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Discurso do Presidente Jânio Quadros veiculado pela “Voz do Brasil” Palácio da Alvorada, 31 de janeiro de 1961. [COMUNICADO] Rio de janeiro, 1° de fevereiro de 1961.

A eleição de Jânio

Discurso do Presidente Jânio Quadros veiculado pela “Voz do Brasil” Palácio da Alvorada, 31 de janeiro de 1961.
[COMUNICADO]
Rio de janeiro, 1° de fevereiro de 1961.
Êlevado à Presidência da República por inequívoca determinação do povo brasileiro, não posso e não quero iniciar o exercício dêste mandato sem o agradecimento a êsse voto de esperança.
 Nosso povo ativo e laborioso, estão aqui diante de mim, e  espiritualmente presente, a testemunhar neste ato o triunfo dos seus anseios cívicos. Estou certo de que as mulheres e os homens com quem me avistei e aos quais me dirigi durante a campanha no Norte e no Nordeste, no Oeste, no Centro, no Leste e no Sul do país, têm suas atenções voltadas para este Distrito Federal, êlevando suas preces ao Altíssimo, pelo êxito da administração que se inicia. Que Deus onipotente me ilumine e me resguarde na jornada.
Como afirmei em numerosas viagens e visitaspelo território da pátria, este será um govêrno rude e áspero; tais objetivos não têm sentido de ameaça, antes, exprimem a franqueza de quem não mente aos seus concidadãos, porque não foge ao seu dever nem abdica das suas convicções. Se não me faltar o arrimo da inspiração divina, se não me faltar o apoio das multidões, se não me faltar o apoio do Legislativo e do Judiciário, sei de mim que resgatarei a palavra de fé empenhada nas praças. Somos um Estado democrático cujos fins se contêm no govêrno do povo, pelo povo e para o povo.
O povo estará comigo e comigo governará.
O povo será, a um tempo, a minha bússola e o meu destino. Investido na chefia do Executivo, julgo-me no dever de expor, para ciência de todos, o estado atual da República. É indispensável que se conheçam na extensão e no vulto da sua inteira realidade os problemas cujo deslindamento me compete. É necessário que se saiba o que me entregam e as reais condições do que me entregam. Tenho por imprescindível um severo arrolamento das questões que nos aguardam e que resultam não apenas do estágio de desenvolvimento que atingimos, mas também da carência de uma visão segura, ao mesmo tempo geral e específica, dos reclamos com freqüência contraditórios dessa coletividade.
Ao termino do mandato, aceito que me julguem pelo que restar do cotejo entre o que recebo e o que por minha vez transmitirei.
Não há ninguém pessoalmente na mira das prevenções que me atribuem, mas também não haverá ninguém, a começar dos mais altos escalões administrativos, que possa situar-se fora das normas de exação, compostura e integridade que caracterizarão os negócios públicos neste qüinqüênio. Candidato, não revidei; presidente, não tenho paixões a comprazer nem adversários a alcançar.
Derrogarei até o limite extremo das minhas forças a contrafacção do sistema político-administrativo que infelicitou a pátria em alternância de ações irresponsáveis e de emissões em confiança. No combate a essa adulteração, a essa corrupção que infecciona e debilita o regime, não darei quartel. A vassoura que o povo me confiou nas assembléias, trago-a comigo, para os serviços empreitados. Usá-la-ei em consonância com o que prometi e com o que me reclamam, mas em caráter da mais estreita imparcialidade. A estatística, todavia, demora infensa às frases da retórica e à graça dos ditirambos. Se conclusões inculca, é que estas se acham entranhadas no panorama que cumpre analisar. Será proveitoso, quando nada para os juizes da história, que cada qual tome do ônus comum o quinhão que lhe caiba. É terrível a situação financeira do Brasil. Nos últimos 5 anos, o meio circulante passou de 57 bilhões para 206 bilhões de cruzeiros. Faltam-me as cifras da aluvião de papel-moeda relativa ao primeiro mês deste ano. Não me causaria estranheza que a tabela complementar denunciasse fluxo ainda mais incontinenti. Desenhadas em centenas de milhares, ao estrangeiro devemos 3 bilhões e 802 milhões de dólares, o que marca, só a este título e naquêle período, a êlevação de 1 bilhão e 435 milhões de dólares sôbre o passivo anterior.
E a situação é tanto mais séria quando se sabe que somente durante o meu govêrno deverei saldar compromissos em moeda estrangeira no total de cêrca de 2 bilhões de dólares. E, só no corrente exercício, de 600 milhões de dólares. Importa assinalar que, além de compromissos pontuais, existem operações efetuadas pela Carteira de Câmbio a título de antecipação da Receita, num montante que sobe a 90 milhões de dólares.
 Tanto vale dizer que essa vultosa importância deverá ser deduzida da magra receita das nossas exportações em 1961. Destaque-se que a Carteira de Câmbio, apesar de vir emitindo promessas de venda a 150 dias, não as liquida no prazo aventado, somente o efetuando com atrasos de um mês ou mais. De outra parte, causam intranqüilidade, pelo volume, os encargos aceitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico com avais e empréstimos externos.
Estes ascendem, em nome do Tesouro Nacional, a 11 bilhões e 200 milhões de cruzeiros e, em nome do próprio banco, a 23 bilhões e 400 milhões de cruzeiros, perfazendo as duas cifras o total de 34 bilhões e 600 milhões de cruzeiros.
 Destarte, embora se tome por base o preço artificial do câmbio do custo, 100 cruzeiros por dólar, os aludidos avais representam obrigação suplementar de 340 milhões de dólares. Internamente somam-se a estes débitos astronômicos o montante do endividamento do Tesouro junto ao Banco do Brasil, os “restos a pagar” acumulados de 1956 a 1960, e o aumento da dívida da nação aos institutos de previdência.
 Encaro sem otimismo as perspectivas do balanço de pagamento do país no futuro imediato. Os preços internacionais de quase todas as matérias-primas continuam baixando em virtude de a oferta mostrar-se superior à procura. No que tange ao café, riqueza que cumpre defender a curto e a longo prazo, o que tem sido infelizmente deslembrado, as perspectivas entremostram-se [des]alentadoras, A 31 de janeiro de 1956, o preço médio do produto em centavos de dólar, por libra-peso, era de 47 cents. Na data de hoje, o mencionado preço é de 33 cents.
A diferença impôs à economia nacional perdas assustadoras de moedas fortes. Estima-se em cêrca de 40 milhões de sacas o estoque do produto adquirido pelo govêrno e que se encontra às mãos do IBC. Careço ainda de informações estatísticas sôbre as quantidades vendidas pelos particulares, contudo, só a armazenagem do café do IBC, cuja qualidade se discute, custa aos brasileiros mais de 200 milhões de cruzeiros por mês. Os déflcits orçamentários, nos últimos dez anos, apavoram. Subiram êles, de 1951 a 1955, a 28 bilhões e 800 milhões de cruzeiros, alçaram-se, de
1956 a 1960, a 193 bilhões e 600 milhões de cruzeiros, O déficit em potencial, para o exercício de 1961 - o primeiro do meu govêrno—é de 108 bilhões de cruzeiros, que assim se decompõem: orçamento, 302 bilhões e 300 milhões de cruzeiros; créditos transferidos, 3 bilhões de cruzeiros; créditos a serem abertos, 30 bilhões de cruzeiros; liquidação de resíduos passivos, 15 bilhões de cruzeiros; outras despesas -Brasília 10 bilhões de cruzeiros.
 Mesmo considerando que a receita do exercício, orçada em 246 bilhões e meio, pode atingir cêrca de 262 bilhões, isto é, 19% acima da arrecadada em 1960, a nossa estimativa de déficit está plenamente justificada.
Os índices de êlevação do custo de vida, nêsses mesmo 10 anos, apurados pela Fundação Getúlio Vargas, correm parelha com as demais, conseqüências do surto inflacionário. Atribuindo-se o índice 100 para média de 1948, alcançamos, em 1955, o marco 259 e, em dezembro último, acima de 820. Os investimentos efetuados e os que estão em via de execução em Brasília montam a 72 bilhões e 600 milhões de cruzeiros.
Apesar das prorrogações obtidas e da imprudência dos saques a descoberto, os pagamentos de nossas obrigações vencidas aos estrangeiros não puderam ser cumpridos nos prazos estabêlecidos. Em novembro último, não dispúnhamos de 47 milhões e 700 mil dólares para cobrir ajustes com o Fundo Monetário Internacional. Faltaram-nos, igualmente, recursos para quitar duas obrigações do Eximbank, uma de 8 milhões e 200 mil dólares, outra de 20 milhões e 100 mil dólares.
Tomou-se apenas, singelamente, a providência de descarregar as faturas vencidas sôbre a administração que ora se instala. No quadro que me é presente, resulta que devo pagar, entre 1961 e 1965, 1 bilhão, 853 milhões e 650 mil dólares de prestações, o que significa, fazendo se a conversão do dólar à taxa do câmbio livre, na base de 200 cruzeiros, o dólar, 370 bilhões e 730 milhões de cruzeiros.
Toca-me obter o numerário para repor o que os outros consumiram. E o total não envolve os empenhos atinentes à liquidação de promessas de venda de câmbio, à importação financiada de preços complementares, à amortização da dívida de grupos e empresas privadas. O que se fez, acresço, o que logrou retumbantes repercussões publicitárias, cumpre agora saldar, amargamente, pacientemente, dólar a dólar, cruzeiro a cruzeiro.
 Hoje, faz-se mister, nesta nação de fachada nova, mas de economia exangue, que êsse povo, opresso pelo subdesenvolvimento, roído
pela doença e pelo pauperismo, se despoje dos últimos níqueis para honrar dívidas postas no nome do Brasil. De outra parte, as tabelas de enriquecimento da economia nacional, levantadas pelo valor da produção interna bruta, não explicam o comprometimento das finanças e da economia aqui posto sumariamente em rêlevo. Ao contrário, mostra que a pressão tributária, isto é, o vulto da sangria imposta ao povo nestes últimos anos, aumentou de 22% para 30%. Os dados são oficiais. Urge que o povo os conheça, fixe e decore. Sacrifícios serão inevitáveis, todos devemos consentir nêles; senão, avançamos, futuro a dentro, conforme se sonhou com tão inocente ou malicioso ufanismo. Sacamos o futuro, contra o futuro, muito mais do que a imaginação ousa arriscar. O vencimento dêstes encargos bate às nossas portas.
Vamos esquematizar a solução dêles, honestamente, corajosamente, certos de que não nos faltará a cooperação internacional. Poderá melindrar aos que não se atemorizam com o fato, embora se arrepiem face ao seu anúncio, que exponha, em oração a que a natureza da cerimônia confere repercussão internacional, o quadro deplorável das nossas finanças. Faço-o muito de indústria. Para os círculos bancários e econômicos, indígenas e estrangeiros, não é êle novo, antes, sobejamente conhecido. Ignora-o, apenas, a opinião nacional, mantida entre os vapores inebriantes de uma euforia quase leviana.
Precisamos saber a quantas andamos, para determinar realisticamente e não ao sabor de róseos devaneios, para onde vamos e como lá chegaremos. Tão grave quanto a crise econômica e financeira se me afigura a crise moral, administrativa e político-social em que mergulhamos. Vejo a administração emperrada pela burocracia e manietada por uma legislação obsoleta. Vejo as classes erguerem-se, uma a uma, contra a coletividade, coisas de vantagens particulares, esquecidas de que o patrimônio é de todos. Vejo, por toda a parte, escândalos de toda a natureza. Vejo o favoritismo, o filhotismo, o compadrio sugando a seiva da nação e obstando o caminho aos mais capazes. Na vida pública, mal se divisa a distinção entre o que é sagrado e o que é profano. Tudo se consente ao poderoso, nada se tolera ao sem fortuna. A previdência social, para a qual se recortou roupa nova, vem funcionando contra os trabalhadores. Dessas mazelas, várias não são — pobre conforto! — unicamente nossas. Nosso século está marcado pelos movimentos de massa, pelas reivindicações organizadas das categorias profissionais.
