A redenção de uma vida detestável.
RAABE, hb. Insolência, Largo:
1. Mulher prostituta, ou estalageira, que residia em uma casa sobre o muro de
Jericó.
Ocultou os espias, enviados
por Josué.
Como recompensa, sua vida e de sua família foi poupada, na conquista da cidade,
Js 6. 2.
Ela, somente, com a sua casa, dente todos os habitantes de Jericó, escaparam com sua vida, Js 6,17, 25. Casou-se com Salmon, um dos príncipe de
Judá e dela descende Davi Salomão e Jesus,
Mt 1.5.
É mencionada, em Hb 11.31,
como um exemplo de salvação pela
fé; em Tg 2.25, como um exemplo
daquela fé que produz boas obras.
Salmom gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe; Boaz gerou Obede, cuja mãe foi
Rute; Obede gerou Jessé; e Jessé gerou o rei Davi, Mateus 1:5-6.
Quando Raabe aparece pela primeira vez no Canon Bíblico, ela é uma das
personagens mais detestável a que se teve acesso na sociedade.
Ela é
apresentada como “uma prostituta chamada Raabe” (Josué 2:1).
Se você a
tivesse encontrado antes da grande virada em sua vida, você poderia tê-la
descartado como Uma pessoa totalmente perdida e depravada para muitos.
Ela era uma mulher imoral,
vivendo em uma cultura pagã que era dedicada ao fanatismo a tudo que
Deus abomina.
Até a própria cultura de Jericó estava prestes a ser julgada.
Sua longa descida rumo a corrupção moral e espiritual tinha sido
proposital, e, era irreversível.
Até onde estamos cônscios, Raabe sempre foi uma participante intencional na
depravação característica daquela civilização.
Ela tinha lucrado pessoalmente
com o mal que reinava sob aquela sociedade.
Deus
tinha decretado a destruição completa de toda a cultura por causa da sua
maldade daquele povo. Porque Raabe não deveria também receber a recompensa
justa pelo seu pecado intencional? N
No que se refere ao seu registro de vida, não há nenhuma
qualidade que a pudesse redimir, presente na vida de Raabe até aquele momento.
Ao contrário, ela estaria bem na parte inferior de uma hierarquia moral de uma cultura gentia que já era totalmente corrompida e tão pagã quanto qualquer outra sociedade na história da humanidade.
Obtinha seu sustento a partir do apetite
insaciável da depravação desenfreada, atendendo aos apetites mais
degradantes da da escória da sociedade da época.
Como nos hoje poderiamos imaginar uma
candidata mais seria premiada com honra Divina do que Raabe.
Mesmo assim, vemos em Hebreus 11:31, mesmo sendo identificada até mesmo
nessa passagem como “a prostituta Raabe”, ela é citada especificamente pelo
nome por causa da grandeza da sua fé, e até aparece na genealogia de Cristo,
em Mateus 1.
Isso é muito extraordinário?
Essa palavra é pouco quando se fala dessa mulher Raabe.
Um cenário totalmente inoportuno. . .
Raabe habitando em Jericó no tempo da invasão de Josué.
A sua casa não ficava em algum
beco no fundo da cidade, mas situava-se no seu muro famoso (Josué 2:15).
O
muro deve ter sido uma edificação larga, certamente, com espaço suficiente
sobre ele para construções e para uma passarela, ou até mesmo uma rua.
Essa, com certeza, era uma localização privilegiada no valorizado bairro
comercial.
É justo pensar, então, que Raabe desfrutou de um sucesso
financeiro muito bom em seu negócio, por certo muito lucrativo, como presenciamos nos nossos dias.
Mulheres bem sucedidas que trabalham como prostitutas.
Infelizmente, o seu “negócio” era esse.
Ela regularmente se
vendia seu lindo corpo aos homens mais perversos daquela cidade já muito má. Jericó fazia parte do reino dos amorreus, uma cultura violenta, e totalmente depravada e pagã, que era tão inclinada ao inferno na busca de todo tipo de coisas abomináveis que o próprio Deus os
condenou a serem varridos da face da terra (Deuteronômio 20:17).
A cultura dos amorreus tinha sido tão completa e maliciosamente
corrupta ao menos desde a época de Abraão, que o seu
estilo maligno de vida era a razão exata e inicial pela qual Deus tinha passado
a Abraão e aos seus descendentes o direito àquela terra (Deuteronômio 18:12;
1Reis 21:26).
O Senhor tinha prometido a Abraão que os seus descendentes
começariam a tomar posse da terra, tão logo a maldade dos amorreus se completasse (Gênesis 15:16)
É esse momento tinha chegado.
A nação má alcançou o seu nível máximo da tolerância Divina. As vezes é assim, Deus deixa um pouco e depois corta.
Na verdade ela representava o nível cultural daquele povo abominável da os cananitas amorreus no
momento em que eles tinham chegado de forma coletiva ao cúmulo da
maldade humana.
Toda a suas vidas tinha sido dedicada a esse propósito profano
de satisfação carnal.
