ESTUDO COMPLETO DAS SETENTA SEMANAS PROFETICAS DE DANIEL

Profecias




Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e  selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo,Daniel 9:24
O assunto principal deste artigo é  que, em suma, encerra uma série de 27 versículos, com a oração do profeta Daniel, para que Deus desse início ao regresso de seu povo que estava cativo em Babilônia. (Ver Salmo 126).
Pode se dividir o presente texto da seguinte maneira:
1) A introdução (versículos 1 e 3).
2) A oração propriamente dita (versículos 4 a 19).
3) A resposta da oração:
 Deus enviando o anjo Gabriel (versículos 20 a 27).
 Então o capítulo é dividido em duas partes:
1) A introdução (versículos 20 a 23).
 2) A resposta propriamente dita (versículos 24 a 27).
Agora a consolidação:
 A grande profecia das “setenta semana”
Os versículos 1 e 2 do presente capítulo, apontam no tempo esta oração: foi no primeiro ano do governo de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos. Não sabemos determinar se o “Assuero” do texto em foco é o mesmo que vem citado no livro de Ester 1.1.
Alguns comentadores aceitam que o Assuero do texto é Xerxes, e o nome “Assuero” pode ser um “título real aque- mênida”.
Seja como for, nós aceitamos o que fica depreendido dos textos divinos, o mais são especulações humanas.9.2:
“No ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as as assolações de Jerusalém, era de setenta anos”.
“Era de setenta anos”.
Daniel primeiro examina com cuidado as predições do profeta Jeremias sobre os “setenta anos de cativeiro” (Jr 25.11, 12).
Setenta anos de cativeiro sobre a nação foi para “que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram” (2 Cr 36.21).
 Deus ordenou a Israel, no deserto, que trabalhasse seis dias em sete e, semelhantemente, seis anos em sete. (Ver Ex 20.9, 10; Lv 25.1-7).
A guarda do sábado à risca foi observada por Israel logo no deserto, e um homem foi morto porque apanhou lenha no sábado. (Ver Nm 15.32-36).
A segunda ordem de Deus para que se guardasse o ano sabático só entraria em vigor com a entrada da nação na terra prometida.veja;(Ver Lv 25.2-4).
Isto significa que todo o “tempo pertence a Deus”.
Durante esse ano (de repouso), a terra não era lavrada, o fruto era livre, e a confiança do povo em Deus era provada.
Aprendemos de Deuteronômio 31.10-13, que este ano era empregado para dar instrução religiosa ao povo.
Durante os 490 anos da monarquia, esta lei não foi observada, como devia ter sido por 70 vezes.
Por isso, foram dados ao povo 70 anos de cativeiro.
 Deus, apenas, como sempre, só exigiu o dízimo dos 490 anos veja;(Ver 2 Cr 36.21).
 Daniel sabia que Deus é o “Justo Juiz” e só cobraria o “dízimo” dos anos, e pôs-se a orar confiantemente por um repatriamento. (Comp. SI 126).
9.3: “E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e rogos, com jejum, e saco e cinza”.
Daniel, como já ficou demonstrado, sabia que Deus só exigia o que é seu e, numa confiança inaudita na grande misericórdia dele, e numa inteireza de fé, pediu a Deus que virasse o cativeiro do seu povo "... como as correntes do sul”. (Ver SI 126.4).
O ardente desejo deste servo fiel era ver seu povo perdoado, e a cidade de Jerusalém, mormente o templo do Senhor, reedificados.
Ele permaneceu em oração “velando nela com ação de graças”. (Ver Cl 4.2). Até as três horas da tarde (a hora do sacrifício da tarde), Daniel permaneceu em oração, exemplificando o centurião Cornélio (At 10.30). Então chegou Gabriel, um embaixador da corte celestial.
A oração, na vida de Daniel, era um costume regular. No seu aposento de janelas abertas, na direção de Jerusalém, ele podia ser encontrado orando três vezes por dia. (Ver 6.10).
Há uma promessa para aqueles que, em tempo de angústia, buscam a Deus virados para o santo templo. (Ver 1 Rs 46-49).
Davi orava a Deus três vezes no dia e, por essa razão, era bem sucedido (SI 55.15). - Quantas vezes nós oramos por dia?
9.4: “E orei ao Senhor meu Deus e confessei, e disse: Ah! Senhor!
Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamento^’.
"... e confessei, e disse”. O texto em foco mostra Daniel assumindo a posição de sacerdote (ainda que não o fosse) e fazendo confissão.
 A confissão é a expressão pública da fé. Enquanto o testemunho se dirige aos homens, a confissão dirige-se a Deus, num movimento espontâneo de gratidão e louvor. No Novo Testamento, a “confissão” possui três significados especiais:
1) Louvar ou celebrar.
2) Proclamar
o Senhor e sua libertação.
3) Reconhecer as próprias culpas.
Nessa parte da Bíblia, a palavra traduzida por “confessar” significa, inicialmente, “entrar em conciliação, concordar sobre uma base comum”. Daniel, o grande servo de Deus, não se sentia culpado, mas, mesmo assim, não se dava por justificado. (Ver Rm 8.33).
