( Atos 1.1 Jesus Sobe aos Céus ( Atos 1.1 -11)11) .
Atos e o terceiro evangelho certamente nasceram da mesma mão.
A dedicatória comum, e também os interesses comuns e a unidade de linguagem e estilo eliminam toda dúvida.
Além do mais, a maneira como ambos os livros são apresentados.
— O evangelho com seu prefácio relativamente minucioso, e Atos com sua introdução mais breve, mas fazendo eco da linguagem do primeiro livro
— Salienta o fato de que não se trata apenas de dois livros escritos pelo mesmo autor, mas dois volumes de um único livro.
Essa disposição de uma obra em certo número de "volumes" com o mesmo prefácio, e outros livros sendo publicados mais tarde com suas próprias introduções breves, não eram novidade na editoração antiga (cp. p.e., Josefo [Contra Apião], 2.1-7; veja BC, vol. 2, p. 491).
Diferentemente do evangelho, em Atos não há uma linha demarcadora que separe a introdução da narrativa.
O que se inicia em Atos como referência ao prefácio do outro livro torna-se resumo breve do conteúdo total do evangelho
— Uma narrativa conducente ao novo material da seção seguinte.
O famoso satírico grego Luciano (nascido cerca de 120 d.C.) diz-nos sob forma de máxima que a transição entre o prefácio de um livro e a narrativa propriamente dita deve ser gradual e suave "segundo o autor"(On Writing History 55 [Escrevendo a História]).
Lucas atende aos preceitos de Luciano. 1:1 .
O livro é dedicado a Teófilo, um homem de certa posição, segundo o cumprimento no evangelho, "Sua Excelência que o chama" (Lucas 1:3, GNB; ECA: "ó excelente Teófilo").
Explica Lucas que no primeiro tratado
__ É evidente que se refere ao evangelho
— Lucas se propusera fornecer "uma narração dos fatos que entre nós se cumpriram... desde o princípio..." (Lucas 1:2-3), "tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas também a ensinar, até o dia em que foi recebido em cima no céu..." (Atos 1:1-2). Estas palavras revelam como é que Lucas entendia o escopo de seu primeiro volume.
Esse primeiro livro interessava-se apenas pelo começo do trabalho de Jesus, ficando a implicação de que tal obra prosseguiu "até o dia em que [Jesus] foi recebido em cima".
A tese de Lucas é a seguinte:
Jesus continua ativo.
O que mudou foi seu método de trabalho.
Agora ele não está mais na carne; ele prossegue "a fazer, mas também a ensinar" mediante seu "corpo",a igreja (veja disc. acerca de 9:5).
Essa é a história de Atos. 1:2 .
Antes de encetar a narração de sua história, Lucas recorda brevemente os eventos que encerraram o primeiro livro(o seu Evangelho).
Antes da ascensão, Jesus havia dado mandamentos... aos apóstolos que escolhera.
No evangelho, o título "apóstolos" limita-se aos Doze (Lucas 9:10; 17:5; 22:14; 24:10; cp. Mateus 10:2ss; Marcos 6:30), e segundo o próprio Lucas, foi Jesus quem o concedeu pessoalmente aos Doze (Lucas 6:13).
Em Atos também a referência primordial desse título cabe aos Doze, embora os versículos 21 e 22 sugiram que outros discípulos poderiam ter sido incluídos e que, com toda certeza,apesar de muitos hoje ostentar este titulo,e na época, outras pessoas partilharam as experiências dos apóstolos (veja ainda as notas sobre o v. 26).
Como vemos do v. 5, as instruções de Jesus relacionavam-se em parte ao dom do Espírito Santo. Todavia, o Espírito já se envolvera na obra que o Senhor realizava.
É que Jesus os ensinava agora pelo Espírito Santo.
Alguns comentaristas preferem aplicar essa expressão à escolha que Jesus fizera dos Doze; todavia, a leitura mais natural do texto grego leva-nos a aplicá-la à declaração de que o Senhor havia "dado mandamentos" e a entendê-la com o sentido de que Jesus, em seu magistério, estivera investido de poder e autoridade divinos.
Seja como for, somos informados aqui de que na história prestes a ser narrada, o Espírito Santo desempenha papel de suma importância.