Seu sustento dependia disso.
Ela tinha sido escravizada aos tipos mais diabólicos de paixão, na
servidão do seu próprio pecado, e era refém de uma sociedade monstruosa
que já estava sob uma sentença de condenação e morte, na estava marcada
para destruição eterna.
A graça de Deus a redimiu e a libertou daquela vida horrível,
arrancando-a como um tição do fogo. Vamos acompanhar o cenário notável a história de Raabe:
Moisés tinha morrido
(Josué 1:1-2).
A geração de israelitas que tinha saído do Egito já estava toda
morta também.
Mais de um milhão de israelitas tinham saído originalmente
do Egito sob a liderança de Moisés (Êxodo 12:37).
Por causa da teimosia
coletiva e da incredulidade persistente daquela geração, quando eles
chegaram à entrada da Terra Prometida, em Cades-Barneia, todas as pessoas
acima de vinte anos foram proibidas de entrar.
Toda uma geração foi
condenada a morrer no deserto sem poder ter ao menos mais um vislumbre da
Terra Prometida.
Havia duas exceções importantes no meio do povo(Números 14:30): Josué e Calebe.
Esses
dois homens tinham espiado a Terra Prometida para Moisés.
Eles tinham
voltado entusiasmados com o potencial da nova terra de Israel e confirmaram
as palavras de Deus sobre ela, mas quando os outros dez espias voltaram com
um relatório contraditório, desanimados, avisando sobre os perigos que os
aguardavam, o povo de Israel hesitou em entrar na terra.
Eles deram ouvidos
à incredulidade dos pessimistas, em vez focarem na promessa de Deus.
Naquela hora e local, toda a nação armou um motim contra Moisés e contra
Deus (Números 13-14).
Essa foi a gota d’água.
Foi por isso que o povo de
Israel foi levado a peregrinar por quarenta anos.
Isso foi uma condenação
divina contra eles por causa da sua incredulidade (Números 14:30-35).
No
final, os cadáveres de toda aquela geração exceto dos dois homens fiéis foram enterrados em sepulcros espalhados pelo deserto, onde as condições
extremas finalmente os consumiram (v. 32-33).
Trinta e oito anos já tinham se passado desde aquela rebelião, em Cades Barneia.
O livro de Josué começa com os Israelitas situados novamente na
entrada de Canaã, dessa vez, perto de Sitim (Josué 2:1; 3:1), a 12 Km a leste do rio Jordão, quase na margem oposta a Jericó.
Josué
tinha sido nomeado líder sobre toda a nação no lugar de Moisés.
No capítulo
1 de Josué, o Senhor reforçou a coragem e a determinação de Josué com uma
série de promessas, e Josué preparou o povo para entrar na terra.
Finalmente,
chegou o dia que essa geração tinha esperado por toda a vida.
Sabiamente, do mesmo modo que Moisés tinha feito anos antes, Josué
enviou espias adiante deles para coletar informações militares e estratégicas
sobre o que estava reservado para eles na outra margem do Jordão. Dessa
vez, no entanto, Josué somente enviou dois homens, dizendo:
“Vão examinar
a terra, especialmente Jericó” (2:1).
A Bíblia simplesmente diz: “Eles foram e entraram na casa de uma
prostituta chamada Raabe, e ali passaram a noite” (2:1).
Portanto, Raabe é a
primeira pessoa da Terra Prometida que a Bíblia nos apresenta.
Pela graciosa
providência de Deus, ela se tornaria um dos elementos-chave do triunfo
militar de Israel. Toda a sua vida, a sua carreira e o seu futuro seriam
transformados pelo seu encontro surpresa com os dois espiões de guerra.
É uma confluência improvável de forças para o bem: de um lado, uma
mulher pagã solitária, cuja vida, até aquele momento, não tinha nenhum traço
de heroísmo; e do outro, uma nação de refugiados itinerantes que, por toda
vida, viveram seus últimos quarenta anos sob o olhar reprovador de Deus, por
causa da desobediência de seus pais.
Porém, a colaboração dos espiões com Raabe foi o início da queda de
Jericó. A derrota de Jericó foi a primeira conquista dramática de uma das
maiores campanhas militares da história.
Josué 2:1-7 conta o que aconteceu:
Então Josué, filho de Num, enviou secretamente de Sitim dois espiões e lhes
disse:
“Vão examinar a terra, especialmente Jericó”.
Eles foram e entraram na
casa de uma prostituta chamada Raabe, e ali passaram a noite. Todavia o rei de
Jericó foi avisado: “Alguns israelitas vieram aqui esta noite para espionar a
terra”. Diante disso, o rei de Jericó enviou esta mensagem a Raabe: “Mande
embora os homens que entraram em sua casa, pois vieram espionar a terra toda”.
Mas a mulher que tinha escondido os dois homens respondeu: “É verdade que os
homens vieram a mim, mas eu não sabia de onde tinham vindo. Ao anoitecer, na
hora de fechar a porta da cidade, eles partiram. Não sei por onde foram. Corram
atrás deles. Talvez os alcancem”.