Ainda no N.T., a confissão acompanha o ministério do Senhor Jesus Cristo (Lc 5.8; 19.8), e está em parábolas por Ele proferidas. (Veja Lucas 15).
 Acompanha também o ministério apostólico. (Ver Jo 20.23; At 19.18).
Faz também parte das recomendações apostólicas (1 Jo 1.9; Tg 5.16).
9.5: “Pecamos, e cometemos iniqüidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos”.
“Pecamos, e cometemos iniqüidade”. Daniel demonstra sua grande humildade diante de Deus, em confessar o pecado de seu povo, mas se coloca também numa posição de culpa, como se fosse um pecador: Ele se apresenta como se fosse um anátema diante da situação. Paulo desejou
também ser até separado de Cristo por amor a Israel. (Ver
1 Rm 9.3). Moisés desejava ser riscado do livro da vida se porventura Deus não perdoasse o seu povo (Ex 32.33). Daniel, como já ficou explícito em outras notas expositivas, sabia que, segundo as Escrituras, o pecado “cortava” quaisquer laços de comunhão entre o homem e Deus, como declara o profeta Isaías (Is 59.2).
Em relação a Jesus, Ele disse aos judeus de seus dias: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Jesus retrata a vida humana ideal, de comunhão com Deus, em todo o Novo Testamento.
 O pecado é a falta dessa comunhão. Jesus também localiza a fonte do pecado no íntimo dos homens.
O pensamento de Jesus, em cada elemento de seus ensinos, aprofunda muito o senso de culpa. Daniel, sendo possuidor do mesmo Espírito de Deus, aprofunda-se também nele o senso da culpa do seu povo e pede a Deus remissão.
9.6: “E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos pais, como também a todo o povo da terra”.
"... não demos ouvidos aos teus servos, os profetas”.
A presente passagem nos lembra as recomendações do Senhor Jesus em seus ensinamentos doutrinários, tanto nos Evangelhos como no Apocalipse.
Esta recomendação para “ouvir” a Palavra de Deus, da parte de Cristo, é feita em solene aviso, nos evangelhos. (Ver Mt 13.9,43; Mc 4.23).
 No texto de Ap 3.6, a recomendação é feita a “todas as igrejas”, e se repete nos caps. 2 e 3 por sete vezes. Os ouvidos de um homem são sua sensibilidade espiritual, e o seu “ouvir” e o uso de meios espirituais que produzem mudanças em seu íntimo, conforme se vê exigido nas advertências e promessas anteriores. Daniel nos informa que o castigo caído sobre a nação israelita era resultado do “não ouvir” a Palavra de Deus enviada pelos profetas do Senhor. Um dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é aquele concernente ao “ouvido que ouve”.
9.7: “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como se vê neste dia; aos homens de Ju- dá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de
perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa da sua prevaricação, com que prevaricaram contra ti.
"... prevaricaram contra ti. Numerosas são as palavras com a significação de pecado, na Bíblia. Se bem que o Antigo Testamento as empregue facilmente umas pelas outras. (Ver Dt 19.15: a iniqüidade, a falta, o pecado.)
E interessante retomar aos seus significados primários, que nos revelam a essência bíblica de pecado. Os sábios traduziram a palavra “hamartia” por pecado, no idioma português, que toma o sentido:
1) Tortuosidade (sentido próprio).
2) Errar o alvo (sentido religioso).
 Na Bíblia são numerosos os “pecadores”, cujas ações são definidas como desvio.
 Outra palavra corrente para o pecado vem de uma raiz que significa algo que é “torto” ou “curvo”. No sentido nacional, é a do presente texto: a nação inteira é tomada como um todo, na prática do pecado, como por exemplo: “Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto...” (Js 7.11). Mas havia também a prática, mesmo em Israel, no sentido individual, como por exemplo: “sacerdote... príncipe... congregação... qualquer outra pessoa...” (Ver Lv capítulo 4). Daniel, em sua oração a Deus, inclui a nação como um todo.
9.8: “O Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti”.
“Porque pecamos contra tf. O velho profeta em sua oração intercessora continua pedindo a Deus a expurgação do pecado, tanto praticado no presente como no passado. Daniel conhecia muito bem os males que o grande tirano (o pecado), tinha causado ao seu povo. Há o pecado congênito, herdado de Adão. Há ainda o pecado praticado; este é transgressão (Ver 1 Jo 1.9). O primeiro vem no singular, o segundo no plural. Quanto à prática do pecado, há duas espécies de pecado: a primeira por comissão. (Ver Tg 1.15). A segunda por omissão. (Ver Tg 4.17). Há pessoas que se exercitam conscientemente na prática do pecado, e, por conseguinte, são os obreiros da iniqüidade (SI 14.4). Ainda no que diz respeito aos aspectos maus do pecado, podemos analisar a posição do crente em relação ao peca-
do. 1) Somos salvos do pecado, mas não de sua presença que tão de “perto nos rodeia” (Hb 12.1). 2) Na mudança e transladação dos santos, que se chama “a redenção do corpo”, seremos para sempre salvos da presença do pecado. (Ver Rm 8.23; 1 Co 15.52, 53).
