Tebas, capital do alto Egito, está situada cerca 670 km ao sul da atual cidade
do Cairo. Os egípcios conheciam o lugar como Nô-Amom, ou “cidade de Amom”
porque para eles era antes de tudo o lugar de adoração a Amom, Mut, a deusa-mãe, e
Khonsu, o deus-lua. Esses três compunham a tríade tebana.
O poder de Amom
aumentou quando o identificaram com o antigo deus-sol Rá, sob o nome de Amom-Rá,
o deus dos deuses.
Para o mundo antigo, Tebas era o símbolo do esplendor, e hoje em
dia constitui-se no conjunto de ruínas mais grandioso e extenso que se conhece.
À
semelhança da antiga Babilônia, era dividida por um grande rio, o Nilo.
Na margem
oriental, estava a cidade metropolitana, a terra dos vivos, um vale amplo e fértil, com
quilômetros de ruas cheias de gente e de carruagens.
Essas vias públicas estavam
repletas de moradias correspondentes ao nível social de cada família.
Havia quintas da
nobreza e palácios de reis, cada qual rodeado de jardins cercados.
Havia casas
comerciais e edifícios de transporte perto dos ancoradouros, aos quais subiam
mercadorias vindas da Ásia, da Grécia e do mar Egeu. Os templos, contudo,
destacavam-se entre todas as edificações.
Os maiores eram o templo de Amom e o
templo de Luxor.
Os dois templos estavam ligados por uma avenida calçada de 23 m de
largura e 2 km de extensão, conhecida como avenida das Esfinges.
De cada lado da
avenida, havia palmeiras e belos jardins de flores e arbustos.
A própria margem da
avenida estava ladeada por quase mil esfinges de cabeça humana ou de carneiro, cerca
de quinhentas de cada lado.
O templo de Amom (conhecido atualmente como templo de
Carnaque) media 103 m de largura e 366 m de comprimento, o maior dentre os que
foram construídos até hoje.
A edificação cobria uma superfície de 81 ha e era rodeada
por um muro de pedra que, segundo se afirmam, media 24 m de altura.
O templo de Luxor,
localizado no extremo sul da avenida das Esfinges, era dedicado a Amom, Mut e
Khonsu.
A entrada é formada por uma parede de pilone de base larga, com 24 m de
altura e 61 m de largura, cuja fachada está coberta por “animadas cenas de batalha”, que
descrevem uma guerra ocorrida em tempos antigos.
A largura total do templo era de 260
m, e no ângulo sul estava o lugar santíssimo, onde eram realizados os freqüentes e
estranhos rituais que caracterizavam a adoração a Amom, Nut e Khonsu, bem como a
outros deuses.
Tebas ocidental, situada na margem oposta do Nilo, era, na maior parte, a
Cidade dos Mortos.
Como a maioria dos vivos morava na Tebas oriental, quando
alguém morria era transportado em uma barca através do Nilo, onde o corpo era
preparado.
Os corpos eram sepultados em tumbas, mastabas, pirâmides ou nos sepulcros
das ladeiras.
A região, que é semelhante a um parque, estende-se por 5 km como um
gigantesco tapete até as proximidades dos escarpados penhascos líbios, que se erguem à
altura de várias centenas de metros. Essa necrópole, pelo espaço de muitos quilômetros,
era ocupada pelas tumbas dos nobres e dos cidadãos particulares de muitos séculos.
Em
dois lugares, a Cidade dos Mortos desdobrava-se através das estreitas passagens das
montanhas, na direção das Tumbas das Rainhas, no Sul, e do vale das Tumbas dos Reis,
no Norte.
Aqui, durante dois séculos, os arqueólogos desenterraram tumbas e profundas
fossas lavradas nos escarpados.
Das tumbas encontradas, a mais rasa mede 16 m,
enquanto o túnel que conduz à tumba do Rei Seti I adentra 143 m a ladeira da montanha.
Essa tumba tem muitas salas, e as paredes estão cobertas com impressionantes cenas
pintadas e esculpidas.
Das tumbas dos reis (faraós) encontradas até o momento, a tumba
do rei Tut (Tutancâmon) mostrou-se a mais rica e proveitosa.