Ela, porém, os tinha levado para o terraço e os
tinha escondido sob os talos de linho que havia arrumado lá. Os perseguidores
partiram atrás deles pelo caminho que vai para o lugar de passagem do Jordão. E
logo que saíram, a porta foi trancada.
Josué, propositalmente, fez segredo sobre o trabalho dos espias.
Aparentemente, nem mesmo os próprios israelitas tinham conhecimento da missão
deles.
Eles deviam reportar-se a Josué, não a toda a nação (vv. 23-24).
Josué
não estava pedindo algum retorno a eles, de modo que as pessoas pudessem
discutir entre si se deviam cruzar o Jordão ou recuar com medo.
Ele não
cometeria o mesmo erro novamente.
Israel já tinha passado pelo beco sem
saída da opinião popular, e isso lhe custou um período de quase quarenta
anos.
Josué estava assumindo o papel de um comandante determinado.
Ele
avaliaria o relato dos espiões pessoalmente e decidiria com a ajuda de Deus, e
não com uma votação popular, como os seus exércitos agiriam.
Jericó estava em um local estratégico, na abertura de dois caminhos vitais
entre as montanhas circunvizinhas, um levando para sudoeste, rumo a
Jerusalém, e outro levando para noroeste, em direção de Ai, e, mais além,
para Betel também. A ocupação ali era importantíssima.
Conquistar Jericó daria a Israel uma base forte para continuar com a campanha de conquista para toda a Terra
Prometida.
Não é à toa que Jericó era uma Fortaleza.
A tarefa dos
espias era avaliar essas fortificações e dar um relatório para Josué.
Os espias, mais provavelmente, começaram seu trabalho secreto pouco
antes do entardecer.
O rio Jordão ficava a 12 quilômetros a leste.
Uma
caminhada vigorosa de duas horas os levaria para a margem do rio.
Havia
vaus nas proximidades (v. 7), onde a água dava na altura do peito, no ponto
mais fundo.
Os homens poderiam escolher entre caminhar ou nadar,
facilmente cruzando o Jordão.
Então, eles teriam outra jornada de doze
quilômetros a pé para Jericó.
Mesmo que eles se molhassem atravessando o
rio, isso lhes dava tempo mais que suficiente para estarem adequadamente
secos quando chegassem.
Depois disso, eles teriam de entrar na cidade
murada de algum modo e encontrar algum alojamento para o resto da noite tudo isso sem levantar suspeitas.
Jericó era uma cidade grande, e os visitantes entravam e saíam o tempo
todo.
Os espias conseguiram entrar na cidade antes de os portões fecharem à
noite (v. 5).
A Bíblia não diz como eles entraram.
Suponho que eles
conseguiram encontrar uma maneira sem muita dificuldade.
Talvez
simplesmente tenham se misturado com os outros viajantes na hora mais
movimentada do dia.
Tendo eles entrado na cidade, o lugar ideal para hospedagem sem levantar suspeita, seria em
uma pousada ou em uma casa no próprio muro mais próximo de alguma rota de fuga.
Desse local, eles poderiam
avaliar as defesas e vulnerabilidade da cidade.
Uma boa maneira de evitar levantar suspeitas ou
atrair atenção indevida seria encontrar algum bairro sórdido onde todos
entenderiam a necessidade de se andar discretamente.
A busca deles os levou a casa de Raabe, uma meretriz, que era próspera o
bastante para ter uma casa em uma parte privilegiada da cidade, sobre o muro.
Tanto ela
quanto o seu negócio eram bem conhecidos ali em Jericó.
Essa seria uma
situação ideal para os espias se camuflarem. Ela abriria a porta para eles sem fazer nenhuma
pergunta sobre quem eles eram.
No seu negócio, o sigilo máximo era
essencial obviamente. Elas recebia homens das mais variadas classes, cidadãos comuns, militares, nobres.
Ela iria os receber bem e os convidar para entrar rapidamente,
justamente como ela fazia com todos os clientes.
Os espias israelitas, obviamente, não a procuraram para se aproveitarem
dela, para se divertir, eles não poderiam desviar o foco, pois estavam em uma missão militar. Não vieram tinham com propósitos sórdidos imorais.
Quem sabe tenha sido exatamente esse
o motivo que conquistou a confiança dela. Eles claramente não estavam ali
para usar ou abusar dela. A conversa era diferente de praticamente
todos os outros homens que ela já tinha recebido ali.
Eles eram sérios e sóbrios, mas
não parecem tê-la intimidado de modo algum. Possivelmente, eles a trataram
com uma dignidade paciente e com respeito enquanto faziam o seu
reconhecimento cuidadoso. Sem dúvida, eles explicaram a ela quem eram, o
que significa que eles teriam falado alguma coisa sobre Deus.
Na maior
parte do tempo, eles cumpriam sua tarefa, possivelmente fazendo medidas do
muro e registrando detalhes sobre seus parapeitos e sobre a visão panorâmica.