9.9: “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra ele”.
“...a misericórdia e o perdão”. Essa é uma das mais conhecidas palavras da Bíblia. Isto é, a palavra “perdão”. Toda uma série de expressões, no Antigo e no Novo Testamento designam o ato de perdão e permitem definir sua natureza. A expressão mais correta é “remir”, “abandonar” (uma transgressão), em comparação com a remissão de uma dívida (SI 32.1; Mt 9.2; Lc 7.48). Há as expressões “não imputar” (Nm 12.11; SI 32.2; Rm 4.8), “cobrir”, como algo que mais não se quer ver. (Ver SI 85.3; Rm 4.7). Paulo diz que o perdão humano está baseado no perdão divino: “antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). Em Mt 26.28, essa palavra é também traduzida por “remissão”; ela significa “mandar embora”. No Novo Testamento há diversos pontos notáveis. Um deles é que o pecador perdoado deve também perdoar aos outros. Isso é manifestado em Lc 6.37, na oração do Pai Nosso, e noutras passagens paralelas. No texto em foco, porém, Daniel pede a Deus, um perdão de cunho nacional, isto é, um perdão extensivo à nação como um todo.
9.10: “E não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu pela mão de seus servos, os profetas”.
"... não obedecemos à voz do Senho/’. São muitas as passagens correlatas da Bíblia, quanto ao assunto da desobediência.
1) Por um lado, esta revolta dos homens não desconcerta a Deus: os desobedientes não escapam do seu controle. Deus leva a sério a desobediência deles: Deus não os abandona a si mesmos: Ele endurece o homem desobediente (Êx 7.3; Jo 12.40). Ele o entrega ao pecado (Rm 1.24). Porém, muito mais: Deus usa a desobediência do homem, a qual, em lugar de contrariar a salvação divina, co-
labora com ela tornando-a “gratuita”.
 2) Por outro lado, Deus prepara o caminho para a vida de uma humanidade nova, obediente. Ele escolheu Abraão, elegeu Israel, deu sua lei, e, assim, a “queda” se torna em “elevação” (Comp. Rmcap. 11).
9.11: “Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz: por isso a maldição, o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra ele”.
“Por isso a maldição”.
A maldição é uma palavra pela qual Deus faz cair a desgraça e a morte sobre o homem ou sobre as coisas, por causa do pecado. A serpente foi alvo de maldição (Gn 3.14), e até o solo (Gn 3.17 e 5.29), e também Caim, o fratricida (Gn 4.11): todos esses são malditos. Na boca de um homem a maldição atrai o julgamento de Deus para o inimigo (Nm 22.6; 23.8; 2 Rs 2.24; Lm 3.65). A cidade de Jericó foi também alvo de maldição por parte de Josué (Js 6.26), caindo muito depois sobre Hiel, o betelita, e fazendo morrer seus dois filhos (1 Rs 16.34). Há também aquela dirigida contra o próprio Deus. (Ver Lv 24.11,15; Jó
2.9). Ela é o pecado por excelência e conduz à morte: aquele que maldiz a Deus se exclui da aliança e da vida. O mesmo acontece com aquele que maldiz seus pais, pois é por intermédio deles que Deus lhe deu a vida (Êx 21.17; Pv 20.20; 30.11), ou com aquele que maldiz o rei, representante terrestre do rei divino. Morrerá sem misericórdia (1 Rs
21.13, etc).
No texto em foco, Daniel nos diz que a maldição veio a seu povo por causa da desobediência contra Deus. O homem, por esta razão, foi privado da bênção.
9.12: “E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juizes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto nunca debaixo de todo o céu aconteceu como em Jerusalém”.
O texto em foco e outros que seguem são a continuação da oração intercessora de Daniel. Nota-se que, como Davi no Salmo 51, Daniel não se justificava do pecado que cometera. O grande servo de Deus também não se desculpa, de forma alguma, como bem podemos presenciar nos versículos 7, 8, 11 e 18 do capítulo em foco; apesar de ter uma vida pura, irrepreensível e justa, ele se coloca ao lado dos
que pecaram e pede misericórdia da mesma maneira que Moisés se identificou com Israel como culpado (Ex 34.9). O Senhor Jesus Cristo é outro exemplo ideal. Para salvar seu povo, o verdadeiro Mestre se “fez pecado por nós” e foi contado como um malfeitor. Daniel, sendo grande conhecedor das Escrituras, invocava a Deus sobre a inspiração de suas palavras. Não é só neste capítulo que encontramos exemplos de oração como esta, mas já no passado existia um grande exemplo disto em Israel. (Ver 2 Sm 7.25-29; 1 Rs 18.1,41-46).
9.13: “Como está escrito na lei de Moisés, todo aquele mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face do Senhor nosso Deus, para nos convertermos das nossas ini- qüidades, e para nos aplicarmos á tua verdade”.