Sua sepultura era uma
série de quatro aposentos, dois deles repletos de carruagens, finos móveis, curiosas
caixas e arcas artisticamente pintadas, cofres com incrustações, cheios de finos linhos e
sedas, e inumeráveis e ricas mudas de roupa de todo tipo conhecidas pela realeza na
época.
Um manto de complicados adornos continha quase 50 mil lantejoulas, e toda a
superfície das sandálias que as sentinelas da entrada usavam era coberta com dourações
de ouro puro.
Carter passou três semanas inspecionando, recondicionando e cuidando
com esmero dos muitos objetos que se achavam apenas em uma dessas belas arcas de
madeira pintada, cujo exterior, segundo ele, “sobrepujava em muita qualquer coisa
desse tipo que o Egito houvesse produzido”.
Por quase toda parte, havia arcas de joias e
de pedras preciosas, finos trabalhos de bronze e placas de pérola e de ouro. O terceiro
aposento era o “quarto do tesouro”, cuja entrada era guardada por uma figura de ébano e
ouro do deus-chacal Anúbis, agachado em cima de um belo altar.
Por trás da estátua,
havia caixas, relicários, barcas-modelo, outra carruagem e uma fileira de cofres de
madeira ornados de ouro e com incrustações de louça fina.
O achado mais importante
desse aposento, contudo, foi uma grande arca em forma de relicário montada em um
trenó de madeira.
Por cima do relicário, havia uma cornija de cobras sagradas com
incrustações de ouro.
Em cada uma das quatro esquinas, via-se uma deusa, cujos braços
estirados rodeavam o relicário em atitude protetora.
Quando este foi desmontado,
encontrou-se um trenó menor, coberto com um pano mortuário de linho. Debaixo do
pano, havia uma arca de alabastro transparente e dentro da arca quatro féretros de ouro
em miniatura, com incrustações, contendo as vísceras do rei. Esse relicário canópico
não só representava a máxima expressão da ourivesaria e da joalheria egípcias, como
fazia lembrar a ornamentada arca da aliança, fabricada havia mais de um século, no
monte Sinai, por Moisés e outros artesãos hebreus.
O aposento da tumba era ainda mais
formoso.
Continha quatro relicários, um dentro do outro, cada um “semelhante em
desenho e de brilhante mão-de-obra”. Quando Carter rompeu o selo e abriu os ferrolhos
da última porta, viu “um enorme sarcófago amarelo de quartzita, ainda intacto, tal como
mãos piedosas ali o haviam deixado”. O sarcófago estava cheio de inscrições e pinturas
religiosas e coberto com uma bela tampa de granito rosa. Nas quatro esquinas do
sarcófago, em baixo-relevo, viam-se quatro deusas:
Ísis, Neftis, Neith e Selket, que
estendiam braços e asas em atitude protetora, “como para barrar” qualquer intruso que
tentasse perturbar o rei que descansava em seu interior. Sob a tampa de 1150 kg e
debaixo de um sudário de linho, havia uma magnífica efígie de ouro do jovem rei, que
enchia o interior do sarcófago.
Os braços estavam cruzados sobre o peito, e as mãos
sustentavam o malho e o cetro (vara e báculo), ambos de ouro e adornados com lápis-
lazúli.
Na fronte, ao redor dos emblemas reais, havia uma pequena coroa de flores,
oferenda de despedida da jovem rainha viúva para o esposo.
O magnífico ataúde
encerrava outro, também mumiforme e de beleza semelhante à do primeiro. Dentro do
segundo féretro, havia um terceiro e último, de ouro sólido e adornado com jóias.
Esse
ataúde em forma de múmia pesava cerca de 828 kg, e é quase impossível determinar seu
valor monetário. Sob a última tampa, estava a múmia do rei. Sobre seu rosto, estava seu
retrato em ouro, e ao redor do corpo mumificado havia 143 objetos, na maioria de ouro
ou de pedras preciosas.
Ataúde de ouro maciço do rei Tutancâmon, que pesa cerca de 828 kg, ajusta-se à
forma do corpo, e sua fabricação é tão perfeita que é considerado um dos achados
mais primorosos do Egito.
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