O Espírito é mencionado quatro vezes só neste capítulo (vv. 2, 5, 8 e 16). 1:3 .
Durante quarenta dias após sua morte, Jesus apareceu a seus discípulos.
O grego diz literalmente:
"por espaço de quarenta dias", o que parece não significar que o Senhor estivera com eles continuamente, mas que aparecia de tempos em tempos durante esse período de tempo.
Quarenta era usado com freqüência como número arredondado, mas neste caso específico parece referir-se ao número exato de dias, constituindo um período menor do que os cinqüenta dias entre a Páscoa e o Pentecoste (veja disc. sobre 2:1).
A mais extensa relação de que dispomos das aparições de Jesus inicia-se em 1 Coríntios 15:5, embora até mesmo esta lista, como o demonstram os evangelhos, está longe de ser completa.
A expressão "muitas vezes" usada por (não existe correspondente no grego) pode ser hipótese aceitável.
É evidente que quanto mais vezes os discípulos vissem a Jesus, menores seriam as probabilidades de que estivessem enganados.
Observe como Lucas sublinha a realidade da experiência mediante repetições: "aos quais... se apresentou vivo;" "sendo visto por eles".
Estas expressões não dizem tudo, porque o Senhor também falou aeles, e como ficamos sabendo mediante outra passagem, comeu e bebeu com eles, da maneira como o fizera nos primeiros dias (veja 10:41; Lucas 24:30, 42s; cp. Lucas 22:17-20).
O resultado final disso tudo foi que os discípulos ficaram com uma convicção irredutível de que Jesus estava vivo, e havia estado com eles.
Lucas emprega expressões fortes, e poderia ter dito: "ficou comprovado sem sombra de dúvidas". Não tivessem eles estas muitas e infalíveis provas os eventos descritos neste livro jamais teriam ocorrido.
O Senhor lhes falara a respeito do reino de Deus.
Desde o começo esse havia sido o assunto de Jesus, e passaria a ser o assunto de seus discípulos também (veja 8:12; 14:22; 19:8; 20:25; 28:23, 31), conquanto o pregassem de uma perspectiva diferente.
É que o reino havia "chegado com poder" através da salvação pela morte de Jesus, e na seqüência de eventos (Marcos 9:1).
Ainda assim, o que eles pregavam não era o ensino deles mesmos acerca destes acontecimentos, ou uma doutrina que eles próprios haviam criado, mas o que lhes fora ensinado pelo próprio Jesus a respeito de sua morte (veja Lucas 24:25s., 45ss.) e, nos anos vindouros, pelo ministério do Espírito de Jesus (veja, p.e., 1 Coríntios 2:10).
Na frase depois de ter padecido, Lucas emprega uma palavra que, mais do que a maioria, traz-nos à lembrança o custo mediante o qual nossa salvação foi alcançada (cp. 17:3; 26:23). 1:4 .
Além deste tema, outro assunto em particular encontrou lugar de destaque nas instruções de Jesus: os apóstolos não deveriam sair de Jerusalém, mas aguardar o dom do Espírito Santo, a promessa que o Senhor lhes fizera, a saber, a dádiva que viria do Pai (cp. Isaías 32:15; Joel 2:28-32; Atos 2:33, 39; Gálatas 3:14; Efésios 1:13, e quanto ao ensino de Jesus, Mateus 10:20; João 14:16s., 25; 15:26; 16:7s., 13-15).
Os versículos 4 e 5 parecem referir-se a algo que Jesus havia dito numa ocasião específica, o que pode ser real.
É possível que tenhamos nesses versículos um lembrete do último encontro que tiveram com o Senhor (cp. vv. 6-8; Lucas 24:48s.).
Contudo, o uso do vocábulo (particípio presente) sugere, em vez disso, que a referência se aplica a várias ocasiões em que estiveram reunidos, nas quais essas instruções foram dadas (cp. João 20:22). Fica bem claro que para Jesus era questão de suma importância que os discípulos estivessem prontos para receber o dom que o Pai lhes havia prometido.
O fato de os discípulos estarem prontos, e haverem expressado essa prontidão pela oração cheia de expectativa, pode ter sido a condição que lhes possibilitou receber o dom do Espírito.
Parece que o local também tinha grande importância.
