Fala-se em “quatro Evangelhos”, apesar de, realmente, existir um só, justamente como há sete arcos, cada um de cor diferente, em um só arco-íris. Podemos dizer, também, que os quatro Evangelhos são como os quatro muros da Nova Jerusalém, que João viu em visão.
Todos esse muros, com suas três respectivas portas, olham em sentidos diferentes, contudo todos cercam e guardam uma só cidade de Deus. Assim os quatro Evangelhos olham, também, em sentidos diferentes. Cada um tem seu próprio aspecto e inscrição, e todos juntos mostram um só Cristo, “que é, que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso”.
“Há diversidades de operações”, também, em escrever Evangelhos, “mas é o mesmo Espírito que opera tudo em todos”.
Mateus descrevera Jesus como Rei, salientando Sua majestade.
Marcos O apresentara como o Servo do Senhor, dando ênfase a Seu poder.
Lucas, então, apresentou-O como o Filho do homem, destacando Sua humanidade.
João focalizou-O, depois, como Deus, chamando nossa atenção para a Sua divindade.
Lucas, que era “o médico amado”(Cl 4.14), a pena que o Espírito Santo usou para escrever este livro, não era um dos apóstolos, como se diz comumente. Nem era discípulo, quando Cristo andava neste mundo. (Compare Lc 1.1,2). Mas, depois de se converter, foi colaborador e amigo íntimo e amado do apóstolo Paulo, acompanhando-o na maior parte das viagens missionárias.
Foi-lhe, também, fiel companheiro na prisão de Césareia e depois na de Roma, Cl 4.14; Fm 24.
Lucas era de descendência judaica.
O bom estilo do grego que escreveu indica que era judeu da dispersão, ou da Diáspora . Conforme a tradição era judeu de Antioquia, como Paulo o era de Tarso.
Entre os escritores antigos, somente Gregório afirma que Lucas morreu como mártir por causa da sua fé.
Foi, talvez, durante o tempo da prisão em Roma, que Lucas teve como escrever seu Evangelho e, também, Atos dos Apóstolos. Os eruditos, geralmente, concordam que foi entre os anos 63 e 68 que foi escrito. Quanto a Igreja deve às prisões pelos preciosos escritos que possui atualmente!
O evangelho de Lucas tem sete principais divisões:
I. A introdução do evangelista, 1.1-4.
II. O parentesco humano de Jesus, 1.5 a 2.52.
III.O batismo, genealogia e provação de Jesus, 3.1 a 4.13.
IV. O ministério do Filho do homem na Galiléia, 4.14 a 9.50.
V. A viagem do Filho do homem, da Galiléia ajerusalém, 9.51 a 19.44.
VI. O Filho do homem sendo rejeitado como Rei e crucificado, 19.45 a 23.56.
VII. A ressurreição, o ministério depois da ressurreição e a ascensão do Filho do homem, 24.1-53.
João trata da divindade dAquele que é homem.
Mas Lucas representa ao vivo a humanidade dAquele que é divino. A frase-chave é o “Filho do homem”, 5.23; 6.5,22; 7.34; 9.22,26,44,56,58; etc.
O versículo-chave é: “O Filho do homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido”, cap. 19.10. E com esse intento, de destacar Jesus como Filho do homem, que Lucas narra os eventos, salientando a humanidade de Jesus . Sua genealogia é traçada até Adão. E esse Evangelho que registra mais detalhadamente os eventos na vida de Sua mãe, do Seu nascimento,
da Sua infância e da Sua mocidade.
São as parábolas de Lucas que têm mais cor humana. Contudo Lucas não se esquece, de forma alguma, da superabundante
glória da divindade e da majestade de Jesus Cristo. (Vede, por exemplo, capítulo 1.32-35).
As narrações de Lucas nos arrebatam por seu interesse humano. São histórias de eventos na vida humana, eventos comoventes, eventos cheios de alegria e de tristeza, cheios de cânticos e de lágrimas, de louvor e de oração.
E só Lucas que escreve o nascimento e a infância de Jesus Cristo e de Seu precursor João, lançando um grande e significativa luz de glória sobre a infância de Cristo a todos nós.
O livro de Lucas é notável pelos cânticos registrados.
Há, ao menos, seis:
A Ave-Maria do anjo Gabriel, 1.28.
A Beatitude de Isabel, 1.42.
A Magnificai, de Maria, 1.46-55.
O Benedictus, de Zacarias, 1.68-79.
O Glória in excelsis, dos anjos, 2.14.
O Nunc-dnnittis, de Simeão, 2.29-32.
E Lucas que marca as datas mais plenamente. (Vede cap. 1.5,26,36; 2.1,2,21,22,36,37,42; 3.1,2.) Lucas é que dá mais atenção à glória do sexo feminino, esboçando o grupo imortal de mulheres que andavam com jesus:
Isabel, a virgem mãe, a idosa Ana, a viúva de Naim, a viúva que ofertou tudo que possuía, as irmãs de Betânia, a pecadora penitente, a mulher curvada por Satanás, as mulheres santas que seguiam ajesus de aldeia em aldeia, as “filhas de jerusalém” que, chorando, O acompanharam até a cruz,...
Lucas fala mais nas orações de Cristo do que Mateus, Marcos ou João (Vede cap. 3.21; 5.16; 6.12; 9.18,29; 11.1; etc.) É só Lucas que dá a parábola de;
1) Os dois devedores (7.41-43).
2) 0 bom samaritano (10.25-37).
3) 0 amigo importuno (11.5-8).
4) O rico insensato (12.116-21).
5) Os servos vigilantes (12.35-40).
6) O mordomo (12.42-48).
7) Afigueira estéril (13.6-9).
8) A grande ceia (14.16-224).
9) A construção de uma torre (14.28-33).
10) A moedaperdida (15.8-10).
11) 0 filho perdido (15.11-32).
12) 0 administrador iifiel (16.1.13).
13) 0 rico e Lázaro (16.19-31).
14). O senhor e seu servo (17.7-10).
15) A viúva importuna (18.1-8).
16) 0 fariseu e opublicano (18.10-14).
17) As dez minas (19.12-27).
Lucas é o Evangelho do lar.
É esse livro que nos dá um olhar momentâneo para a vida no lar em Nazaré, da cena na casa de Simeão, da hospitalidade de Maria e Marta, da refeição com os dois discípulos em Emaús, da parábola do amigo importuno à meia noite, da mulher varrendo a casa, em procura da dracma perdida, e do pródigo, que volta ao lar paterno.
O livro de Lucas é, também, o Evangelho dos pobres e dos humildes como se descobre no cântico de Maria, no nascimento do Rei dos reis em uma estrebaria, na vida do precursor do Rei no deserto, na parábola do néscio rico, na história do rico e Lázaro e no óbolo da viúva.
Grande e eterna é a perda daqueles que não conhecem intimamente 0 Evangelho segundo Lucas.
Que o Espírito Santo abra nossos olhos para ver a admirável beleza da “mais bela obra do mundo”! Então podemos levar os alunos de nossa scola Dominical, e os membros de nossa igreja, a contemplarem praticamente a beleza que é verdadeira, que é eterna e que nos encanta mais.
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7).
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