A casa de Raabe era perfeita para os seus propósitos.
A posição
proporcionava uma visão bem próxima do muro, o qual era a defesa principal
da cidade, mas o local também possibilitava uma fuga rápida como já disse, se fosse
necessária, caso fossem descobertos.
Certamente, os muros da cidade eram feitos para afastar intrusos,
mas uma pessoa dentro do muro com uma corda, com o comprimento
suficiente, poderia escapar facilmente escalando de dentro para fora. Pela providência de Deus,
tudo o que precisavam estava no lugar certo, e também pelo propósito
soberano dele, o coração de Raabe estava pronto para crer em Joova.
Só que, de algum modo, a presença dos espias foi descoberta quase
no momento em que entraram na casa de Raabe.
Com certeza, todos em
Jericó já sabiam que toda a nação israelita estava acampada na outra margem
do rio, a uma distância considerável.
Toda Jericó tinha ouvido falar sobre a
fuga milagrosa de Israel no Egito, das mãos de Faraó, atravessando o mar Vermelho milagrosamente, e
sobre o afogamento de todo o exército de Faraó (v. 10). A história das
peregrinações que se seguiram pelo deserto também era bem conhecida por
toda a região. A própria Raabe conta aos espias que os habitantes da terra
estavam desanimados com o que tinham ouvido falar sobre Israel e o
tratamento de Deus com eles.
Nas palavras de Raabe:
“Quando soubemos
disso, o povo desanimou-se completamente, e por causa de vocês todos
perderam a coragem, pois o Senhor, o seu Deus, é Deus em cima nos céus e
embaixo na terra” (v. 11).
Mesmo assim, com a exceção da própria Raabe, o povo de Jericó não
parecia ter muito medo do poder de Deus ou da excepcional força militar de Israel.
Quem sabe as lendas sobre os quarenta anos vagando sem direção tendiam a
contrabalançar o medo dos cananeus quanto à sua força militar de Israel.
Seja
qual for a razão para a complacência deles, a segurança da fortaleza murada
fazia com que os residentes de Jericó ficassem bem orgulhosos com a sua segurança.
Apesar disso, eles estavam alerta para intrusos, e os oficiais tinham
provavelmente dado ordens expressas para relatar qualquer coisa suspeita
para o rei.
O “rei” tinha uma função parecida com a de um prefeito, mas tinha
o controle militar.
Portanto, era ele quem deveria ser avisado se intrusos
fossem descobertos.
Quem sabe alguém a quem os espias pediram informações não os tenha
denunciado, ou mesmo sentinelas próximas à casa de Raabe notaram a sua
presença e os reconheceram pelas roupas como israelitas.
Em todo caso, a
presença deles foi rapidamente relatada para o rei de Jericó.
As informações
que ele recebeu incluíam detalhes específicos sobre o lugar para o qual os
espias tinham ido, então o rei enviou mensageiros para inspecionar a casa de
Raabe.
É nesse momento que Raabe nos surpreende maravilhosamente. Lembre-se, ela ganhava o
seu sustento vendendo a si mesma para propósitos malignos. Ela poderia ter
ganhado uma bela recompensa se tivesse entregado os espias, mas ela em respeito e temor ao Deus de israel, ela não fez
isso.
Ela procurou algum lugar e os escondeu.
Ela despistou os oficiais do exército de Jericó e os salvou a vida dos dois
espias, mesmo que com isso tenha colocado toda sua família em risco.
Obviamente, os
representantes do rei sabiam que os espias tinham estado na casa dela.
Quando não puderam encontrar nenhuma prova de que os homens tinham
realmente deixado a cidade, eles provavelmente voltariam para interrogar
Raabe novamente.
Ela arriscou a própria vida quando protegeu esses
estranhos.
Sua expressão repentina de fé, portanto, não é somente inesperada, ela parece ir contra todos os instintos que normalmente motivariam uma
mulher como Raabe a se beneficiar da situação.
As ações de Raabe para proteger os espias incluíam contar uma mentira.
Será que isso tem justificativa?
Ao homenageá-la por sua fé, será que a Bíblia
está tolerando os métodos dela?
Vários homens bons têm debatido essa
questão desde o princípio da história rabínica.
Temos de admitir que essa não
é uma questão fácil de responder.
A Bíblia diz:
“O Senhor odeia os lábios
mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade” (Provérbios 12:22).
O próprio Deus não pode mentir (Tito 1:2; Números 23:19; 1Samuel 15:29),
portanto, ele não pode tolerar nem aprovar uma mentira.
Alguns têm tentado
defender que, por causa das circunstâncias, essa não tinha sido tecnicamente
uma mentira, mas uma manobra militar, uma estratégia legítima com o
propósito de iludir ou ser mais esperto do que o inimigo em meio à guerra.
Outros afirmam que mentir torna-se até aceitável se for por um bem maior.
Esse tipo de abordagem situacional na ética está cheio de problemas sérios.
