Não sabemos quais as dimensões dessa peça, assim como também não conhecemos todo o extraordinário poder purificador da Palavra de Deus:
"Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.
E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas" (Hebreus 4.12-13).
A MESA DOS PÃES DA PROPOSIÇÃO E SEU SIGNIFICADO.
Essa mesa, que também se chamava Mesa da Presença, tinha um metro de comprimento, por 50 centímetros de largura e 75 de altura. Sobre ela ficavam os 12 pães da presença, representando todo o povo de Deus.
Eram comidos pelos sacerdotes a cada sábado, e no mesmo dia substituídos. Esses pães indicam a pessoa de Jesus como o Pão da Vida, o alimento espiritual do povo de Deus.
O CANDELABRO.
No lado esquerdo de quem entra no Santuário vê o Candelabro de Ouro, feito com ouro batido e pesando 30 quilos. Ele indica a iluminação e a direção do Espírito Santo: "Neste castiçal não se faz menção de outra coisa que não seja ouro.
Tudo se fará de uma só peça, obra batida de ouro puro (Êxodo 25.36). As sete lâmpadas, as quais se acenderiam para alumiar diante dele, exprimem a perfeição da luz e energia do Espírito, baseadas e ligadas com a eficácia perfeita da obra de Cristo.
A obra do Espírito Santo nunca poderá ser separada da obra de Cristo. Isto é indicado, de um modo duplo, nesta magnífica imagem do castiçal de ouro. As sete lâmpadas estando ligadas à cana de ouro batido indicam-nos a obra cumprida por Cristo como a única base de manifestação do Espírito na Igreja.
O Espírito Santo não foi dado antes de Jesus ter sido glorificado. (Compare-se João 7.39 com Atos 19.2-6.) Em Apocalipse, capítulo 3, Cristo é apresentado à igreja de Sardo como aquele que tem os sete espíritos.
Quando o Senhor Jesus foi exaltado à destra de Deus, então derramou o Espírito S anto sobre a sua Igreja, a fim de que ela pudesse brilhar segundo o poder e a perfeição da sua posição no lugar santo, a sua própria esfera de ser, de ação e de culto".
O ALTAR DO INCENSO
Representando as nossas orações e a nossa adoração, o Altar do Incenso era uma peça de madeira toda coberta de ouro, tinha 50 centímetros de cada lado e um metro de altura. Ele ficava diante do terceiro véu.
A ARCA
Colocada dentro do Santo dos Santos, a Arca era uma peça de madeira de acácia toda revestida de ouro por dentro e por fora. Media 125 centímetros de comprimento por 75 de largura e 75 de altura. Ela representa a base do trono de Deus, pois sobre ela ficava o Propiciatório com os querubins da glória.
Em Isaías 53.2 temos a humanidade de Jesus representada na acácia, madeira do deserto. A Arca apontava para o testemunho de Deus: "Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e ali, por trás do véu, introduzirás a arca da aliança. O véu servirá para separar o Lugar Santo, do Santíssimo" (Êxodo 26.33).
"Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou. O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz nem visto a sua forma" (João 5.36,37).
A Arca tipifica a presença de Deus com o seu povo: "Ali me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins colocados sobre a arca da aliança, eu te comunicarei tudo que ordenar aos israelitas". "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)" - (Êxodo 25.22; Mateus 1.23).
A Arca estava no Lugar Santíssimo.
"Como ministro do santuário e do verdadeiro Tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus" (Hebreus 8.2; 9.24).
As tábuas da Lei, a vara de Arão e o maná foram colocados na Arca como testemunho ás futuras gerações
A Arca foi a primeira coisa mencionada por Deus quando ordenou a Moisés a construção do Tabernáculo (Êxodo 25.10; Colossenses 1.19,20). Deus, quando traçou o plano do Tabernáculo, começou com Ele mesmo.
Como o homem não podia entrar na presença de Deus, Deus mesmo vinha ao encontro do homem no altar de bronze, "querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro Tabernáculo continua erguido" (Hebreus 9.8).
As argolas e os varais, que aparecem em todas as peças do Tabernáculo, indicam o caráter ambulante desse santuário.