 O desenvolvimento burocrático, industrial, comercial, técnicocientífico, solidarizando-se entre si, vários grupos unidos por atividades semelhantes, sacudiu sucessivamente os braços da balança social ao peso de novas exigências sempre que um dos grupos se julgava preterido em relação aos outros. Há um século idealizou-se a sociedade perfeita, realizada, calma. Extinguir-se-iam os conflitos. Essa idealização, espancando os sonhos, ora românticos, ora líricos do século XVIII, tinha como premissa a possibilidade de previsões indefinidas do futuro da espécie, como se a história não ensinasse que a vida do homem sôbre a terra é marcada por luta permanente, que sempre se readapta às novas condições, em busca de justiça e liberdade.
Grave, porém, foi a transformação dessa filosofia — inegavelmente magnífica, na sua propositura — em arma político-ideológica a serviço de um novo tipo, o do imperialismo, que se atirou à conquista da supremacia mundial, impondo a todos a insegurança, o arbítrio, a prepotência, o desconhecimento de quaisquer prerrogativas que não as do pequeno grupo, estas absolutas. Para os pregadores dêsse credo, as reivindicações dos grupos de trabalhadores e das categorias profissionais e sociais não se constituem em um fim.
Elas se convertem num simples, frio e egoístico processo tático, que estiola internamente as nações, em proveito de um só beneficiário. Este logrou infundir em algumas camadas, incluída a dos intêlectuais, uma espécie de mística de autodestruição, de masoquismo cívico, de êxtase das multidões insatisfeitas. Abalou-se, pois, o conceito de solidariedade nacional, como se dentro das fronteiras do país pudêssem conviver e prosperar, insuflando-se civis a reivindicações contra militares, funcionários contra empregados, citadinos contra agricultores. Acham-se superados, sem dúvida, os termos do liberalismo ortodoxo. As leis da democracia devem ajustar-se às novas condições vigentes. A liberdade de organização sindical e o direito de greve interessam ao próprio conceito do regime. Sua aplicação, contudo, não objetiva a destruição da ordem social. Tenho por inadmissível a sua utilização dolosa contra a nossa coletividade, sôbretudo se a serviço de conveniências externas.
Na flâmula do velho socialismo, a legenda de paz entre as nações ocupava lugar de rêlevo. Era legenda da confraternização geral, que simultaneamente condenava os jacobinismos estreitos e os nacionalismos obtusos, geradores de conflitos, por via do mesmo artificio demagógico, atrás recordado. E, como variante dêle, apresenta-se hoje o falso nacionalismo, como a sublime panacéia da época.
No século dos têleguiados, dos satélites artificiais, dos aviões supersônicos, do rádio, da têlevisão, da ONU, surgem, nos países do Ocidente, operadores políticos nem sempre nascidos nestas terras, intentando despertar e acirrar ódios nos Estados do hemisfério, valendo-se dos enormes tropeços que os respectivos povos defrontam nas veredas do progresso.
Êsses esforços precisam ser desmascarados, enfrentados e batidos, isto se realmente quisermos atingir o duplo objetivo que sôbremaneira nos importa: internamente, promover a ascensão do êlemento humano abandonado, o que só será viável mediante um senso profundo de solidariedade geral; e, no plano internacional, proporcionar ao Brasil a posição a que faz jus no concerto das nações.
A tarefa é possível mediante uma política soberana, mas soberana no sentido real e amplo diante de todas e quaisquer potências. Ainda recentemente, das Antilhas conturbadas, chega-me o eco das vozes de esperança com que aquela gente, desassombrada e altiva, aguarda o novo govêrno norte-americano e a inauguração dêsse próprio govêrno, na expectativa de outras diretrizes de cooperação para todo o continente. O grau de dissolução a que chegamos derivou, em parte, da crise de autoridade e de austeridade do poder, comprometido o seu prestígio por um rol consternador de escândalos oficiais, incentivados pela mais arrepiante impunidade. Apercebidas de que o arcabouço federal comprometia-se com especuladores empenhados no auto-enriquecimento e na auto-concessão de proveitos e regalias, fora impossível que as camadas menos favorecidas da população deixassem, por sua vez, de reivindicar, sempre e incessantemente, proveitos e regalias. O meu govêrno, entretanto, representa um paradeiro a isso, definitivo e último. Êle traduz o grito de revolta de seis milhões de êleitores, decididos a pôr o ponto final a êsse ciclo de insânias. Todavia, para que a obra de govêrno tenha êxito, é preciso que aquêles que contribuíram para a vitória dela participem e sustentem. É fundamental e imprescindível que se afirmem a solidariedade e a co-responsabilidade de todos os núcleos sociais.
 Isto vale para os que detêm o capital e as alavancas da produção, para os que lidam nas cidades e nos campos, para os civis e para os militares. Crescemos todos juntos, de mãos dadas, cada qual suportando as penas necessárias ao êxito comum, ou afundamos todos, sem remissão, afogados no mar da falência global. Não pedirei ao povo que aperte o cinto e sofra calado o enriquecimento abusivo e indecente dos gozadores inescrupulosos.
Os proletários e os
humildes devem zelar pelos seus interêsses e por êles lutar dentro das regras do sistema democrático. Cumpre-lhes, porém, imbuir-se da disciplina do trabalho. Será nosso emprenho promover o bem-estar das camadas populares, a começar pelas mais deslembradas, quais as do sofrido Nordeste. Mas o bem-estar nacional resultará de crescimento harmonioso da nossa economia, do seu planejamento, de gestão governamental proba e eficiente, em que todos tenham o seu quinhão, como recompensa da sua firmeza e da sua labuta.
 Não se arrede da nossa mente que, quando um grupo social recebe vantagens além dos limites de eqüidade, é todo o restante da população que suporta o fardo dessa exorbitância. Atento a êsse critério é que se pode decidir da procedência ou improcedência das reivindicações. Precisamos encarar o problema social com olhos que enxerguem, liquidando o engano segundo o qual os cidadãos podem pleitear do Estado, como se este fosse arca sem fundo, na qual a todos é permitido meter as mãos, sem que os tesouros jamais se esgotem.
O Estado somos todos nós. O Estado é, apenas, o construtor e o supervisor da fortuna coletiva. A nossa renda nacional resulta, e só, daquilo que produzimos, consumimos e exportamos. Somente dessa renda podemos participar, somente ela é suscetível de partilha. Se, como cardume de piranhas, precipitarmo-nos sôbre ela, cada qual abocanhando o quinhão do seu apetite, nada sobrará para os investimentos indispensáveis ao progresso e, dentro de pouco tempo, seríamos compelidos a implorar à caridade internacional. Nos países cujas instituições foram derrubadas em conseqüência do êxito de guerras fratricidas, o que vemos não é a instauração do reino dos céus.
 Ao contrário, daí por diante, ficaram proibidas todas as reivindicações, abolida toda a liberdade, suprimida a crítica. Em lugar de mil patrões a disputar o artífice no mercado da concorrência, um só patrão, prepotente e autoritário, dita salários, as horas de serviço e as cotas de produção. Em lugar da distribuição da terra, a sua estatização.
 Em face do grande império centrai, que tudo vê e tudo prevê, nenhuma pequena nação, mesmo afim ou irmã, mantém a licença de falar em nacionalismo. Conservemos, pois, as nossas liberdades, fortalecendo-as e ampliandoas. Vivamos como seres livres, construindo o poderoso Brasil. Tê-la-emos, afinal.
Díspares são os destinos, as ambições, as paixões dos homens. A democracia é um regime suficientemente dinâmico para permitir que êsse embate de interêsses e de situações se procêsse sem dano maior à paz pública. É um coro de harmonias às vezes desencontradas, mas regidas pelo compasso do bem comum.
Ela tem sabido. ajustar-se e vicejar, fortalecendo se, mais e mais, mediante a ação do Estado no campo da iniciativa particular, orientando, empreendendo, complementando, atenta às novas exigências demográficas e sócio econômicas. O nosso propósito deve ser multiplicar os órgãos da mecânica democrática, fazendo que surjam, ao lado dos tradicionais, outros, mais próximos das massas, que deem a estas a representação a que fazem jus, com participação efetiva nas responsabilidades governamentais.
 Pessimismo?
Não!
Não se extraia desta mensagem uma conclusão pessimista quanto ao porvir de nossa pátria. Nem teria sentido que, ao final de árdua campanha, em que apaixonadamente pedi os vossos votos, viesse dizer-vos que a tarefa para a qual fui eleito é inesquecível. Creio firmemente, profundamente, no invencível destino do Brasil.
 Esta é a terra de Canaã, ilimitada e fecunda. Nenhum obstáculo natural trava, aqui, o caminho do progresso, e eu me sinto orgulhoso de ser o seu dirigente. Este é um país de solo fértil e de subsolo inesgotável.
Ademais, já superamos o instante em que essas riquezas eram cantadas e permaneciam estéreis. Nossa agricultura expande-se, nossas indústrias multiplicam-se. Prosperamos, não por via de sortilégios, mas pelo mérito de todos os que tivemos a felicidade de habitar nesta nação. Somos um povo tenaz e tranquilo, impermeável a preconceitos de raça, de cor, de credo, que realizou o milagre de sua unidade cimentada nos séculos e que começa a erigir uma civilização sem rival nestes paralelos.
Não medraram entre nós as sementes divisionistas.
Não temos pela frente óbices irremovíveis, Em face dos dramas que traumatizam tantos povos, os nossos problemas apresentam-se simples e fáceis. Podem ser assim resumidos: uma administração criteriosa e honesta; um planejamento realista e firme; um sistema de relações corajoso e franco entre governantes e governados. Como disse o filósofo:
“O que faz que os homens formem um povo é a lembrança das grandes coisas que realizaram juntos e a vontade de levar a efeito novas e grandes coisas”.
Um país, entretanto, não é uma abstração. Incabível, pois, que, em nome dos habitantes de amanhã, se submeta os de hoje ao despojamento de seus bens êssenciais. Por igual, não nos assiste o direito de comprometer o conforto e a segurança das gerações futuras, dilapidando o patrimônio nacional. Sob o meu govêrno, não haverá lugar para tais práticas. Atravessamos horas das mais conturbadas que a humanidade já conheceu.
O colonialismo agoniza, envergonhado de si mesmo, incapaz de solver os dramas e as contradições que engendrou. Ao Brasil cabe estender as mãos a êsse mundo jovem, compreendendolhe os excessos ou desvios ocasionais, que decorrem da secular contenção de aspirações enobrecedoras. Compreender significa auxiliar no que for possível e no que for preciso.
 Fiel à sua origem, às suas tradições, às suas tendências, à sua geografia, a nação não esquece, antes solenemente ratifica, todos os seus compromissos legais e genuínos. Abrimos nossos braços a todos os países do continente. Abrimo-los, também, às velhas coletividades européias e asiáticas, sem prevenções políticofilosó
ficas. Os nossos portos agasalharão todos os que conosco queiram comerciar. Somos uma comunhão sem rancores ou temores. Temos plena consciência da nossa pujança para que nos arreceemos de tratar com quem quer que seja. Recebi, ainda agora, os cumprimentos do corpo diplomático. Desejo que cada um dos embaixadores acreditados em Brasília transmita a seus govêrnos e aos seus povos os votos de paz e prosperidade do povo e do govêrno do Brasil. Com a indispensável cooperação do Legislativo e do Judiciário, não há cuidados que não dispense, nem há dores que não aceite para exercer, com exação e dignidade, a magistratura de que fui investido. Aos homens e às mulheres que me ouvem e que em mim confiam, outra vez, os meus agradecimentos. Que Deus onipotente me ajude, e nos ajude. Meus compatriotas: viva o Brasil!