Meditando sobre o presente versículo, o missionário O. Boyer diz:
“Nisso se encontra o segredo de toda a sua oração; (de Daniel) Israel podia estar em tais condições que Deus devia adiar o cumprimento da promessa de colocar seu povo de novo na terra da promissão. Daniel receava que o seu povo deixasse passar o dia da graça, como de fato a maior parte o fez, e Deus adiasse o cumprimento da promessa. (As setenta semanas são um exemplo disso).
Alguém pode perguntar sobre o capítulo em foco: - Então a oração de Daniel não valeu coisa alguma? -
Valeu; resultou na volta de alguns fiéis no fim dos setenta anos.
 O decreto de Ciro, rei da Pérsia (Ver Ed 1.1-4) foi a resposta gloriosa. E também resultou em muita luz preciosa para nós, hoje. Afinal de contas, qual é o crente fiel que não está pronto a orar a vida inteira para ter uma experiência tão gloriosa como esta?
9.14: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, pois não obedecemos à sua voz”.
"... justo é o Senhor, nosso Deus”. O presente texto nos faz lembrar do que diz o salmista no Salmo 87.2: “Nuvens e obscuridade estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do seu trono”. A Bíblia Sagrada, em seu conceito geral, apresenta a pessoa de Deus como “O Justo Juiz” (2 Tm
4.8). Essa posição coaduna-se com a sua natureza. Deus não pode ultrajar o “direito de ninguém”, porque “justiça
e juízo são a base do seu trono”. A justiça é a expressão e a execução da retidão; essa pode ser chamada de santidade judicial. A palavra “justiça” aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento, como tradução do termo hebraico “cedheq”. No Novo Testamento, o substantivo “justiça” aparece, como tradução do termo grego “dikaiosumê”, cerca de noventa (90) vezes. Em seu sentido lato, significa “e- qüidade legal”. A palavra, quando se aplica à pessoa de Deus, significa a “infinita retidão daquele que é justo”, e, neste sentido, ela se encontra na presente passagem. Daniel apela para essa “justiça de Deus” que, ao invés de punir o pobre homem culpado, o auxilia, dando-lhe o que ele precisa.
9.15: “Na verdade, ó Senhor nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como se vê neste dia, pecamos; obramos impiamente”.
"... com mão poderosa”. A "onipotência de Deus” é também pintada pelo patriarca Jó, quando diz: “Então respondeu Jó ao Senhor, e disse: Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido” (Jó 42.1-2). A palavra “onipotência” deriva-se de dois termos latinos, “ommis” e “potentia” que, juntos, significam “todo poder”. O termo denota o supremo poder pessoal de Deus. Esse atributo é peculiar à sua pessoa e significa que seu poder é ilimitado, que ele tem o poder de fazer qualquer coisa que queira. (Ver Lc 1.37). “A onipotência de Deus não significa o exercício de seu poder para fazer aquilo que está dentro dos limites da compreensão humana”. Exemplo: - Se Deus é onipotente, por que deixou a serpente entrar no Jardim, e tentar o primeiro casal? Devemos pensar primeiro que Deus é soberano e absoluto e, como tal, age de acordo com a sua natureza santa e com sua santa vontade. O texto em foco, como outros correlatos, focaliza sobre a “mão poderosa de Deus”, isto é, não o exercício da força muscular, mas sobretudo o supremo poder da Palavra da sua boca, como também do seu Ser. Deus é o Todo-poderoso em grau supremo!
9.16: “O Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do
teu santo monte; porquanto, por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós”.
O presente versículo mostra como Daniel se sentia humilhado, aos olhos de todas as nações, porque o cativeiro de Judá e a não-existência do santuário de Jerusalém eram interpretados pelas nações como significando que o Deus de Judá ou Israel não tinha poder, que tudo era uma ilusão.
 Assim sendo, o fato de o nome de Deus ter sido desonrado pelas medidas disciplinares que o povo o forçou a tomar, exige, do apelo vindicado por Daniel, que Deus tome uma providência urgente a favor do seu povo.
 O templo do Senhor e a cidade de Jerusalém, tudo estando em grandes ruínas, era considerado por todo o judeu como “um opróbrio”. (Ver Ne 1).
Daniel estava consciente de tudo isso e pediu a Deus que, através da sua justiça e retidão, tirasse de seus servos esse opróbrio.
Quando o povo de Deus em qualquer tempo ou lugar fracassa, os inimigos zombam! Pois o pecado é o “opróbrio” das nações, e, se uma “nação santa” como é chamada a Igreja na simbologia profética, pecar, traz sobre si esse “opróbrio” sombrio da zombaria. (Comp. 2 Sm 12.14 e ss.).
9.17: “Agora, pois, ó Deus, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor’’.
O texto em foco mostra como Daniel usa expressões familiares de várias partes do Antigo Testamento.
Ele afirma a sua expectativa de que a sua oração será ouvida, e que Deus fará com que, tanto a cidade como o templo e as tranqueiras (circunvalações), em Jerusalém, sejam edificados, e que Deus o fará, agora, sem muita demora. Daniel era um crente fiel e não fanático; sua oração está pontilhada, tanto de sabedoria como em expressão.
