Então, subirás, virás como uma tempestade, far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e
todas as tuas tropas, e muitos povos contigo (Ez 38.9).
Um dos grandes paradoxos do século foi, sem dúvida, a decisão da Rússia de empenhar-se, como nenhuma outra nação, em favor dos interesses do povo de Israel.
Logo após o término da Segunda Grande Guerra, delegados da então União Soviética, numa febril atividade, convenceram o maior número possível de países a votarem a favor da criação do novo Estado judeu na Palestina.
Israel nasceu como país em 29 de novembro de 1947 por deliberação da O N U , mediante a votação a favor de 33 a 13. Presidia a Assembléia Geral o chanceler brasileiro Osvaldo Aranha.
A criação do Estado de Israel cumpriu uma profecia de Isaías, que diz::
"Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra em um só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos" [Is 66.8].
O estranho comportamento dos comunistas em favor dos judeus não poderia passar despercebido.
Várias conjecturas vieram à tona e muitas perguntas foram feitas em todo o mundo sobre o que estaria pretendendo a superpotência vermelha.
As suspeitas eram perfeitamente procedentes, uma vez que os judeus, por sua secular tradição religiosa, sempre foram considerados, dentro e fora da "cortina de ferro", inimigos declarados do regime ateísta de Moscou.
Nessas condições, como amigo ou inimigo, eles foram alvo do ódio comunista, muitas vezes extravasado em sangrentos massacres por todo o mundo. Fiéis à sua antiga fé, as comunidades israelitas da União Soviética constituíam sério entrave ao programa de comunização do país, razão pela qual Stepanov, tradutor de Marx e um dos mais destacados líderes revolucionários, assim determinou as diretrizes a serem seguidas pelo governo, tão logo a revolução bolchevista assumiu as rédeas do poder na Rússia:
Segundo Moshe Sné um dos sionistas fundadores do Estado de Israel, a política externa sovietica, ao final da Segunda Grande Guerra, estava longe de significar uma tolerância para com o povo judeu. Naquela época [1948], em que a União Soviética proporcionou ao jovem Estado de Israel, cercado de inimigos, todo seu apoio político e moral, inclusive até o fornecimento de armas e encaminhamento de aliyá [via Checoslováquia e Polônia] perpetrou-se o terrivel assassínio de escritores judeus soviéticos e caiu o machado sobre a vida cultural da coletividade judaica
na URSS [...]
O apoio à criação do Estado de Israel e sua posterior defesa contra os invasores harmonizavam-se inteiramente com os propósitos políticos da URSS, com vistas à primeira abertura de sua posição no Mediterrâneo como grande potência.
Não obstante, ao mesmo tempo, Stalin, Béria e seus comparsas temiam que o apoio ao Estado de Israel pudesse ser interpretado pelos judeus russos como sinal verde à intensificação e ao cultivo da simpatia ou
de quaisquer laços com o novo Estado judeu e com o povo judeu espalhado pelo mundo, num instante em que a guerra fria ainda se encontrava no auge, o que fazia com que qualquer contato de um cidadão soviético com o estrangeiro o tornasse suspeito desde o início como traidor, espião ou agente do inimigo.
O malogro da política russa.
O testemunho insuspeito de Moshé Sné em virtude de suas atividades pró-comunistas e tentativas de aproximação com o Kremlin mostra que o comportamento da URSS, que na época, correspondia a mais uma tentativa visando aos seus próprios interesses nacionais, uma vez que o sonho da expansão Russa rumo ao Levante, que vem desde a época cezarista, sempre foi frustrado pelas potências ocidentais, notadamente pela Grãn Bretanha.
O interesse russo na Palestina foi aguçado no início do século XX com a descoberta dos vastos lençóis petrolíferos e das facilidades da navegação propiciadas pela rota do canal de Suez.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, surgiu então a esperada oportunidade para os russos, e eles apegaram-se a ela com o maior entusiasmo possível.
Num mundo mergulhado na miséria e no feudalismo, como era o Médio Oriente, Israel despontava como uma nação moderna e,acima de tudo, simpática à URSS e à sua causa, pois já era sobejamente conhecida a inclinação socialista dos líderes e fundadores do Estado israelita.