A importância da Arca para Israel pode ser avaliada pelos diversos nomes que lhe são dados no Antigo Testamento: A arca (Êxodo 25.10); a arca do testemunho (Êxodo 25.22); a arca do concerto (Números 10.33); o concerto do Senhor (Josué 3.11); a arca do Senhor (Josué 3.13); a arca do concerto de Deus (Juizes 20.27); a arca do concerto do Senhor dos Exércitos (1 Samuel 4.4); a arca do Senhor de Israel (1 Samuel 5.7); a arca do Senhor Deus (1 Reis 2.26); a arca do Concerto do Senhor (1 Reis 3.15); a arca de nosso Deus (1 Crônicas 13.3); a arca de Deus, o Senhor (1 Crônicas 13.6); a arca da tua força (2 Crônicas 6.41; Salmo 132.8); a santa arca (2 Crônicas 35.3). Alguns desses nomes estão repetidos dezenas de vezes nas Escrituras, e a soma de todos eles chega a quase duas centenas.
O CONTEÚDO DA ARCA
1. A Arca continha as tábuas da Lei. "Na Arca porás o documento da aliança que te darei" (Êxodo 25.16). Como as tábuas da Lei representavam a vontade de Deus para com o povo de Israel, elas apontavam para Jesus, que tinha a vontade de Deus no seu coração:
"Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei" (Salmo 40.8). Também apontavam para o crente (Jeremias 31.33). Moisés, ao descer do monte Sinai, indignado com a idolatria do povo, quebrou as tábuas escritas por Deus. "Logo que chegou perto do acampamento, as quebrou ao pé da montanha" (Êxodo 32.19).
2. A vara de Arão, florescida, fala da ressurreição de Cristo, e também, de um ministério aprovado que dá flores e frutos (Números 17.5-9). A justiçaeojuízo, simbolizados pelas tábuas da Lei e pela vara de Arão, não permitiam a presença do pecador. A graça e a misericórdia vieram por Cristo em esplendor e glória, "porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" (João 1.17).
Jesus percorreu o caminho da glória ao pó da morte, ou seja, do Propiciatório, de entre os querubins da glória, até o Altar de Bronze, a cruz do Calvário, e o percorreu também de volta, aspergindo o seu sangue em todos os lugares, até o trono de Deus.
3. O maná, colocado num vaso dentro da Arca, indica provisão de Deus para o seu povo. "Moisés disse: O Senhor ordenou que se encha a quantidade de quatro litros e meio de maná para guardá-lo, a fim de que as gerações futuras possam ver com que alimento vos sustentei no deserto, quando vos libertei do Egito. Moisés disse para Arão:
Toma um vaso, enche quatro litros e meio de maná, e deposita diante do Senhor, para que seja guardado para as gerações futuras. Como o Senhor tinha mandado a Moisés, Arão depositou p maná para que fosse guardado diante do documento da aliança" (Êxodo 16.32-34).
"Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram, e contudo morreram: quem comer este pão viverá eternamente" (João 6.58). "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Ao vencedor dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe" (Apocalipse 2.17).
Acerca do profundo significado espiritual da Arca, ouçamos ainda Mackintosh, o consagrado estudioso dos livros de Moisés:
"A arca do concerto ocupa o primeiro lugar nas comunicações divinas feitas a Moisés. A sua posição no Tabernáculo era, também, notável. Encerrada dentro do véu, no lugar santíssimo, formava a base do trono de Jeová.
O seu próprio nome apresentava à alma a sua importância. Uma arca, tanto quanto podemos compreender o significado da palavra, é destinada a guardar intacto o que é posto dentro dela. Foi numa arca que Noé e sua família, com todas as espécies de animais de criação, foram transportados com segurança sobre as ondas do juízo que cobriu a terra.
Uma arca, como lemos no princípio, foi o vaso da fé para preservar um menino formoso das águas da morte. Quando, portanto, lemos da arca do concerto, somos levados a crer que era destinada por Deus a guardar intacto o seu concerto, no meio de um povo dado ao erro. Nesta Arca, como sabemos, foram depositadas as segundas tábuas da Lei.
