Praticamente todos os estudiosos do Novo Testamento aceitam a autoria paulina de 1 Coríntios, isto é, autoria de Paulo apóstolo.
A atribuição quase que unânime a Paulo é expressa por Robertson e Plummer da seguinte forma:
“Tanto a evidência externa como a interna para a autoria de Paulo são tão fortes que aqueles que tentam mostrar que o Apóstolo não a escreveu são bem sucedidos principalmente em provar a sua própria incompetência como críticos”.
Visto que há uma concordância geral, deve-se sugerir apenas brevemente a natureza da evidência interna e externa para a autoria paulina.
A evidência interna aponta para Paulo como o autor. A forma geral da carta, com as suas saudações de abertura, o tratamento de problemas práticos e doutrinários, e Uma bênção calorosa no encerramento que no caso seguem o padrão familiar das Epístolas de Paulo.
O estilo também é paulino, combinando persuasão cortês, exortações apaixonante, confrontação direta e afeição fraternal. A linguagem também é típica de Paulo. Frases como “(Jesus Cristo, nosso Senhor)”, “(em Cristo)”, “(o homem espiritual)”, “(justificado)”, e “o corpo de Cristo” são todas expressões paulinas. A carta também associa Paulo com a igreja de Corinto de uma forma que não é totalmente lisonjeira para com os coríntios.
Portanto a carta deve ter sido uma descrição exata da situação em Corinto ou estas pessoas não teriam permitido que esta descrição permanecesse sem refutação. A evidência externa também apóia a autoria paulina. Em 95 d.C., Clemente de Roma referiu-se a 1 Coríntios como uma carta do Apóstolo Paulo. Este é “o exemplo mais antigo na literatura de um escritor do Novo Testamento sendo mencionado pelo nome”.
O cânon Muratório, que provavelmente surgiu no final do século II, lista 1 Coríntios como uma das cartas de Paulo.
Tertuliano, o pai da teologia latina, em sua obra Prescriptions Âgainst Heretics, usa 1 Coríntios como um apoio paulino para a doutrina da ressurreição. Orígenes, em uma discussão sobre a tentação, também cita 1 Coríntios, e de forma bastante natural se refere a Paulo como o autor.
A autoria de Paulo de 1 Coríntios se coloca acima de qualquer desafio sério e pode ser aceita sem reservas. Nas palavras de um notável estudioso e historiador do Novo Testamento: “... 1 Coríntios formava o início das epístolas paulinas na coletânea mais antiga”.
A CIDADE DE CORINTO
Paulo foi a Corinto por volta de 50 d.C.7 para iniciar uma campanha missionária de 18 meses nas casas.
Ele se encontrava em um próspero centro comercial. Tanto o tráfego por terra como pelo mar convergiam para Corinto. A cidade foi construída sobre um estreito desfiladeiro de terra que unia o norte e o sul da Grécia (ver o mapa ).
Todo o tráfego do norte para o sul era afunilado através de uma estreita faixa de terra dominada por Corinto. Além disso, Corinto tinha instalações portuárias naturais e uma localização estratégica que a tornou um próspero centro de navegação. A maior parte do tráfego norte - sul vinha para a cidade para economizar tempo, ou para evitar uma viagem longa e perigosa perto das águas traiçoeiras do sul da Grécia que permabece até hoje.
A carga podia ser carregada, arrastada através dos seis quilômetros e meio do estreito desfiladeiro de terra, recarregada, e enviada em um tempo muito mais curto do que viajar por várias centenas de quilômetros perto do pico sul da Grécia.
Cerca de 200 anos antes de Paulo chegar a Corinto, um general romano chamado Lúcio Múmio havia pilhado e saqueado a cidade em 146 a.C. Em 46 a.C., Júlio Céskra reconstruiu como um posto militar avançado e como um centro comercial do império. A cidade atraía negociantes, vagabundos, caçadores de dotes e os que buscavam prazer.