Os kibutzim eram modelos de organizações soviéticas e muitos políticos de influência em Israel manifestavam publicamente sua tendência esquerdista. Além disso Inglaterra, que sempre constituiu o maior obstáculo à penetração russa no Oriente Médio, tornara-se detestada pelo Estado judeu em virtude de sua política anti-sionista na região.
Todavia, malogrou a política russa em relação a Israel, e esse malogro levou os russos a procurarem vingar-se por mãos de terceiros.
Aproveitando-se de um lamentável erro de cálculo das potências ocidentais, ao negarem ao Egito a ajuda militar que este solicitava, os russos penetraram e ampliaram sua influência na região através de fornecimento de sofisticado equipamento militar aos inimigos do Estado hebreu.
Em 1972,quando os milhares de assessores e conselheiros militares russos foram expulsos do Egito pelo presidente Sadat, eles procuraram transferir suas cabe- ças-de-ponte para outras nações, principalmente Síria, Iraque e Líbia.
Identificando Gogue e seu bando e aliados.
Filho do homem, dirige o rosto contra Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal, e profetiza contra ele.
E dize:
Assim diz o Senhor Jeová:
Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal. E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos bizarramente, congregação grande, com escudo e rodela, manejando todos a espada; persas, etíopes e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete; Gomer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, da banda do Norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo [Ez 38.2-6].
Sugerimos ao leitor o exame de todo o texto compreendido pelos capítulos 38 e 39 de Ezequiel.
A descrição que o profeta faz dessa futura invasão talvez se ressinta da profunda impressão deixada pela invasão dos citas em 630 a.C.
Procedentes do norte, eles devastaram como um turbilhão as antigas civilizações mesopotâmicas e siríacas, mas acabaram aniquilando-se em virtude de seu próprio esforço desordenado.
Como Ezequiel escreveu as suas profecias cerca de sessenta anos depois da invasão cita e como nenhum outro evento ocorreu no passado que sugerisse o cumprimento de tais predições, não temos alternativa senão aceitar como o mais razoável que se trate efetivamente
de acontecimentos projetados numa extrema distância, no fim dos tempos. Seriam, então, textos escatológicos contextualizados com as predições apocalípticas [20.7] de grandes e misteriosas batalhas que deverão preceder o final da história Antônio Neves de Mesquita identifica os povos mencionados por Ezequiel como descendentes de Jafé:
Magogue, Tubal e Meseque são mencionados por Ezequiel, e seus nomes correspondem aos de Mogul,
Mongólia, Tobolski, Moscou e Moscovi..
Um reino de trevas Entre os lexicógrafos modernos, é opinião corrente que a Rússia representa hoje a antiga Rosh, pois essa palavra, que nas versões modernas aparece como chefe, no original hebraico é rosh.
Em súmere — afirmam os teólogos
— Gogue significa trevas e nos soaria bem tão expressivo nome dos típicos inimigos do povo de Deus.
Magogue deveria ser decomposto em Mãtu [terra ou região] e Gogue. a terra das trevas. Entretanto, são mencionados na relação dos povos vizinhos de Moscou e Tubal [Gn 10.2], um país e um povo de Magogue.
Aqui, abstração feita dos dados geográficos e nacionais, os referidos povos se nos apresentam como os derradeiros inimigos de Israel, como no Apocalipse, quais últimos opositores de Cristo e dos
seus fiéis. É fato incontestável que em nenhum país do mundo tenha havido tanta treva espiritual como na Rússia, onde durante cerca de oito décadas a saudação comunista tenha sido "o punho fechado e levantado contra o céu em desafio a Deus" [D. M. Panton], e onde cristãos de diversas confissões foram cruelmente martirizados.
Somente a Igreja Ortodoxa venera como mártires 58 bispos e mais de mil padres, mortos sob o comunismo
russo antes de 1923. E que falar dos milhões de evangélicos que ali sofreram ou foram martirizados por causa da sua fé? E que falar dos milhares de judeus vítimas dos pogrons livremente realizados na Rússia entre 1871 e
1921?