A tendência dos discípulos teria sido voltar à Galiléia (veja João 21), mas Jesus enfatizou que deveriam permanecer em Jerusalém .
— Depois de ter dado mandamentos... ordenou-lhes (vv. 2, 4); este verbo que Lucas emprega com freqüência quando quer dar ênfase especial.
No entanto, não sabemos por que Jerusalém;
Sabemos, porém, que Isaías havia falado de um novo ensino que procederia dessa cidade, e de uma nova obediência que se seguiria (Isaías 2:3), e tudo quanto se profetizou veio a cumprir-se.
Seja como for, havia algo bem apropriado em o dom do Pai ser concedido naquele mesmo lugar onde, bem pouco tempo atrás, um povo rebelde e desobediente havia sentenciado Jesus à pena de morte (cp. 7:51; Neemias 9:26).
E aqui, evidentemente, um maior número de pessoas haveria de receber o testemunho inicial dos apóstolos a respeito de Cristo. 1:5 .
Jesus lhes havia prometido o poder para testemunhar tão logo fossem batizados com o Espírito Santo (cp. v. 8).
Esta expressão também havia sido usada por João Batista (veja Mateus 3:11, etc), e deriva do batismo com água.
Sendo metáfora do dom do Espírito, essa expressão não comunica tudo que o dom representa e contém, mas infunde a consciência exigida para uma experiência arrebatadora.
A promessa haveria de ser cumprida não muito depois destes dias (veja disc. sobre 2:4; cp. 2:17; 11:15). 1:6 .
Lucas considerou tão importante o ensino desses poucos dias anteriores à ascensão, que nos deixou três relatos diferentes a seu respeito: um no evangelho (Lucas 24:44-49), outro no prefácio de Atos, e um terceiro nos versículos 6 a 8 desta seção.
Embora o texto possa basear-se na memória de uma ocasião particular, talvez o último encontro de Jesus com seus discípulos seja considerado típico das instruções que o Senhor lhes deu durante todo o período pós-ressurreição.
Os demais versículos desta seção (9-11) relatam o acontecimento que encerrou esse período. Constituem o relato mais completo, talvez o único em todo o Novo Testamento, sobre a ascensão, visto que os textos de Marcos 16:19 e Lucas 24:51 talvez não sejam originais.
Dada a singularidade dessa passagem, seu valor histórico tem sido questionado, e Lucas acusado de trasladar um evento puramente espiritual para o mundo material.
Todavia, ainda que tal acontecimento não seja descrito noutras passagens, certamente a ascensão fica subentendida nas freqüentes referências a Cristo à mão direita de Deus (p.e., 2:33s.; 3:21; João 6:62; Efésios 4:8-10; 1 Tessalonicenses 1:10; Hebreus 4:14; 9:24; Apocalipse 5:6) sendo claramente afirmada duas vezes, uma vez por Pedro (1 Pedro 3:21s.), e outra por Paulo (1 Timóteo 3:16), que talvez estivesse citando um hino cristão primitivo.
É bem difícil imaginar que Lucas escreveria uma história fictícia desse teor, e ainda assim ficasse impune, estando vivos os apóstolos (mencionados como testemunhas oculares dos fatos) e seus sucessores.
É certo que o Novo Testamento não oferece nenhuma explicação para o súbito fim nas aparições pós-ressurreição de Cristo. No entanto, visto que Lucas está descrevendo um evento que transcende este mundo, tendo que usar termos deste mundo, não se pode dar-lhe uma interpretação literal.
Não devemos, todavia, perder de vista o fato de que algo sobrenatural aconteceu .
— Um fato que convenceu os apóstolos de que Jesus havia sido "recebido em cima no céu"; teria sido um evento inefável (podemos supor) cuja melhor descrição humana seria vazada nesses termos.
A pergunta feita neste versículo pelos apóstolos poderia ter sido formulada em qualquer época, durante aqueles quarenta dias em que Jesus esteve com eles, visto ter-lhes o Senhor falado várias vezes a respeito do reino de Deus (cp. v. 3).