Não vejo necessidade de justificar a mentira de Raabe.
Será que ela era
necessária para um bem maior?
Claro que não!
Sadraque, Mesaque e
Abednego também poderiam ter escapado da punição mentindo e poderiam
ter defendido de forma convincente que era por um “bem maior”, mas não
existe um bem maior que a verdade, e a causa da verdade jamais pode ser
servida pela mentira.
Sadraque e seus amigos falaram a verdade, na
verdade, eles aproveitaram a oportunidade para glorificar o nome de Deus e Deus ainda foi capaz de salvá-los da fornalha.
Com certeza, ele poderia ter
salvado os espias e Raabe sem mentiras.
Além do mais, esse não é o sentido da história de Raabe.
Não é preciso
fazer uma racionalização astuta para tentar justificar a sua mentira.
As
Escrituras nunca elogiam a mentira.
Raabe não é aplaudida pela sua ética.
Ela
é um exemplo positivo de fé.
Nesse momento, sua fé tinha acabado de nascer, era fraca, e precisava ser
alimentada e desenvolvida. Seu conhecimento de Deus estava engatinhando. Ela
deixa isso claro em Josué 2:9-11, quando diz que sabia um pouco a seu
respeito, tendo criado um grande interesse em Jeová por causa das histórias
sobre o êxodo de Israel do Egito, mas é bem provável que ela nunca tivesse
conhecido nenhum verdadeiro adorador de Jeová até aquela noite.
Com
maior certeza, ela não tinha ideia do valor que ele dava a sinceridade.
Entretanto, ela era fruto de uma cultura corrupta em que a ética praticamente
não existia. Na sua sociedade, mentir era um modo de vida especialmente
em sua profissão.
O modo que ela respondeu é simplesmente o que se
esperava de uma pessoa que só estava começando a crer em meio a essas
circunstâncias.
A questão é que a fé de Raabe, mesmo sem ter se desenvolvido tanto,
imediatamente a levou à ação. Ela acolheu “em paz os espias” (Hebreus
11:31, ARC).E não os denunciou. Sentido que ela não somente os escondeu, mas também,
implicitamente, abraçou a boa causa deles.
Através disso, Raabe depositou todo o
seu futuro nas mãos do seu Deus, e a prova da sua fé não foi a mentira que
ela disse, mas sim o fato de que “recolheu os emissários, e os despediu por
outro caminho” (Tiago 2:25) .
Enquanto ela poderia, em vez disso, tê-los
entregue e recebidi uma boa quantia em dinheiro. Não é a mentira que tornou suas ações recomendáveis,
mas sim o fato de que ela rejeitou uma recompensa fácil e arriscou sua
própria vida e de sua família, apostando tudo no Deus de Israel.
Nada, além da fé, poderia ter operado uma transformação tão dramática e
instantânea no caráter de uma mulher como ela.
Ela tinha, obviamente,
cultivado uma grande curiosidade sobre o Deus dos hebreus, e a partir do que lhe foi
contado sobre o seu tratamento para com Israel.
Naquele momento do
encontro com pessoas de carne e osso que o conheciam e o adoravam, ela
estava pronta a juntar forças com eles para o bem.
O pensamento rápido de Raabe salvou os espias. No mundo militar temos que pensar rapidamente.
A narrativa sugere que ela
escondeu rapidamente os homens depois que os mensageiros do rei tinham
batido em sua porta e perguntado sobre os espias. Ela ouviu o pedido,
“então... levou os dois homens e os escondeu”, antes de dar uma resposta
(Josué 2:3-4, NKJV tradução livre).
A rapidez e a astúcia do seu esquema
para escondê-los sugere que ela tinha experiência nesse tipo de coisa.
Aparentemente, os talos de linho, “que [Raabe] havia arrumado” no terraço
(v. 15), estavam lá exatamente para isso, para o caso de uma esposa ciumenta
vir procurar por um cliente. Raabe também tinha uma corda comprida
disponível.
Não há dúvida de que ela tenha facilitado fugas parecidas
anteriormente.
O esconderijo certamente serviu, dessa vez, para uma causa nobre e santa.
Possivelmente, os mensageiros do rei realizaram a busca na casa de Raabe
rapidamente, sem poder encontrar os espias antes de partirem, seguindo a
pista falsa que os levou por todo o caminho até os vaus do Jordão.
Depois de ter certeza de que os mensageiros do rei não voltariam até o
outro dia, Raabe voltou ao terraço para falar com os espias.
Ela lhes deu um
testemunho explícito da fé que a motivou.