Um escritor descreve a população nas seguintes palavras:
A gentalha do mundo estava lá... Canalhas que achavam a vida desconfortável em suas próprias cidades se dirigiam a Corinto. O porto agitado era notoriamente mais imoral do que qualquer outro no Império Romano; e esta tendência foi estimulada por causa do templo de Vênus (Afrodite), a deusa sensual grega que ainda dominava a nova cidade romana.
Aqui Paulo Apóstlo, outra vez enfrentou o pensamento grego, como havia feito em Atenas. Em Corinto, porém, “o intelecto grego não era dedicado à ciência, eloqüência ou literatura... mas era dado à luxúria aberta e efeminada”.O edifício mais destacado de Corinto era o templo de Vênus, “erigido em sua acrópole, e colocado no alto, acima da cidade, como representação do gosto e do caráter dos coríntios”.
Em Corinto, o cristianismo entrou em contato “com toda aquela arte que se poderia arquitetar para o prazer da vida; com tudo o que foi adaptado para nutrir os hábitos da volúpia, com tudo que era refinado ou indecente, que poderia servir aos prazeres dos sentidos”. Corinto era uma das mais “luxuriantes, efeminadas, ostentadoras e dissolutas cidades do mundo”.
Era um lugar de imoralidade excepcional e licenciosidade aberta que eram estimuladas pelo culto a Afrodite, com uma centena de prostitutas do templo. Escavações recentes descobriram 33 tavernas atrás de uma colunata de apenas 30 metros de extensão.A cidade continha um teatro com capacidade para 18.000 pessoas sentadas.A depravação de Corinto era tão notória e grande que o nome da cidade “tinha na verdade passado a fazer parte do vocabulário da língua grega; e a própria palavra ‘corintianizar’ significava ‘agir de forma leviana’ ”,
Hoje, exceto por sete colunas dóricas que ainda estão de pé, e algumas ruínas de alvenaria espalhadas, não há nada (além de entulho) que tenha restado desta cidade que fora tão orgulhosa. Ela possui um memorial perpétuo nas cartas que o Apóstolo Paulo lhe escreveu.
A IGREJA QUE SE EM CORINTO.
A graça de Deus é suficiente para redimir integralmente e sustentar continuamente.
Muitas igrejas espirituais compostas de santos devotos e dedicados atingiram um alto grau de espiritualidade em ambientes pecaminosos e desfavoráveis. Mas, infelizmente, a igreja em Corinto não era uma igreja assim, porque “havia muitas complicações na tentativa dos primeiros cristãos de se separarem da sociedade pecadora em Corinto”. A igreja em Corinto era uma igreja problemática. Nesta carta, Paulo foi levado a “denunciar os pecados que haviam corrompido a igreja de Corinto, e quase anulado o seu direito de se intitular cristã”.
Ao escrever aos coríntios, Paulo os fez lembrar que eles foram separados, “chamados santos” (1.2); ele elogiou aqueles que foram enriquecidos “em toda a pálavra e em todo o conhecimento” (1.5); o apóstolo os louvou por sua variedade de dons (1.7). Mas Paulo também expressou uma séria preocupação por eles. Ele lhes rogou què chegassem a um acordo entre si (1.10); ele estava angustiado pelas divisões ocorridas entre eles (1.11).
O apóstolo desenhou um retrato minucioso da incapacidade do homem natural de entender os conceitos espirituais (1.18-26). Ele apresentou a Cristo como o objeto supremo da lealdade e da devoção cristãs (1.30-31). Paulo fez uma análise detalhada do estado espiritual deles. E este foi um retrato sórdido. A lista de acusações que Paulo dirigiu contra os coríntios ia desde divisões carnais até à negação da ressurreição de Cristo.
