38 e ss), 10 vícios que excluem o homem do reino de Deus (1 Co 6.10). No presente texto e no seguinte, a experiência de dez dias trouxe um resultado satisfatório. Os discípulos de Cristo, após dez dias de oração no Cenáculo, foram revestidos de poder (At caps. 1 e 2). O chefe dos eunucos, em comum acordo com o despenseiro, creu na operação divina mediante aquela alimentação; o resultado foi: dez vezes mais formosos, conforme o original, e diante do rei, três anos mais tarde: dez vezes mais sábios. Isso é um grande exemplo para todos nós. O nosso trabalho é sempre do mesmo tamanho que nossa visão!
1.15: “E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores; eles estavam mais gordos do que todos os mancebos que comiam porção do manjar do rei”.
Tem sido comprovado pela própria ciência que um crente “cheio do Espírito Santo” tem mais condições de viver do que uma criatura entregue ao pecado. Recentemente, nos Estados Unidos da América do Norte, cientistas re- nomados examinaram 100 pessoas não-crentes, tomando como base uma certa faixa etária. Semelhantemente, depois, examinaram 100 pessoas crentes cheias do Espírito Santo. Eles ficaram surpresos! Aquelas 100 primeiras pessoas se encontravam envelhecidas prematuramente, ao passo que aqueles crentes cheios do Espírito Santo tinham condições de viver 10 anos além daqueles descrentes. Isso Paulo confirmou há 2.000 anos, quando disse: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). O leitor deve observar bem a frase: “tudo se fez novo” e verá que isso não se prende exclusivamente à alma e ao espírito, mas também ao corpo. (Cf 1 Ts 5.23) E com muita propriedade que
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diz a Bíblia: “0 coração alegre aformoseia o rosto” (Pv 15. 13). E firmado por psicólogos que, quando uma pessoa está irada, funcionam cerca de 600 músculos faciais, ao passo que, quando está alegre, apenas 8. O crente fiel sempre vive alegre, economizando saúde e anos de vida (SI 128).
1.16: “Desta sorte, o despenseiro tirou a porção do manjar deles, e o vinho que deviam beber, e lhes dava le- gumeá’.
O texto em foco, e outros correlatos neste capítulo, já foi considerado por alguém como sendo “o reduto da prova de Deus”. Com ela, o cozinheiro-chefe tirou deles a ração oficial e deu-lhes a comer verduras e, em vez do afermenta- do vinho do rei, água. Estes quatro jovens estavam destinados a uma grande obra missionária naquele país distante, e o triunfo de tudo estava nas mãos de Deus. Possivelmente eles ignoravam o que os aguardava no futuro, mas uma coisa fizeram: confiaram em Deus. Os versículos depreendidos neste capítulo não fazem referência especificada se Deus recompensou o eunuco Aspenaz e o cozinheiro mas uma coisa podemos deduzir: se Deus fez bem às parteiras egípcias na terra faraônica por causa dos filhos dos israelitas, evidentemente fez bem também a estes dois oficiais, por amor dos seus servos (Cf. Gn 39.5; Ex cap. 1).
1.17: “Ora, a estes quatro mancebos Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria, mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos”.
O presente texto apresenta a pessoa de Deus como sendo a “fonte” de toda a sabedoria e conhecimento. Ele capacitou estes três jovens em toda a ciência daquela corte e daquela gente. Eles podiam discernir entre o que era verídico na instrução que recebiam, que dizia respeito aos campos das letras (literatura e sabedoria). Daniel também obteve entendimento ou facilidade na interpretação de sonhos e visões. Deus o usou na interpretação de dois sonhos do rei; com igual facilidade, ele também decifrou a misteriosa escritura da estucada parede do palácio real (caps. 2, 4, 5). O jovem José, na corte de Faraó, discerniu tanto os sonhos de seus ministros como os do próprio rei. Daniel, mesmo distante da sua pátria e numa terra de cativeiro,
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tornou-se um instrumento nas mãos de Deus que sempre o usava na grande capital do imponente império.