Acompanhe o relato bíblico:
Antes dos espiões se deitarem, Raabe subiu ao terraço e lhes disse:
“Sei que o
Senhor lhes deu esta terra. Vocês nos causaram um medo terrível, e todos os
habitantes desta terra estão apavorados por causa de vocês, pois temos ouvido
como o Senhor secou as águas do mar Vermelho perante vocês quando saíram
do Egito, e o que vocês fizeram a leste do Jordão com Seom e Ogue, os dois reis
amorreus que aniquilaram. Quando soubemos disso, o povo desanimou-se
completamente, e por causa de vocês todos perderam a coragem, pois o Senhor,
o seu Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra. Jurem-me pelo Senhor
que, assim como eu fui bondosa com vocês, vocês também serão bondosos com
a minha família. Deem-me um sinal seguro de que pouparão a vida de meu pai e
de minha mãe, de meus irmãos e minhas irmãs, e de tudo o que lhes pertence.
Livrem-nos da morte”.
“As nossas vidas pelas de vocês!”, os homens lhe garantiram. “Se você não
contar o que estamos fazendo, nós a trataremos com bondade e fidelidade
quando o Senhor nos der a terra”.
Então Raabe os ajudou a descer pela janela com uma corda. (Josué 2:8-14).
Observe que a fé de Raabe foi acompanhada pelo temor.
Não há nada de
errado nisso.
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Salmo
111:10).
No caso de Raabe, o temor foi o que, em parte, motivou sua fé.
Ela
tinha ouvido falar sobre provas poderosas da supremacia do Senhor sobre o
Egito. Ela entendeu que foi o poder do Senhor, e não simplesmente a força
militar, que tinha triunfado sobre Seom e Ogue, dois reis temíveis dos
amorreus (Josué 2:10).
Ela, provavelmente, entendia algo a respeito da
autoridade soberana de Deus sobre Israel a partir dos contos que relatam os
quarenta anos no deserto.
O medo que ela tinha era saudável.
Ele a tinha
convencido de que Deus era, de fato, o único Deus verdadeiro. O salmista
escreveu: “Anunciarão o poder dos teus feitos temíveis, e eu falarei das tuas
grandes obras” (Salmos 145:6).
Esse é exatamente o tipo de testemunho que
tinha levado Raabe a crer no Deus dos hebreus.
Os espias fizeram um juramento de tratá-la com bondade quando
conquistassem a cidade, mas eles lhe deram uma condição.
Ela tinha que
pendurar um cordão vermelho na janela onde ela os desceu (Josué 2:17-18).
Isso marcaria a casa dela diante de todo o Israel, e todos dentro da casa
seriam poupados quando a cidade fosse derrotada.
A palavra hebraica para
“cordão”, no versículo 18, é diferente da palavra para “corda”, no versículo
15. Esse cordão se tratava de uma faixa de fios entrelaçados, usada para
decoração. A cor facilitaria a visualização desde a parte de baixo do muro.
Tanto a sua aparência como a sua função faziam lembrar do sinal vermelho
do sangue derramado no batente das portas durante a primeira Páscoa.
Muitos
comentaristas acreditam que essa cor também seja um símbolo tipológico do
sangue do verdadeiro Cordeiro pascal.
É provável que sim.
Ela certamente
serve como um símbolo adequado do sangue de Cristo, que afasta a ira de
Deus.
Aos olhos de Raabe, no entanto, a importância do cordão escarlate não
tinha nada de misterioso ou místico. Era um símbolo simples e conveniente
que podia marcar sua janela discretamente, de modo que sua casa seria
facilmente diferenciada de todas as outras de Jericó.
Depois de formalizar esse acordo para proteger a casa de Raabe e selar o
compromisso com um juramento (vv. 17-20), os espias desceram
secretamente na escuridão pela corda, para o vale do lado de fora dos muros
de Jericó.
Raabe os aconselhou a se esconderem nas montanhas por três dias,
até que o rei desistisse da busca (v. 16), e eles assim fizeram. A Bíblia diz:
“Estes [os perseguidores] os procuraram ao longo de todo o caminho e não os
acharam” (v. 22).
Quando os homens finalmente retornaram a Josué, o relatório foi bem
diferente daquele que os dez espias infiéis tinham apresentado a Moisés
quarenta anos antes.
Era exatamente o que Josué esperava ouvir:
“Sem
dúvida o Senhor entregou a terra toda em nossas mãos, todos estão
apavorados por nossa causa” (v. 24).
A maioria das pessoas conhece o relato da vitória milagrosa de Israel sobre
Jericó. É um exemplo clássico da maneira pela qual o triunfo espiritual
sempre é obtido:
‘Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’,
diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6). Deus não opera exclusivamente
por meio de milagres.
Na verdade, são relativamente raros os momentos em
que ele deixa de lado os meios normais para alcançar seus propósitos.
Foram
bem poucas as batalhas militares de Israel ganhas somente pela intervenção
milagrosa de Deus. Os exércitos de Israel nas conquista da terra tiveram de lutar, mas, da mesma
maneira, nenhuma de suas batalhas foi ganha sem o poder de Deus.
Nesse caso, Deus interveio propositalmente de um modo que deixou claro
a todos em Canaã que ele lutava a favor de Israel.
Ele demoliu as muralhas
imensas de Jericó sem nenhum meio militar.
Isso não se tratou de um
terremoto casual.