 Montgomery diz que “o santo ora como a Igreja ora”; as grandes orações da Bíblia, incluindo a do presente versículo, provêm princípios que faríamos muito bem em incorporar, tanto à oração pública como à privada. Acima de tudo, porém, precisamos ter a certeza de que Deus responde à nossa oração em qualquer tempo ou lugar; é só clamar com confian-

ça no nome e no sangue de Jesus. Deus responde ao homem, não de acordo com o que ele merece (ele nada merece), mas de acordo com o que ele precisa. (Ver Mt 20.1-16).
9.18: “Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos; e ouve; abre os teus olhos e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias".
O presente versículo encerra vários elementos que retratam a bondade suprema de Deus. Daniel lança perante Deus toda essa oração, mas esclarece dizendo: “Não lançamos as nossas súplicas... fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.
A misericórdia divina, faz parte do seu grande amor.
Paulo pinta este amor como prova “para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. (Ver Rm 5.8). O amor de Deus se define como aquele atributo pelo qual ele se inclina a promover os melhores interesses de suas criaturas e a comunicar-se a elas, a despeito do sacrifício que nisso está envolvido. “Para mim (observa Robertson), essa é a mais profunda de todas as verdades que a totalidade da vida de Deus é o sacrifício próprio: amor e misericórdia. Deus é amor: amor envolve sacrifício: dar em lugar de receber; abençoar em lugar de amaldiçoar. Dar-se a si mesmo”. Ele deu Jesus como supremo sacrifício.
9.19: “O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; á Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome”.
O presente versículo é o clímax da oração de Daniel neste capítulo. E três pontos focais devem ser analisados aqui:
1) No versículo 17, Daniel pediu especificamente pela volta do povo. Mas ele o fez indiretamente. Ele pediu a Deus que demonstrasse o seu favor para com o seu santuário que estava desolado há tanto tempo.
2) No versículo 18, pediu a Deus que demonstrasse o seu favor para com os cativos na Babilônia e para com os que estavam lá, em Jerusalém. Mas outra vez Daniel acrescenta rapidamente que ele não estava fazendo o pedido por Israel merecer o favor de Deus.
 3) Finalmente, no texto em foco, Daniel pediu
francamente que Deus não se retarde. Isto é, ele queria que Deus permitisse ao seu povo voltar logo, uma vez que os setenta anos se estavam completando desde o começo do cativeiro, em 605 a.C.
O doutor Leon Wood nota: “Observe o cuidado que Daniel tinha na sua oração.
Ele não era imprudente, nem exigente, como se Deus tivesse a obrigação de dar algo a seu povo”.
9.20: “Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus”.
“Pelo monte santo do meu Deus”.
 O versículo em foco e os anteriores descrevem vários aspectos que dizem respeito, tanto a cidade de Jerusalém como ao povo escolhido, mas um dos pontos focais é, sem dúvida, a restauração do santo lugar onde sabemos ter sido erigido o “templo do Senhor Deus de Israel”. A palavra “Sião” significa monte ensolarado. E, ainda que a palavra tenha uma nata aplicação (incluindo até mesmo o local do templo de Jerusalém, algumas vezes), indica a colina mais oriental das duas sobre as quais Jerusalém foi edificada. O monte Sião, também é identificado como a Jerusalém “lá de cima”. (Ver G1 4.26). E também como a cidade de Deus nos céus (Hb
12.22). O monte Sião é mencionado no Novo Testamento nas seguintes passagens: Mt 21.5; Jo 12.22; 1 Pe 2.6 e Ap 14.1. A cidade de Davi era Jerusalém (1 Rs 8.1).
O templo foi edificado no monte de Moriá, e o palácio de Davi, no monte Sião. Portanto, Sião é sempre usado, na simbologia profética, como “o santo monte”, por se ter tornado, profeticamente falando, o lugar escolhido como sede do reino de Cristo durante o Milênio. (Ver Is 2.3 e Ob v. 17). Eis a razão por que Daniel tanto se interessava pela restauração do santo monte do Senhor.
9.21: “Estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora do sacrifício da tarde”.
“Veio voando rapidamente”.
 Isso é dito acerca do “anjo Gabriel”. (Sobre o anjo Gabriel ver nota no capítulo oito versículo 16 deste livro).
O presente versículo, além de encerrar outros elementos doutrinários apresenta um dos pontos focais: a rapidez dos anjos. Podemos entender que a “rapidez” dos anjos, voando, pode-se comparar a “um relâmpago” ou a um pestanejo. Isso indica também a idéia de um “momento”. (Ver 1 Co 15.52). “Momento”, em grego, é “átomos”, que significa “sem divisão”.
E a única ocorrência desse vocábulo em todo o Novo Testamento. Segundo o doutor Russell, esse termo era originalmente usado para denotar uma partícula indivisível, devido a sua pequenez. Literalmente, essa palavra significa “impossível de ser cortado” ou de ser “medido”. Os anjos também voam com a rapidez de um relâmpago (Mt 28.3), a 300.000 quilômetros por segundo (?), mas, na escala celeste, são rápidos como o pensamento. (Comp. com Mt 26.53). Apenas quatro classes de seres são apresentados na Bíblia como tendo asas. 1) Os querubins (Ex 25.20; 2 Cr 5.7; Ez 1.6; Ap
4.8). 2) Os serafins (Is 6.1-6). 3) Os anjos (Ap 8.13; Dn 9.21). 4) .