QUEM SÃO OS SERAFINS ?

QUEM SÃO OS SERAFINS ? "Os serafins estavam acima dele cada um tinha seis asas. O vocábulo "serafim" deve vir da raiz hebraica "Saraph", cuja raiz primitiva queria dizer. Como no plano terrestre, chamamos "autoridades", "potestades" as pessoas humanas que têm uma responsabilidade, assim também recebem estas denominações os servos imediatos de Deus no mundo invisível e os instrumentos diretos de sua "autoridade". Este uso terminológico é levado mais longe ainda no plano celestial, chegando a designar os próprios "seres" invisíveis sujeitos ao domínio de sua vontade. O doutor C.I. Scofield, observa que estas criaturas denominadas de serafins, conforme vemos aqui, contrastam àluz do contexto com os querubins, isto é, não devem ser as mesmas criaturas, ainda que tenham algumas coisas em comum.




Os Serafins
"Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas:
Com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés e com duas voavam" (Is 6.2).
 O título "Serafins" fala de adoração incessante, do seu ministério de purificação e de sua humildade. Eles aparecem apenas uma vez nas Escrituras sob esta designação.
Os seres celestiais em foco, na visão de Isaías, tinham forma humana, ainda que, segundo é dito ali, dispunham de seis asas cada um.
O vocábulo "serafim" pro vir da raiz hebraica "Saraph", cuja raiz primitiva queria dizer:
 "consumir com fogo". Porém, alguns hebraístas a traduzem também por "queimadores", "ardentes", "brilhantes", "refulgentes", "amor" e "nobres"; alguns escritores judeus têm procurado derivar o vocábulo de uma raiz hebraica cognata, "saraph" (queimar, sustentando que os serafins são anjos rebrilhantes). Os menos escrupulosos traduzem também o vocábulo por "serpentes ardentes", ou "áspides voadores" (cf. Is 14.29; 30.6 etc).
 E finalmente, alguns já pensaram também, em "seres exaltados ou nobres".
Já tivemos ocasião de falar sobre o vasto reino de luz dos seres angélicos. As especulações judaicas, e até fora delas, também investigavam a respeito deste mundo invisível. 
As especulações humanas, porém, nem sempre estão de acordo com o pensamento das Escrituras quanto a este vasto mundo espiritual, onde se movimentam inúmeros exércitos organizados e preparados, à disposição do seu Criador (SI 103.20). O apóstolo Paulo e outros escritores do Novo Testamento, falam dele como sendo muito vasto e poderoso.
Como no plano terrestre, chamamos "autoridades", "potestades" as pessoas humanas que têm uma responsabilidade, assim também recebem estas denominações os servos imediatos de Deus no mundo invisível e os instrumentos diretos de sua "autoridade". Este uso terminológico é levado mais longe ainda no plano celestial, chegando a designar os próprios "seres" invisíveis sujeitos ao domínio de sua vontade.
A investigação arqueológica de um túmulo da XII Dinastia, em Benihasam, revelou dois grifos alados, conhecidos em egípcio demótico pelo nome de "seref", resguardando um sepulcro.
 Foi descoberto em Tel Hallf um artefato vindo da Mesopotâmia representando um "serafe" com seis asas. Segundo o achado, tal criatura tinha um corpo humano, em contraste com a combinação águia-leão do Egito, com quatro asas distribuídas abaixo da cintura e as duas restantes entre os ombros. O rosto exibia traços da influência hitita posterior, e o artefato foi datado como pertencente a cerca de 1000 a.C. Estas descobertas arqueológicas sobre possíveis representações de serafins, são muito importantes, porém, longe de traduzir ou representar os verdadeiros serafins componentes do coro angelical.
Os serafins são elevados poderes do mundo angelical que se situam dentro do domínio do Criador. São os possíveis regentes dos grandes corais no interior do Céu. Seu louvor constantemente é dirigido à Trindade (Is 6.3): Santo (Deus), Santo (Jesus), Santo (Espírito Santo). Na passagem de Isaías, a Trindade está em foco! Observe o pronome ("nós") no versículo8, e deduza o significado do pensamento.
O doutor C.I. Scofield, observa que estas criaturas denominadas de serafins, conforme vemos aqui, contrastam àluz do contexto com os querubins, isto é, não devem ser as mesmas criaturas, ainda que tenham algumas coisas em comum. Vejamos:
"Os querubins contrastam com os serafins. Embora exprimam a santidade divina, que requer que o pecador se aproxime de Deus somente por meio de um sacrifício que realmente vindique a santidade de Deus (cf. Rm 3.24-26), e que o crente seja primeiro purificado antes de servir; Gênesis 3.22-24, mostra as exigências dos primeiros; e Isaías 1-6 a dos segundos".
O alcance do argumento. Os serafins habitam "acima" do trono de Deus. A expressão "acima" não deve ser entendida "em cima". A gramática semítica parafraseando esta expressão diz: "Os serafins estavam a altura do trono de Deus. No cimo do trono. E ali velavam pela santidade divina". Os serafins cultuam a Deus nos umbrais eternos, porém, como os demais anjos, são sujeitos à autoridade divina de Jesus Cristo (Hb 1.6). A Ele e por Ele, estão sujeitos todas as autoridades, e as potências. Seja como for, os mensageiros de Deus estão por todas as partes!

O Paganismo e o seu culto "Os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de crueldade", Salmo 74.20.

O Paganismo e o seu culto "Os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de crueldade", Salmo 74.20.
O assunto  apresenta-nos a época chamada "o período de Augusto".  Essa época, começou com o reinado de César Augusto, nascido mais ou menos no ano 63 a.C. e compreende o período dos seus sucessores imediatos. Ela foi notável pela florescente condição da literatura e do saber e pelo próspero cultivo das belas artes. O grande Júlio César, tio e predecessor de Augusto, tinha pelas armas vitoriosas tornado tributárias de Roma todas as nações circunvizinhas. Assim, o Império Romano, quando Augusto subiu ao trono, compreendia quase todo o mundo então conhecido. A religião dessas nações, com a única exceção dos judeus, era o paganismo, numa ou noutra forma, que era também a religião da Roma Imperial. Com as suas armas, Roma levava seus deuses a outras nações e promovia-lhes culto.  Por conveniência política, Roma adotava deu