Uma alma inferior à de Paulo teria abandonado a igreja em desespero ou a teria condenado com indignação. Paulo não fez nenhuma destas coisas - ele lhes pregou a Cristo. Paulo podia ousadamente desafiar os coríntios, porque ele tinha sido o instrumento de Deus para fundar a igreja. A sua chegada a Corinto, perto da metade do século I, não foi uma questão de antecipação triunfante nem de confiança baseada em sucessos do passado.
Ele havia fugido da Macedônia tendo a sua vida em perigo (At 17.13-14). De Tessalônica, na Macedônia, Paulo tinha ido para Atenas, onde alcançou pouco sucesso tanto entre os judeus como entre os gregos (At 17.16-33). Partindo de Atenas, Paulo viajou para Corinto (At 18.1), onde ficou por 18 meses (At 18.11).
Em Corinto, a fossa do mundo antigo, Paulo conseguiu ganhar vários convertidos importantes. Primeiro Áqüila e Priscila foram convencidos e convertidos. Timóteo e Silas vieram da Macedônia para ajudar Paulo, e logo Crispo, um principal da sinagoga, foi convertido. Sua mudança de vida espiritual foi seguida de várias outras conversões. Entre estes convertidos estavam algumas pessoas de elevada estatura social, como Tito Justo, cuja casa tornou-se um local de reuniões para a igreja. Áqüila e Priscila, já mencionados, eram pessoas de caráter forte e imensa atividade.
Também havia Gaio, “que era um homem de posses e grande hospitalidade, recebendo Paulo e toda a igreja”.19 Erasto, o tesoureiro da cidade, converteu-se. Pode ter havido outros homens de nível elevado, mas como D. A. Hayes escreve: "... a maior parte da igreja era composta por pessoas pobres e incultas. Havia algumas da classe média, porém um grande número fazia parte da população de escravos”.20 Após 18 meses em Corinto, Paulo foi para Éfeso (At 18.19). Ele deixou para trás de si uma das maiores congregações da Igreja Primitiva.
D. OCASIÃO E PROPÓSITO DA CARTA
Depois que Paulo partiu de Corinto, o trabalho de edificar e consolidar a nova e próspera igreja foi dado a Apoio (At 19.1). Ele era um judeu de Alexandria, um homem eloqüente e culto (At 18.24). Ele havia tido o seu aprendizado em Éfeso, e havia pregado o batismo de João com notório fervor (At 18.25). Em Éfeso, a sua educação teológica foi destacada pelo ensino que recebeu de Áqüila e Priscila (At 18.26).
Partindo de Éfeso,
Apoio foi para Corinto. Sem dúvida alguma, ele retornou a Éfeso para relatar as condições da igreja em Corinto. Nos três anos que se passaram desde que Paulo deixara Corinto, os membros da igreja não se desenvolveram bem, em termos espirituais.
O apóstolo havia escrito uma carta para a igreja anteriormente; em 1 Co 5.9 ele escreve: “Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem”. Aparentemente a carta original, chamada pelos estudiosos de “A Carta Anterior”, se perdeu. Paulo recebeu a informação de que a situação em Corinto estava piorando. Ele mencionou várias fontes de informação.
1. A família de Cloe. Em 1 Coríntios 1.11, Paulo declara:
“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre vós”. Este relatório não foi solicitado ou autorizado, contudo era verdadeiro. Um escritor se refere a ele como se segue: “Tanto pelo fato de ser dito que a informação vinha destas pessoas, em vez da igreja de Corinto... quanto por causa da natureza desfavorável desta notícia, é seguro presumir que estas pessoas não foram enviadas pelos coríntios para levar esta notícia, e que o seu relatório, portanto, não era oficial”.21 Deissmann sugere que Cloe pode ter sido uma mulher que possuía alguns recursos financeiros.22
2. Anotícia da situação em Corinto também chegou ao seu conhecimento como resultado de uma visita de Estéfanas, Fortunato e Acaico a Éfeso (1 Co 16.17).