Para provar isso, Deus fez com que os israelitas
marchassem em volta da cidade por seis dias consecutivos (Josué 6). No
sétimo dia, eles marcharam ao redor da cidade sete vezes, tocaram as
trombetas e gritaram.
Instantaneamente, o muro da cidade caiu por terra
(Josué 6:20).
Quer dizer, todas as muralhas, exceto uma parte:
A casa de Raabe foi poupada.
“Josué disse aos dois homens que tinham espionado a terra:
‘Entrem na casa da
prostituta e tirem-na de lá com todos os seus parentes, conforme o juramento que
fizeram a ela’.
Então os jovens que tinham espionado a terra entraram e
trouxeram Raabe, seu pai, sua mãe, seus irmãos e todos os seus parentes para fora em segurança.
Tiraram de lá todos os da sua família e os deixaram num local fora do
acampamento de Israel.” (vv. 22-23).
O escritor de Josué (provavelmente ele mesmo) acrescentou:
“Raabe vive
entre os israelitas até hoje” (v. 25).
Raabe é um belo exemplo do poder transformador da fé.
Apesar de ter
poucas vantagens espirituais e pouco conhecimento da verdade, ela tinha o
coração voltado a Deus.
Ela arriscou a própria vida e da sua familia, e abandonou um modo
de vida que não honrava a Deus e se afastou de tudo, exceto de seus parentes
próximos, que ela trouxe para a comunidade do povo de Deus junto com ela.
A partir daquele dia, ela teve uma vida completamente diferente, como uma
verdadeira heroína da fé. Ela tem um lugar de honra na galeria dos herois da fé, dos quais o mundo não era digno, em Hebreus 11, junto de
outros nomes notáveis daquela “grande nuvem de testemunhas” que
testificam sobre o poder salvador da fé.
Depois do relato da destruição de Jericó, em Josué 6, o nome de Raabe
nunca mais é mencionado no Antigo Testamento.
Quando Josué observou
que ela estava ainda morando em Israel, isso foi, provavelmente, muitos anos
depois da queda de Jericó.
Aparentemente, Raabe viveu em tranquila
dignidade e graça em meio ao povo de Deus com seu marido Salmom.
E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom;
E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jesse, Mateus 1:4,5
Ela tinha sido radicalmente
transformada do tipo de mulher que era.
Ela era, e ainda é, um símbolo vivo
do efeito transformador da fé salvadora.
Essa é a mensagem principal contida no Evangelho para nossa vida.
Na verdade, a passagem onde nos deparamos novamente com Raabe, nas
páginas das Escrituras, encontra-se no Novo Testamento.
Lá, seu nome é
mencionado por três vezes.
Duas delas a honram por sua fé fantástica
(Hebreus 11:31; Tiago 2:25).
Ela é considerada como exemplo de fé tanto
para homens como para mulheres.
Tiago, em particular, cita seu caso para
demonstrar que a fé produz ação.
De fato, a fé de Raabe não ficou latente por
muito tempo.
Lembre-se:
Somente depois de ela ter escondido os espias é que
ela verbalizou a eles a sua crença de que Deus era o Deus único e
verdadeiro.
Sua fé foi vista através do fruto de suas obras antes mesmo de ela
ter oportunidade de declará-la com sua boca.
Tiago diz que a fé verdadeira é
sempre assim, ativa e frutífera.
“A fé sem as obras está morta” (Tiago 2:26).
De morta, a fé de Raabe não tinha nada.
No entanto, a ocorrência mais incrível do nome de Raabe no Novo
Testamento é a primeira vez em que ele aparece lá, bem na primeira página,
no primeiro parágrafo do primeiro evangelho.
Mateus começa o seu relato da
vida de Cristo com uma genealogia longa, traçando toda a linhagem de Cristo
desde a época de Abraão.
O objetivo de Mateus, obviamente, é provar pelos
antepassados de Cristo que ele reunia as qualidades para ser a Semente
prometida de Abraão, e que ele também era herdeiro legítimo do trono de
Davi.
Bem ali, na lista dos ancestrais de Jesus, encontramos, de forma
inesperada, o nome de Raabe:
“Salmom gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe;
Boaz gerou Obede, cuja mãe foi Rute; Obede gerou Jessé” (Mateus 1:5).
É bem incomum as mulheres serem mencionadas em genealogias
hebraicas.
Observemos que o registro dos descendentes de Adão, em Gênesis 5,
omite qualquer referência a suas filhas.
Mesmo assim, Mateus menciona
cinco mulheres, e todas elas são notáveis:
Tamar (1:3), Raabe (v. 5), Rute (v.
5), Bate-Seba (v. 6), e Maria (v. 16).
Pelo menos três delas eram gentias.
Três
delas eram desonradas por seus proprios estilos de vida.
Na verdade, todas
elas, por várias razões, sabiam o que era ser uma pessoa marginalizada ou
ter alguma desonra ou estigma associada à sua reputação:
Tamar era uma mulher cananeia cujo marido tinha morrido, deixando-a
sem filhos.
