A Tipologia Bíblica. Os Tipos São Mera “Sombra Das Coisas Que Hão De Vir a Acontecer e Foi Falada Há Bíblia. Não é a realidade das coisas” (Hb 10.1) e, portanto, assim como todas as sombras,(tipos) oferecem meramente uma representação imperfeita, de modo que freqüentemente precisamos olhar para vários deles juntos para obtermos uma idéia completa da própria do que venha a ser.
A maioria dos objetos lança sombras de formas diferente, à medida que a luz incide sobre eles de várias direções. Podemos fazer uma comparação entre eles, e definí-los ainda que o próprio objeto não esteja dentro do nosso campo de visão.
Se as sombras variam entre si em alguns pormenores, ao então passo que se correspondem em outros, podemos então imediatamente chegarmos à conclusão de que, embora o objeto seja o mesmo, a luz é lançada sobre ele de direções diferentes, e revela sombras lançadas de lados opostos. Assim acontece nos tipos, ou na tipologia. As vezes, no mesmo tipo, vemos lados diferentes de verdades
representados por duas coisas semelhantes.
Por exemplo:
Na purificação do leproso há duas aves:
Uma, sacrificada sobre águas correntes;
A outra, solta para voar pelos campos .
E tipificam, por certo, a morte e a ressurreição de Cristo.
No Dia da Expiação havia dois bodes.
O primeiro, a parte de Deus, era sacrificado, e o sangue era levado para dentro do véu.
E o outro, o bode expiatório, que levava embora a iniqüidade de Israel à terra desabitada .
O primeiro simbolizava as exigências de Deus, e o outro, a necessidade humana de se livrar do pecado.
Em outros casos, a fim de completar o quadro, temos dois tipos estreitamente vinculados entre si, mutuamente semelhantes em muitos aspectos, mas que enfatizam verdades diferentes.
Por exemplo:
Na viagem do Egito para o Canaã, os israelitas tinham que passar pelo mar Vermelho e pelo Jordão, e, nos dois casos, foi feito um caminho para atravessarem em terra seca. Somos informados em Êxodo 13.17 que poderiam ter ido pela rota da terra dos filisteus, e assim não teriam tido a necessidade de passar pelo mar, nem pelo rio.
Mas recebemos a explicação que Deus não os guiou por essa rota, pois disse:
“Se eles se deoararem com a guerra, talvez se arrependam e voltem para o Egito”. Se o mar Vermelho não tivesse espumejado entre eles e o Egito, poderiam facilmente
ter voltado, e parece claro que essa é a chave da verdade ensinada pela travessia do mar Vermelho.
Tanto essa travessia quanto a travessia do Jordão nos falam da morte e ressurreição de Cristo. Mas a primeira nos conta do livramento de dentro do Egito, e a
segunda, da entrada para dentro da terra. Duas vezes, os israelitas, quando atravessaram o Jordão, receberam a ordem de levantar doze pedras como memorial, uma
pedra por tribo, doze no meio do Jordão, e doze no outro lado.
Parece que as pedras tipificam a posição do crente, no seu aspecto duplo. Aquelas no meio do rio da morte nos contam que estamos mortos com Cristo, e aquelas da terra, que estamos ressurretos nele.
Da mesma forma, temos o alimento de Israel, o maná e o trigo existente. Em João 6, o Senhor explicou que ele mesmo era o pão enviado do céu. O maná, portanto, claramente representa Cristo na carne, na sua encarnação, a provisão para as necessidades no deserto, ao passo que o trigo já existente na terra, e a colheita que já estava madura quando atravessaram o Jordão, da qual comeriam três ou quatro dias depois, uma vez apresentado, cerimonialmente movido, e o feixe dos primeiros frutos, falam de Cristo na ressurreição.
No estudo destes tipos duplos, e de outros tantos, é necessário colocarmos os dois, lado a lado, para enxergarmos o significado integral, erros de interpretação surgem freqüentemente do não seguimento desse plano.
Um desses tipos duplos não exclui o outro, pois em muitos casos os dois são igualmente válidos ao mesmo tempo. Podemos alimentar-se do maná, embora tenhamos o trigo, também. Existem alguns mestres da Bíblia que somente tiram lições da experiência de Israel no deserto, e que não percebem que nossa posição também está na terra como vencedores tomando posse, passo a passo, daquilo que é nosso em Cristo.
Outros dedicam sua atenção inteiramente à sua posição na terra, e dizem que sequer devemos estar no deserto, de modo algum. Não seria melhor ficar com ambos? Conforme
disse alguém:
“Nós estamos, quanto ao nosso corpo, no Egito, quanto à nossa experiência, no deserto, e pela fé, na terra prometida”. Somos representados por Pedro como “estrangeiros e
peregrinos” passando por um deserto; e ao mesmo tempos estamos, de conformidade com Efésios, na terra prometida, nos lugares celestiais em Cristo Jesus. No devido tempo futuro, quando a fé for transformada em vista, estaremos na terra prometida, quanto ao nosso corpo e quanto à nossa experiência.
