Durante a construção do segundo Templo liderado por Exdras e Neemias, uma multidão de pretensos e verdadeiros profanadores do Templo invadiram Jerusalém. Daniel, parece ter previsto a invasão do imperador sírio-greco Antíoco IV Epifânio (175 a.C.— 164 a.C.), eles ergueram um ídolo orrivel dentro do Templo, próximo ao aliar de bronze.
Em Daniel 11.31, lemos: “sairão a ele uns braços, que prolanarilo o santuário e a fortaleza que era a área do lemplol, e tirarão o contínuo sacrifício, estabelecendo a abominação desoladora. Isto aconteceu em 167 a.C. conforme literatura da época, os sacerdotes judeus se revoltaram com aquela situação e voltaram a dedicar o Templo (um evento comemorado como a Festa da Dedicação em
Jo 10.22-23.
O movimento levou a uma vitória das forças militares judaicas contra os exércitos de Antíoco.
Alguns críticos rejeitam uma interpretação escatológica da abominação da desolação em Daniel.
Consideram que todas as referências dizem respeito à profanação perpetrada por Antíoco neste acontecimento, e afirmam que o livro de Daniel foi escrito após estes acontecimentos. Jesus, porém, entendia que a aplicação histórica desta expressão à profanação de Antíoco estabelecia uma estrutura para o que aconteceria no fim dos tempos exatamente, apenas uma demonstração do que o anticristo faría futuramente, já que o seleucida era um tipo do anticristo.
A abominação do Anticristo.
Ao citar a profecia de Daniel (cerca de duzentos anos após a profanação de Antíoco) em referência à abominação da desolação que viria no futuro, Jesus confirma tanto sua visão como a do profeta Daniel na aplicação escatológica da expressão.
Jesus via sua própria mensagem como uma continuação dos escritos proféticos e avaliou a geração de seu tempo à luz daquelas profecias. Muitas vezes, citava Jeremias e Zacarias, aplicando suas profecias tanto ao juízo que estava por vir sobre Jerusalém em 70 d.C., como também ao juízo final.
Na “purificação do Templo”, por exemplo, Jesus citou tanto Jeremias 7 (que alude à ameaça de violação do Templo, logo após o sermão de Jeremias sobre o Templo), como textos de Isaías e Zacarias (que dizem respeito à situação futura do Templo).
O discurso de Jesus sobre o monte das Oliveiras também coloca o Templo em um contexto escatológico. Quando ouvem a profecia de Jesus sobre a destruição do segundo Templo (Mt 24-1-2; Mc 13.1-2; Lc 21.5-6), os discípulos aparentemente a vinculam à vinda do Messias no fim dos tempos e perguntam sobre um sinall (Mt 24- 5; Mc 13.4; Lc 21.7; examine também 1 Co 1.22). O “sinal” dado por Jesus foi a abominação da desolação de Daniel (Mt 24.15; Mc 13.14).
Isto, portanto, seria uma indicação de que a nação de Israel se aproximava de sua libertação e restauração pelas mãos do Messias, pois a profanação do Templo daria início à perseguição do povo judeu (ou seja, a “grande tribulação”; Ml 24-16-22; Mc 13.14b-20).
Somente o próprio Messias seria capaz de salvá-los de seus inimigos (Mt 24.30-31; Mc 13.26-27; l.c 21.28). O relato de Lucas não inclui a abominação da desolação no Templo, pois se trata de um evento escatológico.
Este Evangelho enfoca o interesse mais imediato dos discípulos (note a frase “estiver para acontecer”, em Lucas 21.7), atentando para t/uando seria a destruição do Templo (e de Jerusalém). Por esse motivo, ele também omite a perseguição do fim dos tempos e a Tribulação (grego: thlipsis) que está relacionada a este evento. Em seu lugar, utiliza o termo “grande aflição” (gr. anagke), que melhor descreve a invasão e aniquilação da cidade (Lc 21.23-34).
Tal acontecimento teve lugar já quando os exércitos romanos conquistaram Jerusalém em 70 d.C. Mateus e Marcos localizam a abominação da desolação em um tempo no qual "então virá o fim” (Mt 24-14).
Ele separa o período de “tribulações”, ou “princípio das dores” (Mt 24.6-12; Mc 13.7-9), da "grande tribulação” (Mt 24-21; Mc 13.19). Lucas faz o mesmo em 21.24, separando os acontecimentos da desolação de Jerusalém (70 d.C.), e os tempos dos gentios (era atual), da época descrita em “até que os tempos dos gentios se completem”.
A abominação da desolação marcaria o meio da septuagésima semana de Daniel, dividindo a Tribulação em duas partes, sendo uma de menor e outra de maior
intensidade (Dn 9.27). Isto corresponde aos “42 meses de Daniel” e de Apocalipse 11,1-2 ou os 1290 dias de Daniel 12.11. Os preteristas interpretam a abomina* ção da desolação (como, aliás, fazem com a maioria das profecias) como se esta tivesse se consumado inteiramente na destruição do Templo em 70 d.C.
