Como Poderia Zacarias, Filho de Baraquias, Ser o Último Dos Mártires?

Como poderia Zacarias, filho de Baraquias, ser o último dos mártires? 
E era ele na verdade filho de Joiada? 
 Em Mateus 23.34, 35, Jesus diz aos escribas e fariseus que tramavam sua morte: 
"Por isso, eu lhes estou enviando profetas, sábios e mestres. 
A uns vocês matarão e crucificarão; a outros açoitarão nas sinagogas de vocês e perseguirão de cidade em cidade. E, assim, sobre vocês recaíra todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias a quem vocês assassinaram entre o santuário e altar". Supõe-se de modo geral que Jesus referia-se a Zacarias, filho de Joiada, que fora apedrejado até morrer no pátio do templo, por ordem do rei Joás, porque ele praticou a temeridade de repreender o rei e sua corte e todo o povo, pelo pecado da idolatria.
 Esse fato está registrado em 2 Crônicas 24.20-22. 
As Escrituras, portanto, nada falam sobre sua vida e vocação. Isso inclui a declaração feita por Jesus aos escribas e fariseus de que eles (seus ancestrais) assassinaram os profetas, de Abel até Zacarias, a quem mataram “entre o santuário e o altar” (Mt 23.35). 
Apesar de ele ser identificado por Cristo como o filho de Baraquias, Jesus tinha outra pessoa em mente com o mesmo nome, e não este profeta menor. 
Isso fica evidente pela referência à morte de Zacarias, um fato não comprovado com relação ao escritor canônico, mas bem conhecido em outros textos referentes a outro Zacarias, ou seja, o filho do sacerdote Jeoiada, morto violentamente por ordem do rei Joás (2 Cr 24.20-22). 
Assim, os profetas de Gênesis (de Abel) até o final da Bíblia (Crônicas, de acordo com o cânon judaico) sofreram perseguições. 
Quanto ao aparente conflito entre Zacarias “filho de Jeoiada” (2 Cr 24) e o “filho de Baraquias” (Mt 23), muitos eruditos sugerem que Jeoiada era, de fato, o avô do profeta; portanto, o nome de seu pai, Baraquias, foi omitido no registro de Crônicas. 
Todavia, desde que esse aparente erro a respeito do nome do pai do mártir seja explicado, como falha do copista, pode-se verificar que Zacarias, filho de Joiada, que morreu no ano 800 a.C, de modo algum foi o último mártir do AT. 
Por isso, ele não se enquadra aqui, face a face com Abel, que realmente foi o primeiro mártir. 
 A solução óbvia é começar tudo de novo, e presumir que Mateus 23.25 relata de modo correto as palavras de Jesus, e o Senhor Jesus sabia muito bem de que estava falando. 
Se assim for, descobriremos que o Zacarias a quem Cristo se referia era na verdade o filho de Baraquias (e não o de Joiada) e, de fato, esse foi o último mártir do AT, mencionado nas Sagradas Escrituras. 
Em outras palavras, Cristo está relembrando ao seu auditório as circunstâncias da morte do profeta Zacarias, filho de Baraquias (Zc 1.1), cujo ministério iniciou-se por volta de 520 e encerrou-se pouco depois de 480 a.C. 
O AT não contém o registro do que aconteceu durante as primeiras décadas do século v a.C, até cerca de 457, data do retorno de Esdras a Jerusalém. 
Entretanto, pode muito bem ter acontecido que, em certo ano, entre 580 e 570 a.C, Zacarias, o profeta, tenha morrido assassinado pela multidão, da mesma forma que outro de igual nome, filho de Joiada, fora martirizado cerca de três séculos antes. 
Visto que Jesus se referiu a Zacarias como sendo o último dos mártires do AT, não pode haver dúvida alguma de que esse, na mente do Senhor, era o décimo primeiro dos doze profetas menores. 
Portanto, podemos concluir que este profeta morreu da mesma forma que o filho de Joiada, vítima do ressentimento popular religioso, por causa da acusação de seus pecados. 
 Como existem cerca de vinte e sete pessoas com o nome de Zacarias, mencionadas no AT, não é de surpreender que duas delas tenham sofrido o mesmo tipo de morte. 
Noutras palavras, se tomarmos Mateus 23.35 exatamente como o conhecemos, faz sentido o contexto, e não constitui uma contradição entre fatos plenamente conhecidos da história. 
Na ausência de quaisquer informações sobre como o profeta Zacarias teria morrido, concluímos que Jesus nos forneceu um relato fiel do que aconteceu, e podemos colocá-lo no rol dos nobres mártires dos tempos bíblicos. 


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