Segue abaixo, por ordem cronológica aproximada, a duração do reinado e os nomes dos faraós da XVIII dinastia:
1. Amósis I: reinou de 1570 a 1560 a.C...................10 anos
2. Amenotepe I: de 1560 a 1540 a.C........................20 anos
3. Totmés I: de 1540 a 1515 a.C...............................25 anos
Os Planos de Deus 15
4. Totmés II, ou a rainha Hatchepsute, de 1515 a 1480 a.C................................................ 35 anos
5. Totmés III: de 1480 a 1450 a.C............................30 anos
6. Amenotepe II: de 1450 a 1420 a.C......................30 anos
7. Totmés IV: de 1420 a 1405 a.C............................15 anos
8. Amenotepe III: de 1405 a 1361 a.C.................... 44 anos
9. Amenotepe IV: de 1361 a 1360 a.C...................... 1 ano
10. Semenca: de 1360 a 1358 a.C............................... 2 anos
11. Tutankamon: de 1358 a 1348 a.C....................... lOanos
12. Ai ou Setimeramen: de 1348 a 1338 a .C ............lOanos
13. Harmhab: de 1338 a 1317 a.C ..............................21 anos
T otal......................................................................253 anos
Com Ramessés I, inicia-se a XIX dinastia. Através do estudo
de Êxodo, listamos os seguintes faraós:
1. Ramessés I; reinou de 1317 a 1316 a.C............... 1 ano
2. Setos ou Seti I. de 1316 a 1302 a.C..................14 anos
3. Ramessés II: de 1302 a 1237 a.C...................... 65 anos
4. Meneptá II: de 1237 a 1228 a.C.......................... 9 anos
Total.................................................................... 89 anos
As Escrituras declaram: “O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos” (Ex 12.40).
Entretanto, consideramos que possa ter havido uma pequena margem de erro no cálculo do cômputo geral dos reinados da XV III e
XIX dinastias. Esse fator torna ainda mais difícil a compreensão do cumprimento das promessas feitas a Abraão, isto é, dos 430 anos de servidão e cativeiro de Israel no Egito, devido à complexidade do assunto e à falta de sólidos informes bíblicos. Quando se deu o Êxodo, não se sabe ao certo que Faraó reinava: Totmés
III, Amenotepe II, Ramessés II1 ou M eneptá II.
16 Comentário Bíblico: EmhIo
Este é o cômputo geral dos anos passados por Israel no Egito:
j, Primeiro período: a vida de José no Egito......... 30 anos
2. Segundo período: a vida de Jacó
e seus filhos no Egito............................................ 60 anos
3. Terceiro período: XVIII dinastia....................... 253 anos
4. XIX dinastia...........................................................89 anos
5. Soma......................................................................432 anos
1. A servidão dos israelitas no Egito.
O plano de Deus para Israel consistia em torná-lo uma grande nação. A execução desse plano foi possível através de um método muito rigoroso: a escravidão. O povo chegou ao máximo de
sofrimento; a uma condição miserável e deprimente.
Por quê?
Porque de todos os povos da terra, Israel serem escolhidos por Deus para ser o seu povo peculiar (Dt 7.6; 14.2)?
O Senhor poderia usá-los como bem lhe aprouvesse até mesmo como figura, a fim de exemplificar
a salvação que foi prometida no Éden e planejada no Céu.
Vejamos o cumprimento dessas promessas:
Cristo, “a semente da mulher" (Gêneses 3.15); “
O Cordeiro de Deus” (Joao 1.29), morto desde a fundação do mundo (Gn 3.21; Ap 13.8);
O substituto de Isaque, pedido de sacrifício no monte Moriá que prefigurou o sacrifício perfeito
no Calvário (Gn 22);
Nosso substituto também, pois morreu por nós, oferecido como propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1 João2.2).
O “Messias prometido a Israel”, que foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades (Is 53.5), a fim de que fôssemos salvos, pois “a salvação vem dos judeus” (João 4.22).
“Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, [tipo da expiação pelo pecado], os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue
de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo. Os Planos de Deus] imaculado a Deus, [expiação verdadeira pelo pecado] purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”
(Hb 9.13,14).