 O assunto  apresenta-nos a época chamada "o período de Augusto".
 Essa época, começou com o reinado de César Augusto, nascido mais ou menos no ano 63 a.C. e compreende o período dos seus sucessores imediatos. Ela foi notável pela florescente condição da literatura e do saber e pelo próspero cultivo das belas artes.
O grande Júlio César, tio e predecessor de Augusto, tinha pelas armas vitoriosas tornado tributárias de Roma todas as nações circunvizinhas. Assim, o Império Romano, quando Augusto subiu ao trono, compreendia quase todo o mundo então conhecido.
A religião dessas nações, com a única exceção dos judeus, era o paganismo, numa ou noutra forma, que era também a religião da Roma Imperial. Com as suas armas, Roma levava seus deuses a outras nações e promovia-lhes culto.
 Por conveniência política, Roma adotava deuses de outras nações pagas, admitindo-os no seu Panteão.
A índia longínqua, a Citia, a África Meridional e a China, ainda que não conquistadas, e por conseguinte não tributárias de Roma, eram também pagas. Não obstante as divindades adoradas nesses países serem diferentes em nome, os seus atributos e caracteres podiam facilmente identificar-se com os adorados no Império Romano.
O sistema pagão era Politeísta, isto é, eles adoravam muitos deuses. Geralmente, essas divindades eram representadas por qualquer forma humana, tais como Júpiter, rei do Olimpo, e muitos outros ídolos cujos nomes são, sem dúvida, familiares, Marte, Mercúrio, Netuno, Baco, Vulcano, Juno, Vênus e outros, que eram os deuses ou advogados da guerra, do roubo, do deboche, da embriaguez. Outros personificavam virtudes cívicas e domésticas.
Os deuses de Roma, os reis divinizados juntamente com deuses estrangeiros (tais como Isis, deusa dos egípcios) e com divindades menores ou semideuses, que presidiam a países, cidades, rios, estações e colheitas, elevavam a centenas a lista dos "muitos senhores e muitos deuses", a quem, na época a que me refiro, o mundo civilizado rendia homenagem e prestava culto. Poder-se-iam citar inumeráveis autores para provar o número e a inutilidade de tais divindades. Um escritor dessa época observa satiricamente:
"É mais fácil achar um deus do que um homem "
 Isso é Lívio, falando de Atenas, capital da Grécia, diz que estava cheia de imagens de deuses e de homens enfeitados com toda a espécie de material e com toda a perícia da arte
Outro escritor declara:
 "Por todos os lados há altares, vítimas, templos e festas"
Mas os romanos não adoravam somente os deuses que tinham inventado. Na sua ânsia por um Deus verdadeiro, "se porventura o pudessem achar", e tendo consciência de que devia haver algum mais digno da sua estima do que as vis criações da sua corrupta imaginação, ajuntaram aos milhares de altares mais um: o altar ao DEUS DESCONHECIDO.
Este fato nos é familiar pela narração de Lucas nos Atos dos Apóstolos, e inteiramente confirmado por escritores pagãos.
O espírito do apóstolo Paulo sentia-se comovido em si mesmo, vendo a cidade de Atenas "toda entregue à idolatria" e no seu discurso no Areópago Ateniense, disse: "Indo passando, e vendo os vossos simulacros, achei também um altar em que se achava esta letra: AO DEUS DESCONHECIDO"
O que havia em Atenas havia também em Roma, a capital do mundo, pois nos é dito, pela autoridade de Minúcio Félix, que construíam altares a divindades desconhecidas. Tal era então a natureza politeísta do sistema pagão. Falemos agora um pouco do caráter destes deuses, e da natureza do culto que lhes era prestado. Não há crime, por mais abominável que seja, que não lhes pudesse ser imputado.
O seu caráter pode resumir-se nestes versos do poeta Pope:
"Deuses injustos, mutáveis, iracundos, Só na vingança e podridão fecundos".
O que eram os deuses, era o sistema com o qual estavam identificados; eram os efeitos sobre seus adeptos. Julguemos esse sistema pelas próprias bocas dos pagãos: Aristóteles;
 (7) aconselha que as estátuas e pinturas dos deuses não deveriam exibir cenas indecentes, exceto nos templos das divindades que presidiam a sensualidade. Como não deveriam estar as coisas, para ser necessário tal conselho? E qual o estado de espírito de um pagão esclarecido que podia justificar tal exceção!
Petrônio informa-nos que os templos eram freqüentados, os altares eram enfeitados e as orações eram oferecidas aos deuses, para que eles tornassem mais agradáveis os vícios desnaturados dos seus venerados.
O honesto Sêneca, revoltado contra o que presenciava ao redor de si, exclama:
"Quão grande é a loucura dos homens! Balbuciam as mais abomináveis orações, e, se alguém se aproxima, calam-se logo; o que um homem não deveria ouvir eles não se envergonhavam de dizer aos deuses".
Ainda mais: "Se alguém considera o que eles fazem e ao que se sujeitam, em vez da decência, encontrará a indecência; em vez da honra, a indignidade; em vez da razão, a insensatez".
E, para completar o testemunho dos pagãos, quanto ao caráter e efeitos do seu sistema, Platão declara:
 "0 homem tem-se tornado mais baixo que o mais vil dos animais". Bem podia o apóstolo Paulo, escrevendo aos romanos durante o período a que nos referimos, usar a terrível linguagem contida no lº capítulo da Epístola, pois tudo é confirmado pelo testemunho de escritores pagãos.
 Bem podia Paulo atribuir tudo ao sistema religioso de Roma e ao caráter de seus deuses, e afirmar que era por isso que mudavam a glória do Deus incorruptível em semelhança e figura do homem corruptível, de aves, de quadrúpedes e de serpentes.
Pelo que os entregou Deus aos desejos dos seus corações, à imundície, pois não deram provas de que tivessem o conhecimento de Deus. Foram entregues por Deus a um sentimento depravado, para que fizessem coisas que não convém; cheios de iniquidade, de malícia, de imoralidade, de avareza, de maldade, de inveja, de contendas, de engano, de malignidade; tornaram-se homicidas, mexeriqueiros, murmuradores, aborrecidos de Deus, contumeliosos, soberbos, altivos, inventores de males, desobedientes a seus pais, insipientes, imodestos, sem benevolência, sem palavra, sem misericórdia.
Bastaria citar este trecho de Paulo para provar a nossa tese.
Porém, como pode ser que haja alguns que não investigaram a irrespondível evidência em que se baseia a autenticidade dos escritos inspirados, julgamos útil apresentar aos leitores o testemunho combinado, o pagão e o cristão. Pedimos lerem com atenção o capítulo citado; ajudará a apreciar o contraste que será apresentado num capítulo subseqüente.
Quanto ao caráter dos antigos ídolos pagãos, fora dos limites do Império Romano, não temos tantas informações; existe, porém, evidência suficiente para provar que o paganismo oriental era tão vil e degradante como o da Grécia e de Roma, sem se ter até agora alterado profundamente. Podemos estudá-lo pela observação atual. Citarei somente uma passagem: um documento público apresentado ao Parlamento por um magistrado de Bengala Meridional, na índia fala da adoração da deusa Kalé, dizendo:
"O assassino, o ladrão e a prostituta, todos aspiram a propiciar um deus cujo culto seja a obscenidade e que se deleite no sangue do homem e dos animais, e a quem possam implorar auxílio para cometerem os seus crimes". Havia, sem dúvida, exceções a esta regra quanto aos atributos dos deuses pagãos.
Algumas daquelas divindades personificavam virtudes; havia homens melhores do que o sistema que prevalecia. As exceções eram raras e sobressaem nos anais da história com tanto brilho quanto à sua raridade.
 Estes homens excepcionais eram virtuosos em razão da luz ainda não extinta na sua natureza decaída; eram virtuosos apesar do seu sistema religioso e não por causa dele. Dionísio de Halicarnasso diz:
 "Há somente uns poucos que chegaram a ser mestres de filosofia; por outro lado, a grande e ignorante massa popular está mais propensa a encarar essas narrativas (as vidas dos deuses) pelo lado pior e a desprezar os deuses como seres que se transformam nas mais crassas abominações, ou a não temer praticar as maiores baixezas, crendo que os deuses as praticam também”
Tais eram os deuses do paganismo e tais os efeitos naturais do seu caráter sobre os seus devotos.
 Observamos que o sistema pagão como o judaico era sacerdotal, administrado por um sacerdócio. Entre os pagãos, o sacerdote, que podia ser homem ou mulher, era o mediador entre o povo e as divindades: a elas oferecia orações e fazia sacrifícios.
Em nome delas interpretava sinais, oferecia presságios e revelava a vontade dos deuses, além de exercer certas funções judiciais.
O culto consistia na prática de certos atos ou ritos exteriores.
Era, por outras palavras, exclusivamente externo ou cerimonial. Não existe uma única prova de que ensinassem a moral
  Os ritos compreendiam sacrifícios, ofertas, orações, incensos, peregrinações a lugares santos ou relicários; procissões em honra dos deuses; jejuns, abstinências, mortificações, penitências, observância de festas e frequentemente práticas viciosas, como as acima referidas.
Esses ritos eram custosos, exigindo sacrifício da parte dos que os seguiam, conforme a posição de cada um.
Os seus benefícios aproveitavam mais aos ricos que aos pobres.
Não só eram, na maioria das vezes, abominavelmente impuros, mas também barbaramente cruéis. Acerca da imoralidade das cerimônias é impossível falar.
 Mas mesmo que fossem descritos, não seriam acreditadas, se não fizessem longas citações de historiadores autorizados.
 Afirme-se desde já que o Cristianismo baniu o conhecimento dos vícios cometidos publicamente nessa época, vícios que não somente não produziam o descrédito daqueles que os praticavam, mas que faziam parte dos seus ritos religiosos e que, em alguns casos, eram obrigatórios e noutros, tidos como honrosos e meritórios.
É uma bênção serem agora mortas as línguas em que essas coisas foram escritas!
Mas, não devemos esquecer as lições que elas nos ensinam. Dissemos que os ritos pagãos eram muitas vezes barbaramente cruéis.  Referiamo - nos principalmente à prática de oferecer sacrifícios humanos: e essa prática, segundo a história antiga, parece ter sido universal.
 Não é conhecida a data em que essa abominação foi introduzida, mas, sem dúvida, foi pouco depois do princípio do mundo.
Os cananeus, há 3300 anos, a praticavam, oferecendo seus filhos aos ídolos de Canaã, especialmente a Moloque.  Foi evidentemente este um dos crimes pelos quais o Todo-poderoso mandou destruir aquele povo:
 "Não darás nenhum de teus filhos para ser consagrado ao ídolo Moloque... porque todas estas execrações cometeram os habitantes desta terra, que foram antes de vós, e com elas a contaminaram. Vede, pois, não suceda... como ela vomitou a gente que houve antes de vós, vos vomite também a vós, se fizerdes outro tanto".
É necessário explicar que a expressão usada nas nossas Bíblias, "consagrar os filhos ao ídolo Moloque quer dizer queimar as crianças em honra dessa divindade . Sobre este ponto não há dúvida.
Moloque, Moleque, Malcom ou Milcom, como chamado, era o planeta Saturno divinizado.
O seu culto existia principalmente entre os primitivos habitantes de Canaã, e entre os amonitas, fenícios e cartagineses.
 O ídolo consistia numa estátua de latão, sob a forma de homem com cabeça de touro; tinha os braços estendidos para a frente, um pouco abaixados. Os pais colocavam seus filhos nas mãos do ídolo. Dali a criança caía numa fornalha onde morria queimada. Durante a cerimônia, tocavam tambores e trombetas para abafar os gritos dos inocentes.
Algumas vezes o ídolo era oco. Aquecido até ao rubro por fogo colocado dentro, as crianças eram então queimadas nas mãos em brasa da estátua. Apesar de ter o Todo-poderoso proibido expressamente esses crimes, os judeus praticaram-no por vezes, especialmente nos reinados de Acaz e de Manasses.
Erigiram o ídolo no vale ao sul de Jerusalém, chamado Enon, mais tarde denominado Tofete ou Tambores em conseqüência da prática dessa abominação, e em referência aos tambores que tocavam para sufocar os gritos das vítimas (16). Mais tarde, o lugar veio a ser tão aborrecido pelos judeus, que deram a ele o nome de "Ge-hinnon" ou Geena, lugar de castigo na vida futura, isto é, o Inferno.
De maneira que, na opinião destes judeus, bastava praticar tais abominações pagas para fazer da terra um inferno (17).
 Continuemos a indagar da prática de sacrifícios humanos.
Principiemos pelos gregos civilizados e filósofos. Agamenon, rei de Micenas, ofereceu sua filha Efigênia, a fim de obter uma brisa favorável para poder atravessar um mar mais estreito que o Canal da Mancha; e, na sua volta, ainda ofereceu outro sacrifício humano. Os atenienses e os massalianos ofereciam anualmente um homem a Netuno.
Menelau, rei de Esparta, sendo detido por ventos contrários, ofereceu duas crianças egípcias. A história relata-nos que muitos dos estados gregos ofereciam vítimas humanas antes de empreenderem uma expedição ou guerra.
Em Rodes ofereciam um homem a Crono, deus semelhante a Moloque, no dia 6 de julho de cada ano; em Salamina, ofereciam também um homem em março de cada ano; em Chios e Tenedos despedaçavam anualmente uma vítima humana.
Na Ática, Ereteu sacrificou sua filha; Aristides sacrificou três sobrinhos do rei da Pérsia;
Temístocles sacrificou várias pessoas nobres. Note bem! estes homens não eram selvagens, mas tidos em seus dias como sábios, justos e bons.
Na Tessália, ofereciam-se sacrifícios humanos;
 os palagianos, em tempo de escassez, ofereciam a décima parte de seus filhos; na Crimeia e no Tauro, cada naufrágio estrangeiro, em vez de ser recebido com hospitalidade, era sacrificado a Diana.
0 templo desta deusa em Arícia, era sempre servido por um sacerdote, que tinha matado o seu antecessor; e os lacedemônios anualmente ofereciam vítimas humanas a Diana até o tempo de Licurgo, que mudou esse costume pelo açoite.
No entanto, as crianças eram muitas vezes flageladas até morrer. Passemos agora dos gregos e seus vizinhos para o império de Roma.
A história nos informa que, embora não tão freqüentemente, houve sacrifícios humanos por muitos e muitos anos. Em Roma, era costume sacrificar anualmente trinta homens, atirando-os ao Tibre, para obter o progresso da cidade.
Tito Lívio menciona que dois homens e duas mulheres foram enterrados vivos para evitar calamidades públicas. Plutarco descreve um sacrifício semelhante; e Caio Mário ofereceu sua filha Calpúrnia para ser bem sucedido numa expedição contra os címbricos.
 É verdade que no ano 96 a.C. foi publicada uma lei para sustar essas práticas, o que prova que o costume existia.
 Além disso, o sacerdote pagão mostrava-se muitas vezes mais forte que o magistrado civil, de modo que, embora a lei tivesse sido promulgada, o costume não foi abolido. Muitos casos de sacrifícios humanos são mencionados até ao ano 300 da nossa era quase 400 anos depois da publicação da lei .
 Da Grécia e de Roma passemos a outras nações antigas, e indaguemos quais eram a este respeito as praticas do paganismo.
Entre os habitantes de Tiro, o rei oferecia o filho para obter prosperidade; pela Escritura Sagrada sabemos humana.  Na Ática, Ereteu sacrificou sua filha; Aristides sacrificou três sobrinhos do rei da Pérsia; Temístocles sacrificou várias pessoas nobres.
Note bem! estes homens não eram selvagens, mas tidos em seus dias como sábios, justos e bons.
 Na Tessália, ofereciam-se sacrifícios humanos; os palagianos, em tempo de escassez, ofereciam a décima parte de seus filhos; na Crimeia e no Tauro, cada naufrágio estrangeiro, em vez de ser recebido com hospitalidade, era sacrificado a Diana. 0 templo desta deusa em Arícia, era sempre servido por um sacerdote, que tinha matado o seu antecessor; e os lacedemônios anualmente ofereciam vítimas humanas a Diana até o tempo de Licurgo, que mudou esse costume pelo açoite. No entanto, as crianças eram muitas vezes flageladas até morrer. Passemos agora dos gregos e seus vizinhos para o império de Roma. A história nos informa que, embora não tão freqüentemente, houve sacrifícios humanos por muitos e muitos anos.
Em Roma, era costume sacrificar anualmente trinta homens, atirando-os ao Tibre, para obter o progresso da cidade. Tito Lívio menciona que dois homens e duas mulheres foram enterrados vivos para evitar calamidades públicas.
 Plutarco descreve um sacrifício semelhante; e Caio Mário ofereceu sua filha Calpúrnia para ser bem sucedido numa expedição contra os címbricos. É verdade que no ano 96 a.C. foi publicada uma lei para sustar essas práticas, o que prova que o costume existia. Além disso, o sacerdote pagão mostrava-se muitas vezes mais forte que o magistrado civil, de modo que, embora a lei tivesse sido promulgada, o costume não foi abolido.
 Muitos casos de sacrifícios humanos são mencionados até ao ano 300 da nossa era quase 400 anos depois da publicação da lei. Da Grécia e de Roma passemos a outras nações antigas, e indaguemos quais eram a este respeito as praticas do paganismo. Entre os habitantes de Tiro, o rei oferecia o filho para obter prosperidade; pela Escritura Sagrada sabemos que os moabitas também tinham tal costume.
Na ocasião da derrota do rei de Moabe pelos exércitos aliados de Judá e Israel, o rei de Moabe ofereceu em sacrifício seu filho primogênito, que havia de reinar depois dele.
 No tempo do Novo Testamento, Pilatos misturou o sangue de certos galileus com os seus sacrifícios. Os cartagineses seguiram esse costume.
 Em ocasiões extraordinárias, ofereciam multidões de vítimas humanas: durante uma batalha entre sicilianos e cartagineses, estes, sob o comando de Amílcar, ficaram no campo oferecendo sacrifícios às divindades do seu país, e consumindo sobre uma grande fogueira os corpos de numerosas vítimas .
 Outra vez, quando Agatocles estava para sitiar Cartago, os seus habitantes, temendo que suas desgraças fossem por causa da ira de Saturno, por lhe terem oferecido somente filhos de escravos e estrangeiros, em vez de crianças nobres, sacrificaram duzentas crianças das melhores famílias, a fim de propiciar a divindade ofendida.
Trezentos cidadãos imolaramse voluntariamente na mesma ocasião.
Doutra vez, para celebrar uma vitória, o mesmo povo imolou os mais perfeitos e mais formosos dos seus cativos, e as chamas da fogueira foram tão grandes que lhes incendiaram o acampamento
Tertuliano, escritor cristão, diz que sacrifícios humanos eram comuns na Arcádia e em Cartago nos seus dias, isto é, no terceiro século da era cristã. Agora voltemos ao Oriente.
 No Egito havia sacrifícios de vítimas humanas, cujas cinzas eram espalhadas pelas terras para se conseguir a fertilidade do solo; os escolhidos eram homens de cabelo ruivo. Durante a dinastia dos Hiksos, conta Maneto que diariamente eram sacrificadas três pessoas, isto é, mais de mil por ano. Entre os persas, sabemos que existia o mesmo costume.
Quando Anestris, mulher de Xer chegou
"Ê absolutamente impossível descrever detalhadamente as terríveis depravações do velho mundo pagão. No dizer do Apóstolo, 'é vergonha mesmo só o falar daquelas coisas que faziam em secreto'. O leitor náo deve precisar que lhe digamos toda a miséria moral duma religião cujos deuses eram debochados, bêbedos. fatricidas.
Prostitutos e assassinos e cujos templos eram lupanares e antros dos piores vícios, chegando alguns a só serem tolerados fora das cidades (Vitruvio. I. 7). Seus espetáculos - as horríveis pugnas de gladiadores e cenas tão impuras - o Catão casemeiro não podia presenciar. Suas procissões eram cortejos de indecências. Seus altares náo raro se tingiam de sangue humano.
Suas festas, as célebres bacanais e saturnais; cujo ritual era o vício, e cujos sacerdotes e sacerdotisas... (temos de descer um véu para esconder suas simples funções sacerdotais).
No tempo de Augusto, o casamento tinha caído em desuso. Se existia, era apenas para tornar a mulher escrava. A esposa tinha de trabalhar, as concubinas e cortesãs é que eram as amigas do seu senhor.
 Mas tudo isto não é ainda o mais negro do quadro.
Não há um único dos vícios que provocaram a extinção dos cananeus ou que fizeram vir do Céu o fogo vingador sobre as cidades da planície, que não suje o retrato, que a história registra de quase todos os imperadores, estadistas, poetas e filósofos da Roma Antiga e da Grécia clássica.
 A lepra moral corrompia tudo e a todos na idade media.
 A crueldade campeava tanto quanto a sensualidade. A escravatura era universal. Sócrates era uma exceção."
A Igreja Livre da Antigüidade, por Basilio H. Cooper, p.31 e 32.
 Ver no Dicionário de Antigüidades do Dr. Smith o tópico Sacerdotes