No sinal duplo que Deus deu a Moisés a fim de lhe dar confiança para comparecer diante de faraó, havia provavelmente um prenúncio do poder de Deus sobre o pecado e Satanás.
A vara que foi transformada em serpente e que, quando Moisés pegou firmemente nela, fala do poder de Deus sobre Satanás, mas a mão que se tornou leprosa e que depois foi curada, fala do poder sobre o pecado.
O povo redimido por Deus seria livrado desses dois inimigos.
O Tabernáculo e o Templo nos oferecem aspectos diferentes das habitações de Deus. E em Gênesis 22 temos um tipo duplo do nosso Senhor Jesus. Primeiramente no próprio Isaque, e depois no carneiro que Deus providenciou.
Existe uma cena típica notável em Deuteronômio 21, a qual, segundo tem sido indicado, é um retrato do grande inquérito feito por Deus a respeito do seu Filho.
No campo, alguém é achado morto, e precisa haver inquérito a respeito de quem é o culpado, depois de
condenada a cidade mais próxima do cadáver, a novilha é morta para remover a culpa.
Aqui, decerto, temos outro tipo duplo, pois a morte do Senhor é prenunciada naquele que foi achado morto, bem como na novilha e o primeiro conta a respeito da culpa dos seus assassinos, e o outro, como a culpa foi tratada.
Se estudarmos os personagens no AT que tipificam nosso Senhor Jesus Cristo nos seus ofícios diferentes, descobriremos repetidas vezes que parecem estar vinculados aos pares. Temos, por exemplo,
dois sumos sacerdotes, dois reis, e dois profetas, que tanto separadamente quanto juntos eram tipos, e que estavam estreitamente associados entre si durante sua vida.
Arão e Eleazar igualmente o tipificavam como o sumo sacerdote, e em alguns aspectos seus ofícios eram diferentes entre si. Mesmo enquanto Arão ainda vivia, Eleazar tinha certas coisas alocadas a ele no serviço do Tabernáculo.
Em Números 20.26 temos o relato da morte de Arão, e de Eleazar recebendo as vestimentas para assumir o seu lugar, prefigurando o grande sumo sacerdote que agora vive segundo “o poder de uma vida infinda”.
Eleazar, portanto, parece ser o tipo do sumo sacerdote na vida ressurreta, no poder do Espírito
Santo, pois tinha ligação muito especial com o azeite que tipificava o Espírito Santo.
Eleazar ficou encarregado “do azeite para a iluminação, do incenso aromático, da oferta costumeira de cereal e do óleo da unção [...] de todo o Tabernáculo” (Nm 4-16).
Era “principal líder dos levitas” (Nm 3.32), e nos faz lembrar de Jesus que, na ressurreição, é o Pastor Principal.
As duas ordens do sacerdócio, a de Arão e de Melquisedeque, são apresentadas diante de nós em Hebreus como tipos do sacerdócio do Senhor. Davi e Salomão nos apresentam aspectos diferentes do seu caráter real.
Davi, o rei-pastor, que matou Golias, que passou a ser fugitivo e peregrino e, depois, o conquistador de todos os seus inimigos, nos fala a respeito dos sofrimentos e rejeição do Ungido de Deus, e finalmente das suas conquistas.
Salomão, a quem o Senhor se refere em Mateus 12, como tipo dele mesmo na sua glória, na sua sabedoria, nas suas riquezas, e no seu reinado de paz, tipifica o reino de nosso Senhor.
Embora Salomão fosse príncipe de paz, ele tira do seu reino, ao assumir o trono, “todas as coisas
que ofendem, e aqueles que praticam a iniqüidade”, nas pessoas de Adonias, Joabe, Simei, assim como fará aquele que é maior do que Salomão quando vier na sua glória (Mt 13.41).
Na conexão entre eles e o Templo, também precisamos do tipo duplo.
Veja Davi fez os preparativos para sua construção, e comprou o terreno, ao passo que Salomão completou a obra. Se os estudarmos separadamente, apenas, o retrato fica incompleto.
Temos, ainda, os dois grandes profetas, Elias e Eliseu, que tinham estreita conexão entre si durante a sua vida, sendo que ambos eram tipos de Cristo, conforme ele mesmo demonstra em Lucas 4.25-
27.
Elias jejuou durante quarenta dias.
Ressuscitou mortos, e realizou muitos outros milagres.
Subiu ao céu, e uma porção dupla do seu espírito veio sobre seu seguidor.
Eliseu curou o leproso, ressuscitou mortos, alimentou a multidão, e mesmo no seu sepulcro fez os mortos viverem.
Diz-se que o nome de Elias significa o Senhor forte, e o de Eliseu, Deus meu Salvador.
Seus nomes parecem, portanto, significar o caráter geral do seus testemunho, o primeiro,
o do juízo, e o segundo, o da graça.
Portanto, nos tipos de Cristo como profeta, sacerdote, e rei, achamos exemplos de como duas personagens estão ligadas a fim de nos apresentar lados diferentes do quadro. A estes poderíamos
acrescentar muitos outros, tais como os dois líderes, Moisés e Josué, mas aqueles que já foram indicados já bastaram para demonstrar como é importante estudar juntos, bem como individualmente, tipos que estão tão obviamente associados entre si.