Em Israel repousavam as promessas de Deus feitas a Abraão e à sua posteridade veja (G1 3.16).
Abraão recebeu a chamada, fez um pacto da circuncisão e tornou-se o fiel depositário da revelação divina.
Mas, enquanto os israelitas vivessem entre as outras nações ímpias e idólatras, corriam o risco de perder a verdadeira fé no Deus vivo. Por isso, Jeová os separou dos cananeus e dos amorreus, em cujas terras viviam, antes que a justa medida de sua ira fosse derramada sobre eles, por causa de suas injustiças
e iniquidade.
Assim, Deus permitiu que Israel fosse escravizado e oprimido, a fim de fazê-lo sentir o ardente desejo de libertação. A servidão do povo israelita no Egito, o poder e a misericórdia
de Deus que o livrou do jugo e da aflição são ilustrações permanentes da condição da Igreja e do favor imerecido que Deus lhe dispensa constantemente.
Esse livramento simboliza a redenção do pecador da escravidão de Satanás.
Em Abraão desabrocha a família escolhida, o povo peculiar de Deus, a nação eleita, portadora da mensagem da graça a todas as nações.
Por intermédio de Israel, o Senhor revelou ao mundo o mistério da sua vontade, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que
estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.10; G14.4,5).
Ele constituiu o seu próprio Reino (Apocalipse 11.15) em cumprimento às promessas feitas a Abraão (Gn 12.3; 15.4; G1 3.8,9,16), a Davi (2 Sm 7.11-13,16; SI 2.6-8; 89.35-37; Is 9.7; 11.10; Dn 2.44; 7.14,27; Lc 1.31-33; Ap 5.5; 22.16), a Jacó e a seus filhos (Gn 49.10; Nm
24.17; SI 60.7).
2. Faraó
‘Porque diz a Escritura a Faraó:
Para isto mesmo te levantei, para em ti mostrar o meu poder e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra” (Rm 9.17).
Fonte Comentário Bíblico:
Êxodo Faraó era a designação geral pela qual eram conhecidos os soberanos do Egito, afixo ou não a seu nome individual (fonte) (Dicionário da Bíblia).
fosse título simbolizava um senhor duro, intransigente e mau. Deus preparou até o próprio Faraó Meneptá II,’' o décimo terceiro filho de r’amessés II, para nele realizar tão grande livramento.
A religião predominante no Egito era uma estranha mistura
panteísta. O culto era prestado aos animais, sendo os deuses (ídolos) monstruosas figuras e esculturas animalescas.
Os egípcios adoravam o Nilo e as suas duas nascentes. Cada tribo tinha o seu próprio deus representado por um animal. Os aristocratas
possuíam múltiplas deidades, sendo a principal Ptá (Ápis), considerado o criador e a divindade de Mênfis, também representado por um touro (boi Ápis).
A formação do nome Meneptá, termo muito utilizado pelo faraó do Êxodo, representava a força
organizadora ou formadora das causas fenomenais.
Amon, o padroeiro de Pebas, era representado por um carneiro. Mut, esposa de Amon, era representada por um abutre e Rá, o deus-sol, era simbolizado por um gavião.
As demais tribos tinham como deuses símbolos de uma mística lenda:
Osíris, o deus dos mortos, representado por um bode;
Horus, o deus dos céus, simbolizado por um falcão; e íris, sua esposa, tipificada na figura de uma vaca.
E, acrescente-se ainda Set, o deus da fronteira oriental, representado por um crocodilo; lote , o deus da inteligência, simbolizado por um macaco;
Hequite, uma deusa, simbolizada por uma rã; Nechebt, a deusa do Sul, representada por uma serpente e Bast, uma deusa, tipificada na imagem de um gato. Além desses, havia muitos outros deuses representados por animais.
Os próprios faraós, considerados divindades, eram cultuados pelos próprios egípcios. Para cada um deles havia uma forma especial de adoração. Um verdadeiro absurdo! Os hicsos, como se sabe, governaram o Egito durante três dinastias.