De fato, o verbo no tempo imperfeito sugere que a pergunta fora formulada mais de uma vez. Contudo, se tal pergunta foi levantada na última reunião com Jesus, prevalece a mágoa dolorosa da incapacidade de os discípulos (até o fim) entenderem que seu reino não é deste mundo (cp. João 18:36) mas do âmbito do Espírito, um reino em que se entra mediante o arrependimento e a fé. Seria injusto afirmar que os discípulos nada aprenderam com Jesus.
Em alguns aspectos, haviam caminhado uma longa jornada (veja a disc. sobre o v. 2; cp. Lucas 24:45).
Mas fica bem claro que esses apóstolos ainda estavam acorrentados à noção popular de um reino de Deus eminentemente político, que sua vinda traria a reunião de todas as tribos (veja a disc. sobre 3:21 e as notas sobre a disc. de 26:7), a restauração da independência de Israel e o seu triunfo sobre todos os inimigos.
Neste campo eles não haviam feito muito progresso, e ainda se prendiam à esperança primitiva de vir a ocupar lugares de proeminência num reino material (Marcos 10:35ss.; Lucas 22:24ss.).
Todavia, em vista de suas esperanças, e considerando o contexto geral da ressurreição de Jesus e as declarações dele concernentes ao Espírito, a pergunta dos apóstolos, conquanto errada, era bastante natural.
No pensamento judaico, a ressurreição e a vinda do Espírito pertenciam ao novo reino. Na verdade, a profecia de Joel, que Jesus com toda probabilidade os fez lembrar, poderia ter sido a causa da pergunta que agora os apóstolos apresentam a Jesus, visto que o profeta falara do derramamento do Espírito de Deus (Joel 2:28ss.), e de Deus restaurando o reino de Israel (Joel 2:18ss.;3: lss.).
A tensão da expectativa expressa-se no tempo presente do verbo grego. Não temos ali "restaurares tu neste tempo", mas "Senhor, neste tempo tu restauras o reino de Israel?
(1:7-8 )
Não foi esta a primeira vez que os discípulos perguntaram a Jesus o que estava por vir e, como das outras vezes, o Senhor não lhes deu resposta.
Em vez disso, Jesus lhes focalizou a atenção nas obrigações atuais (cp. João 21:21s.).
O futuro está nas mãos de Deus, e não lhes competia saber o que o futuro lhes traria, pelo menos não em minúcias (cp. Marcos 13:32).
A obrigação dos discípulos era a de serem testemunhas (v. 8).
Tal comissão obviamente representou uma referência especial aos apóstolos que autenticariam de modo singular os fatos principais do evangelho
___
A vida, a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus.
Neste sentido eles eram os alicerces e pilares da igreja (cp. Mateus 16:18; Gálatas 2:9).
Mas a igreja edificada sobre tais alicerces se tornaria em si mesma "a coluna e esteio da verdade" (1 Timóteo 3:15).
É aqui que se aplica a referência secundária das palavras de Jesus.
Nem todos são apóstolos, mas todos estão comissionados para testemunhar a verdade que estabeleceram.
A todos, pois, é feita a promessa: recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo (v. 8).
As declarações deste versículo devem ser entendidas como causa e efeito.
Só pode haver testemunho eficaz onde estiver o Espírito e, onde estiver o Espírito, seguir-se-á testemunho eficaz em palavras, em obras (milagres), e na qualidade de vida daqueles que o receberam (veja a disc. acerca de 2:4).
A ordem do Senhor tem um escopo universal. Partindo de Jerusalém, os discípulos deveriam sair até os confins da terra (v. 8).
Estas palavras contêm o corretivo para a pergunta individualista dos apóstolos no v. 6, embora se possa duvidar que eles tenham entendido dessa maneira na época.
No máximo talvez entendessem que Jesus lhes estaria ordenando que testemunhassem aos judeus da diáspora (veja as notas sobre 2:9ss.) e apenas nesse sentido é que pregariam "o arrependimento e a remissão de pecados, a todas as nações" (Lucas 24:47; veja a disc. acerca de Atos 10:10ss.).
A idéia de incluir os gentios jamais lhes passaria pela cabeça, e só foi aceita mais tarde com grande dificuldade.
O nacionalismo judaico da igreja primitiva demorou muito a morrer.
Todavia, à época em que Lucas estava escrevendo, esse nacionalismo extremado em grande parte já era coisa do passado, e a frase "até os confins da terra" havia assumido sentido mais amplo.