A Primeira Epístola de Paulo CORÍNTIOS / INTRODUÇÃO

Praticamente todos os estudiosos do Novo Testamento aceitam a autoria paulina de 1 Coríntios, isto é, autoria de Paulo apóstolo.
A atribuição quase que unânime a Paulo é expressa por Robertson e Plummer da seguinte forma:
“Tanto a evidência externa como a interna para a autoria de Paulo são tão fortes que aqueles que tentam mostrar que o Apóstolo não a escreveu são bem sucedidos principalmente em provar a sua própria incompetência como críticos”.
 Visto que há uma concordância geral, deve-se sugerir apenas brevemente a natureza da evidência interna e externa para a autoria paulina.
A evidência interna aponta para Paulo como o autor. A forma geral da carta, com as suas saudações de abertura, o tratamento de problemas práticos e doutrinários, e Uma bênção calorosa no encerramento que no caso  seguem o padrão familiar das Epístolas de Paulo.
O estilo também é paulino, combinando persuasão cortês, exortações apaixonante, confrontação direta e afeição fraternal. A linguagem também é típica de Paulo. Frases como “(Jesus Cristo, nosso Senhor)”, “(em Cristo)”, “(o homem espiritual)”, “(justificado)”, e “o corpo de Cristo” são todas expressões paulinas. A carta também associa Paulo com a igreja de Corinto de uma forma que não é totalmente lisonjeira para com os coríntios.
Portanto a carta deve ter sido uma descrição exata da situação em Corinto ou estas pessoas não teriam permitido que esta descrição permanecesse sem refutação. A evidência externa também apóia a autoria paulina. Em 95 d.C., Clemente de Roma referiu-se a 1 Coríntios como uma carta do Apóstolo Paulo. Este é “o exemplo mais antigo na literatura de um escritor do Novo Testamento sendo mencionado pelo nome”.
 O cânon Muratório, que provavelmente surgiu no final do século II, lista 1 Coríntios como uma das cartas de Paulo.
 Tertuliano, o pai da teologia latina, em sua obra Prescriptions Âgainst Heretics, usa 1 Coríntios como um apoio paulino para a doutrina da ressurreição. Orígenes, em uma discussão sobre a tentação, também cita 1 Coríntios, e de forma bastante natural se refere a Paulo como o autor.
A autoria de Paulo de 1 Coríntios se coloca acima de qualquer desafio sério e pode ser aceita sem reservas. Nas palavras de um notável estudioso e historiador do Novo Testamento: “... 1 Coríntios formava o início das epístolas paulinas na coletânea mais antiga”.
A CIDADE DE CORINTO
Paulo foi a Corinto por volta de 50 d.C.7 para iniciar uma campanha missionária de 18 meses nas casas.
Ele se encontrava em um próspero centro comercial. Tanto o tráfego por terra como pelo mar convergiam para Corinto. A cidade foi construída sobre um estreito desfiladeiro de terra que unia o norte e o sul da Grécia (ver o mapa ).
Todo o tráfego do norte para o sul era afunilado através de uma estreita faixa de terra dominada por Corinto. Além disso, Corinto tinha instalações portuárias naturais e uma localização estratégica que a tornou um próspero centro de navegação. A maior parte do tráfego norte - sul vinha para a cidade para economizar tempo, ou para evitar uma viagem longa e perigosa perto das águas traiçoeiras do sul da Grécia que permabece até hoje.
A carga podia ser carregada, arrastada através dos seis quilômetros e meio do estreito desfiladeiro de terra, recarregada, e enviada em um tempo muito mais curto do que viajar por várias centenas de quilômetros perto do pico sul da Grécia.
 Cerca de 200 anos antes de Paulo chegar a Corinto, um general romano chamado Lúcio Múmio havia pilhado e saqueado a cidade em 146 a.C. Em 46 a.C., Júlio Céskra reconstruiu como um posto militar avançado e como um centro comercial do império. A cidade atraía negociantes, vagabundos, caçadores de dotes e os que buscavam prazer.
Um escritor descreve a população nas seguintes palavras:
A gentalha do mundo estava lá... Canalhas que achavam a vida desconfortável em suas próprias cidades se dirigiam a Corinto. O porto agitado era notoriamente mais imoral do que qualquer outro no Império Romano; e esta tendência foi estimulada por causa do templo de Vênus (Afrodite), a deusa sensual grega que ainda dominava a nova cidade romana.
Aqui Paulo Apóstlo, outra vez enfrentou o pensamento grego, como havia feito em Atenas. Em Corinto, porém, “o intelecto grego não era dedicado à ciência, eloqüência ou literatura... mas era dado à luxúria aberta e efeminada”.O edifício mais destacado de Corinto era o templo de Vênus, “erigido em sua acrópole, e colocado no alto, acima da cidade, como representação do gosto e do caráter dos coríntios”.
Em Corinto, o cristianismo entrou em contato “com toda aquela arte que se poderia arquitetar para o prazer da vida; com tudo o que foi adaptado para nutrir os hábitos da volúpia, com tudo que era refinado ou indecente, que poderia servir aos prazeres dos sentidos”. Corinto era uma das mais “luxuriantes, efeminadas, ostentadoras e dissolutas cidades do mundo”.
 Era um lugar de imoralidade excepcional e licenciosidade aberta que eram estimuladas pelo culto a Afrodite, com uma centena de prostitutas do templo. Escavações recentes descobriram 33 tavernas atrás de uma colunata de apenas 30 metros de extensão.A cidade continha um teatro com capacidade para 18.000 pessoas sentadas.A depravação de Corinto era tão notória e grande que o nome da cidade “tinha na verdade passado a fazer parte do vocabulário da língua grega; e a própria palavra ‘corintianizar’ significava ‘agir de forma leviana’ ”,
Hoje, exceto por sete colunas dóricas que ainda estão de pé, e algumas ruínas de alvenaria espalhadas, não há nada (além de entulho) que tenha restado desta cidade que fora tão orgulhosa. Ela possui um memorial perpétuo nas cartas que o Apóstolo Paulo lhe escreveu.
 A IGREJA QUE SE EM CORINTO.
A graça de Deus é suficiente para redimir integralmente e sustentar continuamente.
Muitas igrejas espirituais compostas de santos devotos e dedicados atingiram um alto grau de espiritualidade em ambientes pecaminosos e desfavoráveis. Mas, infelizmente, a igreja em Corinto não era uma igreja assim, porque “havia muitas complicações na tentativa dos primeiros cristãos de se separarem da sociedade pecadora em Corinto”. A igreja em Corinto era uma igreja problemática. Nesta carta, Paulo foi levado a “denunciar os pecados que haviam corrompido a igreja de Corinto, e quase anulado o seu direito de se intitular cristã”.
 Ao escrever aos coríntios, Paulo os fez lembrar que eles foram separados, “chamados santos” (1.2); ele elogiou aqueles que foram enriquecidos “em toda a pálavra e em todo o conhecimento” (1.5); o apóstolo os louvou por sua variedade de dons (1.7). Mas Paulo também expressou uma séria preocupação por eles. Ele lhes rogou què chegassem a um acordo entre si (1.10); ele estava angustiado pelas divisões ocorridas entre eles (1.11).
O apóstolo desenhou um retrato minucioso da incapacidade do homem natural de entender os conceitos espirituais (1.18-26). Ele apresentou a Cristo como o objeto supremo da lealdade e da devoção cristãs (1.30-31). Paulo fez uma análise detalhada do estado espiritual deles. E este foi um retrato sórdido. A lista de acusações que Paulo dirigiu contra os coríntios ia desde divisões carnais até à negação da ressurreição de Cristo.
Uma alma inferior à de Paulo teria abandonado a igreja em desespero ou a teria condenado com indignação. Paulo não fez nenhuma destas coisas - ele lhes pregou a Cristo. Paulo podia ousadamente desafiar os coríntios, porque ele tinha sido o instrumento de Deus para fundar a igreja. A sua chegada a Corinto, perto da metade do século I, não foi uma questão de antecipação triunfante nem de confiança baseada em sucessos do passado.
Ele havia fugido da Macedônia tendo a sua vida em perigo (At 17.13-14). De Tessalônica, na Macedônia, Paulo tinha ido para Atenas, onde alcançou pouco sucesso tanto entre os judeus como entre os gregos (At 17.16-33). Partindo de Atenas, Paulo viajou para Corinto (At 18.1), onde ficou por 18 meses (At 18.11).
Em Corinto, a fossa do mundo antigo, Paulo conseguiu ganhar vários convertidos importantes. Primeiro Áqüila e Priscila foram convencidos e convertidos. Timóteo e Silas vieram da Macedônia para ajudar Paulo, e logo Crispo, um principal da sinagoga, foi convertido. Sua mudança de vida espiritual foi seguida de várias outras conversões. Entre estes convertidos estavam algumas pessoas de elevada estatura social, como Tito Justo, cuja casa tornou-se um local de reuniões para a igreja. Áqüila e Priscila, já mencionados, eram pessoas de caráter forte e imensa atividade.
Também havia Gaio, “que era um homem de posses e grande hospitalidade, recebendo Paulo e toda a igreja”.19 Erasto, o tesoureiro da cidade, converteu-se. Pode ter havido outros homens de nível elevado, mas como D. A. Hayes escreve: "... a maior parte da igreja era composta por pessoas pobres e incultas. Havia algumas da classe média, porém um grande número fazia parte da população de escravos”.20 Após 18 meses em Corinto, Paulo foi para Éfeso (At 18.19). Ele deixou para trás de si uma das maiores congregações da Igreja Primitiva.
D. OCASIÃO E PROPÓSITO DA CARTA
Depois que Paulo partiu de Corinto, o trabalho de edificar e consolidar a nova e próspera igreja foi dado a Apoio (At 19.1). Ele era um judeu de Alexandria, um homem eloqüente e culto (At 18.24). Ele havia tido o seu aprendizado em Éfeso, e havia pregado o batismo de João com notório fervor (At 18.25). Em Éfeso, a sua educação teológica foi destacada pelo ensino que recebeu de Áqüila e Priscila (At 18.26).
Partindo de Éfeso,
Apoio foi para Corinto. Sem dúvida alguma, ele retornou a Éfeso para relatar as condições da igreja em Corinto. Nos três anos que se passaram desde que Paulo deixara Corinto, os membros da igreja não se desenvolveram bem, em termos espirituais.
 O apóstolo havia escrito uma carta para a igreja anteriormente; em 1 Co 5.9 ele escreve: “Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem”. Aparentemente a carta original, chamada pelos estudiosos de “A Carta Anterior”, se perdeu. Paulo recebeu a informação de que a situação em Corinto estava piorando. Ele mencionou várias fontes de informação.
1. A família de Cloe. Em 1 Coríntios 1.11, Paulo declara:
“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre vós”. Este relatório não foi solicitado ou autorizado, contudo era verdadeiro. Um escritor se refere a ele como se segue: “Tanto pelo fato de ser dito que a informação vinha destas pessoas, em vez da igreja de Corinto... quanto por causa da natureza desfavorável desta notícia, é seguro presumir que estas pessoas não foram enviadas pelos coríntios para levar esta notícia, e que o seu relatório, portanto, não era oficial”.21 Deissmann sugere que Cloe pode ter sido uma mulher que possuía alguns recursos financeiros.22
2. Anotícia da situação em Corinto também chegou ao seu conhecimento como resultado de uma visita de Estéfanas, Fortunato e Acaico a Éfeso (1 Co 16.17).
3. A notícia mais direta veio da própria igreja. A situação de rápida deterioração alarmou alguns dos membros, e estes enviaram uma carta a Paulo. Em 1 Coríntios 7.1 ele escreveu: “Quanto às coisas que me escrevestes...
” Portanto, uma combinação de fatores levou o apóstolo a escrever uma carta para a igreja. Ela foi redigida com a finalidade de lidar com seus problemas, e direcionar os seus membros a uma vida de santidade em Cristo. Na carta enviada a Paulo pelos coríntios, havia questões sobre casamento e celibato, sobre alimentos oferecidos aos ídolos, sobre o culto público, e provavelmente algumas sobre dons espirituais.
 Mas Paulo também estava preocupado com outros problemas que atormentavam esta igreja, tais como divisões, um espírito de contenda, impureza sexual e um espírito não-cristão. Paulo escreveu uma carta em que apresentava as exigências do cristianismo de uma completa renovação de caráter e conduta - uma nova moralidade baseada no poder redentor de Cristo.
Como Hurd salientou: “Pode-se dizer agora que há uma clara evidência de que 1 Coríntios é o quarto estágio em uma troca que ocorreu entre Paulo e a igreja de Corinto”.Estas fases do relacionamento de Paulo com a igreja são as seguintes:
Fase 1: A primeira visita de Paulo a Corinto e o estabelecimento da igreja.
Fase 2: A “Carta Anterior” de Paulo para a igreja em Corinto.
Fase 3: Esta fase consiste de duas partes. Primeiro, a informação relatada a Paulo sobre Corinto por Estéfanas, Fortunato e Acaico e pela família de Cloe.
Além dos relatórios verbais dos visitantes de Corinto havia a carta escrita a Paulo pela própria igreja. Esta carta pedia que ele os aconselhasse sobre alguns problemas que haviam ocorrido. Fase 4: A composição de 1 Coríntios. Nesta primeira carta Paulo tratou das questões que a igreja lhe havia dirigido. Mas ele foi além, e discutiu longamente as questões mais sérias que haviam sido levadas à sua atenção pelos relatórios verbais sobre a situação em Corinto.