O pastor luterano Richard Wurmbrand,que passou 14 longos anos em cadeias comunistas e que possui
em seu corpo as marcas das torturas que sofreu por não denunciar os nomes dos crentes secretos, conta o
seguinte: Experimente colocar uma colher bem cheia de sal em sua boca e então engula o sal. Depois disto, espere uma hora para tomar água.Você não agüenta. É insuportável. Entretanto, quatro colheres cheias de sal foram colocadas em nossas bocas e não nos foi dada água nenhuma. Crentes foram presos a cruzes por quatro dias e quatro noites. Duas vezes por dia as cruzes eram baixadas até o chão e os outros prisioneiros eram obrigados a fazerem as suas necessidades fisiológicas sobre as faces e corpos dos crucificados. Então as cruzes eram levantadas novamente e os comunistas ao redor delas, zombando diziam: "Vejam o seu Cristo, ele traz o perfume celestial".
Parece providencial que os nomes bíblicos tenham sido conservados, pelo menos em suas raízes, durante tantos séculos, desde que os descendentes de
Jafé habitaram a região localizada ao norte da Palestina. Um estudioso do assunto assim comenta a profecia de Ezequiel 38:
A tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, que aparece mais ou menos trezentos anos antes de Cristo e que foi citada muitas vezes por Jesus e pelos escritores do Novo Testamento, diz neste lugar: "Eis que Tubal..."; assim também consta na tradução alemã feita por Menge. Que esta designação se refere ao império russo está fora de dúvida. Gogue é o símbolo para a expressão cabeça ou imperador de todos os russos.
Magogue, igualmente, uma expressão simbólica, é a terra.
Caso ainda persistam dúvidas com relação à pergunta de quem se trata aqui, seja dito nesta oportunidade quais eram os nomes das antigas capitais do império russo: a sede governamental da Sibéria ou capitai asiática é Tubal ouTobolsk, enquanto que a capital européia, desde a grande ofensiva de Napoleão era Meseque, que mais tarde passou a ser chamada de Moscou.
O nome Moscou manteve-se até hoje.Mais adiante, afirma o mesmo autor: Tendo como base as descobertas arqueológicas, sabemos que estas tribos [antepassados dos russos e de outros europeus orientais] se estabeleceram ao norte do mar Negro, tendo-se estendido então ao sudeste até os últimos limites da Europa. Flávio Josefo as localizou entre outras no Leste da Alemanha, na Polônia e na Checoslováquia. O Talmude judaico confirma esta figura
geográfica.(Fonte Flavio Josefo).
Então Gômer e suas hordas seriam povos que se localizam atrás da cortina de ferro na Europa Oriental. Isto incluiu a Alemanha Oriental e os países eslovacos. A interpretação de Josefo e do Talmude de que o Leste da Alemanha, a Polônia e a Checoslováquia seriam os territórios dos aliados dos russos levanta algumas interessantes questões.
Voltaria a Rússia a exercer domínio sobre tais territórios?
Seriam os atuais ocupantes daqueles antigos territórios os mesmos povos que se unirão aos russos na invasão da Palestina?
Como se sabe, a Rússia, desde que deixou de ser a superpotência comunista, vem atravessando uma série de crises tanto na economia como na política. Todos os países do Leste Europeu, aliados da Rússia, abandonaram o marxismo e a sua dependência dos russos, inclusive a Alemanha Oriental que, com a queda do vergonhoso muro de Berlim, desapareceu como país e uniu-se a seus irmãos ocidentais.
No que diz respeito à antiga Alemanha Oriental, é bom ressaltar que, antes dos nazistas deflagrarem o que veio a se tornar a Segunda Grande Guerra, o missionário João KoIenda,de nacionalid germânica,apresentou um estudo profético à igreja que pastoreava no Texas, EUA, no qual mostrava o lugar exato onde o seu país deveria ser dividido. Suas predições, baseadas em Ezequiel 38 e passagens paralelas, tiveram fiel cumprimento.
(Fonte; Israel Gogue e o Anticristo, (Pastor Abraão de Almeida)