3. A notícia mais direta veio da própria igreja. A situação de rápida deterioração alarmou alguns dos membros, e estes enviaram uma carta a Paulo. Em 1 Coríntios 7.1 ele escreveu: “Quanto às coisas que me escrevestes...
” Portanto, uma combinação de fatores levou o apóstolo a escrever uma carta para a igreja. Ela foi redigida com a finalidade de lidar com seus problemas, e direcionar os seus membros a uma vida de santidade em Cristo. Na carta enviada a Paulo pelos coríntios, havia questões sobre casamento e celibato, sobre alimentos oferecidos aos ídolos, sobre o culto público, e provavelmente algumas sobre dons espirituais.
Mas Paulo também estava preocupado com outros problemas que atormentavam esta igreja, tais como divisões, um espírito de contenda, impureza sexual e um espírito não-cristão. Paulo escreveu uma carta em que apresentava as exigências do cristianismo de uma completa renovação de caráter e conduta - uma nova moralidade baseada no poder redentor de Cristo.
Como Hurd salientou: “Pode-se dizer agora que há uma clara evidência de que 1 Coríntios é o quarto estágio em uma troca que ocorreu entre Paulo e a igreja de Corinto”.Estas fases do relacionamento de Paulo com a igreja são as seguintes:
Fase 1: A primeira visita de Paulo a Corinto e o estabelecimento da igreja.
Fase 2: A “Carta Anterior” de Paulo para a igreja em Corinto.
Fase 3: Esta fase consiste de duas partes. Primeiro, a informação relatada a Paulo sobre Corinto por Estéfanas, Fortunato e Acaico e pela família de Cloe.
Além dos relatórios verbais dos visitantes de Corinto havia a carta escrita a Paulo pela própria igreja. Esta carta pedia que ele os aconselhasse sobre alguns problemas que haviam ocorrido. Fase 4: A composição de 1 Coríntios. Nesta primeira carta Paulo tratou das questões que a igreja lhe havia dirigido. Mas ele foi além, e discutiu longamente as questões mais sérias que haviam sido levadas à sua atenção pelos relatórios verbais sobre a situação em Corinto.
A atribuição quase que unânime a Paulo é expressa por Robertson e Plummer da seguinte forma:
“Tanto a evidência externa como a interna para a autoria de Paulo são tão fortes que aqueles que tentam mostrar que o Apóstolo não a escreveu são bem sucedidos principalmente em provar a sua própria incompetência como críticos”.
Visto que há uma concordância geral, deve-se sugerir apenas brevemente a natureza da evidência interna e externa para a autoria paulina.
A evidência interna aponta para Paulo como o autor. A forma geral da carta, com as suas saudações de abertura, o tratamento de problemas práticos e doutrinários, e Uma bênção calorosa no encerramento que no caso seguem o padrão familiar das Epístolas de Paulo.
O estilo também é paulino, combinando persuasão cortês, exortações apaixonante, confrontação direta e afeição fraternal. A linguagem também é típica de Paulo. Frases como “(Jesus Cristo, nosso Senhor)”, “(em Cristo)”, “(o homem espiritual)”, “(justificado)”, e “o corpo de Cristo” são todas expressões paulinas. A carta também associa Paulo com a igreja de Corinto de uma forma que não é totalmente lisonjeira para com os coríntios.
Portanto a carta deve ter sido uma descrição exata da situação em Corinto ou estas pessoas não teriam permitido que esta descrição permanecesse sem refutação. A evidência externa também apóia a autoria paulina. Em 95 d.C., Clemente de Roma referiu-se a 1 Coríntios como uma carta do Apóstolo Paulo. Este é “o exemplo mais antigo na literatura de um escritor do Novo Testamento sendo mencionado pelo nome”.
O cânon Muratório, que provavelmente surgiu no final do século II, lista 1 Coríntios como uma das cartas de Paulo.