O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO, O LIQUIDO DA LIBAÇÃO PELO PECADO

O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO, O LIQUIDO DA LIBAÇÃO PELO PECADO
"A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis" (Gên. 9:4).  O homem tinha "tudo o que se move sobre a terra" (Gên. 9:3) para lhe servir de alimento, porém, de modo algum, poderia comer o sangue com a carne.  Os animais sufocados deviam ser considerados impróprios para consumo, visto que Deus não queria que o homem se familiarizasse com o sangue, comendo-o ou bebendo-o de nenhuma forma.  Desse modo, mesmo o sangue de touros e bodes tinha algo de sagrado que lhe foi conferido pelos decretos de Deus.


..não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados... mas com o precioso sangue de Cristo..." (I Ped. 1:18-19).
Desde o princípio o sangue tem sido considerado por Deus como algo muito precioso. Ele delimitou esta fonte de vitalidade com as mais solenes sanções.
 Veja;
O Senhor assim ordenou a Noé e a seus descendentes:
"A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis" (Gên. 9:4).
O homem tinha "tudo o que se move sobre a terra" (Gên. 9:3) para lhe servir de alimento, porém, de modo algum, poderia comer o sangue com a carne.
 Os animais sufocados deviam ser considerados impróprios para consumo, visto que Deus não queria que o homem se familiarizasse com o sangue, comendo-o ou bebendo-o de nenhuma forma.
Desse modo, mesmo o sangue de touros e bodes tinha algo de sagrado que lhe foi conferido pelos decretos de Deus.
Quanto ao sangue dos humanos, lembremo-nos de como Deus é ameaçador:
"Certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do próximo de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será
derramado; porque Deus fez o homem conforme a Sua imagem" (Gên. 9:5).
É verdade que o primeiro homicida não teve seu sangue derramado pelo homem, mas por outro lado, o crime era algo novo e a penalidade ainda não havia sido estabelecida e proclamada, e por isso o caso foi claramente excepcional e único; e mais, provavelmente a sentença de Caim foi muito mais terrível do que se ele tivesse sido morto naquele instante.
Foi-lhe permitido dar vazão a sua iniqüidade, ser um fugitivo e vagabundo sobre a face da terra, para então receber a terrível herança da ira, a qual foi, sem dúvida, grandemente acrescentada pela sua vida de pecado.
 Sob a dispensação teocrática, na qual Deus era o Rei e governava Israel, o homicídio era punido da maneira mais exemplar, e nunca havia nenhuma tolerância ou desculpa aceitável. Olho por olho, dente por dente, vida por vida, era a inflexível e inexorável lei. Está expressamente escrito:
 "não tomareis expiação pela vida do homicida que é culpado de morte: antes certamente morrerá". Mesmo nos casos onde a vida era tirada acidentalmente ou por uma fatalidade, o ocorrido não era tolerado. O assassino fugia imediatamente para a cidade de refúgio, onde, após ter seu caso devidamente processado, era-lhe permitido residir; mas não havia segurança para ele em lugar algum até a morte do sumo sacerdote. 
A lei geral para todos os casos era:
 
"Assim, não profanareis a terra em que estais; porque o sangue faz profanar a terra: nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que se derramar nela, senão com o sangue daquele que o derramou.. Não contaminareis pois, a terra na qual vós habitareis, no meio da qual eu habitarei, pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos de Israel". (Num. 35:33-34).
Está claro, portanto, que o sangue sempre foi precioso aos olhos de Deus, e Ele quer que o seja também aos nossos. Ora, se em casos comuns o tirar a vida é tão importante, poderão imaginar o que está no coração de Deus quando Ele diz: "preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos"?
 (Sal. 116:15). Se a morte de um rebelde é importante, o que dizer da morte de um filho? Se Ele não contempla o derramamento do sangue de Seus próprios inimigos e daqueles que O ofenderam sem proclamar vingança, o que vocês pensam sobre Seus eleitos, a respeito dos quais Ele diz: "Precioso é o sangue destes aos meus olhos"?
Ele não os vingaria ainda que demore em fazê-lo? A meretriz de Roma cuja taça foi cheia com o sangue dos santos, permanecerá muito tempo sem punição? Os mártires do Piedmont e dos Alpes, e da nossa Smithfield, e das montanhas da Escócia não terão de Deus a vingança devida por tudo o que sofreram, e pelo sangue que derramaram na defesa de Sua causa?
Eu os tenho trazido do animal para o homem, e do homem para os homens escolhidos de Deus, os mártires. Tenho ainda outro lance para lhes apresentar: é o maior de todos eles - é o do sangue de Jesus Cristo. Aqui o poder da expressão poderia falhar em transmitir-lhes a idéia da preciosidade! Eis uma Pessoa inocente, sem nenhuma contaminação ou imperfeição; uma Pessoa digna, que magnificou a lei e tornou-a honrosa uma Pessoa que serviu tanto a Deus como ao homem, mesmo até a morte. E não somente isto, mas aqui temos uma Pessoa divina - tão divina que em Atos dos Apóstolos Paulo chama Seu sangue de "o sangue de Deus". Coloquemos inocência, mérito, dignidade, posição e até mesmo deidade numa escala e então imaginemos quão inestimável é o valor do sangue vertido por Jesus Cristo.
Anjos devem ter presenciado aquele inigualável derramamento de sangue com admiração e espanto, e mesmo o próprio Deus viu o que nunca antes havia sido visto na criação ou na providência; Ele viu a Si mesmo muito mais gloriosamente apresentando do que o faz todo o universo. Aproximemo-nos do texto para tentar demonstrar a preciosidade do sangue de Cristo. Vamos limitar-nos a enumerar algumas propriedades desse sangue precioso. Enquanto estudava este assunto, senti que teria tantos itens que alguns de vocês comparariam meu sermão aos ossos secos da visão de Ezequiel. Eles eram muitos e
estavam realmente muito secos; mas creio que o Espírito Santo descerá sobre os ossos do meu sermão, os quais, ainda que secos, serão agitados e cheios de vida, e vocês vão admirar o extraordinariamente grande exército de pensamentos de amor e benevolência de Deus para com Seu povo, expresso no sacrifício do Seu próprio Filho amado.
O precioso sangue de Cristo é útil ao povo de Deus de muitas maneiras. Pretendemos falar a respeito de doze delas. Afinal, a verdadeira preciosidade de algo vai depender de sua utilidade para nós em tempos de aflições e provas.
 Um saco de pérolas seria para nós muito mais precioso do que um saco de migalhas de pão, porém, vocês devem ter ouvido a história do homem no deserto que, já cambaleando, quase morto, tropeçou num saco e abrindo-o esperançoso de que pudesse ser a mochila de algum viajante com alguma comida, encontrou nele apenas pérolas! Quanto mais valioso teria sido para ele se se tratasse de pedaços de pão! Eu digo, na hora da necessidade e do perigo, o uso que podemos fazer de alguma coisa constitui sua verdadeira preciosidade. Isto pode não estar de acordo com a política econômica, mas está de acordo com o bom senso.
 1. O precioso sangue de Cristo tem um  PODER REDENTOR ele redime da lei.
 Todos nós estávamos sob a lei, que diz: "Faça isto, e viva".
 Éramos escravos dela;
Cristo pagou o preço do resgate e a lei não é mais o nosso mestre tirano.
Estamos completamente livres dela. A lei tem uma terrível maldição: qualquer que violar um de seus preceitos deve morrer. "Cristo nos redimiu da maldição da lei, tendo sido feito maldição em nosso lugar" (Gal. 3:13). Pelo temor de sua maldição, a lei infligia um contínuo pavor àqueles que estavam debaixo dela; eles sabiam que a tinham desobedecido, e permaneciam todo o tempo de suas vidas sujeitos à escravidão, temendo que a morte e a destruição viessem sobre eles a qualquer momento.
Nós, porém, não estamos sob a lei, mas sob a graça, e consequentemente "não recebemos o espírito da servidão novamente para temer, mas recebemos o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rom. 8:15).
Nós não tememos a lei agora; seus piores trovões não podem nos atingir porque não são proferidos contra nós! Seus mais tremendos raios não podem nos tocar, porque estamos protegidos sob a cruz de Cristo, onde o trovão perde seu terror e o raio sua fúria. Agora lemos a lei de Deus com prazer; nós a vemos como na arca, coberta com o propiciatório, e não trovejando tempestuosamente
como se procedesse do monte Sinai. Feliz é o homem que conhece a completa redenção da escravidão à lei, de sua maldição, de sua penalidade e do seu terror.
Meus irmãos, a vida de um judeu poderia ser considerada feliz se comparada à dos gentios, porém era a perfeita escravidão quando a comparamos com a sua vida e a minha. Ele estava cercado por centenas de mandamentos e proibições, suas formalidades e cerimônias eram muitas, e seus detalhes minuciosamente arranjados.
  Ele estava sempre em perigo de se tornar impuro. Se se sentasse numa cama ou num banco poderia se contaminar, se bebesse água de uma vasilha ou mesmo se tocasse as paredes de uma casa, onde antes um homem leproso tivesse também tocado, ele Ficaria contaminado. Milhares de pecados por ignorância eram como muitas armadilhas preparadas em seu caminho; ele deveria viver perpetuamente temendo, se não quisesse ser cortado do povo de Deus.
   Quando ele fazia o melhor no seu dia-a-dia, sabia que ainda não terminara; nenhum judeu poderia considerar sua obra terminada.
  O novilho fora oferecido mas ele deveria trazer outro; o cordeiro fora imolado pela manhã, mas outro deveria ser oferecido à tarde e outro amanhã, e ainda outro no dia seguinte.
  A Páscoa é celebrada com ritos sagrados, isto deveria se repetir da mesma maneira a cada ano. O sumo sacerdote havia entrado além do
véu uma vez, mas deveria entrar lá novamente; a coisa nunca terminava, pelo contrário, estava sempre recomeçando. Ele nunca estava próximo de um fim. "A lei nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem". (Heb. 10:1). Mas, vejamos nossa posição. Somos livres dessas coisas. Nossa lei está cumprida, pois Cristo é o fim da lei para a justiça; nosso cordeiro pascal foi imolado, pois Jesus morreu: nossa justiça está terminada, pois somos completos nEle; nossa vítima está morta, nosso sacerdote entrou além do véu, o sangue foi aspergido, estamos limpos e livres de qualquer contaminação, "Porque (Ele) aperfeiçoou para sempre os que são santificados" (Heb. 10:14). Valorizem este precioso sangue, meus amados, porque foi assim que Ele os redimiu da escravidão e de cativeiro que a lei impôs sobre Seus seguidores.
 2. O valor do sangue está principalmente em sua EXPIAÇÃO EFICAZ