Quanto às primeiras, foram quebradas ao pé do monte, mostrando que o concerto do homem estava de todo abolido, e que o seu trabalho nunca poderia, de qualquer modo, formar a base do trono de governo de Jeová.
A justiça e o juízo são a habitação desse trono, quer seja no seu aspecto terrestre, quer no celestial. A Arca não podia conter as tábuas quebradas dentro do seu interior sagrado.
O homem podia falhar no cumprimento dos votos que havia feito voluntariamente; porém a lei de Deus tem de ser conservada em toda a sua integridade divina e perfeição.
Se Deus estabelecia o seu trono no meio do seu povo, só o podia fazer de uma maneira digna de si. O princípio do seu juízo e governo deve ser perfeito...
"A Arca do Concerto devia acompanhar o povo em todas as suas peregrinações. Nunca se deteve enquanto eles se mantiveram como um exército em viagens ou no conflito: foi adiante deles até o meio do Jordão; foi o seu ponto de reunião em todas as guerras de Canaã; era a garantia segura e certa do poder para onde quer que ia. Nenhum poder do inimigo podia subsistir diante daquilo que era a expressão bem conhecida da presença e poder de Deus. A Arca devia ser a companheira inseparável de Israel no deserto; e as varas e as argolas eram a expressão exata do seu caráter ambulante.
"Contudo, a Arca não deveria viajar sempre. As aflições de Davi (Salmo 132.1), bem como as guerras de Israel deviam ter um fim. A oração: Levanta-te, Senhor, no teu repouso, tu e a arca da tua força (Salmo 132.8), devia ainda ser feita e atendida.
Esta petição sublime teve o seu cumprimento parcial nos dias auspiciosos de Salomão, quando os sacerdotes trouxeram a Arca do Concerto do Senhor ao seu lugar, ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo, até debaixo das asas dos querubins, porque os querubins estendiam ambas as asas sobre o lugar da Arca: e cobriam os querubins a Arca e os seus varais por cima.
E os varais se viam desde o santuário diante do oráculo, porém de fora não se viam: e ficaram ali até ao dia de hoje (1 Reis 8.6 a 8).
A areia do deserto devia ser trocada pelo piso de ouro do templo (1 Reis 6.30). As peregrinações da Arca haviam chegado ao seu termo: adversário não havia, nem algum mau encontro, e, portanto, fizeram sobressair os varais.
"Esta não era a única diferença entre a Arca no Tabernáculo e no templo. O apóstolo, falando da Arca na sua habitação do deserto, descreve-a como arca do concerto, cobertura de ouro toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão que tinha florescido, e as tábuas do concerto (Hebreus 9.4).
Estes eram os objetos que a Arca continha durante as suas jornadas no deserto - o vaso de maná era o memorial da fidelidade do Senhor em prover o necessário para todas as necessidades dos seus remidos que peregrinam através do deserto, e a vara de Arão era um sinal para os filhos rebeldes para acabar com as suas murmurações.
(Compare-se Êxodo 16.32 a 34 e Números 17.10.) Porém, quando chegou o momento em que os varais deviam ser retirados, logo que as peregrinações e as guerras de Israel terminaram, quando a casa magnífica em excelência (1 Crônicas 22.5) foi terminada, quando o sol da glória de Israel havia chegado, em figura, ao zênite com o esplendor e a magnificência do reino de Salomão, então os memoriais das necessidades e faltas do deserto desapareceram, e nada ficou senão aquilo que constituía o fundamento eterno do trono do Deus de Israel e de toda a terra.
Na arca nada havia, senão só duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe (1 Reis 8.9).
"Mas toda esta glória devia ser obscurecida pelas nuvens carregadas do fracasso humano e o descontentamento de Deus. Os pés devastadores dos incircuncisos haviam ainda de atravessar as ruínas dessa magnífica casa, e o desaparecimento do seu brilho e da sua glória devia provocar o assobio dos estranhos (1 Reis 9.8).