Tertuliano, o pai da teologia latina, em sua obra Prescriptions Âgainst Heretics, usa 1 Coríntios como um apoio paulino para a doutrina da ressurreição. Orígenes, em uma discussão sobre a tentação, também cita 1 Coríntios, e de forma bastante natural se refere a Paulo como o autor.
A autoria de Paulo de 1 Coríntios se coloca acima de qualquer desafio sério e pode ser aceita sem reservas. Nas palavras de um notável estudioso e historiador do Novo Testamento: “... 1 Coríntios formava o início das epístolas paulinas na coletânea mais antiga”.
A CIDADE DE CORINTO
Paulo foi a Corinto por volta de 50 d.C.7 para iniciar uma campanha missionária de 18 meses nas casas.
Ele se encontrava em um próspero centro comercial. Tanto o tráfego por terra como pelo mar convergiam para Corinto. A cidade foi construída sobre um estreito desfiladeiro de terra que unia o norte e o sul da Grécia (ver o mapa ).
Todo o tráfego do norte para o sul era afunilado através de uma estreita faixa de terra dominada por Corinto. Além disso, Corinto tinha instalações portuárias naturais e uma localização estratégica que a tornou um próspero centro de navegação. A maior parte do tráfego norte - sul vinha para a cidade para economizar tempo, ou para evitar uma viagem longa e perigosa perto das águas traiçoeiras do sul da Grécia que permabece até hoje.
A carga podia ser carregada, arrastada através dos seis quilômetros e meio do estreito desfiladeiro de terra, recarregada, e enviada em um tempo muito mais curto do que viajar por várias centenas de quilômetros perto do pico sul da Grécia.
Cerca de 200 anos antes de Paulo chegar a Corinto, um general romano chamado Lúcio Múmio havia pilhado e saqueado a cidade em 146 a.C. Em 46 a.C., Júlio Céskra reconstruiu como um posto militar avançado e como um centro comercial do império. A cidade atraía negociantes, vagabundos, caçadores de dotes e os que buscavam prazer.
Um escritor descreve a população nas seguintes palavras:
A gentalha do mundo estava lá... Canalhas que achavam a vida desconfortável em suas próprias cidades se dirigiam a Corinto. O porto agitado era notoriamente mais imoral do que qualquer outro no Império Romano; e esta tendência foi estimulada por causa do templo de Vênus (Afrodite), a deusa sensual grega que ainda dominava a nova cidade romana.
Aqui Paulo Apóstlo, outra vez enfrentou o pensamento grego, como havia feito em Atenas. Em Corinto, porém, “o intelecto grego não era dedicado à ciência, eloqüência ou literatura... mas era dado à luxúria aberta e efeminada”.O edifício mais destacado de Corinto era o templo de Vênus, “erigido em sua acrópole, e colocado no alto, acima da cidade, como representação do gosto e do caráter dos coríntios”.
Em Corinto, o cristianismo entrou em contato “com toda aquela arte que se poderia arquitetar para o prazer da vida; com tudo o que foi adaptado para nutrir os hábitos da volúpia, com tudo que era refinado ou indecente, que poderia servir aos prazeres dos sentidos”. Corinto era uma das mais “luxuriantes, efeminadas, ostentadoras e dissolutas cidades do mundo”.
Era um lugar de imoralidade excepcional e licenciosidade aberta que eram estimuladas pelo culto a Afrodite, com uma centena de prostitutas do templo. Escavações recentes descobriram 33 tavernas atrás de uma colunata de apenas 30 metros de extensão.A cidade continha um teatro com capacidade para 18.000 pessoas sentadas.A depravação de Corinto era tão notória e grande que o nome da cidade “tinha na verdade passado a fazer parte do vocabulário da língua grega; e a própria palavra ‘corintianizar’ significava ‘agir de forma leviana’ ”,
Hoje, exceto por sete colunas dóricas que ainda estão de pé, e algumas ruínas de alvenaria espalhadas, não há nada (além de entulho) que tenha restado desta cidade que fora tão orgulhosa. Ela possui um memorial perpétuo nas cartas que o Apóstolo Paulo lhe escreveu.