Além de existirem muitos que assim formam pares, devemos nos lembrar ao internauta, que numerosos tipos, e talvez até mesmo muitos deles, provavelmente têm um duplo sentido. Uma só interpretação não esgotará tudo quanto se possa aprender deles.
Isso porque descobrimos que, assim como tantas outras partes da Palavra de Deus, podem ser entendidos de várias maneiras.
Por exemplo:
entre as personagens que acabam de ser mencionadas, quando Elias é o mestre, e Eliseu, o discípulo, Elias representa Cristo, e Eliseu, o servo, e cada um dos que prenunciaram Cristo também transbordam com ensinamentos como crentes individuais.
Temos outra ilustração desse ensino duplo no Dilúvio e na arca.
A salvação para todos dentro da arca é um assunto evangélico predileto, e isso com razão.
Noé achou graça aos olhos de Deus, e segurança, não em si mesmo, mas no lugar de refúgio destinado
por Deus. O primeiro “venha” na Bíblia é o convite de Deus a Noé, um “venha” da salvação, e pode muito bem ser comparado com a palavra amorosa do Senhor:
“Venham a mim”.
Entretanto, na base da referência de Jesus aos dias de Noé em Mateus 24, vemos que o juízo que veio naqueles tempos pode ser entendido em outro sentido como representação dos juízos que sobrevirão à
terra na sua vinda em glória.
“Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do Homem (v. 37)”.
O Dilúvio era inesperado assim também é a segunda vinda. Houve destruição sobre todos aqueles que não estavam prontos para o Dilúvio e assim será quando Jesus voltar a esta terra.
“Pois nos dias anteriores ao dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e eles nada perceberam até que veio o dilúvio e os levou a todos.
Assim acontecerá na vinda do Filho do homem.”
Não são mencionados grandes pecados, mas não estavam preparados. Depois, surge aquela frase freqüentemente citada: “Um será levado e o outro deixado”, e examinando-a assim no seu contexto,
vemos que aqueles que serão levados naquele dia, serão tirados pelo juízo como nos dias de Noé, e aqueles que ficarem, serão deixados para a bênção.
No seu significado primário, portanto, esse versículo parece não se referir à vinda do Senhor para levar sua igreja aos ares, mas à sua vinda subseqüente com seus santos para a terra.
Podemos enxergar um terceiro significado, ainda, no Dilúvio e naqueles que passaram por ele com segurança, pois o cenário ilustra “o tempo da aflição de Jacó”, e a preservação do remanescente
crente.
Lemos em Apocalipse 12 que “a serpente fez jorrar da sua boca água como um rio, para alcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza” (v. 15). O primeiro versículo do capítulo nos faz lembrar
o sonho de José, em que muitos entendem que a mulher representa Israel.
O período da perseguição mencionado com tanta exatidão nos versículos 6 e 14 nos remete à grande tribulação antes da volta do Senhor à terra.
Um remanescente de Israel será preservado durante a tribulação, assim como Noé e seus filhos foram preservados durante o Dilúvio, ao passo que a igreja terá sido levada embora, assim como Enoque foi arrebatado antes de o Dilúvio ter vindo sobre a terra.
Muitos acreditam ser este o ensino de Apocalipse 3.10; e que ser guardado da hora da provação deve
significar ser levado embora antes de ela chegar. Outros tipos poderão ter uma interpretação dispensacionalista além da sua aplicação geral.
Existe um aspecto judaico que percorre todas as instituições levíticas, e muitas delas, dessa forma, passam a oferecer ensinos proféticos, ao passo que, ao mesmo tempo, estão repletas de verdades preciosas para nós agora.
Da mesma forma, ao considerarmos José como tipo de Cristo, vemos que todos nós podemos tirar suprimentos dos seus armazéns, mas também conseguimos perceber que seu tratamento aos seus irmãos prenuncia o modo aos irmãos do Senhor segundo a carne finalmente reconhecerem que eram “realmente culpados” no tocante ao seu irmão.
Estêvão nos conta que “na segunda vez, José fez-se reconhecer por seus irmãos”.
Na primeira viagem ao Egito para buscar trigo, não reconheceram aquele que lhes franqueara os armazéns, mas quando foram forçados pela fome de sete anos de duração a voltar à presença de José, este se fez reconhecer por eles.
Quando chegou Jesus, de quem José era um tipo, seus irmãos não o reconheceram.
“Veio para o que era seu, mas os seus não o reconheceram, mas quando ele chegar pela segunda vez, “será removido o véu”; e ele diz: “olharão para ele, a quem traspassaram, e lamentarão por ele” E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram, João 19:37 .
Assim, não somente temos tipos duplos aqueles que precisam ser colocados lado a lado a fim de completar o quadro mas descobrimos que esses próprios tipos têm duplo significado.
Ver neles uma interpretação judaica ou dispensacional não lhes despoja, de modo algum, do seu profundo ensino espiritual, mas somente tende a demonstrar que a Bíblia é mesmo um Livro Divino.
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