1.18: “E ao fim dos dias, em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabu- codonosoi*’.
O presente versículo encerra a fase de preparação dos jovens hebreus, isso demonstra que, os versículos 15 a 18 cobrem um período de tempo de três anos completos (v. 5).
Em uma figura de retórica, podemos ver nestes três anos de preparação dos quatro jovens cativos, para servirem naquela corte, os três anos de ministério terreno do Filho de Deus e que, tendo-os terminado, passou a servir na corte celeste (Hb 1.3).
Paulo, após sua conversão, passou também por uma fase de preparação “no deserto da Arábia” (G1 1.17,18).
A Lei determinava que os animais sacrificados ao Senhor tivessem pelo menos três anos para que fossem oferecidos como sacrifício perfeito.
 Os próprios discípulos de Cristo tiveram a mesma experiência, e depois serviram na grande obra do Mestre amado. Paulo diz que os obreiros devem ser “primeiro provados, depois sirvam”.
1.19: “E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso permaneceram diante do rei”.
O presente versículo nos faz lembrar do monarca Faraó, rei do Egito.
Ele fez conhecida publicamente em seu País a sabedoria de José (Gn 41.38, 39); o rei Nabucodono- sor segue também o mesmo exemplo daquilo que é precioso: reconhecer o valor da pessoa humana, não só por aquilo que ela representa, mas sobretudo, por aquilo que ela é. (Cf 1 Ts 5.12). Um sábio já frisou certa feita: “O homem não é grande pelo nome que tem, mas pelo trabalho que empreende na religião ou na sociedade a que pertence”. Daniel se destaca entre os demais sábios ali, não somente por sua habilidade e capacidade humana, mas sobretudo, por sua fidelidade a Deus. Em Ezequiel 14.14, 20, ele recebe testemunho do próprio Deus, como sendo um homem espiritual: “... Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça... etc”. No capítulo 28.3 do mesmo profeta, ele é citado novamente por Deus, como sendo um vulto de elevado saber.
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Isso mostra, realmente, que Daniel era dotado de inteligência intelectual e espiritualmente.
1.20: “E em toda a matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino”.
De acordo com o que fala Paulo em 1 Coríntios 2.14 e 15, Daniel era de fato um homem espiritual. O rei Nabuco- donosor lhe fez perguntas das mais variadas, mas ele discerniu “bem tudo”. Há muitas fontes que podem dar ao homem a verdadeira sabedoria, uma delas, sem dúvida, são os mandamentos de Deus, como declara o salmista, no Salmo 119.98: “Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que meus inimigos; pois estão sempre comigo”.
Note-se como Daniel é um exemplo destacado de quem deseja ardentemente os maiores dons espirituais (1 Co caps.
12 a 14). Tornou-se na corte do seu exílio um intérprete dos caminhos do verdadeiro Deus, uma testemunha perante reis e um dos maiores profetas não somente para aqueles dias, mas para todos os tempos, alcançando até as fronteiras da eternidade.
Daniel tornou-se ali um profeta de elevado respeito, cujos temas são de alcance muito vasto.
1.21: “E Daniel esteve até o primeiro ano do rei Ciro”.
A obediência de Daniel fez com que Deus se agradasse dele, e, como resultado, o Senhor prolongou os seus dias. Jó foi também um maravilhoso exemplo. Deus prolongou a sua vida por causa da sua fidelidade (Jó 42.16,17).
Daniel atravessou dias difíceis durante o reinado de quatro poderosos reis e conquistadores, de três nacionalidades e dinastias. Mas a sua vereda foi “como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).
Ele, ainda jovem, não somente foi honrado com o cargo de sátrapa, mas com o de “príncipe dos magos” e primeiro ministro, exercendo autoridade nas cortes babilônica e persa. Diante da corte celestial, porém, foi também elogiado e elevado à sua posição de grande autoridade; ele foi declarado por um elevado poder, como sendo um “homem mui desejado”. (Ver cap. 9.11, 19).
Meu querido internauta, seja um Daniel!

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