A IGREJA QUE SE EM CORINTO.
A graça de Deus é suficiente para redimir integralmente e sustentar continuamente.
Muitas igrejas espirituais compostas de santos devotos e dedicados atingiram um alto grau de espiritualidade em ambientes pecaminosos e desfavoráveis. Mas, infelizmente, a igreja em Corinto não era uma igreja assim, porque “havia muitas complicações na tentativa dos primeiros cristãos de se separarem da sociedade pecadora em Corinto”. A igreja em Corinto era uma igreja problemática. Nesta carta, Paulo foi levado a “denunciar os pecados que haviam corrompido a igreja de Corinto, e quase anulado o seu direito de se intitular cristã”.
Ao escrever aos coríntios, Paulo os fez lembrar que eles foram separados, “chamados santos” (1.2); ele elogiou aqueles que foram enriquecidos “em toda a pálavra e em todo o conhecimento” (1.5); o apóstolo os louvou por sua variedade de dons (1.7). Mas Paulo também expressou uma séria preocupação por eles. Ele lhes rogou què chegassem a um acordo entre si (1.10); ele estava angustiado pelas divisões ocorridas entre eles (1.11).
O apóstolo desenhou um retrato minucioso da incapacidade do homem natural de entender os conceitos espirituais (1.18-26). Ele apresentou a Cristo como o objeto supremo da lealdade e da devoção cristãs (1.30-31). Paulo fez uma análise detalhada do estado espiritual deles. E este foi um retrato sórdido. A lista de acusações que Paulo dirigiu contra os coríntios ia desde divisões carnais até à negação da ressurreição de Cristo.
Uma alma inferior à de Paulo teria abandonado a igreja em desespero ou a teria condenado com indignação. Paulo não fez nenhuma destas coisas - ele lhes pregou a Cristo. Paulo podia ousadamente desafiar os coríntios, porque ele tinha sido o instrumento de Deus para fundar a igreja. A sua chegada a Corinto, perto da metade do século I, não foi uma questão de antecipação triunfante nem de confiança baseada em sucessos do passado.
Ele havia fugido da Macedônia tendo a sua vida em perigo (At 17.13-14). De Tessalônica, na Macedônia, Paulo tinha ido para Atenas, onde alcançou pouco sucesso tanto entre os judeus como entre os gregos (At 17.16-33). Partindo de Atenas, Paulo viajou para Corinto (At 18.1), onde ficou por 18 meses (At 18.11).
Em Corinto, a fossa do mundo antigo, Paulo conseguiu ganhar vários convertidos importantes. Primeiro Áqüila e Priscila foram convencidos e convertidos. Timóteo e Silas vieram da Macedônia para ajudar Paulo, e logo Crispo, um principal da sinagoga, foi convertido. Sua mudança de vida espiritual foi seguida de várias outras conversões. Entre estes convertidos estavam algumas pessoas de elevada estatura social, como Tito Justo, cuja casa tornou-se um local de reuniões para a igreja. Áqüila e Priscila, já mencionados, eram pessoas de caráter forte e imensa atividade.
Também havia Gaio, “que era um homem de posses e grande hospitalidade, recebendo Paulo e toda a igreja”.19 Erasto, o tesoureiro da cidade, converteu-se. Pode ter havido outros homens de nível elevado, mas como D. A. Hayes escreve: "... a maior parte da igreja era composta por pessoas pobres e incultas. Havia algumas da classe média, porém um grande número fazia parte da população de escravos”.20 Após 18 meses em Corinto, Paulo foi para Éfeso (At 18.19). Ele deixou para trás de si uma das maiores congregações da Igreja Primitiva.