Eles eram chamados reis pastores, por causa de sua linhagem semita, talvez descendentes dos hititas, parentes próximos dos hebreus.
Eles eram conquistadores, provenientes da Ásia.
Ao invadirem o Egito pelo Norte e conquistarem, uniram todo o governo do Egito com a Síria e se tornaram os senhores da terra.
Visando a execução do seu plano, Deus concedeu vitória aos hicsos, os reis pastores estrangeiros, pois se o Egito continuasse a ser governado pelos príncipes egípcios, jamais José e, especialmente, Jacó e seus filhos, seriam recebidos por esses governantes, para continuidade da vida e dos seus planos.
Pior ainda, não teriam sido estabelecidos na fértil terra de Gósen, a melhor de todo o Egito, para ali procriarem maravilhosamente até se tornarem um grande povo e retomarem a Canaã, a terra prometida a Abraão.
Para a recepção de Jacó e seus filhos, Deus preparou a nação Egípcia e terra do rio Nilo, terra de Mizraim, descendente de Cam, símbolo do mundo no seu apogeu e pecado. Nela a semente de Abraão peregrinaria. Foi esse o lugar escolhido por Deus para preparar, provar e convocar Israel (Os 11.1; Mt 2.15).
Deus preparou tudo, e José foi o grande instrumento para cumprir o seu plano. Consideremos o seguinte: para que José fosse para o Egito, algo inusitado iria suceder.
Deus permiti, então, a atitude hostil dos irmãos de José, que o venderam aos ismaelitas, os quais, por sua vez, levaram-no para o Egito, onde o venderam como escravo. Além disso, deu a Faraó um sonho que deixou ele muito perturbado e desejoso de conhecer o seu significado.
José foi, então, levado à presença do faraó para interpretar o sonho. Satisfeito, Faraó o nomeou José como primeiro-ministro, uma espécie de governador do Egito. Desse modo, José deixou de ser prisioneiro e escravo para ser o governador de todo o Egito, sendo subordinado apenas a Faraó.
Conforme revelara o Senhor, o sonho de Faraó se cumpriu.
Sete anos de fartura se passaram e sete anos de fome agravavam a situação sobremodo em todo o mundo, atingindo, inclusive, a terra onde habitavam os irmãos de José.
Antes da grande fome, Jacó certamente vivia muito bem, possuindo muitas riquezas. Porém, naqueles dias, a pobreza afligia a todos. O plano de Deus estava sendo realizado. A respeito dessa calamidade, extraímos do Dicionário da Bíblia o seguinte comentário:
Grande e tremenda fome assolou o mundo todo. conhecido naquele tempo, ou pelo menos a maior parte da região situada ao oriente e sudeste do Mediterrâneo, ocupada por uma complexidade de povos socialmente separados, que tiravam os recursos de sua subsistência com muita economia, das montanhas da Ásia Menor e dos ricos vales do Eufrates e do Tigre". Leiamos Gênesis 41.54 e
47.13.
Vejamos os eventos sucedidos para o livramento
O nascimento de Moisés1 (Ex 2.1-4).
Sob o governo de Amósis I, que expulsou os hicsos da região, os hebreus perderam as regalias desfrutadas durante o domínio dos reis pastores.
Nessa época, não trabalhavam mais com a plena liberdade de antes, pelo contrário, eram obrigados a executar os serviços mais pesados como os demais estrangeiros por serem semitas e vistos como inimigos.
Não é possível asseverar precisamente quando começou a escravidão cerrada, mas acredita-se que a situação do povo hebreu se agravou à medida em que ocorriam as sucessões dos faraós. Tudo indica que Ramessés II foi o mais cruel deles.
Ele percebeu que a procriação do povo israelita aumentava assustadoramente e, temendo uma aliança entre os filhos de Israel e os demais escravos, bem como a possibilidade de insurgirem-se contra o trono,
lançou mão de algumas medidas, visando deter o crescimento.