 Em Levítico somos alertados que "é o sangue que fará expiação pela alma" (17:11).
No regime da lei Deus nunca perdoou pecado à parte do sangue. Isso era uma constante: "sem o derramamento de sangue não há remissão" (Heb. 9:22).
 Farinha e mel, temperos doces e incensos, de nada valiam sem o derramamento do sangue.
Não havia promessa de remissão baseada em esforço futuro ou profundo arrependimento; sem o derramamento de sangue o perdão nunca viria. O sangue, e somente o sangue, tirava o pecado e permitia ao homem chegar-se ao trono de Deus para O adorar, porque o sangue o tornara um com Deus.
O sangue é a grande expiação. Não há esperança de perdão para o pecado de qualquer homem, a não ser que sua punição seja sofrida totalmente. Deus precisa punir o pecado. A punição do pecado não e um arranjo arbitrário, mas faz parte da constituição de um governo moral. Deus nunca Se desviou disso e nunca o fará. "Ele, de modo algum, inocentará o culpado" (Ex. 34:7).
 Cristo, portanto, veio e foi punido no lugar de todo o Seu povo. Incontáveis são as almas pelas quais Jesus derramou Seu sangue.
 Ele fez uma expiação completa pelos pecados de todos os eleitos. \Por cada homem nascido de Adão que crê ou irá crer nisso, como também por aqueles levados para a glória antes que sejam capazes de crer, Cristo fez uma expiação perfeita; e não há outro plano pelo qual os pecadores possam se tornar um com Deus, exceto pelo sangue, pelo precioso sangue de Jesus.
Eu posso oferecer sacrifícios, mortificar meu corpo, ser batizado, participar das ordenanças, orar de joelhos até que endureçam; posso ler palavras devocionais e até decorá-las, celebrar missas, adorar
em uma língua ou em cinqüenta línguas; porém não posso ser reconciliado com Deus a não ser pelo sangue de Cristo, pelo "precioso sangue de Cristo".
Meus queridos amigos, muitos de vocês já sentiram o poder redentor do sangue de Cristo; não estão mais sob a lei, mas debaixo da graça; vocês também sentiram o poder expiatório do sangue e sabem que foram reconciliados com Deus pela morte do Seu Filho, sabem que Ele não é uni Deus que está irado com vocês, e sim que os ama com imutável amor. Isso, porém, não acontece com todos aqui. Oxalá acontecesse! Eu oro para que neste dia vocês possam conhecer o poder expiatório do sangue de Cristo. Criaturas, não desejam se identificar com o seu Criador? Homens insignificantes, não teriam um Deus Todo-poderoso para ser seu amigo? Não poderiam estar de bem com Ele exceto através da expiação. Deus apresentou Cristo para ser a propiciação pelos nossos pecados. Oh, recebam a propiciação pela fé no Seu sangue e estejam em paz com Deus.
 3. O precioso sangue de Cristo tem também um PODER PURIFICADOR  Em I João 1:17 lemos "
...e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado".
A conseqüência direta do pecado é a contaminação do
pecador, daí a necessidade da purificação. Suponha que Deus, o Santo, quisesse ser reconciliado com o pecador, o que não poderia ser suposto, ainda que os olhos do Altíssimo se fechassem para o pecado, mesmo assim, enquanto continuarmos impuros nunca poderemos sentir em nossos corações algo como alegria, descanso e paz. O pecado é uma praga para o homem que o comete e uma coisa para Deus que o aborrece, Eu preciso ser purificado, preciso ser lavado das minhas iniqüidades, ou nunca poderei ser feliz.
 A primeira misericórdia mencionada no Salmo 103 é: "...que perdoa todas as tuas iniqüidades" (v.3). Agora sabemos que é pelo precioso sangue que o pecado é purificado. Homicídio, adultério, roubo, seja qual for o pecado, há poder em Cristo para tirá-lo de uma vez e para sempre. Não importa quantas sejam, ou quão arraisadas nossas ofensas possam estar, o sangue clama, "Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve, ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" (Is. 1:18).
Este é o refrão do céu: "Temos lavado nossas vestes no sangue do cordeiro e tornado-as brancas". Esta é a experiência na terra, pois ninguém jamais foi limpo exceto nesta fonte, aberta para a casa de Davi para o pecado e a impureza. Vocês têm ouvido isto tão freqüentemente que talvez não se interessariam ainda que um anjo lhes
revelasse o mesmo, a não ser que por experiência própria tivessem conhecido o horror da impureza e a benção de terem sido purificados. Amados, este é um pensamento que deve fazer nossos corações dispararem dentro de nós, que através do sangue de Jesus nenhuma mancha, ruga ou algo parecido, foi deixado sobre qualquer crente. Oh, sangue precioso que remove as manchas infernais da abundante iniqüidade, permitindo-me ser aceito no Amado, não obstante as muitas maneiras pelas quais em me rebelei contra meu Deus.
 4. Outra virtude do sangue de Cristo é seu  PODER DE PRESERVAÇÃO
 Vocês compreenderão melhor isto ao se lembrarem da terrível noite no Egito, quando o anjo da destruição estava do lado de fora para destruir os inimigos de Deus. Um grito amargo subiu de cada casa, quando os primogênitos de todo o Egito, desde o trono do Faraó até o primogênito da mulher operária e do escravo no calabouço, caíram mortos num momento.
 O anjo percorreu com asas silenciosas rua por rua das muitas cidades do Egito; mas havia algumas casas nas quais ele não podia entrar. Ele embainhou sua espada e não feriu ninguém ali. O que preservou aquelas casas? Os moradores dali não eram melhores do que os outros,
suas habitações não eram mais elegantes, não havia nada ali exceto a mancha de sangue nos umbrais e na verga da porta, onde estava escrito:
"Quando eu vir o sangue passarei por vós" (Ex. 12:13).) Nada havia ali que pudesse ter ganho o livramento para Israel, senão o aspergir do sangue. O chefe da família havia tomado um cordeiro e o sacrificara recolhendo o sangue em uma bacia, e enquanto se assava o cordeiro para ser comido por todos os moradores da casa, ele tomou um maço de hissopo, molhou-o na bacia de sangue e foi para o lado de fora com seus filhos e começou a marcar os umbrais da porta e a verga, e tão logo isto foi feito todos estavam seguros, bem seguros; nenhum anjo poderia tocá-los, nem os próprios demônios do inferno poderiam se aventurar por lá.
 Amados, vejam, somos preservados em Cristo Jesus. Não viu Deus o sangue antes que vocês e eu o tivéssemos visto? E não foi por esta razão que Ele separou nossas vidas arruinadas quando como figueiras secas não produzíamos frutos para Ele? Lembremo-nos de que, quando vimos o sangue, não fomos salvos porque o vimos; a visão do sangue nos trouxe paz, mas foi o Tato de Deus tê-lo visto primeiro que nos salvou. "Quando eu vir o sangue passarei sobre vós". E hoje, se meus olhos da fé forem obscurecidos, e me for difícil ver o precioso sangue ou mesmo regozijar-me por ter sido lavado nele, ainda assim Deus pode ver o sangue, e
enquanto a visão clara de Deus contempla o sacrifício expiatório do Senhor Jesus, Ele não pode destruir ou castigar nenhuma vida que esteja coberta com este manto escarlate.
Oh, quão precioso é este escudo vermelho! Minha alma curva-se sob ele quando os dardos do inferno estão sendo lançados. Esta é a cobertura que é feita de púrpura; deixe a tempestade vir e o dilúvio se levantar, deixe até mesmo o granizo abrasador descer, debaixo deste pavilhão carmesim minha alma pode descansar segura, pois, o que poderá tocar-me quando eu estou coberto com Seu precioso sangue? Permita-me, amigo, pedir-lhe que venha para debaixo do abrigo da cruz. Sente-se agora à sombra da cruz e sinta "eu estou seguro, estou seguro, oh, sim demônios do inferno, oh, sim anjos de Deus. Eu posso desafiá-los e indagar: "Quem me poderá separar do amor de Deus em Cristo Jesus, ou quem irá acusar-me, visto que Cristo morreu por mim"?
 Quando o céu estiver em chamas, quando a terra começar a tremer, quando as montanhas tremerem e Deus separar o justo do ímpio, felizes serão aqueles que encontraram abrigo debaixo do sangue. Mas onde estará você quem nunca confiou no poder purificador do sangue? Você clamará às rochas que o escondam e as montanhas que o cubram, porém será em vão. Ou Deus o ajuda agora ou nem mesmo o sangue poderá ajudá-lo naquele dia.
 5. O sangue de Cristo é precioso por causa de seu APELO PREDOMINANTE
 No capítulo 12 de Hebreus, versículo 24, o autor sagrado diz que "fala melhor do que o de Abel".
 O sangue de Abel apelou e prevaleceu; seu grito era ** vingança" e Caim foi punido. O sangue de Jesus apela e prevalece; seu grito é * "Pai, perdoar-lhes''!
 — e os pecadores são perdoados por causa dele. Quando eu não posso orar como deveria, quão doce é lembrar-me de que o sangue ora! Não há voz em minha língua, mas há sempre uma voz no sangue. Quando me curvo diante do meu Deus e não posso ir além de dizer:
"Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador", ainda assim meu Advogado diante do trono não está mudo, embora eu o esteja, e Seu apelo não perde poder pelo fato de minha fé no mesmo ter diminuído.
O sangue, semelhantemente, sempre prevalece com Deus. As feridas de Jesus são as muitas bocas para apelar a Deus a favor dos pecadores — e eu até posso dizer que elas são as muitas correntes com as quais o amor é levado cativo e a soberana misericórdia é obrigada a abençoar todos os filhos agraciados. E se eu disser que as feridas de Jesus tornaram-se doadoras da graça através da qual o amor divino vem para o mais vil dos homens, e portas através das quais nossos desejos sobem para
Deus e suplicam-Lhe de modo que Ele Se apraz em atendê-los — estou dizendo demais?
Na próxima ocasião que vocês não puderem orar, quando estiverem chorando, gemendo, lutando em seu quarto de oração, louvem o valor do precioso sangue que intercede por vocês diante do trono eterno.
 6. O sangue é precioso por causa de sua INFLUÊNCIA COMOVEDORA no coração humano.
 "E olharão para mim, a quem transpassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele como se chora amargamente pelo primogênito" (Zac. 12:10).
Há uma grande lamentação entre os pecadores quando são meio despertados e sentem seus corações tão endurecidos. O sangue comove profundamente.
 Não há natureza, por mais obstinada que seja, que diante da visão do amor de Deus em Cristo Jesus não possa ser amolecida, se a graça lhe abrir os olhos para ver a Cristo. O empedernido coração humano derrete-se quando ele é mergulhado no sangue divino. Será que não concordariam, caros amigos, que Toplady estava certo quando disse:
 Lei e terrores apenas endurecem Enquanto operam sozinhos, Mas um senso de perdão comprado por
sangue Logo dissolve o empedernido coração.
 Pecadores, se Deus os levar hoje a crerem em Cristo, se vocês confiarem suas almas às Suas mãos para serem salvas, esses duros corações de pedra se derreterão de vez. Vocês pensariam de modo diferente a respeito do pecado, meus amigos, se soubessem o que Cristo sofreu por causa dele. Oh, se soubessem que por trás daqueles queridos olhos estava o coração amoroso de Jesus olhando para vocês, eu sei que diriam:
"Eu odeio o pecado que O fez prantear, e O pregou naquela maldita cruz"
Eu não creio que a pregação da lei possa amolecer o coração do homem. Se o golpeássemos com martelo poderíamos juntar ainda mais suas partículas, e tornar o ferro ainda mais duro: mas, oh, pregar o amor de Cristo! — Seu grande amor com que nos amou, mesmo estando nós mortos em nossos pecados, e dizer aos pecadores que há vida em olhar para o Crucificado — certamente isso irá provar que Cristo foi exaltado para dar arrependimento e remissão de pecados. Venham para o arrependimento se vocês não puderem vir arrependidos.
Venham para receber um coração compungido se não puderem vir com corações compungidos. Venham paia ser comovidos se ainda não o estão. Venham para ser feridos se vocês não o estiverem.
 7. O mesmo sangue que comove tem um AFÁVEL PODER DE PACIFICAR
 John Bunyan fala da lei como vindo para varrer o quarto semelhante a uma criada com uma vassoura; e quando ela começa a varrer levanta uma grande poeira que quase sufoca as pessoas além de entrar em seus olhos; mas depois vem o evangelho com suas gotas de água e assenta a poeira, e então a vassoura pode ser usada de modo muito melhor,
Ora, às vezes acontece que a lei de Deus levanta tal poeira na alma do pecador que nada além do precioso sangue de Cristo pode fazer tal poeira assentar.
Nós somos  pecador é inquietado de tal maneira que nada pode trazer-lhe nenhum alívio senão o conhecimento de que Jesus morreu por ele.
 Quando senti o fardo do meu pecado, eu confesso que todas as pregações que ouvi não trouxeram sequer um pingo de consolo.
Fui instruído fazer isto e mais aquilo, e quando fiz o que me aconselharam eu não havia avançado um centímetro. Eu pensei que deveria sentir alguma coisa, ou fazer algumas orações, e quando o fazia, a carga ficava ainda mais pesada. Mas, no momento em que percebi que não havia absolutamente nada para eu fazer que Jesus já não o tivesse feito há muitos anos atrás, que todos os meus pecados foram colocados sobre Seus ombros e que Ele sofreu tudo o
que eu deveria ter sofrido, então meu coração teve paz com Deus, paz por crer, paz através do precioso sangue. Dois soldados estavam de serviço no forte de Gibraltar, e um deles tinha recebido paz através do precioso sangue de Cristo;
o outro estava em grande aflição mental. Aconteceu estarem de guarda, os dois, de sentinela na mesma noite; e havia grandes fendas nas rochas que foram adaptadas para transmitir a voz à grande distância.
O soldado deprimido mentalmente estava a ponto de se desesperar; ele sentia que havia se rebelado contra Deus e não sabia como ser reconciliado com Ele, quando subitamente ouviu o que lhe parecia uma voz vinda do céu, dizendo estas palavras:
"O precioso sangue de Cristo".
Num instante ele entendeu tudo; foi isto que nos reconciliou com Deus, e então se regozijou com alegria indizível e cheia de glória. Pergunto: aquelas palavras vieram diretamente do céu?
Não. Elas vieram, quanto ao efeito que produziram, do Espírito Santo. Quem havia dito aquelas palavras? Curiosamente, a outra sentinela do outro lado da fenda estava parado e meditando, quando um oficial aproximou-se e pediu-lhe que dissesse a senha da noite, e com a prontidão de um soldado ele o fez, mas não corretamente, pois, estando tão embebido em sua meditação, ao invés de dizer a senha combinada, ele
disse ao oficial: "O precioso sangue de Cristo".
Imediatamente ele se corrigiu, no entanto suas palavras foram através da fenda e alcançaram os ouvidos para os quais Deus as destinara, e o homem encontrou paz e viveu sua vida no temor de Deus, sendo nos anos seguintes o instrumento usado por Deus para completar uma de nossas excelentes traduções da Bíblia na língua hindi.
 Quem pode dizer, queridos amigos, quanta paz vocês podem transmitir somente em contar a história de nosso Salvador. Se eu soubesse que iria morrer e tivesse tempo para dizer apenas algumas palavras eu diria: "Fiel é a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (I Tim. 1:15).
 A doutrina da substituição é a essência e a força do evangelho, e se vocês puderem pregar isto vão provar o valor do precioso sangue e seu poder de dar paz.
 8. Podemos tomar apenas um minuto agora para falar sobre a INFLUÊNCIA SANTIFICADORA do sangue.
 O autor de Hebreus nos diz no capítulo 9, versículo 14, que Cristo santificou o povo pelo Seu próprio sangue. Certamente que sim, o mesmo sangue que justifica, retirando o pecado, age subseqüentemente sobre a nova natureza e leva
avante o cristão para subjugar o pecado e seguir os mandamentos de Deus. Não há motivo tão grande para ã santidade quanto aquele que flui da pessoa de Jesus. Se vocês querem saber porque devem ser obedientes à vontade de Deus, meus irmãos, olhem para.
 Aquele que suou grandes gotas de sangue, e o amor de Cristo os constrangerá, e vocês assim julgarão: "... que se uni morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou". (2 Cor. 5:14-15).
 9. Ainda outra magnífica virtude do sangue de Jesus é seu PODER DE DAR ACESSO
 Está escrito que o sumo sacerdote nunca entrou além do véu sem sangue; e certamente nós nunca poderemos entrar no coração de Deus, nem no segredo do Senhor, que está com aqueles que O temem, nem em qualquer relação familiar com nosso grande Pai e amigo, exceto pelo aspergir do precioso sangue de Jesus.
"Temos acesso com confiança em Sua graça", mas nunca ousaremos dar um passo em direção a Deus, exceto se aspergidos com este precioso sangue. Estou persuadido de que alguns de nós não nos aproximamos de Deus porque nos esquecemos do sangue. Se tentarem ter um
relacionamento com Deus, baseado em seus próprios méritos, suas experiências, suas crenças, vocês falharão; mas se tentarem se aproximar de Deus estando em Jesus Cristo, terão êxito fazê-lo, e por outro lado, Deus irá ao seu encontro quando Ele os vir na presença do Seu Ungido. Oh, podermos estar junto de Deus! Mas não há proximidade de Deus, a não ser quando estamos próximos da cruz. Louvem o sangue, então, pelo poder que tem de aproximá-los de Deus. 
10. O sangue é realmente precioso pelo seu PODER CONFIRMADOR
Sabemos que nenhum testamento jamais foi válido sem que vítimas tenham sido imoladas e sangue aspergido; e é o sangue de Jesus que ratifica a Nova Aliança, tornando suas promessas em benção para todos os salvos. Daí ser chamado de "o sangue da aliança eterna". O autor de Hebreus muda a figura e diz que o testamento não tem força a não ser quando o testador morre. O sangue é a prova de que o testador morreu, e agora a lei distribui os bens a cada herdeiro; porque Jesus Cristo assinou isso com Seu próprio sangue. Amados, regozijemo-nos em que as promessas são o sim e o amém, por nenhuma outra razão além desta, porque Cristo Jesus morreu e ressuscitou. Se não tivesse acontecido o curvar a
cabeça na cruz, o dormir no sepulcro, o levantar do túmulo, então as promessas seriam incertas, falsas, e não imutáveis pelas quais "é impossível que Deus minta" e conseqüentemente nunca propiciaria grande consolação àqueles que fogem para se refugiarem em Cristo Jesus. Considerem como é precioso o poder confirmador do sangue de Jesus.
11. Já estou terminando, mas resta outra virtude do precioso sangue a considerar — SEU PODER RENOVADOR
Se vocês querem conhecer este poder, devem vê-lo manifestado, como nós geralmente fazemos, quando cobrimos a mesa com a toalha branca e colocamos sobre ela o pão e o vinho. O que significa para nós esta ordenança? Significa que Cristo sofreu por nós e que já havendo sido lavados em Seu precioso sangue, e assim limpos, vimos à mesa para tomar o vinho como um símbolo da maneira pela qual vivemos e nos alimentamos de Seu corpo e de Seu sangue. O apóstolo João registra: "... se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue não tereis vida em vós mesmos" (6:53). Nós portanto, de um modo espiritual, bebemos Seu sangue, e Ele diz: "O meu sangue é verdadeira bebida". Bebida superior, bebida transcendente, bebida fortalecedora! — aquela que os anjos nunca provarão — embora bebam diante do trono eterno.
Oh, amados, quando desfalecerem em seus espíritos, esse vinho os confortará; quando suas tristezas forem muitas, bebam e esqueçam suas misérias, e não se lembrem mais de seus sofrimentos. Quando vocês estiverem muito fracos e abatidos, por amor às suas almas, não tomem somente um pouco mas bebam para satisfazer-se bastante do vinho bem amadurecido, o qual fluiu do próprio coração de Cristo. "Bebei fartamente, oh amados" diz Cristo à noiva; e não vos demoreis quando Ele convida. Vejam: o sangue tem poder para limpar exteriormente como também tem para fortalecer interiormente. Oh, precioso sangue, quantas são as suas virtudes! Possa eu prová-las todas!
12. Finalmente, o sangue tem um PODER VENCEDOR
Está escrito no Apocalipse: "Eles venceram por causa do sangue do cordeiro" (Apoc. 12:11). Como poderia ser de outra maneira? Aquele que luta com o precioso sangue de Jesus o faz com uma arma que atravessará alma e espírito, juntas e medulas, uma arma que faz o inferno tremer, e torna os céus submissos, e a terra obediente à vontade do homem que pode empunhá-la. O sangue de Jesus! O pecado morre em sua presença, a morte deixa de ser morte e o próprio inferno seria drenado, ressequido, se este sangue pudesse operar lá. O sangue de Jesus! As
portas do céu são abertas, barras de ferro são recuadas. O sangue de Jesus! Minhas dúvidas e temores fogem, meus problemas e desastres desaparecem.( O sangue de Jesus! Não irei eu conquistando e a conquistar enquanto puder reivindicar isso! No céu esta será a jóia escolhida que brilhará sobre a cabeça de Jesus — que Ele dá ao Seu povo. "Vitória, vitória, através do sangue do Cordeiro!". E agora, poderíamos usufruir deste sangue? Pode ser alcançado? Sim, é gratuito, tanto quanto cheio de virtudes, gratuito para toda alma que crê! Quem quiser vir e crer em Jesus encontrará a virtude deste sangue em sua vida neste dia. Afaste-se de seus próprios feitos e atos. Volte seus olhos à completa expiação que foi feita, ao maior resgate já pago; e se Deus o capacitar, pobre ouvinte, a dizer hoje neste lugar: "eu tomo este precioso sangue para ser minha única esperança" você será salvo, e poderá cantar conosco:
Alvo mais que a neve Alvo mais que a neve Eis nesse sangue lavado Mais alvo que a neve serei!
Que Deus conceda que assim o seja, por amor de Seu nome. Amém.
 O PRECIOSO SANGUE DE CRISTO
"... o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado". "... sem derramamento de sangue não há remissão...". Qualquer ministério que deixe de anunciar o sangue de Cristo não pode ser considerado bíblico, pois o sangue de Cristo é indispensável ao perdão dos nossos pecados. É exatamente isso que Spurgeon proclama neste sermão.