Entretanto, os acontecimentos da Primeira Revolta Judaica, que culminaram com a destruição de anos 70 d.C., não correspondem aos detalhes descritos nos textos sobre a “abominação da desolação” como um todo.
As incursões romanas durante esta época não poderiam ser consideradas como abominações que causaram desolação, porque não afetaram o sistema de sacrifícios. Estrangeiros no Templo podem profaná-lo sem torná-lo impuro, razão por que os judeus o reconstruíram após a violação e destruição dos babilônios sem necessitarem de uma cerimônia de purificação (Ed 3.2-13).
Além disso, a entrada do general romano Tito (que destruiu o Templo) só aconteceu depois de o Santuário estar em chamas e completamente destruído, e após os sacrifícios serem interrompidos. E importante observar este aspecto, pois a abominação da desolação de que fala Daniel fala, e que é depois mencionada por Jesus, trata apenas da interrupção de sacrifícios no Templo e não da sua destruição.
Qualquer outra interpretação, com exceção da escatológica, deixa-nos com detalhes não resolvidos e confusos que, ou vemos de forma alegórica e não histórica, ou descartamos completamente.
A visão escatológica também explica o significado de tipos bíblicos que aguardam sua materialização.
Ademais, a septuagésima semana de Daniel e, em especial, seu acontecimento sinalizador da abominação da desolação, influenciou a estrutura literária do discurso no monte das Oliveiras e a parte que terminava falando de juízos (caps. 6— IS)).
A interpretaçíio de Jesus da ordem dos acontecimentos da septuagésima semana ( dada em um contexto histórico profétlco, e parece confirmar uma interpretação escatológica de Daniel 9.27.
Mateus 24.7- 14 prediz que perseguições, sofrimento e guerras continuarão até o fim dos tempos, com seu ápice em um momento de grande aflição (vv. 21-22). Isto corresponde ao “tempo de angústia para Jacó descrita” (Dn 12.1; Jr 30.7). Somente após estes eventos, Jesus faz referência a Daniel 9.27, quanto ao acontecimento que sinalizaria este tempo de Tribulação.
Se as setenta semanas fossem seqüenciais e consecutivas, sem qualquer interrupção, por que Jesus colocaria este período intermediário antes do cumprimento dos eventos da septuagésima semana?
O texto de Mateus, em especial, mostra que Jesus respondia perguntas de seus discípulos a respeito de sua segunda vinda e do fim dos tempos (Mt 24-3). Jesus explica que sua vinda é necessária para uma intervenção divina e para que toda a nação se arrependa (vv. 37-31; Zc 12.9-10), o que ocorrerá “logo depois da aflição daqueles dias” (Mt 24-29).
De acordo com Mateus, os acontecimentos descritos neste período, anteriores ao advento do Messias, não poderiam ter se cumprido em 70 d.C. com a destruição de Jerusalém, pois tais eventos culminam com a vinda do Messias. Apesar de a frase “abominação da desolação” não aparecer em 2 Tessalonicenses 2.4, que fala sobre a profanação do Templo no fim dos tempos, Paulo obviamente tinha este acontecimento em mente no futuro.
A Septuaginta, por exemplo, usa por vezes tanto (“abominação”) como anomia ("iniqüidade”) em relação a práticas idólatras.
Em 2 Tessalonicenses 2.3-4, portanto, Paulo descreve aquele que se ergue acima de todo o ídolo como o “homem da iniqüidade", a explicação de Paulo sobre
este evento serve como um comentario de dois textos;
Os que tratam da "abomlnaçflo da desolação” de Daniel (principalmente Dn 9.27) e a declaração de Jesus, que a coloca como um “sinal” no discurso sobre o monte das Oliveiras. Além disso, Paulo usa o evento para responder a mesma questão a respeito do tempo do fim, sobre que os discípulos de Jesus haviam perguntado, o que reafirma a interpretação escatológica da abominação da desolação. Paulo escreveu à igreja de Tessalônica a fim de alertar os cristãos que tinham abandonado os assuntos do dia-a-dia. Eles acreditavam que a vinda iminente de Cristo, que Paulo anteriormente pregara (1 Ts 4.13-18), já estava próxima (2 Ts 2.2).
Paulo explicou que, antes da “vinda” do Messias, o Anticristo deve aparecer primeiro (vv. 3-9). O sinal que tornará manifesto o Anticristo, que é neste texto mencionado como “o homem da iniqüidade”, “filho da perdição” (v. 3b) e “o iníquo” (v. 8), é sua usurpação do lugar de Deus no Templo (v. 4; Êx 25.8).
Este ato não apenas revelará o Anticristo, mas também “a mentira” (o endeusamento do Anticristo; Ap 13.4-6,15), que marcará seus seguidores (Ap 13.16-18) e os confirmará no julgamento final que terá lugar com a vinda do Senhor (2 Ts 2.8-12).
Para endermos a escatologia.
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