D. OCASIÃO E PROPÓSITO DA CARTA
Depois que Paulo partiu de Corinto, o trabalho de edificar e consolidar a nova e próspera igreja foi dado a Apoio (At 19.1). Ele era um judeu de Alexandria, um homem eloqüente e culto (At 18.24). Ele havia tido o seu aprendizado em Éfeso, e havia pregado o batismo de João com notório fervor (At 18.25). Em Éfeso, a sua educação teológica foi destacada pelo ensino que recebeu de Áqüila e Priscila (At 18.26).
Partindo de Éfeso,
Apoio foi para Corinto. Sem dúvida alguma, ele retornou a Éfeso para relatar as condições da igreja em Corinto. Nos três anos que se passaram desde que Paulo deixara Corinto, os membros da igreja não se desenvolveram bem, em termos espirituais.
O apóstolo havia escrito uma carta para a igreja anteriormente; em 1 Co 5.9 ele escreve: “Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem”. Aparentemente a carta original, chamada pelos estudiosos de “A Carta Anterior”, se perdeu. Paulo recebeu a informação de que a situação em Corinto estava piorando. Ele mencionou várias fontes de informação.
1. A família de Cloe. Em 1 Coríntios 1.11, Paulo declara:
“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre vós”. Este relatório não foi solicitado ou autorizado, contudo era verdadeiro. Um escritor se refere a ele como se segue: “Tanto pelo fato de ser dito que a informação vinha destas pessoas, em vez da igreja de Corinto... quanto por causa da natureza desfavorável desta notícia, é seguro presumir que estas pessoas não foram enviadas pelos coríntios para levar esta notícia, e que o seu relatório, portanto, não era oficial”.21 Deissmann sugere que Cloe pode ter sido uma mulher que possuía alguns recursos financeiros.22
2. Anotícia da situação em Corinto também chegou ao seu conhecimento como resultado de uma visita de Estéfanas, Fortunato e Acaico a Éfeso (1 Co 16.17).
3. A notícia mais direta veio da própria igreja. A situação de rápida deterioração alarmou alguns dos membros, e estes enviaram uma carta a Paulo. Em 1 Coríntios 7.1 ele escreveu: “Quanto às coisas que me escrevestes...
” Portanto, uma combinação de fatores levou o apóstolo a escrever uma carta para a igreja. Ela foi redigida com a finalidade de lidar com seus problemas, e direcionar os seus membros a uma vida de santidade em Cristo. Na carta enviada a Paulo pelos coríntios, havia questões sobre casamento e celibato, sobre alimentos oferecidos aos ídolos, sobre o culto público, e provavelmente algumas sobre dons espirituais.
Mas Paulo também estava preocupado com outros problemas que atormentavam esta igreja, tais como divisões, um espírito de contenda, impureza sexual e um espírito não-cristão. Paulo escreveu uma carta em que apresentava as exigências do cristianismo de uma completa renovação de caráter e conduta - uma nova moralidade baseada no poder redentor de Cristo.
Como Hurd salientou: “Pode-se dizer agora que há uma clara evidência de que 1 Coríntios é o quarto estágio em uma troca que ocorreu entre Paulo e a igreja de Corinto”.Estas fases do relacionamento de Paulo com a igreja são as seguintes:
Fase 1: A primeira visita de Paulo a Corinto e o estabelecimento da igreja.
Fase 2: A “Carta Anterior” de Paulo para a igreja em Corinto.
Fase 3: Esta fase consiste de duas partes. Primeiro, a informação relatada a Paulo sobre Corinto por Estéfanas, Fortunato e Acaico e pela família de Cloe.
Além dos relatórios verbais dos visitantes de Corinto havia a carta escrita a Paulo pela própria igreja. Esta carta pedia que ele os aconselhasse sobre alguns problemas que haviam ocorrido. Fase 4: A composição de 1 Coríntios. Nesta primeira carta Paulo tratou das questões que a igreja lhe havia dirigido. Mas ele foi além, e discutiu longamente as questões mais sérias que haviam sido levadas à sua atenção pelos relatórios verbais sobre a situação em Corinto.