E certamente o arcanjo Miguel (Jd 9).9.22: “E me instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido”.
O versículo em foco nos lembra o que diz o Senhor em Is 65.24:
 “E será que antes que clamem, eu responderei: estando eles ainda falando, eu os ouvirei”. Daniel ainda estava “falando” quando o mensageiro celestial apareceu trazendo já a resposta de Deus. Primeiro o anjo de Deus disse que tinha vindo para dar a Daniel entendimento sobre o sentido daquilo que lhe ia explicar.
Ele estava se referindo aos acontecimentos futuros. Esses acontecimentos relacionavam-se com o pedido de Daniel naquela longa oração que ele estava fazendo. Então Gabriel disse que, no exato momento em que Daniel tinha começado a orar, já tinha recebido a resposta de Deus. Como é importante para nós também permanecer em oração no gracioso favor divino, para que suas bênçãos fluam na nossa direção.
Todo aquele que está orando está pedindo, e quem pede recebe, disse o grande mestre Jesus aos seus discípulos. (Ver Lc 11.9,10).
9.23: “No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para te declarar, porque és mui amado: toma pois bem sentido na palavra, e entende a visão”.
Uma das contribuições mais importantes do livro de Daniel é a sua insistência na ligação entre a fé e a inteligência. Sabedoria e entendimento eram dons, mas ainda assim ele é exortado a considerar a causa e entender a visão.
Antes de terminar sua fervorosa oração, certamente dizendo a Deus que os setenta anos de cativeiro já tinham expirado. (Ver v. 2) ele, então, recebeu uma visita do “varão Gabriel”, que “veio voando rapidamente” com uma profecia de “setenta semanas” (ver v. 24). O número se relaciona com o perdão que é de “setenta vezes sete” (Mt
18.22). O anjo celeste explica a Daniel que aquela visão das setenta semanas é possível ser entendida, mas isso requer uma acurada investigação. A seguir, o anjo apresenta a profecia no sentido completo, e depois mostra a Daniel as suas divisões (v. 24), que são vistas nos versos 25 a 27.
A recomendação de Daniel feita pelo anjo foi, sem dúvida, por tratar-se de uma profecia cujo tema era de alcance muito vasto; ela alcança séculos e milênios!
9.24: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos santos”.
“Setenta semanas...”
 Entre os hebreus, em lugar da palavra “semana” usava-se a palavra “shabua”. Em hebraico “shabua” significa, literalmente, um “sete”. Pode ter o sentido de um “sete” de dias como também um “sete” de anos. Precisamente nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias. (Ver Nm 14.34 e Ez 4.6). Assim sendo, estas “setenta semanas” são setenta “grupos de sete anos”, ou seja, 490 anos.
A grande profecia das setenta semanas, visava, não somente ao “povo” mas também à restauração da cidade que se encontrava em grande ruína. (Ver Ne 1.3).
Seis acontecimentos marcantes deviam acontecer no decorrer das setenta semanas escatológicas:
1) Extinguir a transgressão, em grego é “anomia”, e significa “violação da lei, desordem, anarquia; declínio para a margem esquerda ou direita da linha da santidade”; tudo isso Israel tinha praticado em grau supremo e, segundo o anjo intérprete, esta “transgressão” na vida da nação israelita não podia ultrapassar a “septuagésima semana”.
2) Dar fim aos pecados. O termo “pecado”, no grego, é “hamartia”, significa “tortuosidade” no sentido próprio, e “errar o alvo” no sentido religioso. Segundo o anjo, o pecado tinha de ser "tirado” da vida da nação, antes da introdução do reino milenar de Cristo. (Ver Rm 11.26).
3) Expiar a iniqüidade. O termo “iniqüidade” tem sentido lato, tanto no Antigo como no Novo Testamento, como por exemplo: “rãshã”, “ponêros”, “athesmos”, etc. Isso significa “desobediência, insubordinação”. Essa iniqüidade na vida de Israel seria “expiada”, de acordo com o texto em foco, dentro dos limites das setenta semanas. Isso porém, não aconteceu por desobediência de Israel, de não aceitar Jesus como seu Messias. (Ver Jo 1.11).
4) Trazer a justiça eterna.
 A “justiça eterna” do presente texto é a “Justiça de Cristo”, que ele ganhou na cruz. A promessa para Israel é que, antes do reino milenar Cristo será introduzido no mundo com essa “justiça”, e a nação inteira desfrutará dela em plenitude.
5) Selar a visão e a profecia. A “profecia” do texto em foco, sem dúvida, é a das setenta semanas; ela precisava ser selada com seu cumprimento. Isso terá seu cumprimento em plenitude, quando Deus “restaurar o reino a Israel”. (Ver At 1.6). 6) Ungir o Santo dos santos.