Vejamos algumas delas:•
Submeteu o povo a pesados trabalhos sob a supervisão de feitores cruéis;
Tentou impedir o crescimento da natalidade, ordenando a morte de todos os bebês do sexo masculino;
Decretou a escravidão plena, obrigando os israelitas a cultivar o campo e a trabalhar na fabricação de tijolos e nas construções, além, é claro, de cuidar da própria manutenção (Êxodo 1.11-14; 9.4,6; 10.9,24).
A adoção de Moisés (Êxodo 2.5-10).
Moisés nasceu em cerca de 1292 a.C., no décimo ano do reinado de Ramessés II, em uma
época muito difícil e em circunstâncias por demais adversas. Como qualquer menino hebreu, ao nascer, ele teria sido morto pelas parteiras, se Deus não o tivesse guardado (Êxodo 1.15-22).
Os pais de Moisés, Anrão e Joquebede esconderam-no por três meses. Porém, como o risco que corriam por desobedecer ao decreto de Faraó era muito grande, sua mãe preparou uma arca de junco e a betumou bem para que não entrasse água, forrou-a caprichosamente, como um berço, e deitou o menino dentro dela o menino.
Segue a duração do reinado e os nomes dos faraós da XVIII dinastia, e outros mais,
Em seguida, colocou-o sobre as águas, entre as canas de junco e deixou-o flutuar, impulsionada pelas
ondas do caudaloso rio. De longe, escondida entre os arbustos, Miriã, uma menina de sete anos de idade, acompanhava tudo, e conforme ordenara sua mãe.
Flutuando lentamente por providência divina, a arca foi levada pela correnteza até o local exato onde
a filha de Faraó acostumava se banhar (Êxodo 2.1-4).
Existem muitas controvérsias acerca da princesa que salvou o pequeno Moisés das águas do Nilo e o adotou como filho. A Bíblia não menciona o seu nome. Mas o historiador Hebreu Flávio
Josefo informa ter sido a princesa Termuthis ou Hatchepsute, filha de Totmés I, que mais tarde tornou-se rainha e governou o Egito cerca de 35 cinco anos, de 1515 a 1480 a.C.
Por sua vez, Eusébio, historiador cristão, afirma que o nome dela era Merrys, filha mais nova de Ramessés II.
Ao que parece, de acordo com 1 Crônicas 4.17,18, os rabinos a identificavam como Bitia, filha de
Faraó, mas não deixa claro qual deles.
Tudo é muito obscuro, fato que nos impede de ser categórico quanto a identidade dessa princesa.
Seja como for, a pequena arca, ao ser vista pela princesa, atraiu-Ilhe a atenção e despertou-lhe a curiosidade.
Ela ordenou que suas donzelas apanhassem a estranha embarcação e, abrindo-a, viu um
pequeno e robusto menino que chorava.
Naquele instante, a princesa viu aproximar-se dela uma menina hebréia que era Miriã, irmá de Moisés que se ofereceu para indicar uma criada das filhas dos hebreus qu estivesse dando leite, que iria cuidar do menino e amamentá-lo.
A princesa, radiante, aceitou a proposta e ordenou à menina que fosse buscar a tal mulher capaz de ser
a ama-de-leite do bebê.
Miriã, logicamente, que indicou sua mãe, Joquebede. Esta. muito alegre, porque Deus providenciara o salvamento de seu filho, aceitou o encargo. Então Moisés foi criado por sua própria mãe como príncipe em seu lar e às expensas do tesouro de Faraó.
Ao ser desmamado, de sua mãe ela o entregou à princesa, a qual o adotou como filho e o chamou seu nome Moisés, que significa "salvo das águas" (Êxodo 2.10).
Adotado pela princesa, Moisés foi chamado de "filho da filha de Faraó'" (Hebreus 11.24-26).
Ele recebeu uma educação muito avançada, como os demais príncipes, sendo instruído em toda ciência e, arte egípcias.
Visto que possuía grandes dotes naturais, foi aperfeiçoado por uma cultura toda especial e familiarizou-se com a vida luxuosa da corte, desfrutava de alto conceito e estima dos demais príncipes, contemplou a grandeza, as pompas e todos os rituais dos cultos pagãos realizados no Egito.
