MORTE DE JEÚ, REI DE ISRAEL. JEOACAZ, SEU FILHO, SUCEDE-O. JOÁS, REI DE JUDÁ, RESTAURA O TEMPLO EM JERUSALÉM. MORTE DE JOIADA, SUMO SACERDOTE. JOÁS ESQUECE-SE DE DEUS E ENTREGA-SE A TODA ESPÉCIE DE IMPIEDADE. MANDA APEDREJAR ZACARIAS, SUMO SACERDOTE E FILHO DE JOIADA, QUE O REPREENDIA. HAZAEL, REI DA SÍRIA, CERCA JERUSALÉM. JOÁS ENTREGA-LHE TODOS OS SEUS TESOUROS PARA FAZÊ-LO LEVANTAR O CERCO. É MORTO PELOS AMIGOS DE ZACARIAS.
Hazael, rei da Síria, fez guerra a Jeú, rei de Israel, e devastou todo o país que as tribos de Rúben, Gade e metade da de Manasses ocupavam, além do Jordão.
Sem que Jeú pensasse em impedi-lo, saqueou também as cidades de Gileade e de Basã,incendiou tudo e não poupou nenhum dos que lhe caíram nas mãos. Esse infeliz rei de Israel, cujo zelo aparente havia sido mera hipocrisia, desprezou as leis de Deus por um orgulho sacrílego. Reinou vinte e oito anos e Jeoacaz, seu filho, sucedeu-o, (ver 2 Reis 12; 2 Crônicas 24).
Como a conservação do Templo fora inteiramente negligenciada sob o reinado de Jeorão,e de Acazias e de Atalia, Joás, rei de judá, resolveu restaurá-lo e ordenou a Joiada que enviasse levitas a todo o reino para obrigar os súditos a contribuir cada qual com meio siclo de prata. Joiada julgou que o povo não daria de boa mente essa contribuição e assim não cumpriu a ordem. Joás, no vigésimo terceiro ano de seu reinado, declarou-lhe que o considerava malvado e ordenou-lhe que fosse mais cuidadoso no futuro e provesse a restauração do Templo.
O sumo sacerdote então imaginou um meio de obrigar o povo a contribuir de boa vontade. Mandou fazer um cofre de madeira, bem fechado, com uma abertura por cima,como uma fenda, que foi posto no Templo, junto do altar. Cada um, segundo a sua devoção, deveria depositar ali uma contribuição para a restauração do Templo.
Essa maneira de pedir a restauração foi agradável ao povo, que se acotovelava, à porfia, para nele depositar ouro e prata.
O sacerdote e o secretário encarregado da guarda do tesouro do Templo esvaziavam todos os dias o cofre na presença do rei e, depois de contar e anotar a soma que lá havia, tornavam a colocá-lo no lugar. Quando já havia dinheiro suficiente, o sumo sacerdote e o rei mandaram vir os operários e o material necessário.
Terminada a obra, empregaram o restante do ouro e da prata, que era em grande quantidade, para fazer as taças, os copos e outros vasos próprios para o serviço divino. Não se passava um dia em que não se oferecesse a Deus um grande número de sacrifícios.
Observou-se essa praxe com rigor durante todo o tempo em que o sumo sacerdote viveu. Ele morreu na idade de cento e trinta anos, e o sepultaram no túmulo dos reis, tanto por causa de sua rara probidade quanto por haver ele conservado a coroa na família de Davi. Logo o rei Joás e, à sua imitação, os principais do país se esqueceram de Deus.
Entregaram-se a toda sorte de impiedade e pareciam ter prazer em calcar aos pés a religião e a justiça. Deus repreendeu-os severamente, por meio dos profetas, que lhes mostraram o quanto Ele estava irritado contra eles.
Mas eles estavam tão empedernidos no pecado que nem as ameaças nem o exemplo dos horríveis castigos que seus antepassados haviam sofrido por caírem nos mesmos crimes os trouxeram de volta ao cumprimento do dever. Tanto cresceu o seu frenesi que Joás, esquecendo os favores que devia a Joiada, mandou apedrejar Zacarias no próprio Templo pelo fato de este, por inspiração divina, havê-lo exortado na presença de todo o povo a agir com justiça no futuro e por ameaçá-lo com grandes castigos, caso continuasse no pecado.
Zacarias era filho de joiada e lhe sucedera no cargo de sumo sacerdote.
Esse santo homem, ao morrer, tomou a Deus por testemunha de como o príncipe, em recompensa ao salutar serviço que lhe prestava e também pelo trabalho de seu pai, fora injusto e cruel a ponto de fazê-lo morrer daquele modo. Deus não tardou muito tempo em castigar esse tão grande crime.
Hazael, reida Síria, entrou com um grande exército no reino de Joás.
Ele tomou, saqueou e destruiu a cidade de Gate e sitiou Jerusalém. Joás foi tomado de tal medo que, para se ver livre desse grande perigo, lhe entregou todos os tesouros do Templo, bem como os dos reis seus predecessores, e todos os presentes oferecidos a Deus pelo povo.
Isso contentou a ambição daquele soberano, que levantou o cerco e retirou-se.
Mas Joás não pôde evitar o castigo que merecia. Foi vítima de uma grave enfermidade, e os amigos de Zacarias o mataram no leito, para vingar a morte do amigo e do filho de um homem cuja memória era tida em tão grande veneração. O mau príncipe tinha então quarenta e sete anos. Enterraram-no em Jerusalém, porém não no sepulcro dos reis, porque não foi julgado digno disso.
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