Em algum sentido, todos os templos, isto é, o de Salomão; o de Esdras; o de Herodes, e o que será usado pelos judeus descrentes sob a aliança com o Anticristo (Dn 9.27; Mt 24.15; 2 Ts 2.4), e o templo escatológico de Eze- quiel (Ez caps. 40 a 48), todos são tratados como uma só casa: a “casa de Deus”. Assim, Cristo purificou o “templo dos seus dias”, embora construído (ou reconstruído) por um usurpador idumeu (Herodes) para agradar aos judeus. A nova promessa, segundo o anjo, é de que este “santuário” onde ficava o “Santo dos santos”, será “ungido” por Cristo antes que as setenta semanas expirem. Todas essas “seis coisas” terão seu cumprimento pleno com o retorno de Cristo a este mundo com poder e grande glória, isto é, sete anos após o arrebatamento da igreja deste mundo. (Ver Ap 1.7).
9.25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o
Príncipe, sete semanas; e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos
As setenta semanas do capítulo em foco apresentam três divisões principais, e a última semana está dividida em dois períodos de três anos e meio cada um.
a) “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, sete semanas”.
 Aqui está o ponto de partida para a contagem das setenta semanas: a saída da ordem”. São encontradas duas ordens nesse tempo do cativeiro; a primeira foi promulgada por Ciro, rei dos persas, e a segunda por Artaxerxes
Longímano. Examinando Esdras 1.2, 3, fica esclarecido que a primeira “ordem”, dada por Ciro, não foi para “restaurar e para edificar Jerusalém”, e sim, para edificar o templo. (Ver 2 Cr 36.23; Ed 1.2). É evidente que a “ordem” referida por Gabriel não é a de Ciro e sim, a de Arta- xerxes, que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C., data da ordem para reedificação da cidade Santa (Ne cap. 2): durou “sete semanas” segundo o calendário profético. Mas a construção levou 49 anos pelo calendário humano. (A frase 49 anos aparece também em Lv 25.8 com sentido especial),
 b) “E sessenta e duas semanas: as ruas (praças) e as tranqueiras (circunvalações) se reedificarão, mas em tempos angustiosos”.
O primeiro período que começou no ano 445 a.C., terminou em 396 a.C. A partir daí se iniciaria um novo período que cobriria um lapso de tempo de 434 anos, dando seqüência ao primeiro que foi de 49 anos.
 O segundo período que é o das “sessenta e duas semanas” está ligado ao primeiro que, juntos, somam 483 anos, tempo esse em que “as ruas e as tranqueiras” seriam reedificadas, "mas em tempos angustiosos”. Esses tempos sombrios, marcam as atrocidades sofridas por Israel debaixo do poder dos monarcas selêucidas, e do domínio romano.
Dentro deste período de 69 semanas, (483 anos), um fato notável deveria acontecer: o nascimento do Messias, o Príncipe, e só depois da morte do Messias é que viria o terceiro período: uma semana,
c) “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana”. Essa terceira divisão seria dividida em duas seções de três anos e meio cada. Ela se
refere ao tempo sombrio da Grande Tribulação.
 Observemos agora um cômputo geral das semanas: vejamos desde seu ponto de partida até sua chegada, no Novo Testamento.
 A primeira divisão é de 49 anos; a segunda de 434 anos; as duas somam 483 anos. O ponto de contagem dos 483 anos, foi marcado no ano 445 a.C. Se somarmos os 49 a.C. com os 33 da vida de Cristo, temos apenas, 478 e não 483 anos. Mas é evidente que, 69 semanas não são 478 anos, mas 483. A predição dizia que o Messias, o Príncipe, seria morto no final das 69 semanas. (Ver v. 26), e realmente foi o que aconteceu. Cristo morreu, como sabemos, na 69s semana. (Ver Lc 24.44). O nosso calendário atual teve sua origem em Dionísio Exiguus, abade romano, tendo como ponto de partida a fundação de Roma em 754 a.C. Segundo os anais da história deste império, na hora da coroação de Rômulo, houve um eclipse lunar; os astrônomos calcularam que esse eclipse teria ocorrido no ano 750 a.C. Há, portanto, uma diferença de 4 anos não computados; isso é realmente o que lemos nas margens e rodapés de nossas Bíblias: 4 anos antes de Cristo.
Observemos: de 445 a.C. a 33 d.C. são 478 anos. De 1 a.C. a 1 d.C. é um ano.
 Este ano, junto aos 478, com mais 4 não computados, soma exatamente 483 anos; assim, as profecias são imortais e se combinam entre si em cada detalhe! A 69s semana terminou no dia 10 de Nisã (abril) - segunda-feira, quando Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumentinho e “chorou sobre ela”. (Ver Lc 19.41).
Há apenas uma diferença de 4 dias, em virtude de 483 anos divididos por séculos, teriam 119 anos bissextos, pois os anos proféticos não marcam décadas, mas séculos.
 “A duração de um ano solar é de 365 dias e 1/4. Esta fórmula não se acha primariamente nos livros; está descrita nos céus, na mecânica celeste que rege os astros.