Além disso, adquiriu conhecimento do simbolismo convencional, tanto quanto permitiam as ideias de seu tempo, e presidiu a administração da justiça, familiarizando-se com as artes das nações civilizadas.
Tornou-se, enfim, um grande sábio e estadista, profundo conhecedor das origens dos egípcios e demais povos de sua época.
Todavia a riqueza e o luxo do Egito pagão jamais apagaram aquelas primeiras impressões deixadas pelas palavras de sua mãe. Essa serva de Deus aproveitou todas as oportunidades para incutir em seu filho o temor do Senhor e as tradições do povo hebreu, deixando gravadas no coração dele as marcas indeléveis do profundo amor pelas suas origens e por Jeová.
Como herdeiro de Faraó, Moisés desfrutava de todas as regalias, mas isso era insuficiente para destruir a fé genuína recebida na infância. Nada conseguiu mudar-lhe o pensamento ou dominar-lhe a mente. Certamente ele possuía a consciência da grande missão que já estava em curso dada por Deus o estava preparando.
A renúncia de Moisés (Êxodo 2.11-14).
“Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores. riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito;
porque tinha em vista a recompensa” (Hebreus 11.24-26).
Moisés estava farto daquela vida de pecado em que viviam os egípcios, por isso procurava distanciar-se cada vez mais das reuniões pomposas da corte. Ele já não suportava as luxúrias e os rituais daquele complexo simbolismo dos cultos aos animais e às divindades que não passavam de monstruosos ídolos. Ele cria profundamente no Deus de seus pais, de Abraão, Isaque e Jacó, bem como confiava nas promessas sublimes de Jeová, as quais sua mãe Joquebede lhe transmitira.
Moisés amava o povo hebreu e sabia que o Senhor o havia destinado para libertá-los daquele maldito cativeiro de Faraó.
Ele sentia que, se por acaso seguisse as instruções e deveres de príncipe herdeiro, estaria completamente afastado do veredeiro alvo a ser alcançada. Assim, por um ato de fé, preferiu renunciar a todos os privilégios e riquezas, até mesmo o acesso que tinha ao trono de Faraó, em troca do sofrimento junto aos hebreus, pois percebia a grande responsabilidade que Deus lhe confiara: a de ser o libertador do seu povo e preparador do caminho para a vinda de Jesus Cristo, o Messias prometido (Dt 18.15,18,19).
3.4 A fuga de Moisés (Êx 2.15-20).
“E aconteceu naqueles dias que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas suas cargas; e viu que um varão egípcio feria um varão hebreu, de seus irmãos. E olhou a uma e outra banda, e, vendo que ninguém ali havia, feriu ao egípcio, e escondeu-o na areia. E tornou a sair no dia seguinte, e eis que dois varões hebreus contendiam; e disse ao injusto.
Por que feres o teu próximo? O qual disse: Quem te tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio? Então, temeu Moisés e disse: Certamente este negócio foi descoberto’ (vv. 11-15).
Quando completou quarenta anos, Moisés, ainda jovem, sentiu arder em seu coração chamada de Deus para ser o juiz e libertador de seus irmãos hebreus (At 7.23).
Achou-se capacitado para enfrentar qualquer desafio ou luta, usando suas próprias forças e inteligência.
O que fizera ao egípcio serviu-lhe de cruel censura e reprovação por parte de seus irmãos. Com isso, parecia ter selado sua sorte, sentiu-se arrasado, triste e temeroso.
Apesar de possuir muito prestígio na corte, pois era acatado como um príncipe herdeiro, filho da filha de Faraó, ele temeu o castigo do soberano.
Moisés conhecendo muito bem sabia que faraó era um homem duro, intransigente e de caráter vingativo, que não o perdoaria por ter matado um cidadão egípcio em defesa de um mísero escravo hebreu.
Certamente seria considerado um traidor. Moisés raciocinara corretamente:
Faraó, sabendo que um súdito egípcio fora morto por ele, intentou matá-lo.
Então, não houve escolha.
Moisés resolveu fugir do Egito e habitar na terra de Midiã (v. 15).3.5
O casamento de Moisés (Êxodo2.21,22).