Este não é o momento de continuarem pormenores este assunto; limitar-me-ei a referir ao leitor a última menção que a Palavra de Deus faz da arca do concerto uma passagem que nos transporte a uma época em que a loucura humana e o pecado não perturbarão mais o lugar de repouso da Arca, e em que ela não será guardada num tabernáculo de cortinas nem tampouco num templo feito de mãos. E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam:
Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo e ele reinará para todo o sempre. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, dizendo:
Graças te damos, Senhor Deus todo-poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste.
E ir aram-se as nações e veio a tua ira e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e grandes, e o tempo de destruir es os que destroem a terra.
E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do seu concerto foi vista no seu templo; e houve relâmpagos e vozes e trovões e terremotos e grande saraiva (Apocalipse 11.15 a 19)". (Ob. cit. pp. 217-220.)
O PROPICIATÓRIO
Esta peça, feita de ouro puro, representa o trono de Deus (Isaías 6.1). Era um trono de misericórdia, pois a palavra propiciatório significa "onde Deus nos é propício", nos é favorável. "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (1 João 2.2).
O Propiciatório era guardado pelos querubins, símbolo do poder de Deus: "tendo expulso o homem, colocou diante do jardim do Éden os querubins com o cintilar da espada fulgurante, para guardar o caminho da árvore da vida" (Gênesis 3.24).
Nos querubins resplandecia o fogo da glória de Deus, fazendo sombra sobre o Propiciatório. Deus habitava entre os querubins, por isso o autor da carta aos Hebreus (9.5), quando descreve as peças principais do Tabernáculo, diz:
"E sobre ela os querubins da glória que com a sua sombra cobriam o Propiciatório. Dessas coisas, todavia, não falaremos agora pormenorizadamente". Ora, se os querubins faziam sombra sobre o Propiciatório é porque estava sobre eles o "Shekinah", ou fogo terrível, fogo de Deus, que neles resplandecia.
Considerados em seu conjunto, a Arca e o Propiciatório constituem uma admirável figura do Senhor Jesus Cristo em sua adorável pessoa e em sua perfeita obra.
Mackintosh, a esse respeito, comenta:
"Havendo engrandecido a Lei, na sua vida, e tornando-a honrosa, veio a ser, por meio da morte, a propiciação ou propiciatório para todo aquele que crê. A misericórdia de Deus só podia repousar numa base de perfeita justiça: ...a graça reina pela justiça para a vida eterna por Jesus Cristo, nosso Senhor (Romanos 5.21).
O único lugar próprio para o encontro entre Deus e o homem é aquele onde a graça e a justiça se encontram e se harmonizam perfeitamente.
Nada senão a justiça perfeita podia agradar a Deus; e nada senão a graça perfeita pode convir ao pecador. - Mas onde poderiam estes atributos se encontrarem? - Somente na Cruz. É ali que a misericórdia e a verdade se encontraram; [que] a justiça e a paz se beijaram (Salmo 85.10).
E assim que a alma do pecador crente encontra paz. Ele vê que a justiça de Deus e a sua justificação repousam sobre o mesmo fundamento, isto é, a obra consumada por Cristo.
Quando o homem, sob a influência poderosa da verdade de Deus, toma o seu lugar como pecador, Deus pode, no exercício da graça, tomar o seu como Salvador, e então toda a questão se acha solucionada, porque havendo a Cruz respondido a todas as exigências da justiça divina, os rios da graça podem correr sem impedimento.
Quando o Deus justo e o pecador se encontram sobre uma plataforma salpicada de sangue tudo está solucionado para sempre - solucionado de maneira a glorificar a Deus perfeitamente e salvar o pecador para toda a eternidade.
Seja Deus verdadeiro, ainda que todo o homem seja mentiroso; e quando o homem é levado inteiramente ao ponto mais baixo da sua condição moral diante de Deus e está pronto a aceitar o lugar que a verdade de Deus lhe designa, então reconhece que Deus se revelou como o Justo justificador.
Isto deve dar paz à consciência; e não apenas paz, mas concede a capacidade de comungar com Deus e de ouvir os seus santos preceitos no conhecimento daquela relação em que a graça divina nos introduziu!"