Abrangia agora o império romano, representado pela própria Roma e, nessa base, Lucas adotou o programa resumido nesse versículo como estrutura de sua narrativa.1:9 .
Terminados os quarenta dias de instrução, Jesus foi recebido em cima no céu.
O grupo havia tomado o caminho familiar através do ribeiro do Cedrom, indo ao monte das Oliveiras (cp. v. 12), e em algum ponto nessa área a vida terrena de Jesus chegou ao fim.
Visto que os judeus pensavam no céu como estando "lá em cima" e a terra como sendo "aqui em baixo", o desaparecimento de Jesus a caminho do céu, partindo do mundo visível para o invisível, expressa-se num "subir".
É linguagem que pode não parecer muito apropriada para nós, mas era bastante coerente para os judeus, e encontra-se noutras passagens do Novo Testamento, em conexão com a exaltação de Jesus (cp., p.e., Efésios 1:20; Filipenses 2:9; Hebreus 1:3; 2:9).
Esse pensamento exprime-se nas palavras: uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos, visto que na linguagem bíblica a nuvem com freqüência é símbolo de glória divina (cp. p.e., Êxodo 16:10; Salmo 104:3).
Trata-se de linguagem pitoresca, o evento deve ser retratado mediante imagens; no entanto, Lucas tem certeza de que ocorreu um fato objetivo.
Observe a ênfase do autor na visão:
Jesus foi tomado de diante dos olhos dos apóstolos: vendo-o eles... ocultando-o a seus olhos; "e estando eles com os olhos fitos no céu enquanto ele subia" (v. 10).
Aqui estava um fato importante, porque aqueles homens deveriam testemunhar a ascensão de Cristo, bem como sua vida, morte e ressurreição. 1:10-11 .
A longo prazo a apreciação dos apóstolos acerca da ascensão de Jesus deve ter vindo de uma combinação de visão natural e visão sobrenatural (inspirada), esta última decorrente do ensino primitivo de Jesus.
Todavia, deve ter havido concessão suficiente a seus sentidos físicos, de modo que ficassem convencidos de que aquela despedida de Jesus fora final
— Do Jesus que haviam conhecido corporalmente.
Lucas expressa a experiência dos apóstolos em termos dramáticos.
Ele se refere a dois homens vestidos de branco que de repente junto deles apareceram (v. 10; cp. 10:30; 12:7; Lucas 2:9; 24:4).
Eles são apresentados com uma exclamação: "olhai" (que não aparece em ECA, mas tem a intenção de transmitir uma ideia de surpresa diante de um fato providencial (cp. esp. 7:56; 8:27, 36; 10:30; 16:1), visto que Lucas deseja que entendamos que os "dois homens" eram anjos (cp. Mateus 28:2s; João 20:12).
Não ficou claro o que Lucas entende por "anjos".
É possível que tudo que ele queria transmitir fosse um estarrecedor senso da presença de Deus em tudo que estava acontecendo (veja disc. acerca de 5:19s.; 12:6ss.; cp. 7:30; 8:26; 10:3; 12:23; 27:23, de tal modo que os apóstolos se convenceram de que Jesus haveria de voltar da mesma forma como havia partido
— Visivelmente.
— E manifestando.
Glória de Deus (tudo isso, é evidente, havia sido objeto do ensino de Jesus, cp., p.e., Marcos 13:26; 14:62).
Entretanto, algum tempo haveria de decorrer antes de seu retorno. Daí a pergunta: por que estais olhando para o céu (v. 11)?
Que acatassem as instruções recebidas.
No presente, deveriam permanecer em Jerusalém (v. 4), a seguir deveriam sair como testemunhas (v. 8).
A ênfase aqui, como em geral por todo o Novo Testamento, está nos deveres atuais dos crentes em vez de nas especulações a respeito da volta de Cristo.
Todavia, sabendo que ele haveria de voltar, os apóstolos se empenharam em sua tarefa do momento "com grande júbilo" (Lucas 24:52s.).
Esta passagem é uma das poucas referências em Atos à Parousia (cp. 3:20s.; 10:42; 17:31; 23:6; 24:25.Colaboração Pr David J. Williams.