“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos ' (Zc 4.6). Moisés fora bem instruído na escola dos homens, onde viveu seus primeiros quarenta anos; porém, precisava ingressar na “escola de Deus”, a fim de aprender a fazer a vontade do
Senhor.
Sua capacidade intelectual e seus conhecimentos estratégicos de príncipe e general dos exércitos de Faraó não lhe conferiam aptidão para ser um líder espiritual ou mesmo um libertador capaz de guiar um povo tão numeroso e carente como o de Israel, escravizado já por longos anos, calejado com os sofrimentos e acostumado à dura servidão.
Israel era um povo sofredor e amargurado, completamente descrente dos homens e de suas promessas. Sentia-se esquecido por Deus e, por isso, apostatara da fé, voltara-se para os deuses pagãos do Egito, persistindo na prática dos cultos idolátricos das crenças egípcias. Moisés necessitava, portanto, de argumentos poderosos, algo muito convincente para apresentar-se como libertador do povo israelita. Somente Deus poderia capacitá-lo para essa sublime missão. Moisés resolveu, então, abandonar tudo e fugir para bem longe, não tanto por temer enfrentar a fúria de Faraó.
Ele não era covarde, mas estava decepcionado e grandemente amargurado por ter sido rejeitado e censurado pelos próprios irmãos. Contudo, ao dirigir-se para a região de Midiã, Deus lhe abriu as portas da "escola da humildade”, a fim de prepará-lo. Jeová não permitiu que ele vagasse errante como peregrino no deserto, mas o conduziu ao lugar certo, à propriedade de Jetro, sacerdote de Midiã.
Ao chegar ali, Moisés assentou-se junto a um poço; e, vindo as filhas do sacerdote para dar de beber ao rebanho, ele as ajudou polidamente as moças.
As moças contaram o ocorrido ao pai, que mandou buscar Moisés e o recebeu carinhosamente em sua casa. Em Êxodo 2.18, Jetro é chamado de Reuel, que significa “amigo de Deus”.
Este parece ser o seu verdadeiro nome.
Jetro, na verdade, é um título honorário que correspondia à função de sumo
sacerdote ou governador de Midiã.
Reuel agradou-se de Moisés e deu-lhe o emprego de pastor dos seus rebanhos e, mais tarde, deu-lhe também sua filha mais velha, Zípora, como esposa (vv. 16-22). Desse modo, vemos nitidamente a concretização do plano de Deus de preparar o valente e afoito Moisés na escola da mansidão e da humildade para o resgate dos hebreus cativos.
Da condição de príncipe herdeiro do trono egípcio, ele passou a simples pastor de ovelhas de seu sogro Jetro.
O Dicionário da Bíblia registra: [Moisés] demorou-se em Midiã cerca de quarenta anos (At 7.30), associado intimamente com o povo que era descendente de Abraão e que talvez adorasse o Deus de
Abraão (Êx 18.10-12).
Este lapso de tempo serviu-lhe de escola preparatória, convivendo com o homem que exercia funções elevadas entre os midianitas, homem de bom senso e sacerdote (Êx 18).
Neste meio, Moisés alargou seus conhecimentos religiosos e familiarizou-se com as formas de culto; ficou conhecendo os caminhos do deserto, os recursos que ali havia, estudou o clima e os costumes do povo.
No meio da grandeza solene do deserto e de sua profunda solidão, teve tempo para meditar e refletir.
Midiã era o nome de um dos filhos de Abraão com sua segunda esposa, Quetura (Gn 25.2).
Portanto, parente bem próxmo de Moisés.
Como nação, os midianitas habitavam no centro da costa oriental do golfo de Ácaba. embora fossem também nômades, por perambularem ao norte e oeste, e por toda a península do Sinai.
Apesar de eles se misturarem mais tarde a outros povos co-irmãos e tornarem-se idólatras e inimigos de Israel, o patriarca Abraão não deixou de instruir e ensinar aos seus novos filhos a sua fé em Deus, tal como fizera com Isaque e Jacó. Compreendemos que eles criam no mesmo Deus de Abraão e praticavam o mesmo ritual de cultos, com ofertas e holocaustos em altares apropriados, e também tinham o mesmo regime patriarcal, como bem demonstra o título “Jetro”, o sacerdote.