Ela se disfarçou de prostituta e seduziu seu próprio sogro,
Judá, porque precisava ter um filho homem. De um modo interessante, um cordão vermelho
também faz parte da história trágica de Tamar (Gênesis 38:13-30).
Já conhecemos Raabe, inclusive a vergonha de seu passado sórdido.
Rute, que conheceremos logo em seguida, era da nação moabita, um povo
geralmente desprezado em Israel (Rute 1:3).
Bate-Seba, de quem Mateus não menciona o nome, mas simplesmente se
refere à “mulher de Urias”, cometeu adultério com o Rei Davi (2Samuel
11).
Maria, é claro, passou pela desonra de uma gravidez fora do casamento.
Coletivamente, elas exemplificam como Deus é capaz de operar todas as
coisas para o bem.
Sob uma perspectiva humana, toda a genealogia é variada,
com pessoas proscritas e exemplos de fracasso.
As mulheres, em particular,
destacam como o escândalo enfeitava boa parte da linhagem messiânica. Ela
era cheia de estrangeiros, de pessoas marginalizadas, e de párias por vários
motivos.
Mesmo assim, muitas delas ainda encontraram um lugar no plano de
Deus para trazer seu Filho ao mundo, ou para extrategicamente dar a luz a alguém que seria muito importante para o Senhor.
O suposto escândalo na linhagem de Cristo não era um acidente.
Na sua
encarnação, Cristo voluntariamente “esvaziou-se a si mesmo, tomanado a foirma de servo” (Filipenses 2:7).
Ele se fez um proscrito e uma vergonha pública,
fazendo-se maldição por nós na cruz, coisa que só acontecia com grandes pecadores(1Pedro 2:8).
A propria mensagem do evangelho
também é um escândalo público simplesmente uma loucura e uma
vergonha para os que perecem, mas para aqueles que são salvos, é poder de
Deus (1Coríntios 1:18).
Afinal, “não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os
doentes... [Cristo não veio] para chamar justos, mas pecadores” (Marcos
2:17).
Raabe era a verdadeira personificação desse princípio.
Esse é o motivo
pelo qual o Novo Testamento várias vezes a menciona como um exemplo, na
vida real, do fruto da fé salvadora.
Ela é uma lembrança viva de que até o
pior dos pecadores pode ser redimido pela graça divina através da fé.
“Pois
vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom
de Deus efesios 2.8.Não por obras, para que ninguém se glorie, porque somos criação de
Deus”.
Raabe não foi remida por causa de alguma obra meritória que fez. Ela
tampouco obteve o favor de Deus por alguma boa obra. Lembre-se, até
mesmo o que ela fez certo hospedar os espias foi manchado
moralmente pelo modo como foi feito.
Ela mentiu.
Raabe não serve para nós
como exemplo de obras humanas.
Ela não é uma lição de como podemos
melhorar através do desenvolvimento pessoal.
E um lembrete de que
Deus, por sua graça, pode remir até mesmo a vida mais horrível.
Alguns dos rabinos escolásticos, um pouco antes da época de Jesus,
ficavam constrangidos pelo fato de que uma mulher com o histórico de Raabe
tenha sido poupada na destruição de Jericó e trazida a Israel como prosélita.
Eles, os rabinos, propuseram um entendimento diferente da palavra “prostituta” em Josué
2:1 (também em 6:17, 25), diziam que o termo bíblico, em hebraico se parece
com uma palavra que significa “alimentar”.
Quem sabe Raabe tenha sido
dona de uma pousada ou uma anfitriã.
O problema é que a palavra real só tem um único sentido:
“prostituta”.
Esse é o entendimento inquestionável desse texto por séculos.
Na verdade,
não existe ambiguidade alguma nem na Septuaginta (uma tradução grega
antiga datada do século II a.C.) nem nos textos gregos de Hebreus 11:31 ou
de Tiago 2:25.
A palavra usada para descrever Raabe é pornê, que significa
“prostituta”.
Observe que esse termo vem da mesma raiz do termo
“pornografia”, em português, e tem conotações igualmente negativas
moralmente.
Essa ideia de higienizar o histórico de Raabe ressurgiu com alguns
clérigos extremamente sensíveis na era vitoriana.
Diz C. H. Spurgeon, o pregador
batista mais conhecido em Londres do final do século XIX, respondeu: “Essa
mulher não era uma mera anfitriã, mas era uma verdadeira meretriz...
Tenho
por mim que nada além de um espírito de aversão à livre graça levaria um comentarista a negar o pecado dela”.
E ele está certo.
Se retirarmos o estigma do
pecado, tiraremos com ele a necessidade da graça.
Raabe é extraordinária
exatamente porque o que ela era simplesmente aumenta a glória da graça
divina, a qual fez dela a mulher extraordinária que veio a ser a ponto de ter um lugar na galeria dos herois da fé.. Isso, no final
das contas, é tudo o que aprendemos da vida dessa extraordinária mulher.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Responderemos a todos sempre que necessário.Obrigado pela visita ao site.