O dia solar por exemplo, é o espaço em horas e minutos em que a Terra faz uma revolução completa em torno do seu eixo.
A duração exata do dia solar é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9/10 de segundos.
Os anos hebraicos são de 12 meses, e os meses são de 30 dias. Notemos que, tanto os acréscimos em dias como a diminuição em horas e minutos aqui são significativos; além disso, os anos contados em séculos absorvem os anos bissextos.
“Em 4 séculos temos um verdadeiro ano bissexto”. (Sir R. Anderson).
Com o aumento de dias em anos, e com a diminuição de horas em dias no que diz respeito à mecânica celeste, e com a absorção dos anos bissextos pelos séculos, temos os 4 dias computados pela mecânica divina. (Ver Jr
1.12). Deus vela sobre os dias, horas e meses e anos no cumprimento de suas predições (comp. Ap 9.15).
9.26: “E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias, e não será mais: e o povo do príncipe, que há de vir  destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra: estão determinadas assolações’.
“E depois das sessenta e duas semanas será tirado o Messias”. (Ver notas expositivas sobre a morte do Messias, no versículo 25 do capítulo em foco).
"... do príncipe, que há de vir”. Dois príncipes são citados nos versículos 25 e 26; o primeiro está seu nome escrito com “p” maiúsculo, enquanto que o segundo, com “p” minúsculo. No versículo 25, o “Príncipe” escrito com “P” maiúsculo é chamado também, o Messias. No versículo 27, o “príncipe” escrito com “p” minúsculo é chamado “ele” que fará um concerto com muitos por uma semana. Aí surge grande dificuldade entre os comentadores, se “ele” aí se refere a Cristo ou ao Anticristo. “Gramaticalmente falando, poderia referir-se a qualquer um, porém, a presunção favorece o último por estar mais perto do pronome”.
O primeiro Príncipe (é Cristo) aparecerá dentro das 69 semanas; o segundo, porém, só na última semana. Observe bem a frase “e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário”. O texto em foco, não diz que “o príncipe” destruiria a cidade, e sim, o “seu povo”. Essa profecia se refere ao “povo romano” que destruiu a cidade de Jerusalém no ano 70 d.C. Portanto, o “Príncipe” (O Anticristo), ainda virá, não para destruir a cidade e o santuário, mas para o profanar. (Ver 2 Ts 2.4).
9.27: “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade, da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até a consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador
“SETE SEMANAS, E SESSENTA E DUAS SEMANAS” (Dn 9.25)
69 x 7 - 483 anos: L. Profética 14 de abril - 445 a.C.
(Nm 14.34 € (Ne 2.1 (“Ano vigésimo de Artaxerses mês de Nisã (Ne 2.1 a 8). Dia 14 - 445 a.C.”Dia 14 de abril, 33 d.C. (Lc 19.28- 40) Entrada Triunfal (Zc 9.9).
A IGREJA Abre -se uma  (lacuna profética)
A GRANDE TRIBULAÇAO - ARMAGEDOM (Ap 16.16)
O REINO MILENAR (Ap 20.1
“PARA: extinguir a transgressão, e dar fins aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para tingir a Santo dos santos”.
Aqui parou o grande relógio profético da nação israelita, e a septuagésimo semana escatológica voltará a reassumir sua ordem cronológica no início da ;
GRANDE TRIBULAÇÃO, terminando, porém, com o retorno de Cristo para terminar a grande guerra do Armagedom (Ap 16.16 e 19.11-29).
"... ele firmará um concerto com muitos por uma semana”. Tem sido afirmado por alguns que o hebraico “he- rith” (aliança), empregado aqui não pode ser uma “aliança” entre homens, mas tem de referir-se a uma aliança da parte de Deus. Eles porém, se esquecem de que o mesmo termo hebraico é usado acerca da aliança entre Acabe e Benadabe. (Ver 1 Rs 20.34), da aliança entre Efraim e a Assíria. (Ver Os 12.1), e também da aliança entre Antíoco e Ptolomeu. (Ver Dn 11.22). Essa “aliança” ou “concerto” é o que o profeta Isaías chama de “concerto com a morte” (Is 28.15), e continua o profeta: “O vosso concerto com a morte se anulará; e a vossa aliança com o inferno não subsistirá”. (Ver v. 18). O objetivo do Anticristo neste concerto é exclusivamente tomar o lugar santo (o templo) e profa- ná-lo. (Ver 11.31).
O Anticristo se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus (2 Ts 2.4); será esse o momento em que “a abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo” (Mt 24.15). Os judeus não aceitarão esse tipo de “abominação” na casa de Deus, e, certamente, reclamarão ao Anticristo; ele, indignado, “romperá” o concerto com eles, deflagrando uma grande perseguição. (Ver Mt 24.15-22). Eis a razão, por que, no retorno de Cristo à terra para exterminar o Anticristo e estabelecer o reino milenar, Ele purificará novamente o “santuário” e “ungirá o Santo dos santos”, conforme a profecia.
Pelo servo de Deus Pastor Severino Pedro Da Silva.

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