Do casamento de Moisés com Zípora, nasceram-lhes dois filhos:
Gérson, o primogênito, porque dizia: “Peregrino fui em terra estranha” (Êx 2.22), e Eliezer, o segundo, cujo nome significa: “Deus é auxílio”. Gérson foi circuncidado conforme o pacto de Deus com Abraão.
Zípora, sua esposa, achou esse ato muito bárbaro, pois certamente não era praticado entre os midianitas. Parece que Moisés lhe explicara o significado desse pacto, porém ela não consentiu que o segundo filho fosse circuncidado.
Desse modo, ele cedeu aos argumentos de Zípora e não circuncidou Eliezer. Os anos de peregrinação transformaram o caráter de Moisés: de homem violento e pronto para lutar tornou-se “o varão mais
manso da terra” (Nm 12.3).
Ele viveu uma vida de oração, e Deus lhe revelou sua vontade pelo Espírito Santo.
Além de seus profundos conhecimentos, ele se destacara por haver escrito o livro de Gênesis, o primeiro do Pentateuco, e também o de Jó, segundo alguns historiadores. 1 Ramessés (em egípcio, Ra-mesu) significa “filho do sol”.
Era também o nome de uma cidade situada na melhor parte do Egito, na fértil terra de Gósen (Gn 47.6,11), onde José estabeleceu seu pai Jacó e seus irmãos com suas famílias, que vieram de Canaã. A cidade de Ramessés que os israelitas construíram para Faraó (Ex 1.11, talvez o Ramessés II), parece ser a mesma onde
se estabeleceram quando chegaram ao Egito. A cidade, então, não tinha esse nome, o que só veio
ocorrer no tempo da opressão.
É bom lembrar que o Pentateuco foi escrito por Moisés, somente muitos anos depois da saída do Egito. Por essa razão, ele se referiu ao local onde foram estabelecidos os hebreus no tempo de José, utilizando o nome pelo qual era conhecida a cidade na ocasião em que estava escrevendo.
Outros, no entanto, acreditam que Ramessés era um nome nacional, que foi dado a um menino, o qual, mais tarde. veio a tornar-se um faraó.
Desse modo. a cidade construída pelos israelitas nada tem a ver com os faraós desse nome.
Foi da cidade de Ramessés que os israelitas partiram para Sucote durante o Êxodo (Ex 12.37; Nm 33.3).
Seguindo alguns historiadores, Moisés nasceu no décimo ano do reinado de Ramessés II (1292 mais ou menos, a.C). Ele foi lançado nas águas do Nilo por ordem de Faraó e salvo pela
princesa, cujo nome seria Merrys, e parece tratar-se da mesma pessoa a quem os rabinos
chamaram de Bitia (veja 1 Cr 4.17.18).
Ela era uma das filhas mais novas de Ramessés II, e adotou como filho e criou-o no palácio real, preparando-o para ser o futuro Faraó, aquele que seria o libertador do povo hebreu. Moisés.
Conforme a narrativa bíblica, teria quarenta anos de idade (por cerca de 1252 a.C.)
quando matou o egípcio e teve de fugir para Midiã. Apesar de constar todo o período do reinado de Meneptá II, o Faraó do Êxodo, não se pode afirmar que ele tenha morrido junto com o seu exército no mar Vermelho, porque a sua múmia foi encontrada pelos arqueólogos e encontra-se no Museu do Cairo.
Contudo, isso não invalida a hipótese de ter sido ele mesmo o referido Faraó.
Estudiosos da História e das Escrituras entendem que seja pouco provável que o Faraó tenha perseguido, com o seu exército, o povo de Israel, até há pouco escravo.
0 normal, seria o soberano enviar um dos seus generais comandando as tropas para dominar a situação.
Se aconteceu assim, não temos por que duvidar que Meneptá II fosse, de fato, o Faraó do Êxodo